Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
24/04/2010
1 - ANTÓNIO BARRETO - a cidade e a justiça
Discurso de António Barreto no Porto efectuado em 2008. Mantém premente actualidade.
POEMA DO AMOR E DA GUERRA
desde o fio da navalha em riste
até à morte que espreita e não desiste
e desengana
Mas as navalhas piores são as palavras,
ferem devagar, enchem de temor
o silêncio penoso dos dias,
as horas escravas,
as cartas de amor
e o sabor do beijo que aprecias
Natal, páscoa e outras festas que existem
escorrem aglutinadas em vinho e mágoa
pelas noites de breu
onde apenas os maços de tabaco
se incendeiam e subsistem
e restam pobres tal qual eu
em estratos de fim,
como beatas ,trémulas, medrosas
do estrepidar sonoro do clarim
Por vezes damos grandes passeios
à volta do arame farpado
como se fossemos meninos nos recreios,
alegres e felizes,
preocupados apenas com a prespectiva
do professor zangado,
por não termos estudado as estruturas
primárias e secundárias das raízes
Os jardins são grandes e universais,
povoados de nada e medo
onde frutificam árvores fantasmas
de sombras irreais,
polvilhadas com o adubo do degredo
Nada afecta esta gente
que me rodeia só e compacta
como uma espécie de doença
que dói de repente.
como uma espécie de presença
que se epidemiza e refracta
Como vês há de tudo
nesta floresta de sentimentos comprimidos,
falta apenas o nada
acenando ao longe dos teus braços,
da tua face afogueada
e da intensidade dos meus passos
jms
(caldas xavier, tete, moçambique)
1972
ALVARO CUNHAL - Desenho da Prisão
ALBERTO JOÃO JARDIM - TOP 10
TRIBUNAIS PLENÁRIOS
A REPRESSÃO DOS TRIBUNAIS PLENÁRIOS
Porque a memória dos homens e mulheres, que não viveram Abril, nos merecem todo o respeito e lealdade.( jg )
Os tribunais plenários, juntamente com a PIDE, as Forças Armadas, a censura, a banca, a esmagadora maioria do episcopado português e outros elementos da hierarquia da Igreja Católica foram os principais sustentáculos da ditadura que se prolongou de 28 de Maio de 1926 a 24 de Abril de 1974.
Surgia, em 1933, a PVDE, nome mais tarde tristemente célebre pela designação PIDE. Também lhe competia a elaboração do processo que decorria sem qualquer assistência jurídica. Os autos de declarações, obtidos, muitas vezes, através de espancamentos, violações, chantagens e outras torturas físicas e psicológicas, faziam fé em julgamento
Mais de 90 por cento das testemunhas nos processos são pides. Para a defesa dos arguidos, os advogados também indicavam como testemunhas de defesa os inspectores, chefes de brigada e agentes da PIDE que haviam feito a investigação. Todavia, nunca compareciam no julgamento, sob a alegação de estarem ausentes em serviço urgente.
O pós-guerra levou Salazar a procurar um novo rosto político para o Estado. Fez uma operação de cosmética jurídica. Em 20 de Outubro de 1945 acabaram os tribunais militares especiais. Deram lugar aos tribunais plenários de Lisboa e do Porto. Dois dias depois da institucionalização, outro decreto-lei atribuía à PIDE a exclusiva competência para a instrução dos processos. Continuava a recorrer aos mesmos métodos e a aperfeiçoá-los para extorquir e forjar confissões. O cérebro da PIDE era então o subdirector, José Catela, mas o director, o capitão Agostinho Lourenço, posara numa foto ao lado de Kramer, um dos instaladores dos campos de concentração nazis. Na mesma altura em que Salazar tinha no gabinete de trabalho a fotografia de Mussolini
As audiências eram, praticamente, vedadas ao público. Antes de começar o julgamento, nos lugares da sala do plenário sentavam-se elementos da PIDE. A pretexto da lotação estar esgotada, a PSP, à porta, impedia o acesso a familiares, amigos e jornalistas.
Este é um dos aspectos mais esquecidos do fascismo. Tão esquecido que até os juízes transitaram, tranquilos, para a democracia. ( in I.Camões)
Publicado por José Gonçalves às abril 14, 2004 12:38 AM
in"blogquisto.weblog.com.pt"
24 - S E N S I B I L I D A D E S
JAIME GAMA (presidente da Assembleia da República) »sobre as viagens de Inez de Medeiros« - "Numa escala de zero a cem dos principais problemas do país, esse assunto deve vir em 300".
