Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
05/06/2016
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3-O OUTRO LADO
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3-O OUTRO LADO
DA PASSERELLE
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As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
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Uri Hasson
Como o cérebro comunica
O neurocientista Uri Hasson pesquisa a base da comunicação humana, e experimencias no seu laboratório revelaram que, mesmo quando se trata de línguas diferentes, o nosso cérebro mostra atividade semelhante, ou se torna "alinhado", quando ouvimos a mesma ideia ou história.
Esse mecanismo neural incrível nos permite transmitir padrões cerebrais, compartilhando assim memórias e conhecimentos. "Conseguimos nos comunicar porque temos um código em comum que apresenta significado", diz Hasson.
Esse mecanismo neural incrível nos permite transmitir padrões cerebrais, compartilhando assim memórias e conhecimentos. "Conseguimos nos comunicar porque temos um código em comum que apresenta significado", diz Hasson.
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VITOR NORINHA
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IN "OJE"
03/06/16
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No país,
é tudo uma falácia
Os números do crescimento do PIB dados pelo FMI e OCDE desta semana revelam que a economia não está a correr nada bem, conclui o diretor do OJE, Vítor Norinha.
É tudo uma falácia mas ninguém se importa. Num país onde o partido
que Governa, o PS, estará provavelmente mais à esquerda que o seu
eleitorado, ou o maior partido da oposição, o PSD estará, como
neoliberal, mais à direita do que aquilo que é a militância de base de
cariz social-democrata, vale tudo.
Mas, tal como alguns detergentes (e passe a publicidade) diziam que
não enganavam, os números também não enganam e, efetivamente, as
projeções – que são projeções e não realidades – não costumam ficar
muito longe da verdade. E os números do crescimento do Produto Interno
que já tinham sido dados pelo FMI e os da OCDE desta semana contêm uma
mensagem clara: a economia não está a correr nada bem.
E a agravar o drama está a falácia em que todos estamos a cair.
Assobiamos para o lado e todas as forças tendem a esconder a dura
realidade porque – parece – a verdade desanima e, por isso, vão-se
mantendo as hostes desinformadas ou erradamente informadas. Duplamente
grave é ainda o facto dos partidos mais à esquerda serem os grandes
defensores das políticas de António Costa, do PSD ir mitigando a
linguagem, e lembremos as declarações do presidente do partido, que diz
esperar que este Governo mude a política económica! Com que apoios
parlamentares se movimenta, perguntamos nós. Alguém acredita que seja
possível mudar. E ainda as mais recentes declarações do PR Marcelo
Rebelo de Sousa, que deixou antecipar o próximo orçamento retificativo,
como se isso fosse algo banal. Aliás, para quem está um pouco fora da
situação, até parece que este Governo tem um score positivo
relativamente aos anteriores, porque todos apresentaram retificativos e
ainda não o fez e, por isso, ganhou alguns pontos (está na moda o tema
dos pontos e das cartas).
Marcelo, aliás, deixou bem claro que faz o discurso para fora do país
e o Governo fá-lo para dentro. São dois linguajares do mesmo país e
feitos por personalidades com uma matriz ideológica bem diferente mas
que, no fundo, estão juntos no percurso.
Entretanto, há mudanças de fundo em termos ideológicos, com as
decisões mais mediáticas, mas os temas de fundo para o país vão sendo
empurrados. Os estivadores fecharam uma paz podre com os operadores; os
contratos de associação esfarraparam a sociedade portuguesa e o setor
bancário está um barril de pólvora. Fala-se em duas mil rescisões na
Caixa, mais mil no BPI, para além dos mil no Novo Banco. E o
investimento na economia está a cair como nunca. Estamos mal.
IN "OJE"
03/06/16
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* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.
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VII-VISITA GUIADA
MUSEU
SOARES DOS REIS/1
PORTO
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.
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Maria Callas
Casta Diva
Vincenzo Bellini)
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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
"EXPRESSO"
A forma como se nasce influencia
a saúde futura
É no momento do nascimento e na primeira hora de vida que o bebé ganha as primeiras defesas. Ao passar pela vagina, o recém-nascido recebe as bactérias da mãe, que vão ser fundamentais para a composição da flora intestinal. Esta colonização por “bactérias boas”, a primeira de todas, só acontece uma vez. Quando os bebés nascem por cesariana, perdem essa oportunidade.
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Nos últimos dez anos, a comunidade científica tem estudado a fundo o
"microbiota intestinal" e chegou à conclusão que o tipo de parto
influencia a saúde futura dos seres humanos. E estabeleceu uma relação
entre a forma como se nasce e o risco de as crianças virem a ter
problemas, que vão desde dificuldades do sistema respiratório, passando
pela obesidade e diabetes tipo 2 e até autismo.
Conceição Calhau,
professora do departamento de Bioquímica da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto e investigadora do CINTESIS, explica melhor todo
este processo.
Em que medida a forma como os bebés nascem vai influenciar a sua vida daí para a frente?
Há dois fatores que podem ser determinantes naquilo que é a saúde do bebé - e depois do adulto que será - no momento do nascimento. A primeira alimentação, ou seja, se vai ou não ter leite materno e também a forma de parto. Temos agora muito mais evidência de que o próprio microbiota, ou seja, as bactérias intestinais, o tipo de bactérias que o bebé tem, também é determinante na saúde. E esse tipo de bactérias que o bebé vai ter no intestino, a colonização, acontece durante o parto. A primeira colonização é logo no momento do nascimento. O que se sabe agora é que esse microbiota também é muito influenciado pelo tipo de parto, ou seja, se tivemos um parto vaginal ou não - isso vai influenciar a qualidade desse microbiota. Já temos aqui dois fatores que são determinantes na saúde futura, que é o ter ou não ter leite materno e a qualidade do microbiota, que é influenciado pelo tipo de parto.
Há dois fatores que podem ser determinantes naquilo que é a saúde do bebé - e depois do adulto que será - no momento do nascimento. A primeira alimentação, ou seja, se vai ou não ter leite materno e também a forma de parto. Temos agora muito mais evidência de que o próprio microbiota, ou seja, as bactérias intestinais, o tipo de bactérias que o bebé tem, também é determinante na saúde. E esse tipo de bactérias que o bebé vai ter no intestino, a colonização, acontece durante o parto. A primeira colonização é logo no momento do nascimento. O que se sabe agora é que esse microbiota também é muito influenciado pelo tipo de parto, ou seja, se tivemos um parto vaginal ou não - isso vai influenciar a qualidade desse microbiota. Já temos aqui dois fatores que são determinantes na saúde futura, que é o ter ou não ter leite materno e a qualidade do microbiota, que é influenciado pelo tipo de parto.
