04/08/2014

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA

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"Singularidades" 
para quem sabe de Português e "brasileiro"


 Meia, Meia, Meia, Meia ou Meia?
 
Na recepção dum salão de convenções,
 em Fortaleza

 - Por favor, gostaria de fazer minha inscrição para o Congresso.
- Pelo seu sotaque vejo que o senhor não é brasileiro. O senhor é de onde?
- Sou de Maputo, Moçambique.
- Da África, né?
- Sim, sim, da África.
- Aqui está cheio de africanos, vindos de toda parte do mundo. O mundo está cheio de africanos.
- É verdade.. Mas se pensar bem, veremos que todos somos africanos, pois a África é o berço antropológico da humanidade...
- Pronto, tem uma palestra agora na sala meia oito.
- Desculpe, qual sala?
- Meia oito.
- Podes escrever?
- Não sabe o que é meia oito? Sessenta e oito, assim, veja: 68.
- Ah, entendi, *meia* é *seis*.
- Isso mesmo, meia é seis. Mas não vá embora, só mais uma informação: A organização do Congresso está cobrando uma pequena taxa para quem quiser ficar com o material: DVD, apostilas, etc., gostaria de encomendar?
- Quanto tenho que pagar?
- Dez reais. Mas estrangeiros e estudantes pagam *meia*.
- Hmmm! que bom. Ai está: *seis* reais.
- Não, o senhor paga meia. Só cinco, entende?
- Pago meia? Só cinco? *Meia* é *cinco*?
- Isso, meia é cinco.
- Tá bom, *meia* é *cinco*.
- Cuidado para não se atrasar, a palestra começa às nove e meia.
- Então já começou há quinze minutos, são nove e vinte.
- Não, ainda faltam dez minutos. Como falei, só começa às nove e meia.
- Pensei que fosse as 9:05, pois *meia* não é *cinco*? Você pode escrever aqui a hora que começa?
- Nove e meia, assim, veja: 9:30
- Ah, entendi, *meia* é *trinta*.
- Isso, mesmo, nove e trinta. Mais uma coisa senhor, tenho aqui um folder de um hotel que está fazendo um preço especial para os congressistas, o senhor já está hospedado?
- Sim, já estou na casa de um amigo.
- Em que bairro?
- No Trinta Bocas.
- Trinta bocas? Não existe esse bairro em Fortaleza, não seria no Seis Bocas?
- Isso mesmo, no bairro *Meia* Boca.
- Não é meia boca, é um bairro nobre.
- Então deve ser *cinco* bocas.
- Não, Seis Bocas, entende, Seis Bocas. Chamam assim porque há um encontro de seis ruas, por isso seis bocas. Entendeu?
- Acabou?
- Não. Senhor é proibido entrar no evento de sandálias. Coloque uma meia e um sapato...

 




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O QUE NÓS

OUVIMOS!



Intervenção do Governador Carlos da Silva Costa sobre a decisão de aplicação de uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo, S.A.

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3 de agosto de 2014 .
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Boa noite. Muito obrigado pela vossa presença.
. O Conselho de Administração do Banco de Portugal deliberou hoje aplicar ao Banco Espírito Santo, S.A. uma medida de resolução. A generalidade da atividade e do património do Banco Espírito Santo, S.A. é transferida para um banco novo, denominado de Novo Banco, devidamente capitalizado e expurgado de ativos problemáticos.
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Começarei por explicar o que nos conduziu até aqui. Seguidamente, irei destacar algumas características fundamentais da medida e suas implicações. Por fim concluirei.
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1. Enquadramento