"CORREIO DA MANHÃ"
NR: Diga-nos senhor Presidente, na mesma escala de zero a cem, quais são os outros 299 que viajam à nossa custa?
SUSANA SOUSA DIAS (cinesta) - »sobre a ditadura« - ...Trata-se de um período extremamente relevante da história portuguesa, que, quer queiramos quer não, nos formou - foram 48 anos! - e cuja violência tem sido menorizada. Assiste-se, hoje em dia, a um branqueamento deste período e da figura do ditador cada vez mais evidente.
"JORNAL DE NOTICIAS"
NR: Os donos do dinheiro preferem regimes totalitários, por isso há que desvanecer más imagens para aparecerem novos ditadores.
VERA DUARTE (socióloga da Univ. Católica do Porto) - ...As pessoas sentem que a Igreja não acompanha o que consideram que devia ser o ritmo da sociedade e acabam por desacreditá-la"...
NR: E merece crédito????????????
DOMINGOS PATACHO (dirigente da QUERCUS) - “A maioria dos efluentes das explorações de suinicultura é espalhada nos terrenos agrícolas do Lis”
“O problema é que esses espalhamentos são muito frequentes”, levando a concentrações muito elevadas nos solos, salientou. “Não há fiscalização eficaz nem tão pouco são feitas análises”. Além disso, os responsáveis “sentem-se desculpados em lançar para a ribeira porque a ETES ainda não existe”
"PÚBLICO"
NR: Os empresários poluidores percebem que podem estar a matar os filhos e netos mas não se importam.
MARINHO E PINTO ( bastonário da Ordem dos Advogados) -"O melhor era acabar com o Sindicato dos Juízes que é uma aberração da soberania, é um oportunismo inqualificável. Uma magistratura em autogoverno tem sindicatos contra o Estado de direito? Para quê? Para receberem mais e trabalharem menos".
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
NR: Os agentes da justiça não se entendem, como pode ela existir?
MARIA LAMAS
Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas | |
---|---|
Nascimento | 6 de Outubro de 1893 Torres Novas, Portugal |
Morte | 6 de Dezembro de 1983 Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | escritora, tradutora, jornalista e interventora política. |
Maria da Conceição Vassalo e Silva da Cunha Lamas (Torres Novas, 6 de Outubro de 1893 - Lisboa, 6 de Dezembro de 1983) foi uma escritora, tradutora, jornalista e portuguesa.
Maria Lamas iniciou os seus estudos na sua terra natal, onde viveu até aos dez anos de idade. Viveu também em Luanda até 1913. Durante a sua vida passou também por Paris, onde conheceu Marguerite Yourcenar.
Em 1921 casou em segundas núpcias com o jornalista Alfredo da Cunha Lamas de quem teve uma filha chamada Maria Cândida. Do primeiro casamento (1911 – 1919) com Ribeiro da Fonseca teve duas filhas.
Nas suas obras utilizou diversos pseudónimos como, Maria Fonseca, Serrana d’Ayre e Rosa Silvestre.
São especialmente dignos de nota as suas obras na literatura infantil.
Como jornalista trabalhou em diversos jornais e revistas como “A Joaninha”, “A Voz”, “Correio da Manhã”, suplemento do jornal o Século intitulado “Modas e Bordados” e na revista “Mulheres”, da qual foi directora
Intervenção política
- em 1947 foi presidente da direcção do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas.
- fez parte da direcção do MUD onde combateu o regime salazarista.
- em 1946 participou no congresso que daria origem à Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM).
- Participou diversas vezes nos Congressos Mundiais da Paz.
- Em 1958 participou em Copenhaga no Congresso Internacional de Mulheres.
- Em 1975 participou em Berlim no VII Congresso da FDIM.
- Em 1949 esteve prisioneira no Forte de Caxias, tendo sido posteriormente presa por mais duas vezes.
- Entre 1962 e 1969, esteve exilada em Paris.
- Filiação no Partido comunista português após o 25 de Abril.
Obras
- Humildes (poesia) (1923).
- Maria Cotovia (livro infantil) (1929).
- As Aventuras de Cinco Irmãozinhos (livro infantil) (1931)
- Para Além do Amor (romance) (1935)
- A Ilha Verde (livro infantil) (1938)
- O Vale dos Encantos (livro infantil) (1942)
- O Caminho Luminoso (1942)
- As Mulheres do Meu País (1948).
- A Mulher no Mundo (1952).
- O Mundo dos Deuses e dos Heróis, Mitologia Geral (1961).
- A Montanha Maravilhosa (livro infantil) (1933).
- A Estrela do Norte (livro infantil) (1934).
