Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
24/07/2016
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Shubhendu Sharma
Cultivar uma floresta
no quintal
As florestas não precisam ser reservas naturais longínquas, isoladas do convívio humano.
Ao contrário, podemos cultivá-las onde estamos, até mesmo em cidades.
O ecoempreendedor e TED Bolsista Shubhendu Sharma cultiva miniflorestas, ultradensas e biodiversas com espécies nativas em áreas urbanas traçando o solo, micróbios e biomassa para impulsionar o processo de crescimento natural.
Acompanhe a sua descrição de como cultivar uma floresta de 100 anos em apenas dez e aprenda o que é preciso para entrar nessa festinha selvagem.
Ao contrário, podemos cultivá-las onde estamos, até mesmo em cidades.
O ecoempreendedor e TED Bolsista Shubhendu Sharma cultiva miniflorestas, ultradensas e biodiversas com espécies nativas em áreas urbanas traçando o solo, micróbios e biomassa para impulsionar o processo de crescimento natural.
Acompanhe a sua descrição de como cultivar uma floresta de 100 anos em apenas dez e aprenda o que é preciso para entrar nessa festinha selvagem.
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CELMIRA MACEDO
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* Presidente da associação Leque
IN "DELAS"
22/07/16
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Deficiência:
Séculos de estórias
de (des)encantar
Reza a lenda que as representações sociais da deficiência têm vindo a
mudar. Que a era da rejeição, do secretismo, do silêncio e do
preconceito começam a colapsar, dando lugar a formas de atuação
centradas em ações, atitudes e comportamentos positivos face à
diversidade. Mas será mesmo assim?
Convido a uma viagem no tempo, até aquele em que as pessoas com
deficiência eram simplesmente eliminadas: enquanto na Grécia Antiga eram
isoladas nas montanhas, em Roma era prática corrente atirá-las ao rio,
por não representarem a perfeição física. Os únicos que eram poupados,
os cegos, eram-no por se acreditar que possuíam poderes sobrenaturais e
capacidades divinas, ainda que provindas do espírito do mal.
Na Idade Média, o desenvolvimento das religiões monoteístas e,
sobretudo, o exercício da caridade por grupos religiosos, pressionam a
sociedade para o respeito pelo direito à vida. O infanticídio deixou de
ser uma prática corrente, contudo não eram reconhecidos quaisquer
direitos a pessoas com deficiência, mas acreditava-se que se fossem bem
tratadas, se obtinha um lugar no céu.
Por altura da industrialização e do iluminismo encontram-se
referências a postos de trabalho ocupados por pessoas com deficiência na
área fabril. Este é um período marcado pelas primeiras tentativas de
educar pessoas com deficiência, sendo as primeiras escolas de ordem
religiosa (mas separados da restante população).
É a partir da segunda metade do século XX, sobretudo após a segunda
guerra mundial, com a valorização dos direitos humanos, que começam a
surgir os conceitos de igualdade de oportunidades, direito à diferença,
justiça social e solidariedade, introduzidos por conceções
jurídico-políticas e sociais de Organizações como a ONU, a UNESCO, a
OMS, a OCDE, o Conselho da Europa, etc. As pessoas com deficiência
passam a ser consideradas como detentoras dos mesmos direitos e deveres
de todos os seus concidadãos e, entre eles, o direito à participação na
vida social e à consequente inclusão escolar e profissional.
Voltando à história e analisando a sociedade atual, pouco parece ter
mudado em séculos ou trata-se de uma mudança mais aparente que profunda.
Só não os atiramos ao rio porque deixou de ser legal, pois se assim não
fosse nem sei o que poderia acontecer.
Esta história (como se de um conto se tratasse) começa desde cedo, na
família, lugar se socialização por excelência, onde se desenvolvem as
primeiras atitudes rumo à autodeterminação desta população. Prolonga-se
na escola onde é preciso acreditar na intervenção e qualidade educativa
de TODOS e na passagem pensada, estruturada e bem definida da vida
pós-escolar. Tudo isto é ficção ou realidade?
Diria que em alguns lugares estamos ao nível da idade média (para ser
simpática), a diferença é que não é o lugar ao céu que se procura, mas o
lugar ao sol. Tudo dá demasiado trabalho e nós queremos um emprego.
Também me parece curioso que há séculos atrás, no início da
industrialização, já se falava em educação. Volvidos tantos anos como se
compreende que a maioria dos alunos com necessidades especiais, com
razoável nível de funcionalidade, saiam da escola sem qualquer tipo de
alfabetização, formação ou meios de se tornarem autónomos na vida ativa?
Por falar em vida ativa e no acesso ao emprego as medidas do IEFP
quase os “oferece”, mas o problema está em quem os (não) quer receber.
Onde estamos nós a errar…
Termino esta reflexão, um esboço desta estória de (des)encanto, de
final em aberto e que ainda poderá ter um final feliz. Era uma vez um
grupo de cidadãos excluídos, a quem se construíram rampas, sobre quem se
fizeram leis, mas que continuam a ser tratados como cidadãos de
segunda, porquê? Cabe a cada um de nós dar bom desfecho a este conto,
sim porque o problema é também nosso!
* Presidente da associação Leque
IN "DELAS"
22/07/16
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* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.
