22/04/2010

PICA PAU

clique para ampliar

SÍLVIA DE OLIVEIRA


O que importa se são ignorantes?

É erro, desajustado ou injusto? Que importa classificar o ataque a Portugal? Não vai parar enquanto houver fraquezas para explorar. O que falta é acção do governo
É compreensível a crescente indignação que se sente no país, à medida que se intensificam os presságios de que, depois da Grécia, será a vez de Portugal sucumbir ao estado de falência. É uma palavra pesada. Quem é que empresta dinheiro a uma economia incapaz de honrar os seus compromissos? Dispensam-se, por isso, os presságios que têm sido atirados com tanta insistência, tanto mais que se sabe que só contribuem para piorar a situação e alimentar o vampirismo dos mercados.

Mas quando o nome de Portugal é pronunciado com tanta frequência e por economistas de referência, como o coerente Joseph Stiglitz, dá que pensar. O que o governo nos diz sobre as contas portuguesas, défice e dívida já é suficientemente preocupante. Estado, empresas e particulares estão tão endividados que vivem no fio da navalha. Até os custos do acordar de um vulcão na Islândia vão pesar, e de que maneira. Mas e os números apresentados por Sócrates e Teixeira dos Santos serão reais? A dúvida instala-se e não é simples dar cabo dela, sobretudo quando o passado recente descredibiliza. Antes das eleições, o défice orçamental era inferior a 6% e passados poucos meses já é de 9,4%. Será?

É fácil criticar os que falam de Portugal como a próxima vítima e acusá-los de profetas da desgraça. É fácil desdenhar do presidente checo e apontar-lhe o desplante ou a falta de educação na provocação que fez a Cavaco Silva em Praga, faz sentido duvidar das contas fantasiosas de alguns articulistas estrangeiros e questionar os seus verdadeiros interesses, é normal culpar os grandes investidores, que todos os dias procuram nas fragilidades das empresas, mas neste momento sobretudo dos Estados soberanos, a melhor forma de ganhar dinheiro, é admissível desvalorizar a relevância dos CDS (credit default swaps), que estão longe de ser um indicador credível de aferição do risco de dívida, e faz parte atirar com teorias mais ou menos conspirativas à volta de um tentativa de atentado norte-americano ao projecto do euro. Tudo, mas mesmo tudo, é legítimo para quem está de mãos e pés atados e ainda por cima se sente injustiçado.

Mas e este tipo de reacção terá alguma utilidade? Porque é só isso que importa saber. Mais do que gastar energia a chamar ignorante aos que têm opinião sobre o estado da economia portuguesa e decidem publicá-la, o que verdadeiramente deve preocupar o governo é apresentar factos, mostrar acção, depois de, claro está, assumir com clareza e verdade as debilidades da economia. Não há mal nenhum em assumir fraquezas que estão à vista de todos, mau é não mostrar determinação na solução para o problema e, pior, um perfeito desastre, não fazer nada ou ser demasiado lento na tomada de decisões. Os mercados enganam-se muitas vezes, não querem saber se são justos ou não, nos mercados aposta-se e ataca-se. E não é a Irlanda, é Portugal um dos alvo escolhidos por quem está habituado a explorar as frinchas. Por algum motivo será: o governo irlandês ainda não parou.

Está tudo nas mãos de Sócrates, que sabe bem o que tem a fazer. Já não vai lá com agências de comunicação e roadshows, nem com planos de intenções. O Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), por exemplo, ainda não passou disso mesmo.

IN JORNAL "i"
20/04/10

COBRA COMENDO OVO

RITA GUERRA

M UI T O C L A R O

LOUCURA AO VOLANTE

MULHERES

Mulheres... cá se fazem cá se pagam!!!

NA PRAIA


ELA: - Querido olha aquele biquini, compras-me um igual?
ELE:
- Para ti??? Com esse corpo de máquina de lavar roupa? Nem penses!


À noite, na cama, o marido diz :

- Chega-te para cá amor...

ELA:
- O quê??? Ligar a máquina de lavar só por causa desse trapinho??? Nem penses!!! Lava-o à mão!!!

enviado por D.A.M.

SÓ VENDO

TENHA UM BOM DIA


Um estudo feito a 27 mil europeus revela que 43 por cento dos portugueses bebe diariamente álcool, colocando Portugal no topo do consumo de bebidas alcoólicas. No 2.º lugar está a Itália com 25%, sendo que a média europeia se situa nos 14%.
"RECORD"


O tempo de crise fez com que os portugueses prezassem cada vez mais o seu posto de trabalho, avança o relatório anual do Observatório Nacional de Recursos Humanos. Todavia, a insatisfação está latente: no ordenado e na forma como são reconhecidos no emprego.
"A BOLA"

Os mil milhões de euros de encargos médios anuais até 2050 do Estado com as parcerias público-privadas não incluem as transferências das empresas públicas, disse ontem, no Parlamento, Monteiro da Silva, juiz do Tribunal de Contas (TC), alertando para o facto de a despesa ser superior à indicada na Conta Geral do Estado.