- Brincos de Cereja (livro infantil) (1935).
- Arquipélago da Madeira (1956)
Traduções
- Memórias de Adriano (de Marguerite Yourcenar
- Obras de Frank Baum, Frances Burnett, Condessa de Ségur, Charles Dickens, etc.
Prémios
- Oficial da Ordem de Santiago da Espada.
- Oficial da Ordem da Liberdade.
- Presidente honorária do Movimento Democrático das Mulheres (MDM).
TENHA UM BOM SÁBADO
A proposta de Lei, ontem aprovada em Conselho de Ministros, prevê a perda de mandato para os presidentes de Câmara que não garantam a avaliação de funcionários, tal como avançou o Negócios, com base em informação fornecida pela Presidência de Conselho de Ministros.
“É caso para perguntar: se um autarca, ao não avaliar um seu funcionário, perde o mandato, porque não acontece o mesmo, em igualdade de circunstâncias, a um senhor Secretário de Estado, Ministro, ou Presidente de uma qualquer entidade pública?”, refere a ANMP.
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
O colectivo de juízes do processo Casa Pia, presidido pela magistrada Ana Peres, já tem data marcada para a leitura do acórdão: 9 de Julho. Ou seja: cinco anos e oito meses depois do início do julgamento e sete anos e cinco meses depois do início da investigação.
No final de 2009 estavam contabilizadas 1725 horas de julgamento, gravadas em 968 cassetes áudio e em 1056 CD. Mais de mil horas são de depoimentos e declarações das quase mil testemunhas ouvidas durante o julgamento. O processo compilou mais de 63 mil folhas, reunidas em 265 volumes. Perante este cenário, prevê-se que a leitura do acórdão não se esgote num dia. Em termos de despesas, cerca de 84 mil euros foram gastos pelo Ministério da Justiça, até 2008, só em material informático, de papelaria, adaptação de espaços e encargos com viaturas para o julgamento. Incluindo segurança pessoal para a presidente do colectivo, Ana Peres.
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
A crise não tem dado tréguas às empresas nacionais. Segundo um estudo do Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social ontem divulgado, o número de insolvências de empresas cresceu 7,7 por cento no 1.º trimestre do ano, face a igual período de 2009. Assim, e até ao passado dia 17, 1.209 empresas fecharam as portas, principalmente no distrito do Porto (288).
"RECORD"
Sobre Cavaco Silva, Fernando Nobre considera que está em Belém «há quatro anos e deixa Portugal bem pior do que quando começou»; quanto a Manuel Alegre, o fundador da AMI confessa que «gostava de saber que iniciativas Manuel Alegre tomou em 34 anos como deputado».
"A BOLA"
O rapaz, de 15 anos, de Vizela, resgatado pela PJ e pela Polícia Nacional de Espanha, iria ser vendido por cerca de quatro mil euros para trabalhar como escravo. A investigação foi dada como terminada, em Portugal e Espanha, com um total de seis detidos.
João (nome fictício) passou os últimos dias entre Portugal e Espanha, acompanhado de inspectores da Polícia Judiciária (PJ) do Norte e da Polícia espanhola, reconstituindo o percurso que fez, desde que saiu do autocarro que o devia ter levado à escola, em Riba d'Ave, no passado dia 12, até que foi libertado, três dias depois, numa residência de Santa Mariña do Monte, em Ourense, na Galiza.
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Cavaco Silva deverá vetar politicamente o diploma que consagra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, divulgou ontem a Renascença. De acordo com a rádio, o Presidente deve tomar esta decisão logo após a visita de Bento XVI a Portugal (de 11 a 14 de Maio).
Nos termos da Constituição, a decisão do Presidente tem de ser tomada 20 dias após a publicação em Diário da República do acórdão do Tribunal Constitucional, o que ainda não aconteceu. Cavaco terá de fundamentar a sua decisão de veto político após o Tribunal Constitucional se ter pronunciado pela constitucionalidade do diploma
"CORREIO DA MANHÃ"
Os associados da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP) reúnem-se hoje para decidirem formas de luta para contestar a situação do sector, sendo a paralisação uma das hipóteses que estará em discussão.
A 27 de Março, os associados da ANTP decidiram dar um mês ao Governo para responder às revindicações do sector, deixando em aberto a possibilidade de repetirem o cenário do bloqueio de Junho de 2008.
Na altura, os associados da ANTP reivindicaram ao Governo a aplicação da directiva comunitária que permite a redução de oito cêntimos no litro do gasóleo, a alteração da lei das contra-ordenações, a não introdução de portagens nas SCUT (auto-estradas sem custos para o utilizador), a redução em 50 por cento do custo das auto-estradas à noite e a alteração do Código do Trabalho.