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VIII-VISITA GUIADA
CONVENTO DE CRISTO/3
TOMAR
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.
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ESTA SEMANA NO
"SOL"
Gertraud M, vive na Áustria,
e converteu-se ao islamismo.
Foi depois
de ser diagnosticada com cancro que a mulher passou a usar o véu
islâmico para se “sentir mais perto de Alá.
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Quando os médicos lhe disseram que tinha entre três meses de vida a
um ano Gertraud decidiu usar o véu para “estar mais perto de Alá”, disse
a mulher, citada pelo jornal Express.
Quem não gostou da decisão de Gertraud foi o seu chefe que acabou por
despedir a mulher – alegando que o véu perturba a comunicação no local
de trabalho.
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Depois da decisão do chefe, Gertraud decidiu recorrer à Justiça e processou o seu chefe.
O supremo Tribunal da Áustria acabou por dar razão ao chefe de Gertraud.
* Consideramos que escolha e uso do vestuário são do foro privado de cada um, não vemos diferença entre o ridículo do véu seja ele qual for e a cueca à mostra. Se qualquer peça de vestuário ocultar o rosto, pode criar problemas ao nível da segurança segurança.
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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
Comissão Europeia desmente suspensão de 16 fundos estruturais em Portugal
Fonte da Comissão esclarece que existência de uma lista de fundos estruturais nada tem a ver com cortes a aplicar a Portugal
A informação sobre o corte de 16 fundos estruturais em Portugal não é
correta”, afirmou este sábado fonte da Comissão Europeia ao Expresso.
“A Comissão só irá tomar qualquer decisão depois do processo de diálogo
estrutural com o Parlamento, processo esse que nem sequer terá início
num futuro próximo”.
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“A carta limita-se a listar os fundos de que
Portugal beneficia, mas isso não significa que todos eles - ou até
apenas um - venham a ser afetados. No documento é, aliás, evidenciada a
abertura da Comissão Europeia para esse diálogo estrutural e a vontade
de encontrar uma solução equilibrada, que tenha em conta todos os
aspetos socio-económicos”, acrescentou a mesma fonte.
Foi
divulgado este sábado o conteúdo da carta enviada pelo vice-presidente
da Comissão, o finlandês Jyrki Katainen, ao presidente do Parlamento
Europeu, Martin Schulz. Nela, é proposta a abertura de um “diálogo
estruturado” em setembro entre estas duas entidades, para que seja
definido “o âmbito e a dimensão” da suspensão de financiamento que serve
como sanção pela violação do limite de 3% do défice estabelecido nas
regras comunitárias.
Na carta, divulgada pela SIC ao princípio da
tarde e a que a Lusa também teve acesso, argumenta-se que as regras dos
Fundos Estruturais “preveem que partes destes Fundos sejam suspensos se
o Conselho decidir que um Estado membro não tomou ações efetivas em
resposta a recomendações emitidas no contexto do procedimento dos
défices excessivos”.
Inicialmente, foi dito que a Comissão
Europeia preparava-se para propor ao Parlamento Europeu a suspensão de
16 fundos estruturais em Portugal, que são financiados por Bruxelas,
como sanção por não ter sido respeitado o limite do défice público de 3%
do PIB.
* Um desmentido importante
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Com Guilherme, 25 anos, falaram com algumas amigas e pessoas da família e perceberam que Rita não era caso único. O passo seguinte foi começar a criar as peças. Neste processo, Rita – que desenhou todos os modelos lançados pela Once a Day – contou com a ajuda preciosa da equipa de estilismo da Lanidor, parceira investidora no projeto e “verdadeira mentora” da passagem da ideia à prática.
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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
"Once a Day"
Básicos que de básico não têm nada
Cansada de procurar básicos que compusessem o armário e facilitassem a mala de viagem, Rita desafiou Guilherme a criar um negócio.
Rita e Guilherme desconhecem o que passou
pela cabeça do sr. Francisco no dia em quando os recebeu, pela primeira
vez, na fábrica que tem em Santo Tirso. É ele a terceira parte deste
trio: desde o primeiro dia, garante a produção dos 20 modelos diferentes
da coleção de estreia da Once a Day, a marca lançada este ano pela
estudante de marketing e publicidade e pelo sócio, licenciado em gestão e
com um mestrado em empreendedorismo.
Rita Xavier, 21 anos, estudante do 2.ºano de marketing e publicidade no IADE, sempre gostou de moda mas foi apenas numa viagem, que fez com Guilherme à Indonésia. que se deu conta de que, no armário, não tinha básicos que a ajudassem a organizar uma mochila leve e que desse para as duas semanas de aventura, sem necessidade de grandes combinações de cores e padrões.
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“Pensei que o melhor era levar tudo branco, preto e cinzento, para poder levar três calções e quatro t-shirts. Fui à procura e não encontrei nada. Ainda por cima estava contente porque era altura de saldos, pensei que houvesse ainda mais produtos a um preço mais baixo, mas nada. Não havia branco e preto, tudo tinha cortes estranhos. Lá arranjei três, levei-os mas quando voltei foram para o lixo, já não havia condições para continuar a usar”, conta Rita. Foi nessa altura que a estudante percebeu a necessidade de procurar uma marca que tivesse os básicos que fazem falta. E a um preço acessível.