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  • Como é do conhecimento público, o Banco Espírito Santo encontra-se numa situação de grave desequilíbrio financeiro.
No dia 30 de julho de 2014, o Banco Espírito Santo, divulgou os resultados relativos ao 1º semestre de 2014, apresentando um prejuízo de 3577 milhões de euros, sendo a quase totalidade deste prejuízo, 3488 milhões de euros, atribuída ao 2º trimestre de 2014.
Estes prejuízos ultrapassaram largamente os valores previsíveis à luz da informação até então disponibilizada pelo Banco Espírito Santo e pelo auditor externo. Recordo que, no passado dia 10 de julho, o Banco Espírito Santo divulgou informação sobre a exposição do Banco a entidades do Grupo Espírito Santo à data de 30 de junho de 2014 no montante de cerca de 1240 milhões de euros. Com base nesta informação, o Banco de Portugal confirmou, em comunicado do dia 11 de julho, que a almofada de capital do Banco Espírito Santo – no montante de 2,1 mil milhões de euros – era suficiente para acomodar possíveis impactos negativos decorrentes da exposição ao ramo não financeiro do Grupo Espírito Santo, sem pôr em causa o cumprimento dos rácios mínimos em vigor.

O agravamento dos resultados do Banco Espírito Santo face ao que era previsível cerca de duas semanas antes é resultado da prática de um conjunto de atos de gestão - anteriores à nomeação dos novos membros da Comissão Executiva - gravemente prejudiciais ao interesse do Banco Espírito Santo e em clara violação das determinações emitidas pelo Banco de Portugal.
Efetivamente, na segunda metade de julho, foram identificadas pelo auditor externo as seguintes operações:
a) A emissão de duas cartas-conforto dirigidas a investidores institucionais não residentes, em violação dos procedimentos de internos de aprovação deste tipo de operações, que conduziram ao reconhecimento de uma perda nas contas do Banco Espírito Santo no valor de 267 milhões de euros, com referência a 30 de junho de 2014; b) A realização de operações de colocação de títulos, envolvendo o Banco Espírito Santo, o Grupo Espírito Santo e a Eurofin Securities, que determinaram um registo de perdas nas contas do Banco Espírito Santo no valor total de 1249 milhões de euros, com referência a 30 de junho de 2014.
Estas operações tiveram um impacto negativo de cerca de 1500 milhões de euros na conta de resultados do 1º semestre. Quero aqui salientar que os atos em causa não foram trazidos ao conhecimento do Banco de Portugal por qualquer dos titulares dos órgãos de gestão ou fiscalização do Banco Espírito Santo à data da sua ocorrência, como era obrigação por força da lei aplicável.
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Como já foi divulgado pelo Banco de Portugal, a avaliação de responsabilidades individuais, incluindo as do anterior Presidente da Comissão Executiva, anterior administrador com o pelouro financeiro e outros membros da Comissão Executiva que entretanto renunciaram aos cargos exercidos, terá lugar no contexto da auditoria forense determinada pelo Banco de Portugal que está já em curso. Caso se confirme a prática de ilícitos, serão extraídas as necessárias consequências em matéria contraordenacional e criminal.
  • Neste contexto, nos últimos dias, assistiu-se a um rápido e significativo agravamento da situação do Banco Espírito Santo.
A magnitude das perdas e a sua natureza tiveram várias consequências adversas:
i) O BES deixou de cumprir os rácios mínimos de capital em vigor, verificando um rácio de CET1 de 5 por cento, ou seja três pontos percentuais abaixo do mínimo regulamentar; ii) No dia 1 de agosto, o Conselho do Banco Central Europeu determinou a suspensão do acesso do Banco Espírito Santo às operações de política monetária com efeitos a partir de 4 de agosto. iii) A perceção pública relativamente ao banco deteriorou-se marcadamente, provocando uma queda muito significativa da cotação das suas ações, para cerca de 12 cêntimos, culminando na suspensão das transações pela CMVM na tarde de sexta feira, 1 de agosto; iv) Também na sexta feira, dia 1 de agosto, a agência de rating canadiana DBRS cortou a notação de rating atribuída ao BES e comunicou a possibilidade de novas descidas da notação; v) A evidência de falhas de controlo e de atos de gestão danosa para o Banco agravou a incerteza relativamente ao seu balanço, inviabilizando uma solução de capitalização privada num curto espaço de tempo.
  • Estes factos, colocaram o Banco Espírito Santo numa situação de risco sério e grave de incumprimento a curto prazo das suas obrigações e, em consequência, de incumprimento dos requisitos para a manutenção da autorização para o exercício da sua atividade.
  • Tendo em conta a relevância do Banco Espírito Santo no sistema bancário e no financiamento da economia portuguesa, o risco de cessação de pagamentos ou de incapacidade para cumprir as suas obrigações, constituía um risco elevado de contágio, pondo em causa a estabilidade do sistema financeiro nacional.
  • Deste modo, tornou-se imperativo e urgente adotar uma solução que simultaneamente: 
  • 1) garantisse a proteção dos depósitos; e 
  • 2) assegurasse a estabilidade do sistema financeiro.