"PÚBLICO"
FEMINISMO EM PORTUGAL
Entre 4 e 9 de Maio de 1924, reuniu-se o Congresso Feminista da Educação em Lisboa, no Salão Nobre da Associação de Socorros Mútuos dos Empregados do Comércio de Lisboa. O Congresso foi organizado pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), que foi fundado em 1914 por Adelaide Cabete. O CNMP faz parte do International Council of Women e o Congresso de 1924 teve um enorme impacto a nível nacional e internacional. Durante cinco dias o Conselho recebeu suporte e apoio de organizações feministas importantes e apoio de feministas (femininas e masculinas) públicas de destaque do meio político e da vida intelectual. A sua grande importância mostra-se pela adesão de organizações e figuras destacadas do feminismo mundial e pelo grande leque de comunicações nas áreas do feminismo e da educação e pode ser considerado um dos primeiros passos para a emancipação das mulheres.
O segundo Congresso Feminista decorreu em 1928
Oitenta anos depois, de 4 a 6 de Maio em 2004 juntaram-se feministas portuguesas, académicas, activistas e investigadoras de diversos sectores para comemorar o 80 aniversário de primeiro Congresso do movimento feminista. Discutiram-se questões como o aborto, sexualidade e o direito ao corpo próprio, a desigualdade entre homens e mulheres em sectores como no trabalho e outros temas feministas. O Congresso decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa e durante os três dias da comemoração foram honoradas mulheres importantes, não só considerando o feminismo, entre eles por exemplo Adelaide Cabete, Maria Velleda, Elina Guimarães e Maria Lamas.
De destacar as escritoras Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, conhecidas pelas três Marias no século XX.
wikipédia
CANÇÃO FINAL CANÇÃO DE SEMPRE
M.U.D.
O Movimento de Unidade Democrática (MUD) foi uma organização política de oposição ao regime salazarista, formada após o final da II Guerra Mundial, em 8 de Outubro de 1945, com a autorização do governo; era herdeiro do anterior MUNAF. Ele foi criado para reorganizar a oposição, prepará-la para as eleições e para proporcionar um debate público em torno da questão eleitoral. Porém, como conseguisse em pouco tempo grande adesão popular (principalmente intelectuais e profissionais liberais) e se tornasse uma ameaça para o regime, Salazar ilegalizou-o em Janeiro de 1948, sob o pretexto de que tinha fortes ligações ao PCP. Apesar de tudo, viria ainda a apoiar a candidatura presidencial do general Norton de Matos, em 1949.
WIKIPÉDIA
FRANCISCO MARTINS RODRIGUES
Francisco Martins Rodrigues (Moura, 1927 - Lisboa, 22 de Abril de 2008) foi um político português, fundador do primeiro movimento marxista-leninista nacional.
Filho de um oficial do exército expulso por ser oposicionista ao governo, Francisco Martins iniciou o seu percurso político em 1949 no Movimento de Unidade Democrática (MUD), após a deslocação da família para Lisboa, onde estuda até ao 6º ano do liceu e trabalha, primeiro numa livraria e depois como aprendiz de mecânico na TAP.
Actividade opositora, primeiras detenções e incorporação ao PCP
É preso pela primeira vez, durante três meses, em 1951 por se manifestar contra a NATO, o que provoca o seu despedimento. Sucessivamente detido em pouco tempo, abandona a casa dos pais, passando a viver na semi-clandestinidade até 1953, quando adere como funcionário no Partido Comunista Português (PCP).
Em 1956 começa a questionar a linha do PCUS, após o XX Congresso, nomeadamente a chamada 'coexistência pacífica'. No ano seguinte, é detido novamente, pela quarta vez, e é conduzido à prisão de Peniche onde estuda e começa a elaborar textos teóricos marxistas. Lá conhece dirigentes como Álvaro Cunhal, Francisco Miguel e Jaime Serra.
Fuga de Peniche
A 3 de Janeiro de 1960, participou na célebre "fuga de Peniche", juntamente com Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Francisco Miguel, Pedro Soares, Jaime Serra, Guilherme da Costa Carvalho, José Carlos, Rogério de Carvalho e Carlos Costa. Os chamados "Dez de Peniche" protagonizaram um episódio lendário na história da resistência antifascista portuguesa, que reforça o PCP na luta contra o salazarismo.