Rita Xavier, 21 anos, estudante do 2.ºano de marketing e publicidade no IADE, sempre gostou de moda mas foi apenas numa viagem, que fez com Guilherme à Indonésia. que se deu conta de que, no armário, não tinha básicos que a ajudassem a organizar uma mochila leve e que desse para as duas semanas de aventura, sem necessidade de grandes combinações de cores e padrões.
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“Pensei que o melhor era levar tudo branco, preto e cinzento, para poder levar três calções e quatro t-shirts. Fui à procura e não encontrei nada. Ainda por cima estava contente porque era altura de saldos, pensei que houvesse ainda mais produtos a um preço mais baixo, mas nada. Não havia branco e preto, tudo tinha cortes estranhos. Lá arranjei três, levei-os mas quando voltei foram para o lixo, já não havia condições para continuar a usar”, conta Rita. Foi nessa altura que a estudante percebeu a necessidade de procurar uma marca que tivesse os básicos que fazem falta. E a um preço acessível.
Com Guilherme, 25 anos, falaram com algumas amigas e pessoas da família e perceberam que Rita não era caso único. O passo seguinte foi começar a criar as peças. Neste processo, Rita – que desenhou todos os modelos lançados pela Once a Day – contou com a ajuda preciosa da equipa de estilismo da Lanidor, parceira investidora no projeto e “verdadeira mentora” da passagem da ideia à prática.
“A família da Rita está ligada ao grupo
Lanidor e, nesse aspecto, foi bom termos o know-how”, conta Guilherme. A
ideia foi “estranhamente muito bem recebida. Apresentámos o projeto em
busca do primeiro investimento da Lanidor, de maneira a contarmos com os
serviços ao cliente e logística partilhados. Foi quase como um primeiro
empurrão. (…) Toda a gente achou que fazia falta uma marca assim no
mercado. Seguiu-se a parte de começar a arranjar uma solução, coisas
boas com investimento moderado para não ser muito arriscado”, diz Rita.
Os primeiros esboços começaram a ser desenhados há cerca de um ano,
tempo suficiente para apresentarem o projeto ao investidor, procurarem
fornecedores, aprovarem as amostras e começarem a vender online. Foi
nessa altura que conheceram o sr. Francisco.
“Portugal tem essa coisa boa das quantidades: se fossemos para países como a China ou a Índia, não iam aceitar as nossas encomendas porque são pequenas. Como trabalhos ainda em pequenas fábricas, aceitam-nas, encaixam a nossa dentro das grandes produções”, conta Rita. Na fábrica de Santo Tirso é diferente. “Se estão a trabalhar com linha branca, aproveitam e fazem 20 t-shirts para nós.E é muito por aí. Quando fizemos a produção, estava a acabar uma de 40 mil peças para a Inditex. O sr. Francisco passa de 40 mil saias para uma produção de 40 t-shirts. Ele sabe como faz e nós precisamos desta flexibilidade dos fornecedores para ir recebendo feedback e encontrarmos o produto perfeito”. Isso mesmo. É que, desde o primeiro dia, é nisso que Guilherme e Rita estão focados: encontrar o product market fit, o produto adequado ao mercado.
“Portugal tem essa coisa boa das quantidades: se fossemos para países como a China ou a Índia, não iam aceitar as nossas encomendas porque são pequenas. Como trabalhos ainda em pequenas fábricas, aceitam-nas, encaixam a nossa dentro das grandes produções”, conta Rita. Na fábrica de Santo Tirso é diferente. “Se estão a trabalhar com linha branca, aproveitam e fazem 20 t-shirts para nós.E é muito por aí. Quando fizemos a produção, estava a acabar uma de 40 mil peças para a Inditex. O sr. Francisco passa de 40 mil saias para uma produção de 40 t-shirts. Ele sabe como faz e nós precisamos desta flexibilidade dos fornecedores para ir recebendo feedback e encontrarmos o produto perfeito”. Isso mesmo. É que, desde o primeiro dia, é nisso que Guilherme e Rita estão focados: encontrar o product market fit, o produto adequado ao mercado.
“Temos vindo a alterar desde setembro.
Queremos estar sempre a evoluir. O que queremos não é mais uma marca de
roupa mas uma solução para quem gosta de moda.
Básicos que toda a gente quer sem medo do
‘não posso ter porque tens igual’”, conta Rita.
Desse trabalho conjunto nasceram pouco mais de 20 modelos em três cores
base – branco, preto e cinzento -, muitos deles produzidos apenas em
tamanho único. “Depois de desenhada a coleção, definimos a estratégia e,
na parte dos preços, percebemos logo que seria uma boa estratégia ter
preços mais justos e acessíveis, de maneira a tornar a marca conhecida
pela qualidade”, conta Rita.
Isto significa que as margens da Once a Day rondam valores que representam cerca de um terço das margens geralmente praticadas por outros negócios de moda (cerca de 15%).
Com um investimento inicial de 10 mil euros, financiados pela Lanidor, a Once a Day espera ainda este ano conseguir devolver todo o investimento inicial da empresa, provada da sustentabilidade de um negócio pensado com margens muito abaixo das praticadas pela grande maioria das marcas de roupa. “Inicialmente achávamos que o target da marca seriam mulheres entre os 16 e os 25 anos mas temos vindo a perceber que também mas não só”.