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2. Medida de resolução aplicada ao BES

  • O Banco de Portugal, em articulação com as autoridades europeias e tendo em conta o quadro legal em vigor, decidiu aplicar uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo, SA., que passa pela criação de um banco novo para o qual é transferido o essencial da atividade até aqui desenvolvida pelo Banco Espírito Santo.
  • Assim, por deliberação do Conselho de Administração do Banco de Portugal, foi criado um banco novo, denominado de Novo Banco, para o qual são transferidos, de imediato e de forma definitiva, a generalidade dos ativos e passivos do Banco Espírito Santo, SA., bem como os seus colaboradores e demais recursos materiais.
  • O Novo Banco continuará a assegurar a atividade até aqui desenvolvida pelo Banco Espírito Santo, SA. e pelas suas filiais, em Portugal e no estrangeiro, protegendo assim os seus clientes e depositantes.
Do ponto de vista dos clientes do Banco Espírito Santo e dos clientes das suas filiais, esta transferência em nada afeta a relação com o banco. Os balcões do novo banco, que manterão para já a marca e o logótipo do BES, bem como os demais serviços de banca telefónica e online, continuarão a funcionar regularmente. Os clientes poderão realizar todas as operações com normalidade e como habitualmente, sem ser necessária qualquer alteração.
  • Desta forma, e em consequência da decisão adotada, fica completamente e inequivocamente afastada qualquer hipótese de poder haver perdas para os depositantes.
  • O capital social do Novo Banco, no montante de 4900 milhões de euros, é totalmente detido pelo Fundo de Resolução.
Quero aqui realçar que os recursos financeiros do Fundo de Resolução não incluem fundos públicos. Resultam sim das contribuições iniciais e periódicas das instituições financeiras e das receitas provenientes da contribuição que incide sobre o setor bancário. O Fundo de Resolução constitui uma peça integrante do modelo de estabilidade financeira europeu.
Como o Fundo de Resolução foi criado apenas em 2012, não está ainda dotado de recursos financeiros em montante suficiente para financiar a medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo. Por essa razão, o Fundo teve de contrair um empréstimo temporário junto do Estado Português. O empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução será temporário, remunerado e substituível por empréstimos de instituições de crédito.
Isto significa que a medida de resolução agora decidida pelo Banco de Portugal, e em contraste com outras soluções que foram adotadas no passado, não terá qualquer custo para o erário público, nem para os contribuintes.

O capital social do Novo Banco permite alcançar um rácio CET1 a nível consolidado de 8,5 por cento, contemplando uma margem relativamente aos rácios mínimos de capital em vigor.

  • O Novo Banco é uma instituição com pleno acesso às facilidades de liquidez disponibilizadas pelo Banco de Portugal, no quadro do Eurosistema, dispondo das mesmas condições de financiamento das restantes instituições de crédito nacionais.
  • Não são transferidos para o novo banco ativos problemáticos ou a descontinuar, nomeadamente as responsabilidades de outras entidades do Grupo Espírito Santo que levaram às perdas recentemente divulgadas.
  • Esta medida constitui, assim, um novo patamar do processo de isolamento dos riscos (“ring-fencing”) promovido pelo Banco de Portugal desde final de 2013, isolando o novo banco dos riscos associados ao Grupo Espírito Santo. Estes riscos permanecem no balanço do Banco Espírito Santo, SA. e por eles responderão os atuais acionistas do Banco Espírito Santo e os seus credores subordinados.
 