Na rua, voltou à militância numa tipografia clandestina em Carnide, perto de Lisboa. Em 1961, incorporou-se ao Comité Local do partido em Lisboa, além de membro suplente do Comité Central. Em 1962, fez parte da Comissão Executiva, encarregando-se do trabalho político relativo à margem sul e arredores da capital do país.
Ruptura com o PCP, prisão, torturas e 25 de Abril
Lutador fervoroso contra o fascismo, foi preso pela PIDE cinco vezes, totalizando doze anos cárcere. Apoiante da extrema-esquerda, após a sua saída da direcção do Partido Comunista Português em 1963, tornou-se inimigo da teoria cunhalista do 'levantamento nacional', e defensor da independência de classe na luta contra a ditadura.
A ruptura com o Partido Comunista Português veio antecedida de discrepâncias com a linha do partido face à guerra colonial, após ter escrito um manifesto, a pedido do Comité Central, que o secretário-geral considerou "muito vermelhusco" e alheio ao "espírito do partido", e por isso censurado. Martins apoiava no documento a insurreição popular armada como via para a oposição à política colonial da ditadura portuguesa, em apoio aos povos africanos que enfrentavam o colonialismo português naqueles anos.
Seguem-se diferenças sobre a política da URSS, que cristalizam numa viagem a Moscovo em que o comité Central do exterior resolve destitui-lo do posto na Comissão Executiva. Martins é proposto como secretário de Álvaro Cunhal, mas recusa a proposta.
Foi então enviado para Paris, incorporando-se à organização do partido na capital francesa. Faz críticas à posição em assuntos como a guerra colonial, a passagem pacífica ao socialismo ou a revolução democrática e nacional.
Lidera a primeira ruptura do PCP, no contexto do conflito sino-soviético. O seu abandono do partido levá-lo-á a ser o mais importante ideólogo de extrema-esquerda nacional, participando na criação do Comité Marxista-Leninista Português e da Frente de Acção Popular em 1964, em Paris, apoiado pelo médico João Pulido Valente e por Rui D’Espiney.
Nesse mesmo ano, visita a China maoista e a Albânia de Hoxha. Numa tentativa de regresso a Portugal, foi denunciado pelo Avante!, e manteve-se em Paris. Voltou em 1965 para fazer trabalho político no CMLP. A identificação de um colaborador da polícia política no interior da organização acaba com a morte do infiltrado, acção reivindicada pela FAP. Francisco Martins é preso pela PIDE, sofrendo torturas violentas, juntamente com os dois outros criadores do CMLP e da FAP.
Martins é condenado a 20 anos de prisão, Pulido Valente a 12 e Rui D'Espiney a 15. Só dois dias depois do 25 de Abril de 1974 foi solto, junto a Rui D'Espinay e Filipe Viegas Aleixo, depois de os presos do PCP terem ficado livres com antecedência.
Fundação da UDP
Após a Revolução dos Cravos participou na fundação do PCR (Partido Comunista Reconstruído) e da UDP, organização de massas que atingiu uma importante influência em sectores à esquerda do PCP. Em 1983 abandona ambas organizações, considerando que caíram nos mesmos desvios atribuídos ao PCP.
Nessa altura, Francisco Martins é já considerado um dos maiores teóricos do marxismo português. Caracteriza o 25 de Abril como sendo uma "crise revolucionária" e atribui a derrota final às fraquezas estruturais das organizações revolucionárias junto ao "reformismo" do PCP, plasmado na sua proposta de "unidade dos portugueses honrados" num "levantamento nacional".
Quanto às organizações à esquerda do PCP, Martins considera que elas não fizeram a necessária ruptura com uma União Soviética que, para ele, não representava um projecto socialista. Daí para a frente, os escritos de Francisco Martins vincarão essa necessidade, marcando a orientação interclassista proposta por Georgi Dimitrov em 1935 como ponto de ruptura com a tradição bolchevique da independência da classe em relação à pequena burguesia. A sua obra Anti-Dimitrov. 1935-1985 meio século de derrotas da revolução recolhe o seu pensamento em relação ao que considera uma deriva reformista no conjunto dos partidos comunistas a partir da década de trinta.
Revista comunista Politica Operária
Em 1984, tornou-se o fundador da Organização Comunista Política Operária e director da revista do mesmo nome, que continua a publicar-se na actualidade.
Na última década da sua longa vida de luta revolucionária, estreitou laços de solidariedade com o movimento independentista galego, participando habitualmente nas manifestações do Dia da Pátria Galega (25 de Julho), nas Jornadas Independentistas Galegas organizadas pela organização comunista galega Primeira Linha e noutros eventos em apoio da autodeterminação da Galiza e das outras nações sem Estado da Península Ibérica (País Basco e Catalunha).