As primeiras peças produzidas pela fábrica do Sr. Francisco, 100% algodão e feitas em Portugal, foram apresentadas no Summer Market Stylista, organizado pela blogger Maria Guedes, e que junta cerca de 100 marcas, na maioria dos casos portuguesas. A experiência, contam Rita e Guilherme, não podia ter sido mais elucidativa no que toca à validação do produto no mercado.
Isto significa que as margens da Once a Day rondam valores que representam cerca de um terço das margens geralmente praticadas por outros negócios de moda (cerca de 15%).
Com um investimento inicial de 10 mil euros, financiados pela Lanidor, a Once a Day espera ainda este ano conseguir devolver todo o investimento inicial da empresa, provada da sustentabilidade de um negócio pensado com margens muito abaixo das praticadas pela grande maioria das marcas de roupa. “Inicialmente achávamos que o target da marca seriam mulheres entre os 16 e os 25 anos mas temos vindo a perceber que também mas não só”.
As primeiras peças produzidas pela fábrica do Sr. Francisco, 100% algodão e feitas em Portugal, foram apresentadas no Summer Market Stylista, organizado pela blogger Maria Guedes, e que junta cerca de 100 marcas, na maioria dos casos portuguesas. A experiência, contam Rita e Guilherme, não podia ter sido mais elucidativa no que toca à validação do produto no mercado.
“Ainda nem tínhamos a produção toda mas
fomos testar a reação e ver se era mesmo um problema. Lá percebemos que o
nosso target era mais alargado e que as pessoas acima dos 50 anos
também queriam peças deste género. Percebemos que, além de haver um
problema, aquela nossa ideia parceria ser a solução”, detalha Guilherme.
Além dos mercados, a Once a Day vende online e procura agora os
primeiros parceiros para estar presente em lojas multimarca. Os planos
de expansão passam também pela aposta no mercado externo e, a médio
prazo, pela abertura da primeira loja oficial da marca, que deverá
acontecer dentro de um ano. “Queremos que as pessoas se sintam bem
arranjadas mesmo usando um básico. Trabalhámos muito os detalhes dos
modelos e toda a comunicação é muito direcionada para a moda.
A Once a Day é uma marca de básicos que de básico não tem nada”. ° Once a Day ° Projeto começou a ser pensado em 2015, na sequência de uma viagem dos dois sócios à Ásia ° A marca tem cerca de 20 produtos criados para a primeira coleção ° A maior parte das peças são de tamanho único ° Investimento foi feito pela Lanidor. Retorno deverá ser alcançado ainda este verão.
* História de sucesso que desejamos continuidade.
A Once a Day é uma marca de básicos que de básico não tem nada”. ° Once a Day ° Projeto começou a ser pensado em 2015, na sequência de uma viagem dos dois sócios à Ásia ° A marca tem cerca de 20 produtos criados para a primeira coleção ° A maior parte das peças são de tamanho único ° Investimento foi feito pela Lanidor. Retorno deverá ser alcançado ainda este verão.
* História de sucesso que desejamos continuidade.
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A RAIZ DAS ASNEIRAS
FAMOSOS ADEPTOS DE PALAVRÕES
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ESTE MÊS NO
"NOTÍCIAS MAGAZINE"
"NOTÍCIAS MAGAZINE"
O poder de uma boa asneira
Este artigo pode conter linguagem suscetível de ferir a sensibilidade de alguns leitores.
Por que diabo cai tão mal dizer merda num jantar de avós
quando, em tempos, mandar alguém para o diabo era a pior ofensa de
todas? E como se exprime uma emoção verdadeiramente forte a não ser com
asneiras? São intensas, proibidas, poderosas. Maiores do que quaisquer
palavras, por isso lhes chamam palavrões. Está avisado, leitor!
Poucas palavras traduzem tão bem um sentimento de dor, raiva e até
alegria do que um palavrão solto na altura certa. O cônjuge rompe
connosco, ai queria tanto que resultasse mas não dá? «Querias porra
nenhuma, vai-te foder!» Entramos na cozinha ensonados para fazer café e
esbarramos no armário? «Merda, quem é que deixou a porta aberta?» Dizer
asneiras é uma coisa desgraçada: levamos a infância sem poder
pronunciá-las e o resto da vida fascinados pelo seu poder. Um estudo
publicado em dezembro de 2015 na Language Sciences (University
of Southern Denmark) diz mesmo que quem sabe muitas asneiras tem o resto
do vocabulário mais desenvolvido do que as pessoas pouco fluentes em
obscenidades. Não há medo do ridículo que resista a um bom palavrão.
Ainda assim, se tiver menos de 18 anos ou for leitor para se ofender, é
melhor não ler este artigo.
«As asneiras são especiais. Têm uma ligação mais profunda com as
nossas emoções do que quaisquer outras palavras», garante-nos Melissa
Mohr, especialista inglesa em literatura medieval e renascentista e
autora de Holy Sh*t: A Brief History of Swearing (Grande M*rda: Uma Breve História do Asneiredo).
