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Professores e alunos
não são irresponsáveis
O plano do Ministério da Educação para o
regresso às aulas presenciais para os alunos do 11.ª e os 12.ª anos de
escolaridade não será perfeito. Mas classificá-lo como irresponsável e
absurdo, como fez o líder do maior sindicato dos professores, é passar
um atestado de incompetência aos diretores de escolas, aos professores e
também aos alunos.
É certo que o
cumprimento das regras anunciadas vai depender em grande parte da
capacidade das escolas e dos recursos técnicos e humanos disponíveis.
Todos os estabelecimentos de ensino têm as suas particularidades, quer
em dimensão quer em contexto social e económico. Todos são diferentes,
como o são professores e alunos.
O que é
importante é minimizar as desigualdades no ensino. É bom não esquecer
que a presença dos alunos não será obrigatória e, portanto, adivinha-se
que os estudantes com melhores condições económicas vão socorrer-se de
mais explicações, recurso que já seria frequente nesta fase do
calendário escolar, independentemente das circunstâncias atuais.
Portanto, é necessário garantir aos outros alguma justiça nas condições
em que serão avaliados.
Duvidar ainda
que os alunos serão capazes de se comportarem dignamente durante os
intervalos que terão de permanecer dentro das salas de aulas é tratar,
por exemplo, os mesmos jovens que estão na vanguarda da
consciencialização ambiental como irresponsáveis.
Os
professores estão neste momento à beira de um ataque de nervos. À custa
do ensino à distância estão exaustos. Precisam de preparar aulas na
Internet, enviar trabalhos, corrigir e responder aos alunos e aos
encarregados de educação. E muitos são ao mesmo tempo pais e mães de
filhos iguais aos seus alunos.
Argumentar
que as escolas não são capazes de garantir o bem-estar e segurança de
toda a comunidade é contribuir para a degradação da imagem dos
professores construída muitas vezes por quem os representa.
* Director-adjunto
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
08/05/20
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