Faleceu em 2008, aos 81 anos, após uma grave doença. Foi enterrado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa, a 23 de Abril. Publicado postumamente, o seu livro Os anos do silêncio contém notas autobiográficas, uma descrição das práticas de tortura do sono a que foi submetido e a sua defesa num julgamento de 1970.
Obras
- 1985 - Anti-Dimitrov. 1935-1985, meio século de derrotas da revolução. Obra teórica que analisa a evolução do movimento comunista internacional durante o século XX, a partir do 7º Congresso da Internacional Comunista em que Georgi Dimitrov propôs a incorporação dos partidos comunistas a plataformas conjuntas com a social-democracia. Para o autor, essa orientação rompe com o princípio leninista da independência de classe e marca o inevitável declínio do movimento revolucionário, pois, como afirma a sentença marxista, "se a classe operária não puder contar consigo própria, não poderá contar com mais ninguém".
- 1988 - A revolução cultural e o fim do maoísmo. Artigo publicado no número correspondente a Janeiro/Fevereiro da revista comunista Política Operária, e reeditado como caderno separado de 40 páginas em 2005. Nele, Francisco Martins analisa a divisão sino-soviética e a influência no movimento comunista internacional, bem como o alcance histórico do maoísmo e do modelo chinês, com uma exposição dos factos e significado da que ficou conhecida como Grande Revolução Cultural Proletária chinesa.
- 1994 - O futuro era agora. O movimento popular do 25 de Abril. Nesta obra, Francisco Martins recolhe meia centena de testemunhos de um outro 25 de Abril, "vivo, audacioso, criador, que não tem nada a ver com a caricatura que nos é servida em versão oficial e que a jovem geração com razão rejeita, porque lhe tresanda a hipocrisia paternalista".
- 1999 - Abril traído. Recolha de artigos previamente publicados em revistas de menor circulação, tem como objectivo declarado ir "contra a mistificação, hoje quase obrigatória, de que existiria um grande consenso nacional em torno do 25 de Abril". Como exemplo da falsidade de tal argumento, refere as importantes diferenças existentes quanto ao significado do movimento popular de 1974-75, em função das posições políticas de quem faz a análise.
- 2004 - O comunismo que aí vem. Conjunto de artigos publicados em revistas como a portuguesa Política Operária e a galega Abrente, entre os anos 1985 e 2004. Incorpora uma entrevista inédita realizada por Carlos Morais.
- 2008 - Os anos do silêncio (edição póstuma). Testemunho em primeira pessoa dos anos da ditadura e da repressão salazarista, junto a textos históricos recuperados. Martins narra a tortura do sono que lhe foi aplicada pela polícia política.
- 2008 - Anti-Dimitrov. 1935-1985, meio século de derrotas da revolução (edição póstuma). Reedição da obra de 1985, que incorpora às suas 'Notas sobre Staline', escritas posteriormente à publicação da primeira edição.
- 2009 - História de uma vida (edição póstuma). Autobiografia construída a partir de textos fragmentários previamente publicados ou ainda inéditos do próprio Francisco Martins.
Obras disponíveis on line
- Edição digital da obra O comunismo que aí vem, de Francisco Martins Rodrigues.
- Artigo 'Ibéria', incluído no volume A Galiza do século XXI, em que Francisco Martins Rodrigues analisa o fenómeno independentista nas nações sem Estado da Península Ibérica.
- Carlos Morais entrevista Francisco Martins Rodrigues em 2004, no site da Primeira Linha.
- Uma entrevista a Francisco Martins Rodrigues, no blogue Caminhos da Memória.
NORTON DE MATOS
José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (Ponte de Lima, 23 de Março de 1867 — Ponte de Lima, Portugal, 3 de Janeiro de 1955) foi um general e político português.
Depois de frequentar o colégio em Braga foi, em 1880, para a Escola Académica, em Lisboa.
Quatro anos depois iniciou o seu curso na Faculdade de Matemática em Coimbra. Fez o curso da Escola do Exército e, em 1898, partiu para a Índia Portuguesa, onde organizou os cadastros das terras. Começou aí a sua carreira na administração colonial, como director dos Serviços de Agrimensura. Acabada a sua comissão, viajou por Macau e pela China em missão diplomática.