«As pessoas usam-nas para insultar – são particularmente boas por
carregarem tanto conteúdo emocional –, mas também para aliviar ou
exprimir emoções extremas de felicidade, tristeza, surpresa.» Ao
contrário do que seria de prever, contribuem para fortalecer a coesão
entre membros de um grupo: vários estudos referem um aumento da moral no
trabalho entre funcionários que se juntam para praguejar contra a
gerência. «Podem ainda ser termos de afeição: os homens britânicos
chamam-se muitas vezes cunt (cona) uns aos outros, da mesma forma que os afro-americanos se tratam por nigger (preto) entre si.»
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E o que é, afinal, uma asneira? «É vocabulário insultuoso que integra
a linguagem do dia-a-dia de quase toda a gente», define Filipa Jardim
Silva, psicóloga clínica da Oficina de Psicologia. O sentido surge
sempre num contexto cultural e depende dos mecanismos de conservação da
língua: «Os palavrões flutuam de época para época e de cultura para
cultura. Uma expressão pode ter um significado forte em dado lugar ou
momento histórico e perdê-lo noutros.» Melissa Mohr concorda,
acrescentando que o inverso também ocorre quando palavras comuns
adquirem o estatuto de palavrão. «Na Idade Média, profundamente
religiosa, não havia nada pior do que jurar pelas chagas de Cristo ou
mandar alguém para o diabo.» Hoje são os insultos raciais e homofóbicos
os mais ofensivos, por estarmos mais empáticos com os outros, ao passo
que as asneiras sexuais são o legado de um tempo em que era esta a maior
preocupação social.
«Apesar de serem tabu máximo na época vitoriana, foram os romanos que
nos deram a atual medida para o obsceno, baseada nos seus próprios
palavrões em torno do corpo, partes íntimas e atos sexuais. Mais ainda
aos portugueses, já que muitas das vossas asneiras provêm diretamente do
latim.» Caralho, por exemplo, deriva de caraculu e significa
pequena estaca. «O termo passou a ser usado para designar o membro do
touro na antiguidade», explica o jornalista Luiz Costa Junior no livro Com a Língua de Fora – A Obscenidade por Trás de Palavras Insuspeitas.
Do membro do touro para o do homem foi um passo. Outra explicação (não
consensual) refere o caralho como a cesta no alto dos mastros das
caravelas, onde os marinheiros avistavam terra ou eram postos de
castigo, daí a expressão ir para o caralho. E que locução transmite
melhor a grandeza de algo do que “para caralho”? «Estou fulo para
caralho. Gosto de ti para caralho. Esse gajo é chato como o caralho!»
Tanta emotividade ligada às asneiras
deve-se
sobretudo, segundo Filipa Jardim Silva, ao facto de habitarem no sistema
límbico, «os porões da cabeça», enquanto a linguagem comum e o
pensamento consciente ficam a cargo do neocórtex, a parte sofisticada da
massa cinzenta. «É essa a região que controla as nossas emoções básicas
e regula os impulsos, a zona mais primitiva em nós, e também por isso
os palavrões estão tão associados a funções orgânicas, sexuais e
reprodutoras», diz.
O senso-comum sugere serem mais comuns entre o sexo
masculino, no Norte do país e em adolescentes, mas nenhum estudo
sociolinguístico sobre o assunto (dos poucos que temos) sustenta esta
ideia. Pelo contrário, ressalva João Veloso, coordenador do Centro de
Linguística da Universidade do Porto. A realidade é bem mais
democrática.
«Os palavrões são transversais a todos os extratos económicos,
classes sociais e gerações. Acontece que as pessoas com um acesso mais
intensivo à escolaridade ou às normas da boa educação são treinadas para
refrear o seu uso, pelo que dispõem de uma noção consciente das
circunstâncias em que é aceitável usarem-nos», explica o linguista e
professor do departamento de Estudos Portugueses e Românicos da
Faculdade de Letras do Porto. As diferenças entre
regiões/países/culturas resultam de a carga simbólica atribuída a cada
palavra variar muito: o que é pejorativo num lado pode não sê-lo noutro.
«A partir do momento em que o império romano foi cristianizado, a
tradição dos banhos públicos desapareceu e o tabu social perante a nudez
gerou um tabu linguístico face a certas partes do corpo, ainda hoje
vivo nos países de tradição católica.» De resto, não há nenhuma cultura
que não tenha o seu reservatório de palavrões. «Qualquer dicionário bem
feito e que não tenha sido censurado os traz. Todos temos conhecimento
desse reportório lexical. O que muda é a utilização mais criativa ou
mais privada que fazemos dele.»
Do tal estudo de vocabulário publicado na Language Sciences
fez parte o norte-americano Timothy Jay, professor de psicologia do
Massachusetts College of Liberal Arts e perito em linguagem tabu. Jay
passou as últimas três décadas a anotar palavrões que ouvia em lugares
públicos, constatando serem palavras que não é suposto dizermos e, por
isso, tão poderosas. Concluiu também que a aprendizagem começa cedo,
logo aos 2 anos, e aos 11 ou 12 as crianças já conhecem tantas asneiras
como os adultos. «Não merece grande preocupação, até porque os mais
novos não sabem o significado dos termos, apenas que os pais ficam
chateados por ouvirem dizê-los», tranquiliza. E não havendo nada que se
possa fazer para evitar, o melhor é ensinar-lhes como e onde é aceitável
usar asneiras, para garantir que não vão chamar nomes à professora ou
passar por malcriados. «Na verdade, elas substituem efetivamente
expressões infantis de fúria, como morder e berrar.»