"CORREIO DA MANHÃ"

Mais desemprego e economia anémica. É esta a nova previsão do FMI para Portugal, numa altura em que os juros da dívida estão sob forte pressão. Economistas alertam para a enorme gravidade da situação do país mas afastam, para já, a possibilidade de bancarrota. O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista sobre a evolução da economia portuguesa do que estava há apenas três meses. Nas novas previsões, ontem divulgadas, considera que Portugal não crescerá além dos 0,3% em 2010 (menos 0,1 pontos percentuais) e de 0,7% no próximo ano - valores bastante mais modestos do que os estimados pelo Governo. "JORNAL DE NOTÍCIAS"

Um decreto-lei de 1976 abre campo à discriminação na atribuição de fogos sociais por parte das câmaras, restrigindo o concurso a cidadãos nacionais residentes no respectivo concelho. Por força desta lei, imigrantes que, tendo embora vínculo contratual de trabalho, residam na área dos municípios e paguem os seus impostos não podem concorrer, por exemplo, à compra de fogos a custos controlados, porque os regulamentos municipais, plasmados em normas daquele decreto, o impedem. A polémica rebentou em Famalicão, com os bloquistas a acusarem a câmara local, de maioria PSD, de discriminação e xenofobia.
"PÚBLICO"


Não é preciso ter um "smartphone" de última geração para explorar as muitas potencialidades que o acesso à Internet no telemóvel já oferece. O custo deixou de ser uma barreira significativa com os pacotes diários, semanais e mensais das operadoras que permitem não arruinar o orçamento.

"JORNAL DE NEGÓCIOS"


A Polícia de Segurança Pública (PSP) contratou, por ajuste directo, uma sociedade de três advogados a quem paga mais de dez mil euros por mês a troco de 260 horas de serviços jurídicos. A Direcção Nacional da PSP justificou na altura a contratação com o "elevado conhecimento" destes advogados e com a falta de resposta do "recrutamento interno", mas os sindicatos, que falam em "esbanjamento de dinheiros públicos", contestam e dizem que "internamente haveria melhores soluções e mais económicas".

"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

SALVE O PLANETA

ARMANDO GUEBUZA


Armando Guebuza em Portugal de 29 a 30, com 70 empresários

Lisboa - O Presidente Moçambicano, Armando Guebuza, efetua uma visita oficial Portugal nos dias 29 e 30, anunciou quarta-feira em Lisboa a Presidência da República, em comunicado no seu sítio da Internet.

Armando Guebuza será recebido no Palácio de Belém pelo seu anfitrião e homólogo português Aníbal Cavaco Silva, que oferecerá no Palácio da Ajuda um banquete em honra do chefe de Estado moçambicano. O programa oficial inclui uma intervenção de Guebuza perante os deputados na Assembleia da República e encontros com o Presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e com o primeiro ministro José Sócrates. Durante a estada oficial em Portugal, Armando Guebuza visitará projetos portugueses na área das energias renováveis, e participará num seminário empresarial, em que serão abordadas as oportunidades de negócios e as estratégias para o reforço da cooperação empresarial bilateral.

Este seminário será encerrado pelos presidentes Cavaco Silva e Armando Guebuza. A comitiva do Presidente moçambicano integra 70 empresários, que querem aproveitar "a excelente relação política" entre os dois países, disse hoje em Maputo, em conferência de imprensa, o responsável máximo da Confederação das Associações Económica de Moçambique (CTA), Salimo Abdula. Os empresários moçambicanos querem aproveitar a "plataforma excelente das relações políticas" para desenvolver parcerias com empresas portuguesas e "negócios importantes entre os dois países", acrescentou.

"O objetivo principal é estabelecer e consolidar relações de parceria económica entre empresários de Moçambique e de Portugal", disse o responsável, adiantando que seguem na comitiva de Armando Guebuza empresários das áreas das energias (e energias renováveis), construção civil, imobiliário, metalomecânica, banca, indústria, processamento e agricultura, entre outras.