O que é exatamente o microbiota?
Estamos a falar da flora microbiana, intestinal. Este ecossistema, esta
quantidade e qualidade de múltiplas bactérias que nós temos, vivem numa
família que tem que estar em harmonia. E essa harmonia é muito
diferente se tivermos mais de um tipo de bactérias ou menos de outro
tipo. Aquilo que já se sabe é que os bebés, principalmente durante o
primeiro ano de vida, que tiveram um nascimento vaginal e o sucesso da
amamentação — tiveram leite materno durante mais tempo — têm de facto
uma flora intestinal ou um microbiota muito mais rico nas boas
bactérias.
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São floras intestinais muito mais ricas em, por exemplo,
bifidobactérias, aquelas bactérias saudáveis. E também se sabe que, por
contraste, os que tiveram menos tempo de leite materno, os que tiveram
mais precocemente o leite de fórmula ou menos sucesso na amamentação vão
ter bactérias menos boas. Ou seja, vão ter outra qualidade de bactérias
e isso depois vai ter impacto na saúde.
Que tipo de impacto?
Esse impacto na saúde foi-se conhecendo sobretudo nos últimos dez anos. A comunidade científica tem dado muito mais relevância à importância do microbiota, principalmente porque, durante muito tempo, pensava-se que uma alteração da flora intestinal poderia significar uma inflamação intestinal, uma diarreia, uma disfunção gastrointestinal. Agora sabe-se que a influência vai muito além disso. Estamos a falar até na relação com a obesidade. O que se admitiu em 2005 foi que os indivíduos que têm obesidade têm bactérias intestinais muito diferentes dos magros. E isso alertou para a importância de estudarmos o microbiota e de tentarmos saber quais são, no fundo, os fatores que influenciam o microbiota do adulto, que já vem com a primeira colonização que se dá no momento do nascimento.
Esse impacto na saúde foi-se conhecendo sobretudo nos últimos dez anos. A comunidade científica tem dado muito mais relevância à importância do microbiota, principalmente porque, durante muito tempo, pensava-se que uma alteração da flora intestinal poderia significar uma inflamação intestinal, uma diarreia, uma disfunção gastrointestinal. Agora sabe-se que a influência vai muito além disso. Estamos a falar até na relação com a obesidade. O que se admitiu em 2005 foi que os indivíduos que têm obesidade têm bactérias intestinais muito diferentes dos magros. E isso alertou para a importância de estudarmos o microbiota e de tentarmos saber quais são, no fundo, os fatores que influenciam o microbiota do adulto, que já vem com a primeira colonização que se dá no momento do nascimento.
O que acontece num parto normal?
Ao passar pelo canal vaginal, o bebé vai estar logo em contacto com as bactérias da mãe e temos logo uma colonização à custa dessas bactérias. Se não tivermos a passagem pelo canal vaginal, isso será diferente. E depois o tal contributo do leite materno. Passar pelo canal vaginal, estar em contacto com a pele da mãe ao mamar e com o leite materno, tudo isso vai no fundo influenciar a composição do microbiota e depois a saúde do bebé.
Ao passar pelo canal vaginal, o bebé vai estar logo em contacto com as bactérias da mãe e temos logo uma colonização à custa dessas bactérias. Se não tivermos a passagem pelo canal vaginal, isso será diferente. E depois o tal contributo do leite materno. Passar pelo canal vaginal, estar em contacto com a pele da mãe ao mamar e com o leite materno, tudo isso vai no fundo influenciar a composição do microbiota e depois a saúde do bebé.
E que problemas estão associados a essa questão da flora intestinal, do microbiota?
Atualmente já se dá importância ao microbiota até no autismo e na depressão. Há distúrbios a nível da saúde mental que podem relacionar-se com a saúde do microbiota. Em dez anos, houve muita evolução do conhecimento nessa área. A comunidade científica tem alertado para o primeiro momento do nascimento, do próprio parto. A mera escolha entre um parto vaginal ou um parto por cesariana... Provavelmente, as mães podem não ter consciência do que é que isso depois significa. Pode ser um bebé que depois tem muitas cólicas, pode ser um bebé que vai ter mais diarreias, mas também pode ser um bebé que vai ter muito mais risco de obesidade, de diabetes tipo 2 ou até de algumas perturbações a nível de saúde mental.
Atualmente já se dá importância ao microbiota até no autismo e na depressão. Há distúrbios a nível da saúde mental que podem relacionar-se com a saúde do microbiota. Em dez anos, houve muita evolução do conhecimento nessa área. A comunidade científica tem alertado para o primeiro momento do nascimento, do próprio parto. A mera escolha entre um parto vaginal ou um parto por cesariana... Provavelmente, as mães podem não ter consciência do que é que isso depois significa. Pode ser um bebé que depois tem muitas cólicas, pode ser um bebé que vai ter mais diarreias, mas também pode ser um bebé que vai ter muito mais risco de obesidade, de diabetes tipo 2 ou até de algumas perturbações a nível de saúde mental.
E em relação aos problemas respiratórios? Também há uma relação com o parto?
Sobretudo se pensarmos que o tipo de parto pode influenciar o sucesso do aleitamento materno que previne esse tipo de problemas. É um pouco a teoria da higienização. Ou seja, os bebés que têm muito pouco contacto com microrganismos são bebés com maior risco para atopias, para alergias, o que muitas vezes também pode estar associado a maior risco ou maior suscetibilidade de infeções respiratórias.
Sobretudo se pensarmos que o tipo de parto pode influenciar o sucesso do aleitamento materno que previne esse tipo de problemas. É um pouco a teoria da higienização. Ou seja, os bebés que têm muito pouco contacto com microrganismos são bebés com maior risco para atopias, para alergias, o que muitas vezes também pode estar associado a maior risco ou maior suscetibilidade de infeções respiratórias.