Mohr recorda ainda um estudo de Richard Stephens, professor na
Universidade de Keele, Reino Unido, e vencedor de um IgNobel em 2010 por
descobrir que dizer palavrões alivia a dor física, sobretudo em quem os
diz pouco. Outro estudo de 2014, realizado em Itália, concluiu que os
políticos eram mais bem vistos pela opinião pública quando asneiravam,
uma vez que pareciam emocionalmente mais envolvidos no que diziam e,
portanto, mais confiáveis. E não, o mundo não seria um lugar melhor se
as pessoas parassem de dizer asneiras. «Livrarmo-nos das palavras com as
quais exprimimos ódio não acaba com o ódio em si, a agressão ou o
conflito», observa. Por outro lado, perderíamos a chave para trabalhar
estas emoções e uma válvula de escape fundamental, dado que dizer
asneiras é o mais próximo que temos da violência sem que haja contacto
físico. «Elas são catárticas. Aliviam como nenhuma palavra comum
consegue.» Há coisas fodidas.
A RAIZ DAS ASNEIRAS
Levaram tempo a ser “dicionarizadas”, por serem consideradas menores ou desprezíveis, mas já integram o dicionário online Priberam ou as mais recentes edições do Dicionário Editora da Língua Portuguesa (Porto Editora).
Merda. Em latim merda, não significa só
excremento como raiva, repulsa, falta de qualidade. O nojo associado à
palavra prende-se com o nosso desejo de não tocar ou comer, sublinha a
médica inglesa Valerie Curtis no artigo Is Hygiene in Our Genes? (Está a Higiene nos Nossos Genes?).
Cu. Asneira mais sintética não há, apesar de se ter
desdobrado num enfático «Vai levar no cu», capaz de evacuar a nossa
irritação. É a parte da agulha onde se enfia a linha, com a ranhura, daí
o ainda mais específico «Vai apanhar no olho do cu».
Puta. Vem do latim putta e significa
meretriz, apesar do original querer dizer menina e ser uma divindade
agrícola romana protetora da poda. As sacerdotisas fariam rituais de
fertilidade que podem explicar esta ligação ao sexo.
Foder. Do latim futuĕre, ter relações
sexuais, ganhou a conotação negativa de deixar/ficar em mau estado por
associação a violações e doenças. Também usado como foda-se, dasse,
fodeu e fodeu de vez, a forma mais definitiva.
Boceta. De buxis. Consta que as romanas
guardavam os valores em pequenas caixas de madeira de buxo redondas ou
ovais a que chamavam bocetas. Uma metáfora evidente para as partes
genitais femininas, o tesouro da mulher.
Porra. A semelhança com alho-porro (allium porrum)
não é coincidência, já que o vegetal é fálico e segrega um líquido como
o sémen (ou esporra, ou porra). Outra teoria é a de que seria uma arma
de guerra medieval, também conotada com pénis e esperma.
Cona. Em latim cunnus. Terá tido origem no
termo latino para rede e refere-se ao órgão sexual feminino, dando ainda
origem às variações conanas, coninhas, conaça e enconar (qual delas a
mais feia?).
FAMOSOS ADEPTOS DE PALAVRÕES
Jorge Amado. O escritor brasileiro adorava expressões
politicamente incorretas como papar (ter relações), fechar a cancela
(aposentar-se sexualmente), levantar cacete (ter uma ereção) ou dar a
maricotinha (sinónimo de tomar no cu, esclarece o próprio).
William Shakespeare. Da próxima vez que ler Romeu e Julieta,
saiba que o autor foi tremendamente insultuoso ao escrever «Que a peste
invada as casas de ambos», numa altura em que surtos de peste negra
continuavam a ameaçar a Europa no século XVI.
Jennifer Lawrence. A atriz de Jogos da Fome
é conhecida por ser asneirenta. Desafiada pelo apresentador Conan
O’Brien a dizer quantas pudesse em 30 segundos, a 100 dólares cada uma,
somou quase cinco mil euros que reverteram para beneficência.
Pink. A cantora assume dizer os seus palavrões de
vez em quando. Tal como o marido, a estrela de motocrosse Carey Hart,
principal responsável pelo linguajar lá de casa. E a filha de 4 anos,
Willow. «Ela di-las baixinho quando julga que ninguém está a ouvir.»
Miley Cyrus. Tem sido apelidada de “rainha dos
palavrões” por muitos fãs aborrecidos com a faceta imoderada da jovem
cantora. Além de insinuações sexuais e gestos lascivos, solta a língua
em todos os discursos que faz, no palco e fora dele.
Madonna. Em março de 1994, usou a palavra foder e
seus derivados 14 vezes no programa de David Letterman, fazendo deste
episódio o mais censurado de sempre na história dos talk shows. A artista sabe inclusivamente asneiras em português.
* Bom p'ra c......!
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Há escola no hospital
Fazer desenhos e pedir ajuda
* Histórias de arrepiar e encantar.
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
Ir à escola no intervalo da quimioterapia
Sessões individuais por Skype, testes no hospital e apoio de professores no IPO. Quando o cancro muda a vida de uma criança, a esperança pode estar nas aulas
O exame nacional de Física e Química chegou ao Instituto Português de
Oncologia (IPO) do Porto escoltado pela polícia. À espera da prova, numa
sala do piso térreo do hospital, estavam dois professores vigilantes e
apenas um estudante do 11º ano: Alexandre Curopos, de 17 anos.