"Também vamos promover o mercado moçambicano", disse Salimo Abdula, para quem "Moçambique tem muito para oferecer a Portugal". Os empresários, adiantou, viajam com grandes expetativas quanto a acordos na área das tecnologias mas também de "alguma musculação financeira", nomeadamente na área da agricultura, turismo, energia e mineração. "São recursos que temos e aos quais temos acesso, mas depois falta a componente tecnológica e financeira", disse Salimo Abdula, acrescentando que sendo o ambiente de negócios na Europa muito competitivo, as empresas portuguesas têm também oportunidade de usar Moçambique como uma plataforma para entrar na região da África austral. Será mais fácil até, através de Moçambique, entrar em mercados da Europa e dos Estados Unidos, pelas facilidades que o país tem de exportar para esses lugares, disse.

Sheial Samuel, coordenadora da CTA, precisou que os empresários deverão chegar a Portugal no dia 27, tendo no dia 28 um encontro com Armando Guebuza.

Para o dia 29, estão marcadas idas à Assembleia da República, Praça do Império e Câmara de Lisboa, e no dia 30 será o momento do encontro entre empresários dos dois países. Na tarde do dia 30 será realizado um seminário económico com empresários de Portugal e de Moçambique, que terá uma componente forte sobre turismo.

BOLETIM LUSA
22/04/10

ANTÓNIO DAMÁSIO

António Damásio (2008).

António Rosa Damásio (Lisboa, 25 de Fevereiro de 1944) é um médico neurologista, neurocientista português que trabalha nos estudo do cérebro e das emoções humanas. Atualmente é professor De Neurosciencia na University of Southern California. Entre os anos de 1996-2005 Damásio trabalhou no hospital da University of Iowa.

Licenciou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, onde veio também a doutorar-se. Após uma estadia no Centro de Investigação da Aphasia de Boston (EUA), regressou ao Departamento de Neurologia do Hospital Universitário de Lisboa.

Publicou o seu primeiro livro: O Erro de Descartes - Emoção, Razão e Cérebro Humano assim como O Sentimento de Si (2001), eleito um dos dez livros do ano pelo New York Times. Também escreveu "Ao encontro de Espinosa". Recebeu, entre muitos outros prémios, o Prémio Pessoa e o Prémio Príncipe das Astúrias de Investigação Científica e Técnica em Junho de 2005.

Estudioso de neurobiologia do comportamento humano e investigador das áreas cerebrais responsáveis pela tomada de decisões e conduta. Observou o comportamento em centenas de doentes com lesões no córtex pré-frontal, permitindo concluir que, embora a capacidade intelectual se mantivesse intacta, esses doentes apresentavam mudanças constantes do comportamento social e incapacidade de estabelecer e respeitar regras sociais.

Os seus estudos debruçam-se sobre a área designada por ciência cognitiva, e têm sido decisivos para o conhecimento das bases cerebrais da linguagem e da memória.

Bibliografia

Edições originais em língua inglesa:

  • O Erro de Descartes, Pan Macmillan, Abril 1995, (ISBN 0380726475)
  • The Feeling of What Happens: Body and Emotion in the Making of Consciousness, Harvest Books, Outubro 2000 (ISBN 0156010755)
  • Looking for Spinoza: Joy, Sorrow, and the Feeling Brain, Harcourt, Fevereiro 2003 (ISBN 0151005575)
  • António Rosa Damásio: Perturbações neurológicas da linguagem e de outras funções simbólicas : contribuição do estudo clínico e laboratorial das afasias, apraxias e outras disfunções da actividade nervosa superior, para o conhecimento da semiologia e da fisiopatologia do sistema nervoso. - Lisboa : A.R.Damásio, 1973. - XVI, 391 p. : il. ; 23cm. - Dissertação de doutoramento em Medicina (Psiquiatria), apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, 1974
WIKIPÉDIA


“Os fenômenos mentais se integram verdadeiramente ao corpo tais como eu os visualizo, são capazes de dar lugar às mais altas operações, como aquelas que revelam a alma e o nível espiritual. Sob meu ponto de vista, não obstante, todo o respeito que devemos concordar em noção da alma, podemos dizer que por último esta reflete somente um estado particular e complexo do organismo”.

EDIÇÃO ESPECIAL DA SCIENCE & VIE 1996

EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA

1 - GUERRA COLONIAL


Embarque.jpg
Embarque de tropas portuguesas.







































Designa-se por Guerra Colonial, Guerra do Ultramar (designação oficial portuguesa do conflito até ao 25 de Abril), ou Guerra de Libertação (designação mais utilizada pelos africanos independentistas), o período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, entre 1961 e 1974. Na época, era também referida vulgarmente em Portugal como Guerra de África.