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O contacto com o
leite materno é completamente crucial. E é curioso como é que no ano
passado, no relatório da Direção-Geral da Saúde de 2014, pudemos
perceber que em Portugal as mães dão de mamar de forma exclusiva ainda
muito poucos meses. O que a Organização Mundial de Saúde preconiza é que
nos primeiros seis meses de vida os bebés sejam alimentados
exclusivamente com leite materno e o que nós conseguimos perceber é que
em Portugal há muito poucas mulheres a dar de mamar exclusivamente até
aos quatro meses e ainda muito menos até aos seis meses, fazendo com que
a introdução de alimentos sólidos seja feita precocemente. Isso
leva-nos a pensar que, provavelmente, isto pode contribuir para o facto
de depois nós encontrarmos crianças com excesso de peso e de obesidade
até aos dois anos. Já encontramos isso nas nossas crianças. Muito
provavelmente, uma coisa pode estar relacionada com a outra. Portanto,
acho que tem de se rever a questão dos partos, mas também tudo aquilo
que a própria mulher pode ter de facilidades relativamente ao que é o
período de cuidar do bebé. E o programar um parto pode acontecer devido à
própria pressão do trabalho, porque não é conveniente numa altura e tem
de ser conveniente na outra. Isto vale para a amamentação também. Não é
muito conveniente que a mulher se ausente do trabalho durante tantos
meses, portanto acho que há um conjunto de revisões que devem ser feitas
pelo Ministério da Saúde e do Trabalho. Tem de haver alguma reflexão
sobre isso.
De que forma o tipo de parto influencia a amamentação?
O tipo de parto acaba por influenciar, ou ser muitas vezes determinante, para o sucesso da amamentação. É importante percebermos que um parto que não é vaginal pode ser a consequência de uma necessidade ou pode ser uma programação. E se pensarmos numa programação — eventualmente o menos biológico, já que é não era o momento ainda do nascimento, mas houve por razões várias uma necessidade de programar —, muitas vezes pode significar que a mãe não estava ainda preparada para a própria produção do leite e depois há um atraso na subida do leite. Além de que, muitas vezes, o que acontece na cesariana é que o tipo de anestesia ou a quantidade de anestesia que é administrada faz com que o próprio bebé esteja um pouco anestesiado, o que significa que vai estar muito mais adormecido nas primeiras horas após o nascimento, menos reativo, o que significa que vai ter muito menos capacidade de sucção do leite. E, portanto, aquele primeiro contacto com a mãe para amamentar é fundamental e se temos um bebé mais adormecido vai haver essa dificuldade. Há muitas razões que podem explicar que a probabilidade do insucesso do leite materno com um parto não vaginal é muito maior.
O tipo de parto acaba por influenciar, ou ser muitas vezes determinante, para o sucesso da amamentação. É importante percebermos que um parto que não é vaginal pode ser a consequência de uma necessidade ou pode ser uma programação. E se pensarmos numa programação — eventualmente o menos biológico, já que é não era o momento ainda do nascimento, mas houve por razões várias uma necessidade de programar —, muitas vezes pode significar que a mãe não estava ainda preparada para a própria produção do leite e depois há um atraso na subida do leite. Além de que, muitas vezes, o que acontece na cesariana é que o tipo de anestesia ou a quantidade de anestesia que é administrada faz com que o próprio bebé esteja um pouco anestesiado, o que significa que vai estar muito mais adormecido nas primeiras horas após o nascimento, menos reativo, o que significa que vai ter muito menos capacidade de sucção do leite. E, portanto, aquele primeiro contacto com a mãe para amamentar é fundamental e se temos um bebé mais adormecido vai haver essa dificuldade. Há muitas razões que podem explicar que a probabilidade do insucesso do leite materno com um parto não vaginal é muito maior.
Perante a necessidade de uma cesariana, há alguma coisa que possa ser otimizada?
O problema é logo o de base, é o não biológico, o programar. Há hormonas que a mulher tem de sintetizar para depois levar ao parto, para depois levar à subida do leite. Se isso não acontece de forma natural, não podemos estar à espera que, de uma forma natural, a mulher consiga produzir o leite logo no momento em que não era previsto o bebé nascer. E, claro, muitas vezes o que é que acontece? Acontece um outro fenómeno, que é o fenómeno do biberão escondido. Ou seja, uma mulher que está sonolenta, o bebé também está sonolento e aquela não comunicação, o facto de não subir o leite, a primeira refeição que é dada ao bebé é por exemplo leite de fórmula em biberão. E isso às vezes é escondido, muitas vezes as próprias mães não têm a consciência de que os bebés foram alimentados dessa forma logo no primeiro momento. Isso leva depois a perceber que o bebé que pegou na tetina já não é o bebé que vai pegar bem no mamilo. E este pode ser um dos fatores que vai condicionar o sucesso do aleitamento. A amamentação é um processo que tem de acontecer de forma muito natural, muito imediata e respeitando toda a biologia e toda a comunicação entre a mãe e o bebé.
O problema é logo o de base, é o não biológico, o programar. Há hormonas que a mulher tem de sintetizar para depois levar ao parto, para depois levar à subida do leite. Se isso não acontece de forma natural, não podemos estar à espera que, de uma forma natural, a mulher consiga produzir o leite logo no momento em que não era previsto o bebé nascer. E, claro, muitas vezes o que é que acontece? Acontece um outro fenómeno, que é o fenómeno do biberão escondido. Ou seja, uma mulher que está sonolenta, o bebé também está sonolento e aquela não comunicação, o facto de não subir o leite, a primeira refeição que é dada ao bebé é por exemplo leite de fórmula em biberão. E isso às vezes é escondido, muitas vezes as próprias mães não têm a consciência de que os bebés foram alimentados dessa forma logo no primeiro momento. Isso leva depois a perceber que o bebé que pegou na tetina já não é o bebé que vai pegar bem no mamilo. E este pode ser um dos fatores que vai condicionar o sucesso do aleitamento. A amamentação é um processo que tem de acontecer de forma muito natural, muito imediata e respeitando toda a biologia e toda a comunicação entre a mãe e o bebé.
* Devemos aprender com quem verdadeiramente sabe!
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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
Juristas prometem providência
cautelar para travar nomeação de
Isabel dos Santos
Grupo de juristas angolanos anunciou que vai avançar com providência cautelar para suspender a nomeação de Isabel dos Santos para Sonangol
Um grupo de 12 juristas angolanos anunciou
que vai avançar na próxima quinta-feira com uma providência cautelar
para suspender a nomeação da empresária Isabel dos Santos para
presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol.