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Durante
três horas – teve direito a meia hora extra por estar doente – respondeu
"às questões que sabia" e saiu "confiante num resultado para passar".
Depois, regressou ao isolamento no serviço de Pediatria, onde entrara
pela primeira vez seis meses antes, em Janeiro de 2014. "Deixei de ir às
aulas quando comecei a fazer quimioterapia, no início desse ano. Tive
6,5 a Física e Química, mas como a nota do 1º período eram boa (17),
acabei a disciplina com 13", diz, explicando que o enunciado da prova
foi transportado pelas autoridades de segurança como acontece em todas
as escolas.
O diagnóstico de Alexandre chegara a 31 de Dezembro
de 2013: linfoma de Burkitt, um cancro agressivo, cuja extensão pode
duplicar em apenas 24 horas. "Sentia uma dor de barriga forte e, como
não passava, fui ao hospital", conta o adolescente, que três dias depois
da prova de Física e Química, fez a de Geometria Descritiva. "A minha
irmã explicou-me a matéria e dessa vez tive 17,5 valores", constata
Alexandre
Mesmo doente conseguiu entrar na licenciatura em Engenharia Informática.
Está, neste momento, na época de avaliações do 2º semestre – e o
linfoma parece ter ficado para trás. "Levo uma vida completamente
normal", afirma o agora voluntário no IPO.
Em
10 meses de internamento, nos quais fez sete ciclos de quimioterapia e
um autotransplante (usando as próprias células), passou por períodos
longos de isolamento. "A escola foi fundamental nesse processo de
recuperação, tal como a família e os amigos", considera o pai, Henrique
Curopos. "Havia dias em que não era possível, mas quando o Alexandre
estava bem-disposto estudava e tinha aulas individuais por Skype."
Maria
de Jesus Moura, directora da unidade de Psicologia do IPO de Lisboa,
diz que a escola é determinante. "Mantém os projectos de vida das
crianças. A dada altura tudo se concentra na doença: há sintomas,
tratamentos, amigos e familiares que fazem visitas e falam sobre o tema.
A escola é uma maneira de quebrar este contacto constante. Tem uma
função adaptativa e, ao mesmo tempo, de protecção."
Há escola no hospital
Por
se tratar de uma doença que altera profundamente o quotidiano das
crianças, que as debilita e deixa sequelas físicas (perda temporária de
cabelo, de sobrancelhas, inchaço, etc.), os IPOs de Lisboa e do Porto
criaram escolas nos seus edifícios – em cada uma há três professores.
"Algumas
crianças mantêm a escolaridade de forma regular com a instituição de
origem", explica a docente Dina Ribeiro, do IPO de Lisboa. "Outros
necessitam de uma intervenção mais complexa – nestes casos temos um
papel mais regular e incisivo", acrescenta.
Em Lisboa e no Porto, alunos de várias idades reúnem-se no mesmo espaço
para tirar dúvidas, resolver exercícios ou desenvolver actividades
didácticas. Às vezes fazem testes. "A escola de origem envia-nos o
enunciado e eles resolvem aqui", diz Dina Ribeiro.
Cada aluno
tem um plano curricular adaptado ao tratamento e ao ano escolar. "É
preciso encontrar o momento e a forma de apoiar cada um. Não temos um
programa rígido. Muitas vezes estão connosco e são chamados para um
tratamento ou consulta", explica a mesma professora. António Teixeira,
do IPO do Porto, afirma: "Não temos um programa obrigatório. O nosso
papel ultrapassa em muito o do professor tradicional."
A lei
portuguesa prevê que as crianças com cancro continuem a ter um
acompanhamento académico que as mantenha intelectualmente activas –
mesmo em tratamento. Em Janeiro, o ministro da Educação, Tiago Brandão
Rodrigues, disse que o Governo estava a trabalhar num diploma para
regulamentar o acesso destas crianças à escola. O gabinete do ministro
disse à SÁBADO não ter ainda novidades sobre o tema.
Em alguns
casos o apoio é feito à distância. Foi o que aconteceu a Teresa Madeira,
de 8 anos, que deixou de ir à escola em Outubro, quando lhe detectaram
uma leucemia. "Entre tratamentos e idas ao IPO, assiste às aulas por
Skype, faz perguntas à professora e interage com os colegas. Se
projectarem alguma coisa no quadro, aparece também no ecrã da Teresa",
conta a mãe, Florbela Pires.
"Habitualmente começam às 9h e
normalmente deixo-a sozinha nesse período – seria assim em
circunstâncias normais. Só intervenho se houver uma falha tecnológica",
refere a advogada.
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As aulas fazem-na feliz. "Ficou triste com a perspectiva de não
acompanhar os colegas. Por isso é importante para ela passar de ano",
conta Florbela Pires, sublinhando que a filha não se incomoda com a
falta de cabelo. "Foi outra menina do IPO que disse à Teresa que ela ia
ficar careca. O pai mostrou-lhe fotos de cantoras e actrizes que também
faziam quimioterapia e ela reagiu bem." Neste momento, está na última
fase do tratamento (manutenção) e, pouco antes de as aulas terminarem,
voltou aos Salesianos do Estoril para visitar os amigos. "Estavam todos
numa grande excitação. Ela pediu -lhes para fazerem uma fila: deu
abracinhos a todos. Ofereceram-lhe um livro e a directora chamou-a ao
palco para lhe dar as boas-vindas", recorda Florbela.