O início deste episódio da história militar portuguesa ocorreu em Angola, a 4 de Fevereiro de 1961, na zona que viria a designar-se por Zona Sublevada do Norte (ZSN), que corresponde aos distritos do Zaire, Uíje e Quanza-Norte. A Revolução dos Cravos em Portugal, a 25 de Abril de 1974, determinou o seu fim. Com a mudança do rumo político do país, o empenhamento militar das forças armadas portuguesas deixou de fazer sentido. Os novos dirigentes anunciavam a democratização do país e predispunham-se a aceitar as reivindicações de independência das colónias — pelo que se passaram a negociar as fases de transição com os movimentos de libertação empenhados na luta armada.

Ao longo do seu desenvolvimento foi necessário aumentar progressivamente a mobilização das forças portuguesas, nos três teatros de operações, de forma proporcional ao alargamento das frentes de combate que, no início da década de 1970, atingiria o seu limite crítico. Pela parte portuguesa, a guerra sustentava-se pelo princípio político da defesa daquilo que considerava território nacional, baseando-se ideologicamente num conceito de nação pluricontinental e multi-racial. Pelo outro lado, os movimentos de libertação justificavam-se com base no princípio inalienável de auto-determinação e independência, num quadro internacional de apoio e incentivo à luta.


Contexto político-social

Nas colónias europeias sempre existiram movimentos de oposição e resistência à presença das potências coloniais. Porém, ao longo do século XX, o sentimento nacionalista — fortemente impulsionado pelas primeira e segunda guerras mundiais — era patente em todas as movimentações europeias, pelo que não será surpreendente notar o seu alastramento às colónias, já que também muitos dos seus nativos nelas participaram, expondo o paradoxo da celebração da vitória na luta pela libertação, em território colonial, ainda submetido e dependente.

Províncias ultramarinas portuguesas em África no período da Guerra do Ultramar.

Por outro lado, também as grandes potências emergentes da II Guerra Mundial, os Estados Unidos da América e a União Soviética, alimentavam — quer ideologicamente, quer materialmente — a formação de grupos de resistência nacionalistas, durante a sua disputa por zonas de influência. É neste contexto que a Conferência de Bandung, em 1955, irá conceder voz própria às colónias, que enfrentavam os mesmos problemas e procuravam uma alternativa ao simples alinhamento no conflito bipolar que confrontava as duas grandes potências. Estas, eram, assim, chamadas a considerar com outra legitimidade as reivindicações do chamado Terceiro Mundo, quer para manter o equilíbrio nas relações internacionais da Guerra Fria, quer para canalizar os sentimentos autonomistas para seu benefício, como zona de influência. A influência externa nas colónias perdia a orientação meramente separatista e desestabilizadora, e caminhava para um efectivo apoio - ou entrave - nas relações com os países colonizadores.

No final da década de 1950, as Forças Armadas Portuguesas viam-se confrontadas com o paradoxo da situação política gerada pelo Estado Novo, que haviam implantado e sustentado desde 1926: por um lado, a política de neutralidade portuguesa na II Guerra Mundial colocava as Forças Armadas Portuguesas afastadas de um eventual confronto Leste-Oeste, por outro, aumentava, na perspectiva do regime, a responsabilidade na manutenção da soberania sobre os vastos territórios ultramarinos, onde a tensão do pós-guerra avizinhava lutas independentistas nas colónias da Europa Imperial. Contudo, os mesmos dirigentes que afastaram Portugal da luta pela libertação europeia, optaram por integrar o país na estrutura militar da NATO, num subtil desejo de se aliar aos vencedores, em detrimento da preparação para as ameaças nos espaços coloniais, que o próprio regime considerava imprescindíveis para a sobrevivência nacional.

Esta integração de Portugal na Aliança Atlântica iria formar uma elite de militares que se tornaria indispensável para o planeamento e condução das operações durante a Guerra do Ultramar. Esta "geração NATO" ascenderia rapidamente aos mais altos cargos políticos e de comando, sem necessidade de dar provas de fidelidade para com o regime. A Guerra Colonial estabelecia, assim, incompatibilidades entre a estrutura militar — fortemente influenciada pelas potências ocidentais, de regime democrático — e o poder político. Alguns analistas consideram que o chamado «golpe Botelho Moniz» marcou o início desta ruptura, bem como a origem de uma certa desconfiança do regime em relação à manutenção de um único centro de comando, perante a ameaça do confronto com a força armada. Esta situação provocaria, como se verificaria mais tarde, a descoordenação entre os três estados-maiores (Exército, Força Aérea e Marinha).