O seu regresso a Portugal coincidiu com a proclamação da República. Dispondo-se a servir o novo regime, Norton de Matos foi chefe do estado-maior da 5ª divisão militar. Em 1912 tomou posse como governador-geral de Angola. A sua actuação na colónia revelou-se extremamente importante, na medida em que impulsionou fortemente o seu desenvolvimento, protegendo-a, de certa forma, da ameaça contínua que pairava sobre o domínio colonial português, por parte de potências como a Inglaterra, a Alemanha e a França.
Foi demitido do cargo em 1915, como consequência da nova situação política que se vivia em Portugal durante a Primeira Guerra Mundial. Foi depois chamado, de novo, ao Governo, ocupando o cargo de ministro das Colónias, embora por pouco tempo. Em 1917, um novo golpe revolucionário obrigou-o a exilar-se em Londres, por divergências com o novo governo. Regressou à pátria e foi delegado de Portugal à Conferência da Paz, em 1919. Mais tarde, foi promovido a general por distinção e nomeado Alto Comissário da República em Angola. Na Primavera de 1919, foi delegado português à Conferência da Paz. Em Junho de 1924, exerceu as funções de embaixador de Portugal em Londres, cargo de que foi afastado aquando da instauração da Ditadura Militar.
Foi, em 1929, eleito grão-mestre da maçonaria portuguesa.
Em 1948, participou nas eleições presidenciais de 1949, reivindicando a liberdade de propaganda e uma melhor fiscalização dos votos. O regime de Salazar recusou-se a satisfazer estas exigências. Obteve vastos apoios populares e apoio de membros da oposição. Devido à falta de liberdade no acto eleitoral, e prevendo fraudes eleitorais, ele acabou por desistir depois de participar em comícios e outras manifestações de massas.
Condecorações
- Grã-Cruz da Torre e Espada
- Grã-Cruz de Santiago e de Avis
- Grã-Cruz da Ordem Britânica de São Miguel e São Jorge
- Comenda da Ordem Militar de Cristo
Obras publicadas
- Os serviços de agrimensura e cadastro da Índia Portuguesa
- A geologia da Índia Portuguesa
- A província de Angola (1926)
- Memória e trabalhos da minha vida (1943-46, 4 volumes)
WIKIPÉDIA
FRANCISCO ROLÃO PRETO
Francisco Rolão Preto (Gavião, 12 de Fevereiro de 1893 - Lisboa em 18 de Dezembro de 1977), foi um dos fundadores do Integralismo Lusitano e líder dos nacional-sindicalistas.
Ainda estudante do liceu abandonou Portugal para se juntar a Paiva Couceiro, oficial monárquico que a partir da Galiza, nos anos de 1911 e 1912, tentou derrubar o regime republicano instaurado em Portugal. Estabeleceu-se na Bélgica onde se tornou secretário da revista Alma Portuguesa, o primeiro órgão do Integralismo Lusitano. Após ter terminado o curso liceal, no Liceu português de Lovaina, ingressou na Universidade Católica da mesma cidade, mas com o começo da primeira guerra mundial foi para França onde se licenciou em direito, na Universidade de Toulouse. Regressado a Portugal começa a escrever para o jornal integralista A Monarquia, sendo seu director quando Hipólito Raposo é preso.
O Nacional-Sindicalismo
A partir de 1922 torna-se membro da Junta Central de Integralismo Lusitano. Com o Começo do movimento militar de 1926, que instaurou a ditadura militar, começa a colaborar com Gomes da Costa, sendo o redactor dos 12 pontos do documento distribuído em Braga. Em 1930 dirigiu com David Neto, e outros Sidonistas, a Liga Nacional 28 de Maio, um grupo de origem universitária que se auto proclamara defensora da Revolução Nacional, mas quando Rolão Preto lança publicamente o Movimento Nacional-Sindicalista torna-se uma figura nacional, em Fevereiro de 1933. Anunciara-o através de vários comícios que comemoravam o primeiro ano de publicação do jornal Revolução, Diário Académico Nacionalista da Tarde, que aparecera em 15 de Fevereiro de 1932 e, que, em 27 de Agosto, desse mesmo ano, tinha adoptado o subtítulo Diário Nacional-Sindicalista da Tarde
O Movimento Nacional-Sindicalista era conhecido pela designação camisas azuis, que usavam como uniforme. Sendo um movimento de inspiração cristã, usavam uma braçadeira com a Cruz de Cristo, seu símbolo máximo. Fizeram comícios uniformizados, durante os quais utilizavam a saudação romana em voga nas organizações nacionalistas da época, conseguindo forte apoio nas universidades e na oficialidade mais jovem do Exército português. Era um movimento influenciado pela Doutrina Social da Igreja e pelo personalismo cristão. Fortemente sindicalista, queria corporativizar a representação política em Portugal, opondo-se ao comunismo e ao capitalismo. Rolão Preto realizou um discurso anti-salazarista, em 16 de Junho de 1933, numa sessão no São Carlos. Criticou o Estado Novo nascente porque estabeleceu o partido único, e não fez o suficiente pelo sindicalismo (adoptou um corporativismo de Estado e apoiou-se nos ricos comerciantes capitalistas). Devido a esse acontecimento o jornal nacional-sindicalista Revolução acabou por ser suspenso em 24 de Julho de 1933.