A decisão foi tomada hoje, após uma reunião destes juristas, em Luanda,
alegando o advogado David Mendes, porta-voz deste grupo, que, ao nomear a
filha para aquelas funções, o Presidente da República, José Eduardo dos
Santos, “violou” a Lei da Probidade Pública (sobre o exercício de
funções públicas), de 2010, pelo que será feita igualmente uma queixa ao
procurador-geral da República.
A providência cautelar será entregue no
Tribunal Supremo.
“Vai-se entrar com uma providência cautelar para suspensão do ato [de
nomeação], para que não produza eficácia, como medida preliminar, nos
temos da impugnação dos Atos Administrativos. Ao ter permitido que a sua
filha fosse nomeada cometeu uma improbidade pública, ele devia ter-se
abstido, como manda a lei”, explicou à Lusa o advogado David Mendes,
também dirigente da associação cívica Mãos Livres.
Após mais de duas horas de reunião, estes juristas nomearam um grupo de trabalho de seis pessoas, com a responsabilidade e elaborar até quarta-feira o texto final da providência cautelar para impugnar o ato administrativo de nomeação de Isabel dos Santos, a dar entrada no dia seguinte. “Ao mesmo tempo, seguindo as regras da impugnação dos Atos Administrativos, vai-se apresentar a competente reclamação ao chefe do Governo, seguidamente, nos termos da Lei da Probidade Pública, uma queixa junto do procurador-geral da República, para abrir investigação”, disse ainda David Mendes.
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, nomeou quinta-feira a empresária Isabel dos Santos, filha do chefe de Estado, para as funções de presidente do conselho de administração e administradora não executiva da petrolífera estatal Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), informou à Lusa a Casa Civil da Presidência. “A lei diz que o agente público não deve nomear ou permitir nomeações e contratos quando há intervenção de sua esposa, dos seus familiares em primeiro grau em linha reta e até ao segundo grau da linha colateral.
A própria lei é que impõe esse impedimento”, observou, por seu turno, David Mendes, aludindo à lei da Probidade Pública, sobre o exercício de funções públicas e para travar o enriquecimento ilícito. Estes juristas pretendem ainda dirigir uma exposição ao Presidente angolano para que este “altere a sua própria decisão”, recordando que após a participação o avanço da investigação à decisão de nomeação ficará nas mãos do procurador-geral da República. “A lei implica até prisão, mas nós estamos apenas a atacar os efeitos da norma. E acima de tudo abrirmos um precedente desta natureza, de impugnar os atos do chefe de Governo.
As pessoas comentam na rua e falam, mas não há coragem de assumirem e agirem. Independentemente de qual venha a ser a decisão [do tribunal], tem esse aspeto simbólico”, disse o advogado, contestatário do regime de José Eduardo dos Santos. A administração da Sonangol, liderada desde 2012 por Francisco de Lemos José Maria (presidente do conselho de administração) foi igualmente exonerada de funções na quinta-feira, passando a empresa a ser responsável apenas pela “gestão e monitorização dos contratos petrolíferos”. A designação de Isabel dos Santos surge no âmbito da reestruturação da empresa estatal e do setor petrolífero angolano, processo em que já tinha participado, conforme confirmou a 22 de janeiro, em comunicado, o comité que tratou o processo, alegando a sua experiência de 15 anos como empresária.
Para presidente da comissão executiva – novo órgão entretanto criado pelo Governo angolano para a petrolífera estatal -, e administrador executivo, foi nomeado, segundo a mesma informação da Casa Civil da Presidência, Paulino Fernando de Carvalho Gerónimo, que transita do conselho de administração anterior.
* Bem podem os juristas angolano lutar contra a "zeduzita" o paizinho não deixa.
Após mais de duas horas de reunião, estes juristas nomearam um grupo de trabalho de seis pessoas, com a responsabilidade e elaborar até quarta-feira o texto final da providência cautelar para impugnar o ato administrativo de nomeação de Isabel dos Santos, a dar entrada no dia seguinte. “Ao mesmo tempo, seguindo as regras da impugnação dos Atos Administrativos, vai-se apresentar a competente reclamação ao chefe do Governo, seguidamente, nos termos da Lei da Probidade Pública, uma queixa junto do procurador-geral da República, para abrir investigação”, disse ainda David Mendes.
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, nomeou quinta-feira a empresária Isabel dos Santos, filha do chefe de Estado, para as funções de presidente do conselho de administração e administradora não executiva da petrolífera estatal Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), informou à Lusa a Casa Civil da Presidência. “A lei diz que o agente público não deve nomear ou permitir nomeações e contratos quando há intervenção de sua esposa, dos seus familiares em primeiro grau em linha reta e até ao segundo grau da linha colateral.
A própria lei é que impõe esse impedimento”, observou, por seu turno, David Mendes, aludindo à lei da Probidade Pública, sobre o exercício de funções públicas e para travar o enriquecimento ilícito. Estes juristas pretendem ainda dirigir uma exposição ao Presidente angolano para que este “altere a sua própria decisão”, recordando que após a participação o avanço da investigação à decisão de nomeação ficará nas mãos do procurador-geral da República. “A lei implica até prisão, mas nós estamos apenas a atacar os efeitos da norma. E acima de tudo abrirmos um precedente desta natureza, de impugnar os atos do chefe de Governo.
As pessoas comentam na rua e falam, mas não há coragem de assumirem e agirem. Independentemente de qual venha a ser a decisão [do tribunal], tem esse aspeto simbólico”, disse o advogado, contestatário do regime de José Eduardo dos Santos. A administração da Sonangol, liderada desde 2012 por Francisco de Lemos José Maria (presidente do conselho de administração) foi igualmente exonerada de funções na quinta-feira, passando a empresa a ser responsável apenas pela “gestão e monitorização dos contratos petrolíferos”. A designação de Isabel dos Santos surge no âmbito da reestruturação da empresa estatal e do setor petrolífero angolano, processo em que já tinha participado, conforme confirmou a 22 de janeiro, em comunicado, o comité que tratou o processo, alegando a sua experiência de 15 anos como empresária.
Para presidente da comissão executiva – novo órgão entretanto criado pelo Governo angolano para a petrolífera estatal -, e administrador executivo, foi nomeado, segundo a mesma informação da Casa Civil da Presidência, Paulino Fernando de Carvalho Gerónimo, que transita do conselho de administração anterior.
* Bem podem os juristas angolano lutar contra a "zeduzita" o paizinho não deixa.