Como vai ser o futuro?
Como vai ser o futuro?
A maioria dos tratamentos contra o cancro infantil não tem hoje um impacto cognitivo nos doentes, garante Filomena Pereira (na foto),
directora do serviço de pediatria do IPO de Lisboa. "Os pacientes com
hipóteses de apresentarem défices cognitivos são os que fazem
radioterapia ao sistema nervoso central, mas esta opção terapêutica
abrange cada vez menos crianças", refere a oncologista.
O que é comum a quase todos as crianças com cancro é a fadiga. "Muitas
continuam a queixar-se do cansaço, mesmo depois do tratamento. É claro
que isso pode prejudicar os resultados escolares", diz a psicóloga Maria
de Jesus Moura.
Não foi o caso de Frederica Peixoto (na foto),
de 13 anos. Apesar da leucemia e de dois episódios em que esteve à beira
da morte, continua a ser a melhor da turma, mesmo a fazer
quimioterapia. "Era aluna de quadro de mérito e continua assim", diz a
mãe, Susana do Canto.
Uma das grandes preocupações dela quando soube que estava doente foram os estudos. "Tinha medo de chumbar", acrescenta.
No
último ano lectivo, Susana do Canto deslocou-se todas as semanas à
escola da filha, na Portela, concelho de Loures. "Ia buscar ou entregar
trabalhos ou fichas", conta. Frederica transitou para o 9º ano com o
apoio dos professores do IPO de Lisboa e com a ajuda de aulas
individuais por Skype. "Rende mais assim do que com a turma", diz a
adolescente, que chegou ao fim do ano lectivo com quatros e cincos. "A
melhor nota foi num teste de Ciências: 100%", conta, assumindo as
saudades da escola. "Ainda não sei se volto em Setembro."
Fazer desenhos e pedir ajuda
Ao
contrário de Frederica, José Ramos, de 15 anos, regressou à escola
durante o tratamento. Depois de uma cirurgia delicada em que lhe
removeram um tumor cerebral maligno, a mãe e as professoras do IPO
conseguiram convencê-lo a voltar em Setembro de 2015. A véspera, porém,
foi passada a chorar. José tinha medo de enfrentar os colegas –
caminhava com dificuldade e estava sem cabelo. "Deixou de mover o lado
esquerdo, depois da operação. Cai muitas vezes e está muito magro",
explica a mãe, Mónica Ramos. "Às vezes dizia-me que não tinha amigos –
tinham-se afastado." Apesar disso, a nova turma na escola de Marinhais,
Salvaterra de Magos, surpreendeu-o. "O director de turma apresentou-o
como um aluno normal. Isso foi importante."
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A pensar
precisamente no regresso, o Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa
Contra o Cancro (LPCC) desenvolve acções de formação em escolas. "Os
professores e os auxiliares não sabem como receber o aluno, como lidar
emocionalmente com ele. Têm muitas dúvidas: devem protegê-los de
perguntas? Podem manter o nível de exigência?", explica Patrícia Gomes
(na foto), psicóloga responsável pelo projecto, sugerindo que devem agir
naturalmente. Paralelamente, tentam sensibilizar as outras crianças da
turma. "É importante explicar-lhes o que é o cancro – em casos de
leucemia, por exemplo, deve desenhar-se o corpo humano num papel de
cenário para eles perceberam que a doença está pelo organismo todo",
aconselha. E acrescenta: "Às vezes aparecem com soluções engraçadas:
‘Então e se lhes tirássemos o sangue e puséssemos um novo?"
A acção de três semanas, implementada até agora em três escolas do
distrito do Porto, também pretende esclarecer os pais dos alunos
saudáveis. "Por mais estranho que pareça, há quem acredite que o cancro é
contagioso", nota a especialista.
Enquanto o processo decorre,
prepara-se o doente. "Dizemos-lhe que tem os amigos à espera,
apresentamo-lo como um super-herói. E no dia do regresso, pomos-lhe uma
capa e tiramos fotos", diz Patrícia Gomes. Há que ter sempre em conta a
idade da criança. "Nos mais novos, a preocupação é o afastamento dos
cuidadores e dos amigos. Os mais velhos centram-se na ideia de dor e
sofrimento. Alguns intelectualizam a doença e sabem exactamente o que
têm. Interpretam análises e exames."
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João Rocha, de 14 anos,
domina bem os termos médicos. Ainda não voltou ao colégio, em Vila Nova
de Cerveira (frequenta o 9º ano), mas está optimista quanto à
recuperação. A 18 de Setembro de 2015 detectaram-lhe um linfoma, que se
manifestou com dores intensas no ombro. "A médica disse-me que a minha
cura tinha duas vertentes: uma parte competia-lhe a ela e à medicina; a
outra cabia-me a mim e ao meu ânimo. Respondi-lhe logo: ‘Dra., trate da
sua parte porque a minha está assegurada.’"
* Histórias de arrepiar e encantar.
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