Divisão dos nacional-sindicalistas
Mas em Novembro, no mesmo ano em que o jornal Revolução fora suspenso, os nacionais-sindicalistas sofreram uma cisão interna. Um grupo numeroso de jovens decidiu apoiar Salazar e integrar-se na União Nacional, abandonando assim as ideias de independência perante o novo regime defendidas por Rolão Preto e Alberto Monsaraz.
Em 10 de Julho de 1934 Rolão Preto é detido, após uma última representação ao Presidente da República, general Carmona, em defesa de um governo nacional com a participação de todas as tendências políticas nacionalistas, é exilado quatro dias residindo durante um tempo em Valência de Alcântara, em Espanha, frente a Castelo de Vide. Em 29 de Julho o nacional-sindicalismo é proibido por meio de uma nota oficiosa de Salazar, que afirma que o movimento se inspirava «em certos modelos estrangeiros».
Residência em Espanha
Em Madrid hospedou-se em casa de José António Primo de Rivera, filho do ditador espanhol, com quem terá colaborado na redacção do programa da Falange espanhola.
Acções contra o regime
Regressou a Portugal em Fevereiro de 1935, mas foi detido numa tentativa de revolta contra o regime Salazarista( tentativa de revolta do navio Bartolomeu Dias e do destacamento militar do Quartel da Penha de França ). É obrigado a novo exílio - residindo em Espanha, acompanhará a Guerra Civil ao lado dos falangistas.
Regresso a Portugal
De volta a Portugal junta-se à MUD - Movimento de Unidade Democrática -, criado no Outono de 1945 para participar nas eleições de Novembro seguinte, as primeiras eleições do Estado Novo, onde se admitiram listas alternativas, tendo nesse ano publicado o seu livro A Traição Burguesa.
Mais tarde apoiou as candidaturas de Quintão Meireles, para Presidente da República de 1951, discursando na única sessão política da campanha. Em 1958 apoiará Humberto Delgado (o candidato opositor), participando activamente na campanha eleitoral, sendo responsável pelos serviços de imprensa da candidatura.
Em 1970, com outras personalidades monárquicas, constitui a Biblioteca do Pensamento Político, Convergência Monárquica, organização a favor da monarquia que tenta reunir o Movimento Popular Monárquico chefiado por Gonçalo Ribeiro Teles, uma fraccção da Liga Popular Monárquica de João Vaz de Serra e Moura e a Renovação Portuguesa de Henrique Barrilaro Ruas.
Nas eleições de 1969, as primeiras eleições durante o período de governo de Marcelo Caetano, participa na lista da Comissão Eleitoral Monárquica.
Após o golpe militar de 25 de Abril de 1974 assume a Presidência do Directório e do Congresso do Partido Popular Monárquico (PPM), fundado em 23 de Maio.
Condecorações
É condecorado por Mário Soares (enquanto Presidente da República), em 10 de Fevereiro de 1994, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a título póstumo, pelo seu «entranhado amor pela liberdade».
Acaba por falecer em Lisboa a 18 de Dezembro de 1977.
Bibliografia de Francisco Rolão Preto
- A Monarquia é a Restauração da Inteligência, Lisboa, 1920
- Para Além do Comunismo, Coimbra, 1932
- Orgânica do Movimento Nacional Sindicalista, Lisboa, 1933
- Salazar e a Sua Época: Comentário às Entrevistas do Actual Chefe do Governo com o Jornalista António Ferro, Lisboa, 1933
- Justiça!, Lisboa, 1936 "Política da Personalidade" - contra o fascismo e os totalitarismos
- O Fascismo, Guimarães, 1939
- Em Frente! Discurso pronunciado pelo Dr. Rolão Preto no banquete dos intelectuais nacionalistas, Castelo Branco, 1942
- Para Além da Guerra, Lisboa, 1942
- A Traição Burguesa, Lisboa, 1945
- Inquietação, Lisboa, 1963;
- Carta aberta ao Doutor Marcello Caetano, Lisboa, 1972.