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ESTE MÊS
NA "PCGUIA"
NA "PCGUIA"
Iniciativa do ISEP vai levar matemática
às ruas do Porto
A iniciativa Matemática vai à Baixa, organizada pelo Instituto
Superior de Engenharia do Porto (ISEP), em parceria com a Câmara
Municipal do Porto, vai testar os conhecimentos matemáticos de mais de
350 alunos do Ensino Básico e Secundário.
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A ideia é que aquela carga negativa da disciplina de Matemática seja
amenizada, com os alunos a responder a vários desafios matemáticos do
quotidiano, com um circuito pela baixa do Porto.
Os alunos vão passar pela Câmara Municipal do Porto, pela Praça da
Liberdade, Praça D. João I, terminando na estação de Metro da Trindade. A
Aula está marcada para o dia 8 de Junho, das 14 às 17 horas.
Estão inscritos agrupamentos como o Agrupamento de Escolas Alexandre
Herculano, o Agrupamento de Escolas António Nobre, o Agrupamento de
Escolas Garcia de Orta, o Agrupamento de Escolas Leonardo Coimbra e
Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas, que vão levar os seus
alunos do 5.º ao 12.º ano de escolaridade.
* É deste tipo de iniciativas que o país precisa.
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FONTE: ONU
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ONU
Como posso ser um voluntário online
FONTE: ONU
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ESTA SEMANA
NA "SÁBADO"
NA "SÁBADO"
Colégios acusados de pressionar alunos
. para participar em protestos
. para participar em protestos
Dois colégios privados com contrato de associação estão a ser
investigados pela Inspecção-Geral de Educação e da Ciência (IGEC). Os
"processos de averiguações" têm origem em queixas de pais que acusam os
colégios do filhos de estarem a exercer pressão para que os mesmos
participem nas acções de protesto contra o fim dos apoios estatais.
GENTE MADURA NA MANIFESTAÇÃO, NOVA VERSÃO DA MOCIDADE PORTUGUESA, OU MINI "OPUS DEI"? |
Algumas denúncias foram tornadas públicas este domingo, 5 de Junho, pelo Diário de Notícias que cita o Jornal de Leiria.
De acordo com a publicação, pais de alunos do Colégio Conciliar de
Maria Imaculada, temem que os seus filhos estejam a ser vítimas de
"instrumentalização", queixam-se também de "manipulação" e "pressão"
para que participem na guerra contra os cortes de verbas anunciados pelo
governo.
Ao Jornal de Leiria a directora do colégio negou ter
conhecimento de consequências negativas da participação dos alunos nos
protestos e garantiu que os alunos do pré-escolar e do 1º ciclo não
participaram nessas acções por decisão da instituição de ensino.
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O
Ministério da Educação confirmou ao DN que estava a averiguar duas
denúncias por considerar haver matéria de facto para a IGEC investigar,
uma delas é respeitante a outra escola que não foi identificada "por
razões que se prendem com esta investigação em concreto".
Entretanto, Luís Marinho, representante dos pais no Movimento Defesa da
Escola Ponto, negou à TSF qualquer envolvimento do movimento em
situações como as denunciadas e assegurou que "nunca ninguém, nem pais,
nem alunos, nem docentes, é forçado a participar no que quer que seja".
Luís
Marinho disse também à TSF ter "um palpite" que "não pode provar" sobre
o motivo destas denúncias anónimas terem aparecido após a manifestação
que juntou 40.000 pessoas em Lisboa em apoio à continuação dos contratos
de associação e vai mais longe dizendo que "o Ministério da Educação
tem feito tudo para poder descredibilizar a nossa luta. Esta é mais uma e
existirão outras no futuro".
* Andam a "a marinhar" e não dão conta que ninguém lhes dá importância, o P.R. demarcou-se, a oposição de direita é titubeante, vai ser um voo cego a nada e não é o da vaca.
Ainda ninguém desmentiu o perigoso Pedro Marques Lopes.
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Garante não ser conflituosa, mas não recusa o confronto. Marcelo marcou o seu percurso académico, Salgueiro Maia é uma das referências e Springsteen outra. Sportinguista, tornou-se a fera do Governo na “guerra” dos contratos de associação. Quem é Alexandra Leitão, a secretária de Estado Adjunta e da Educação? Perfil e entrevista exclusiva com a governante de 43 anos, para quem a geringonça “funciona francamente bem”.
Killer instinct de menina rebelde?
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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
A história da fã de Springsteen que
está a deixar os colégios amarelos
Garante não ser conflituosa, mas não recusa o confronto. Marcelo marcou o seu percurso académico, Salgueiro Maia é uma das referências e Springsteen outra. Sportinguista, tornou-se a fera do Governo na “guerra” dos contratos de associação. Quem é Alexandra Leitão, a secretária de Estado Adjunta e da Educação? Perfil e entrevista exclusiva com a governante de 43 anos, para quem a geringonça “funciona francamente bem”.
Marcelo Rebelo de Sousa aparece em tudo. Fala sobre tudo. O que ainda
não se sabia é que o Presidente da República também previa o futuro.
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Ora, quando a atual secretária de Estado Adjunta e da Educação se
doutorou em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, com 18 valores, só faltou ao professor dar-lhe a
nota “20” no blogue de papel que então assinava no semanário Sol:
“Jornada académica com sucesso. Na minha Faculdade. Mais uma professora
virada para o futuro: Alexandra Leitão”, escreveu Marcelo a 21 de
janeiro de 2011, antecipando então a realidade de hoje: “Vai ouvir-se
falar dela, em vários tablados, universitários e institucionais”.
Por estes dias, quem ousará desmenti-lo?
Na
verdade, a relação entre ambos é excelente e, até entrar para o
Governo, Alexandra Ludomila Ribeiro Fernandes Leitão, 43 anos, fora
colaboradora do inquilino de Belém na área do Direito Administrativo.
Mas isso é algo que ela explica melhor na entrevista exclusiva à VISÃO
que poderá ler mais abaixo. Para já, a sportinguista nascida na
freguesia de Alvalade tem sido o para-choques do Ministério da Educação e
do Governo na mais inflamada polémica que o executivo socialista
enfrenta desde a tomada de posse: o diferendo sobre a redução dos
contratos de associação do ensino particular.
