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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Bolsonaro muda ministro da saúde
a meio da pandemia
Luiz Henrique Mandetta, defensor intransigente do isolamento social, anunciou a própria demissão pelas redes sociais, após conversa com o presidente, que discorda dessa medida. Nelson Teich, um oncologista, vai substituí-lo
Em plena pandemia do coronavírus, Jair Bolsonaro demitiu o seu
ministro da saúde nesta quinta-feira. Foi o próprio demitido, Luiz
Henrique Mandetta, quem anunciou a sua saída do governo pelas redes
sociais.
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"Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da
minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade
que me foi dada de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos
brasileiros e de planear o enfrentamento da pandemia do coronavírus",
disse o agora ex-ministro.
"Que seja uma transição suave", afirmou, mais tarde, em conferência de imprensa.
Bolsonaro, pouco depois, anunciou a alteração ministerial,
sob panelaços - protestos ruidosos nas varandas - pelo país. Disse que o
divórcio foi consensual e reiterou que está preocupado "que o remédio
seja mais danoso do que a próprio doença" - numa referência ao isolamento social e ao desemprego.
O presidente voltou ainda a criticar as medidas de isolamento levadas a cabo pelos 27 governadores estaduais.
A saída de Mandetta era esperada a qualquer instante. O ministro, um
defensor do isolamento social, nunca teve o apoio de Bolsonaro, que
deseja o regresso do comércio à atividade e a volta às aulas o mais
depressa possível, por temer uma crise económica.
Bolsonaro
chegou a considerar o coronavírus "uma gripezinha" e disse que
Mandetta, cuja popularidade subiu a pique desde o início da pandemia ao
contrário da do presidente, estava a ser "arrogante" e "a falar de
mais".
Na véspera, o ministro e os seus secretários de
estado já se haviam dito "cansados" por estarem a remar numa direção
diferente da do chefe de estado. O ministro disse ainda que só tinha
ciência para oferecer, para algo além disso não estava disponível.
A
primeira reação à demissão de Mandetta veio de outro poder da
República, o Congresso Nacional, que a considerou, pela voz de deputados
da oposição mas também da base de apoio ao governo, de "lamentável e irresponsável".
Para
o lugar de Mandetta foi escolhido o oncologista Nelson Teich, formado
em medicina em 1980 e que foi consultor de Bolsonaro na campanha
eleitoral.
Teich, entretanto, tem defendido publicamente o isolamento
social no combate ao vírus, como o antecessor e ao contrário de
Bolsonaro.
"Não haverá definição brusca sobre
isso", avançou logo após a oficialização. "Saúde e economia são
complementares, não é o bem versus o mal, as pessoas versus o dinheiro",
sublinhou.
Natural do Rio de Janeiro, viveu a maior parte da vida na Barra da Tijuca, a mesma zona da cidade onde mora Bolsonaro.
Segundo
perfil profissional publicado no portal UOL, formou-se em medicina na
Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 1980, cursou duas
especializações em oncologia, de 1985 a 1987, no Hospital de Ipanema, e,
entre 1987 e 1990, no Instituto Nacional do Cancro, onde fez residência
médica.
Desde então, oseu foco foi unir medicina à gestão. Em
2007, fez um curso de Expert Workshop in the Socio Economic Evaluat na
Universidade de York, no Reino Unido, e no mundo empresarial, ajudou a
fundar as Clínicas Oncológicas Integradas, que presidiu até 2018, entre
outras atividades.
A indicação do médico ao ministério contou com apoio da comunidade
judaica paulista, próxima do presidente. Teich chegou a prestar
consultoria em gestão de saúde de 2010 a 2011 para o Hospital Israelita
Albert Einstein, que viria a cuidar do presidente após a facada que
recebeu durante a campanha.
Em paralelo, o Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira no seu site oficial, que subiu para 1.924 o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil - 188 mortes nas últimas 24 horas.
No total, são 30.425 casos oficiais no país, segundo os dados mais
recentes do governo federal, um aumento de 2.105 diagnósticos de quarta
para quinta.
* É difícil dizer quem é mais imbecil se Trump ou Bolsonaro, mas criminosos são ambos.
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