  • Por designação do Banco de Portugal, os atuais administradores do Banco Espírito Santo permanecem em funções no novo banco e assegurarão a continuidade da atividade. O Banco de Portugal considera que esta equipa permite garantir a afirmação do Novo Banco como uma instituição de referência no panorama nacional e recuperar a confiança dos depositantes e dos investidores.
  • A administração do Novo Banco irá promover num horizonte temporal adequado e em função das condições do mercado, a tomada de participações significativas no Banco por investidores privados.
    O Banco de Portugal considera que a eliminação das incertezas sobre a solidez do balanço da nova instituição constitui a solução mais adequada para manter o interesse que tem vindo a ser demonstrado pelos investidores. 

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3. Conclusão

Na última semana assistimos a um significativo agravamento da situação financeira do Banco Espírito Santo e da incerteza em torno da mesma. Esta situação inviabilizou uma solução de capitalização do Banco com recurso a fundos privados como se perspetivava.
Nestas condições, e dado o risco iminente de incapacidade do BES para cumprir as suas obrigações, o Banco de Portugal decidiu aplicar uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo, transferindo o essencial da sua atividade para um novo banco, adequadamente capitalizado e em condições de continuar a desenvolver a atividade sem perturbações.

A solução adotada pelo Banco de Portugal teve como principais preocupações preservar a estabilidade do sistema financeiro e proteger o interesse dos depositantes. A solução adotada é também a que melhor salvaguarda os interesses dos contribuintes e do erário público e que garante a máxima responsabilização dos acionistas da instituição.

O novo banco tem uma quota significativa no mercado financeiro português, e ao estar livre dos riscos que conduziram às perdas recentemente anunciadas, tem condições para continuar a afirmar-se no mercado e a valorizar-se, sendo um ativo apetecível para a tomada de participações significativas por parte de investidores privados no futuro próximo.

Por último, gostaria de deixar uma nota que me parece importante para perceber os desenvolvimentos do Banco Espírito Santo ao longo do último ano. O Grupo Espírito Santo, através das entidades não financeiras não sujeitas a supervisão do Banco de Portugal, desenvolveu um esquema de financiamento fraudulento entre as empresas do grupo. A experiência internacional evidencia que esquemas deste tipo são muito difíceis de detetar antes de entrarem em rutura, em especial quando a atividade é desenvolvida em várias jurisdições. O Banco de Portugal conseguiu identificar uma ponta do problema porque realizou uma ação de inspeção que foi para além do perímetro normal de supervisão, envolvendo uma auditoria às empresas não financeiras que constituem os principais clientes dos bancos – exercício conhecido como ETRICC2. Quando esta ponta do problema foi identificada, em Setembro de 2013, o Banco de Portugal iniciou uma política de isolamento dos riscos (“ring-fencing”) do Banco Espírito Santo relativamente às restantes empresas do Grupo. Esta política foi progressivamente reforçada ao longo do último ano e foi, no quadro de aperto do cerco que o Banco de Portugal estabeleceu, que as empresas do Grupo Espírito Santo começaram a entrar em incumprimento.

Muito obrigado.


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DELIBERATION






Coreografia:Shanna Colbern
Músic: Drew Mantia


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FORÇA AÉREA
PORTUGUESA

EVACUAÇÃO MÉDICA DE
TRÊS TRIPULANTES DO
NAVIO "ORIENTE JASMINE"




A Força Aérea e a Marinha coordenaram a 03 de maio de 2014, a evacuação médica de três tripulantes filipinos do sexo masculino, do navio mercante "ORIENT JASMINE" com bandeira de Singapur e com 190 metros, que navegava a cerca de 370 quilómetros a leste da ilha de São Miguel - Açores.