O conflito não
passou ainda o sinal vermelho, mas a contestação já chegou ao amarelo. É
ver, pelo País, as concentrações e protestos de colégios e escolas
privadas que, trajados a rigor, e envergando a mesma cor, denunciam as
alegadas infrações cometidas pelo Governo.
Ao ministério não chegam
girassóis, mas há registo de cartas e postais a pincelar os gabinetes de
tons que Van Gogh não desdenharia. Além, acrescente-se, de 374 cravos
com a pigmentação oficial da oposição às políticas do ministério. O
número representa, alegadamente, as turmas que deverão ser encerradas
por este Governo.
Na Mealhada, em abril, a governante teve também
uma espera de 300 pessoas, mas, no caso, em tons de amarelo-torrado,
com insultos à mistura. Uma militar da GNR acabou ferida ligeiramente,
mas as brasas do momento não aqueceram nem arrefeceram Alexandra Leitão,
cuja presença era aguardada no 7º Encontro com a Educação.
Para
Paulo Guinote, que manteve durante anos um blogue de referência na área
educativa, é cedo para pesar a prestação da governante. “A avaliação
ainda é muito preliminar”, assume o autor d´A Educação do Meu Umbigo.
“A
secretária de Estado tem feito intervenções praticamente sobre um tema,
o dos contratos de associação, sendo que a defesa do que se designa por
«escola pública» é muito mais do que a relação com os operadores
privados do setor”, explica.
Segundo aquele professor, “há aspetos
relacionados com o modelo de gestão escolar, de transferência de
competências, dos concursos de professores ou da carreira docente sobre a
qual não lhe conhecemos qualquer intervenção digna de nota”.
Quanto ao
perfil público de Alexandra Leitão, lembra já ter existido “noutros
mandatos, com outros protagonistas, só que raramente direcionado contra
os operadores privados na área da Educação”, recorda. Apesar de se rever
“na afirmação de alguns princípios com que concordo”, Paulo Guinote
receia que a "«firmeza»" se possa tornar, como sistema, numa forma
autoritária do exercício do poder e tomada de decisões”.
Killer instinct de menina rebelde?
Há quem assegure que a prestação da secretária de Estado no programa Prós e Contras,
da RTP, a 16 de maio último, agitou ainda mais as águas. Pela amostra, a
trincheira contestatária do Governo revelou-se mais indignada e
assanhada, mas as redes sociais também mostraram o potencial da
“desconhecida” Alexandra.
No programa, além do discurso claro e
conciso, impressionou o cimento jurídico e o ar desassombrado de quem
não teme mastigar o pó numa luta de galos. Com uma postura confiante, e
até irónica, a governante atropelou, sem pestanejar, as regras da
maquilhagem política: cabelo apanhado, remexeu-se na cadeira, moveu os
ombros ao desafio e ergueu as sobrancelhas antes de uma estocada. Sempre
imperturbável ao ruído de fundo, esgrimindo papelada em riste e capaz
de encontrar rapidamente o artigo e a alínea concreta num redemoinho de
legislação. Tudo, diga-se, em linguagem que qualquer espetador
entenderia, mesmo sem dois dedos de testa. A new star is born, escreveu-se na blogosfera, elogiando o seu killer instinct e o ar de quem não tem medo “de dar e levar”.
Para a apresentadora do Prós e Contras, Fátima
Campos Ferreira, a secretária de Estado revelou ainda “um perfil
técnico de grande solidez jurídica. Foi uma boa surpresa. Não é
frequente vermos governantes tão bem estruturados e genuínos”, reconhece
à VISÃO. O programa atingiu níveis de audiência “bem acima da média”,
prova de que o País “está muito dividido nesta matéria”. Mas uma parte
do sucesso do debate tem, segundo a jornalista, de atribuir-se a duas
figuras: “Tanto Alexandra Leitão como Rodrigo Queiroz e Melo, da
associação que contesta as medidas do Governo, são grandes
protagonistas. Trata-se de pessoas muito bem preparadas, com bases
sólidas, que articulam muito bem o discurso e elevam bastante o nível da
discussão”, reconhece Fátima. No caso da governante, Vitalino Canas,
antigo secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros não
fica pasmo. Pelo contrário: “É uma excelente jurista, do melhor que
havia na Faculdade de Direito na época”, explica o atual deputado,
responsável por recrutar Alexandra Leitão para adjunta do seu gabinete
em novembro de 1997.
.
Se dúvidas houvesse, estamos a falar da mesma pessoa que, aos 22 anos, conquistou a honraria de duas páginas do Expresso
por causa do seu grito de revolta, em jeito de palavra de ordem, numa
reunião geral de alunos do professor catedrático Soares Martinez.
O
antigo ministro de Salazar, identificado com o setor mais conservador do
ensino, ficara famoso pela “tortura pedagógica” nas provas orais. Coube
então a Alexandra Leitão, num impulso, ajudar a virar o rumo de uma
reunião onde já se batia com a cabeça nas paredes, sem soluções à vista.
Não foi premeditado, mas da primeira fila da assistência à liderança do
conclave, foi um instantinho. Nem hoje nem na altura se lembra bem do
que disse. Mas o que disse foi o seu minuto de fama na televisão.
A
partir daí, a onda de indignação dos estudantes, que já vinha de trás,
levou tudo à frente. As orais de Filosofia do Direito ministradas pelo
incontornável Martinez foram suspensas e houve boicote aos exames. Jorge
Miranda, então presidente do Conselho Diretivo da Faculdade, mostrou-se
favorável à marcação de novos exames, mas opôs-se ao afastamento do
professor contestado. Martinez atingiria a idade de reforma pouco
depois.
Uma inevitabilidade, mais trivial, já tinha, entretanto,
batido à porta do constitucionalista: o filho, João Miranda, e a atual
secretária de Estado, ambos finalistas do 5º ano, tinham-se perdido de
amores nos primeiros anos da faculdade. A refrega com Soares Martinez
não iria alterar isso. Pelo contrário. Ambos militavam na JS e
continuaram cúmplices na luta universitária. João Miranda, hoje reputado
jurista na área urbanística e ambiental, foi mesmo um dos líderes da
contestação, mas pai e filho mantiveram-se “cada um no seu lugar”, sem
que as relações de parentesco fossem chamadas para o caso.
Quanto a
Alexandra Leitão, admitia, por essa altura, vontade em abraçar uma
eventual carreira política, mas temia que a condição feminina fosse o
caminho mais curto para o preconceito. “Quando têm de me escolher a mim
ou ao meu namorado”, desabafara, “os meus colegas optam por ele. Eu acho
que isso é injusto”, afirmara, mas dissipando amuos. “Eu sei que ele
também é bom, porque se não fosse inteligente não era meu namorado!...”,
explicara, perentória. “Mas sinto-me discriminada, pronto!”. Alexandra e
João casaram-se e têm duas filhas, de 14 e 10 anos. Jorge Miranda é
tido como um sogro babado.
Professora da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa, com um percurso profissional que inclui o
Conselho Superior de Magistratura e o Centro Jurídico da Presidência do
Conselho de Ministros, Alexandra Leitão é também uma mulher de opiniões
fortes.
Em 2014, num debate sobre “Direitos e Deveres Fundamentais”,
realizado em Lisboa, explanou muitas das suas convicções em relação à
escola pública, relevando o seu papel “na correção das desigualdades”.
Assumiu ser dever do Estado “consolidar o auxílio à vida familiar e
profissional”, lamentou a falta de “soluções públicas” para as crianças
até aos três anos e colocou-se ao lado de quem, mesmo não tendo a
escolaridade desejável, luta por um sistema que permita aos filhos
“igualdade e democratização” no ensino.
“Os CEO´s”, ironizou, “dão menos
atenção aos filhos do que, se calhar, quem tem falta de ensino formal”.
Mas
se pensa já saber tudo sobre a vida e o pensamento da secretária de
Estado, desengane-se. Em entrevista exclusiva à VISÃO, que poderá ler de
seguida, descubra o lado B da governante. Uma mulher que teve a mãe
presa pela PIDE, que é fã de escritores russos e, que, recentemente, foi
ao Rock in Rio ver se ainda se lembrava das letras todas de Bruce Springsteen do seu tempo de juventude. E lembrava.
ALEXANDRA LEITÃO, SECRETÁRIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO:
“A geringonça funciona francamente bem”
A
governante reconhece que “ainda há muito para fazer” para melhorar a
intervenção da mulher na vida política. Trabalha dez horas, em média,
por dia. Mas está a gostar da experiência da geringonça: “Na vida, tudo é
feito de consensos e de acertos...”, assume
Ainda se recorda do grito de que deu numa reunião de alunos no tempo em que estudava na Faculdade de Direito?
No
meu 5º ano tivemos o doutor Soares Martinez como professor a uma
disciplina obrigatória e, na fase das orais, no fim do primeiro
semestre, houve uma série de situações que indignaram alguns de nós, um
grupo bastante grande. Pedimos que as orais fossem feitas por outra
pessoa, pois considerávamos que aquelas não estavam a ser justas. A
contestação cresceu, começou a ter cobertura mediática e há uma altura
em que apareço na televisão, por breves segundos, a dar um grito numa
reunião de alunos em que estava muito barulho. Nessa altura discutíamos
várias coisas, inclusive a possibilidade de fechar a faculdade...
Como é que isso acabou?
Chegou-se
a bom porto. Éramos bons alunos, tínhamos um percurso académico
considerável e o facto de já sermos um bocadinho respeitados ajudou a
perceber que aquilo não era propriamente a contestação de um conjunto de
meninos que não queria estudar. Acabou por se resolver de uma forma
cordial, com o conselho cientifico a nomear um outro júri para fazer as
orais. A disciplina [de Filosofia do Direito] foi transformada numa
disciplina opcional até hoje. E o professor Martinez jubilou-se
normalmente nesse ano.
Era militante da JS há muito tempo?
Desde
setembro de 1991. Tinha uma militância ativa nesse período, mas a
Faculdade de Direito também puxa isso, sobretudo para quem gosta de
Direito Constitucional e Administrativo como eu. No 2º ano participei
numa lista à Associação Académica, mas não ganhámos.
.
No 4º ou no 5º
fizemos uma lista só para os órgãos da faculdade e fui eleita para o
conselho pedagógico e para a assembleia de representantes. Enfim, pode
dizer-se que, ao nível da faculdade, tive alguma militância ativa, mas
sempre dei muita atenção aos estudos. Aderi ao PS em 1995. Estive depois
com o doutor Vitalino Canas na secretaria de Estado da Presidência do
Conselho de Ministros e depois entrei numa fase de menos atividade.
Também, entretanto, tive a primeira filha, fiz o mestrado e
doutoramento, e o tempo não dá para tudo.
Conheceu o seu atual marido, João Miranda, aí?
Fomos colegas de curso. Namorávamos desde o 2º ano.
Sei que nasceu em Alvalade e é do Sporting. Ferrenha?
Ferrenha não. Já gostei mais de futebol, confesso.
Quais são as suas raízes familiares?
A minha mãe é nortenha, da zona de Braga. O meu pai da Sertã.
A família tinha uma costela de esquerda?
Sim,
fortemente! Sobretudo a minha mãe, que esteve presa pela PIDE no Porto
por causa do seu ativismo político, embora não partidário. Era
enfermeira, hoje está aposentada. E o meu pai trabalhava com o meu avô
numa empresa familiar. Éramos uma família de classe média baixa.
Essas raízes nortenhas têm algum peso em si?
Não.
Eu sou mesmo lisboeta. Mesmo! Tenho família no norte de quem gosto
muito, até por ter primos da mesma idade do lado da minha mãe, mas
Lisboa é onde me sinto bem, sobretudo num certo anonimato da cidade
grande. Sou mais da cidade do que do campo.
É verdade que, na juventude, passava férias com o atual ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, em Moledo?
Não exatamente. O ministro passava férias desde muito jovem com o meu marido. Depois conheci-o como amigo comum, sim.
Porque optou por Direito?
Sempre
gostei de áreas relacionadas com Línguas e Filosofia e, para que tem
esse perfil, o Direito é uma escolha mais ou menos natural. Na altura,
concebia a possibilidade de ir para a diplomacia, mas quando entrei na
faculdade percebi que já não queria. Gostei muito de Direito.
Teve Marcelo Rebelo de Sousa como seu professor?
Tive,
tive! Foi meu professor de Direito Constitucional no primeiro e no
segundo ano, presidente do júri do meu mestrado, arguente da minha tese
de doutoramento e, desde que me doutorei, em 2011, e até entrar para o
Governo, fui sempre colaboradora do professor Marcelo, em Direito
Administrativo. Ele é talvez a pessoa mais incontornável do meu percurso
académico.