Para o local foram empenhados uma aeronave EH-101 MERLIN, da Esquadra 751 -- "PUMAS", com uma equipa médica do Centro de Saúde da Base Aérea Nº4 (BA4) a bordo e uma aeronave C-295M da Esquadra 502 "ELEFANTES" para realizar a deteção inicial da embarcação, acompanhar e apoiar as comunicações entre esta e o helicóptero.

A extração dos três tripulantes foi efetuada com sucesso pelas 21H30, tendo o EH-101 MERLIN seguido para Aeroporto de Ponta Delgada onde aterrou pelas 23H20. No local já aguardavam três ambulâncias do Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores.

A missão terminou quando o EH-101 Merlin aterrou nas Lajes pelas 01H10. A aeronave C-295M regressou também às Lajes após acompanhamento até Ponta Delgada, aterrando pelas 23H50.

Esta foi a nona missão deste tipo realizada no corrente ano pela Força Aérea no Arquipélago dos Açores, fazendo jus ao lema "PARA QUE OUTROS VIVAM".

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ALEXANDRA LUCAS COELHO

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Gaza-Sines-Brasil


1-Sete tirinhas de Skype no telefone: “Desculpa não ter respondido mais cedo, quando não é o problema da electricidade é o problema da Internet / estamos bem querida / hoje o cessar-fogo começou às 7 da manhã / vai acabar daqui a uma hora e meia / consegui trazer água e comida / toda a gente manda amor e respeito.” Ayman Nimer, de Gaza para Sines, sábado, 26 de Julho, último dia do Festival Músicas do Mundo.

2-A última vez que me lembro de estar em Sines foi numa noite deste festival, há uns 15 anos. Antes disso, Sines era o Al Berto, mas nunca estive lá com ele, nem de dia. E antes ainda era a Petroquímica, chaminés, aquele cheiro quando se ia de Lisboa para o Algarve e a viagem demorava um dia, por alturas do 25 de Abril ou ainda antes de eu entrar para a escola, quando morei um ano em Santiago do Cacém.

3- Este Verão tive a sorte de ser pára-quedista. O apache que dirige o festival resolveu incluir na programação duas sessões sobre livros, uma com o Afonso Cruz, outra comigo, o que fez de mim a única pessoa com uma pulseira de participante que não tinha uma banda, porque, além de ter publicado 15 livros (30, contando com as ilustrações), ser pai de família, um encanto de pessoa, morar no Alentejo e desenhar, o Afonso compõe, canta, toca guitarra, harmónica, ukelele e actuou em Sines com a sua banda. Já eu, bem vi a cara do alentejano no bar dos artistas quando lhe pedi uma água. A pulseira não o enganou por um segundo: “Atão, tem alguma banda?”

4- O apache que dirige o festival chama-se, claro, Carlos Seixas. Índio de Viseu e não do Texas, confidenciou-me o livreiro local ao jantar. Éramos 17 à mesa, incluindo a banda do Afonso, The Soaked Lamb. Belo nome, disse eu, mas o Afonso diz que não, porque as pessoas não pensam logo em ensopado de borrego. Já o apache de Viseu-Texas não estava presente para confirmar as suas origens, porque basicamente tinha cerca de 30 mil pessoas às costas.

5- Fiquei impressionada com a multidão que lota o festival, sobretudo os faquires rastafaris que levitam acima dos perigos, numa nuvem de marijuana. Alguém na Jamaica viu o futuro, e o futuro era Sines: belas raparigas com testas tatuadas e plantas dos pés de um negro imemorial; belos rapazes mais leves que todo o volume das rastas, empoleiradas na nuca, como um polvo de lã. São um povo preferencialmente descalço, com vocação para transportar a sua própria casa e armá-la em qualquer passeio. Mas em Julho, em Sines, atravessam e são atravessados pelos outros povos, fãs de uma noite ou do pacote, viajantes, praieiros, famílias, betos, até.