Deu nas vistas no programa Prós e Contras, da
RTP, quando se discutiu a questão dos contratos de associação. Foi
elogiada a sua clareza, frontalidade e genuinidade. O que se pode
esperar de si é aquilo ou já estão a tentar maquilhá-la?
Maquilhar-me
não, sou súper avessa à maquilhagem! É das coisas que mais me aborrecem
(risos). Mas falando mais a sério: sou aquilo que viu, falo mesmo
assim, tenho dificuldade em ser de outra maneira. Os meus amigos
fizeram-me chegar cópias de coisas que leram sobre mim, mas também deve
ter havido coisas más e essas eles não me fizeram chegar, claro!
(risos). Talvez as pessoas estejam fartas de quem faz o mesmo tipo de
abordagem às coisas, mas, pela minha parte é assim: nunca tive a
visibilidade que tenho agora. Nem sequer tenho experiência. Por isso,
falei na televisão como falo normalmente.
Os gurus da imagem e do marketing não estão a tentar limá-la?
Porquê, acha que tenho falta de polimento? (risos) Agora a sério: não tentam e não conseguiriam (risos).
Quando
deu uma pequena entrevista ao Expresso, em 1995, falava da
discriminação em relação ao papel da mulher no espaço de intervenção
público. Que distância se percorreu? Ainda há muito para fazer nesse
aspeto?
Seria politicamente correto dizer o contrário,
mas ainda há muito para fazer. Na área política, por exemplo, temos um
tipo de vida que não é consentânea com a vida familiar. Num País como
Portugal isso ainda penaliza, essencialmente, o lado feminino do casal,
da família. Quando marcam uma reunião para as oito da noite num
escritório de advogados, na Assembleia da República ou num ministério,
quem, em princípio, diz “não posso”, é a mulher. E isso diz-se uma,
duas, três, quatro vezes. Mas à quinta tem consequências. Porque quem
não está e não aparece, também não fala, nem brilha. Também não erra, é
verdade, mas estas funções e lugares, que dependem de escolhas e
nomeações, passam muito por aparecer, por mostrar. E quem está a pensar
na criança que tem em casa, não tem hipótese. Ainda há um caminho grande
a percorrer, sinceramente...
Quantas horas passa, em média, por dia, no ministério?
Umas
dez horas, em média. Das 10 às 20. Houve aí uns dias em que me
destruíram a média, tive de estar até às duas da manhã, mas enfim...
“Um
bom pai e um bom marido, ajuda. Um excelente pai e um excelente marido,
ajuda muito. Que partilhem, isso conheço muito poucos. Seria já um
suprassumo”. São palavras suas, em 2014, num debate. O que tem lá em
casa?
Neste momento posso dizer que tenho uma verdadeira
partilha com o meu marido. Até me atrevo a dizer que é desigual para o
lado dele. Mas tento sempre passar tempo de qualidade com as minhas
filhas ao fim de semana...
Ainda anota na agenda os dias dos testes das suas filhas?
Continuo a anotar, sim.
Não lhe vou perguntar se elas estudam numa escola pública...
Mas
eu respondo: por acaso não estudam (risos). As minhas filhas fizeram o
jardim-de-infância e a primária numa escola pública. E agora estão na
Escola Alemã. E faço questão de explicar porquê. A opção pela Escola
Alemã tem a ver com a opção por um currículo internacional. Para mim era
importante que elas tivessem uma educação com duas línguas que
funcionem quase como maternas, digamos assim. Se assim não fosse,
andariam obviamente numa escola pública.
Quais são as suas referências políticas?
No
plano internacional é muito fácil: Mandela. E também algumas figuras da
social-democracia escandinava como Olof Palme, por exemplo. Mário
Soares é incontornável. E Salgueiro Maia também.
E literárias?
Diria
que o meu escritor favorito é o russo Turgueniev. Gosto muito dos
autores russos, mas não vejam aqui conotações políticas, pois são todos
anteriores à revolução russa (risos). Também não estou a dizer nada
original se disser que um dos melhores romances de todos os tempos é
Anna Karenina, de Tolstoi. E gosto da Doris Lessing. Dos portugueses,
Eça de Queiroz. Sempre. Mas ando a ler menos desde que estou no Governo,
é um problema grave...(risos).
Tem algum livro na mesinha de cabeceira, apesar de tudo?
Tenho,
mas não consigo acabar. Chama-se “A arma da casa”, é da sul-africana
Nadine Gordimer. Está na mesa-de-cabeceira há mais tempo do que
gostaria. Duas paginazinhas à noite e pronto. Há uns meses já estaria na
estante (risos).
É capaz de escolher um filme da sua vida?
Talvez Amarcord, do Fellini. Já o vi umas cinco vezes...É muito cómico.
Com a famosa cena da árvore...
A cena da árvore é o máximo! (risos) Aliás, tem várias cenas geniais...Também gostei muito do Beleza Americana,
embora seja um bocado complicado para quem está a chegar à meia-idade
(risos). E gosto do Tarantino, em geral. Menos do último,
confesso...Durante muito tempo, mas aí era muito novinha, dizia que o
meu filme preferido era o Cinema Paraíso.
E na música?
Pronto:
agora é que não vou ser nada original. Eu gosto muito do Bruce
Springsteen! Gosto mesmo! É uma referência de adolescência. Fui ao
concerto e tudo. Chegar lá e ainda saber a maior parte das letras foi
uma coisa fabulosa (risos). Na clássica, gosto de Bach, sobretudo de
peças tocadas em violoncelo. É o meu instrumento favorito.
Já tinha trabalhado numa “geringonça”?
(Risos) Bom, o que há mais é geringonças! Na vida, tudo é feito de consensos e de acertos...
E funciona?
Funciona. Funciona francamente bem.
Uma
das coisas que li sobre si nas redes sociais é que é uma governante
preparada para o terreno, para “o dá e leva”. Reconhece-se nessa imagem?
Sou
muito frontal. Não sou capaz de dizer na cara das pessoas aquilo que
elas querem ouvir, digo sempre o que penso e o que vou fazer. Sou
bastante determinada, mas não me considero conflituosa. Nada mesmo. Não
procuro o confronto. Assumo-o se tiver de ser. Há certas situações de
conflito que me incomodam mesmo que tenha de aguentá-las no momento. Mas
depois fico triste.
* Que dizer duma pessoa que fala assim, que é uma senhora e bem portuguesa!
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