6- O livreiro de Sines é o Joaquim Gonçalves. Foi ele quem me recebeu, para a fala de sábado, acabada de sair da toca. Achei que ia estar toda a gente na praia, mas havia gente vinda do Norte e do Sul com perguntas sobre Gaza, sobre o Brasil, uma Maria muito bonita com o contacto de um português fazedor de barcos em Pernambuco, que também anda descalço, até já andou nu. Sines tem uma costela pernambucana, quando o apache Seixas me ligou a primeira vez falou logo do Cordel do Fogo Encantado, banda que já esteve no festival e sobre a qual eu escrevera por causa do meu vizinho agricultor que lê Agamben. Ter costelas assim pelo mundo, Irão em palco numa noite, Israel na outra, depois dançar com o Benim, é política a longo prazo, porque o esquisito é sobretudo esquisito ao longe. Atalhando, quando, depois da fala eu e o Joaquim conseguimos enfim chegar ao castelo, já os Soaked Lamb iam a meio da festa e aquela voz de bluesman era mesmo o Afonso Cruz: chapéu. Escrever é OK, mas todos queremos é ser o Lou Reed.

7- Entre os Soaked Lamb e o jantar dos 17, o Joaquim levou-me à livraria dele, com a cara de Al Berto à entrada, uma cara de rapaz no Verão, do tempo em que Sines era uma aldeia e se ia à boleia pela Europa. Além das novidades, a livraria tem fundos bastantes para fazer acontecer a feira do livro na capela quinhentista junto ao castelo, onde acabámos por encontrar o Luís Henriques, da Homem do Saco, que veio compor cartazes artesanais, como as edições que eles continuam a fazer em Lisboa. Um cartaz, uma banda, peças únicas. Joaquim conheceu Luís, Luís conheceu Joaquim, ponto para a guerrilha. Estamos a falar do livreiro que ganhou o prémio de melhor atendimento em todo o país e durante o festival atende neste altar sacro-profano, livros, discos e talha dourada.

8- Domingo de manhã, havia tendas em qualquer canto de Sines. Uns burgueses, comparados com aqueles que ainda não tinham dormido, ou simplesmente dormiam no passeio. Já em direcção a Alcácer, bem antes de aparecerem cegonhas e arrozais, alguém deixara cair o enxoval na estrada, panelas, pratos. Bom momento para aquele samba de Nelson Cavaquinho que sempre me deixa a saudade aguda de certo sábado no Rio de Janeiro, quando passavam 100 anos sobre o nascimento de Nelson Cavaquinho, e com a sua elegante voz de baixo o cavaquinista Gabriel Cavalcante lançou: “Tire o seu sorriso do caminho / que eu quero passar com a minha dor…” Foram estes versos que a banda de Afonso Cruz cantou ao poente no castelo, coincidindo com as sete tirinhas vindas de Gaza e a melancolia de quem ali em Sines pesava o que queria e não queria, luxo maior de estarmos vivos.    

IN "PÚBLICO"
03/08/14

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8- A HISTÓRIA



DO AUTOMÓVEL







ATENÇÃO SRS./AS VISITADORES/AS
Esta série foi difundida pela TVE, Rede Minas, em 1986, é portanto muito datada. No entanto até à data indicada, o seu conteúdo tem rigor histórico.


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ABBA


VOULEZ VOUS



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SEM IDADE



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 SEM ÁGUA!













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242.
Senso d'hoje
FRANCISCO TEIXEIRA
DA MOTA

ADVOGADO
SOBRE "JARDIM"



"No fundo, JARDIM limita-se a virar contra os seus colegas de partido as mesmas acusações que sempre utilizou contra aqueles que, fora do partido, não alinhavam consigo"


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BOM DIA



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