O regime do Estado Novo nunca reconheceu a existência de uma guerra, considerando que os movimentos independentistas eram apenas terroristas e que os territórios não eram colónias, mas províncias e parte integrante de Portugal. Durante muito tempo, grande parte da população portuguesa, iludida pela censura à imprensa, viveu sob a ilusão de que, em África, não havia uma guerra, mas apenas alguns ataques de terroristas e de potências estrangeiras.

Oposição

Contrariando o que o estado pretendia transmitir como sendo de consenso geral, isto é, que as colónias faziam parte da unidade nacional, os comunistas foram os primeiros a opor-se aos confrontos. Na verdade, a primeira organização a manifestar-se publicamente foi o PCP, em 1957, durante o seu V Congresso, pedindo a independência imediata, completa e indolor. Porém, a censura do regime obrigava o partido a representar dois papéis: o de partido político e o de força de coesão entre os sectores oposicionistas, com os quais acordava programas que não reflectiam as suas posições anticoloniais; seguindo a mesma linha de orientação, já assim se tinham manifestado, durante as eleições presidenciais celebradas durante o Estado Novo, onde era defendida essa unidade: Norton de Matos (1949), Quintão Meireles (1951), Humberto Delgado (1958), e mesmo os candidatos apoiados pelo PCP: Ruy Luís Gomes e Arlindo Vicente.

Depois da fraude eleitoral de 1958, Humberto Delgado formou o Movimento Nacional Independente (MNI) que, em Outubro de 1960, defendia a necessidade de preparar o povo das colónias, antes de lhe ser concededido o direito à autodeterminação. No entanto, nenhuma data ou metodologia foi sugerida.

Assim, a oposição ia-se assumindo lentamente, começando pelo estalar da luta armada, até se aperceber que o conflito estava a durar tempo demais. Em 1961, o nº 8 da Tribuna Militar tinha como título, "Ponhamos fim à guerra de Angola". Os seus autores estavam ligados às Juntas de Acção Patriótica (JAP), apoiantes de Humberto Delgado, responsáveis pelo ataque ao quartel de Beja. A Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), criada em Dezembro de 1962, contrapunha as posições conciliadoras. O sentimento oficial do estado português, contudo, mantinha-se: Portugal possuía direitos inalienáveis e legítimos sobre as colónias e era isso que era transmitido pelos meios de comunição e pela propaganda estatal.

Em Abril de 1964, o Directório de Acção Democrata-Social reivindicava uma resolução política e não militar. Em sintonia com esta iniciativa, em 1966, Mário Soares sugeria a preparação de um referendo sobre a política ultramarina a seguir por Portugal, e que deveria ser precedido por um debate nacional a realizar durante seis meses.

Nem a morte de Salazar fez com que o panorama político se alterasse. Só com as eleições legislativas de 1969 se viria a verificar uma radicalização da atitude política, nomeadamente entre as camadas mais jovens, que mais se sentiam vitimizadas pela continuação da guerra. As universidades desempenharam um papel fundamental na difusão deste posicionamento. Surgem, assim, as publicações Cadernos Circunstância, Cadernos Necessários, Tempo e Modo, e Polémica. É neste ambiente que a Acção Revolucionária Armada (ARA) e as Brigadas Revolucionárias (BR) se revelam como uma importante forma de resistência contra o sistema colonial português, dirigindo os seus ataques, principalmente, contra o Exército.

A ARA, vinculada ao PCP, iniciou as suas acções militares em Outubro de 1970, mantendo-as até Agosto de 1972. Destacam-se o ataque à Base Aérea de Tancos contra equipamento da Força Aérea, a 8 de Março de 1971, e o atentado contra as instalações do quartel-general do COMIBERLANT, em Oeiras, em Outubro do mesmo ano. As BR, por sua vez, iniciaram as acções armadas a 7 de Novembro de 1971, com a sabotagem da base da NATO de Pinhal de Ameiro, verificando-se a última a 9 de Abril de 1974, contra o navio Niassa que se preparava para zarpar de Lisboa transportando tropas para a Guiné. As BR chegaram, inclusive, a agir nas colónias, colocando uma bomba no Comando Militar de Bissau, a 22 de Fevereiro de 1974.

Também o alinhamento dos sectores da finança e negócios, classes médias e movimentos operários constituiu um importante ponto de inflexão na contestação à política do regime, em 1973. Apresentavam-se, agora, concordantes quanto à independência das colónias, poucos meses antes do 25 de Abril.

Antecipação casual

A propaganda tornou-se uma forma de combate psicológico contribuindo para desorganização do inimigo.

A instrução dos quadros e tropas das forças portuguesas, por normalização da estrutura da NATO, concebeu a publicação de um conjunto de manuais intitulados "O Exército na Guerra Subversiva" que serviriam de suporte para a organização das tropas durante a Guerra. Introduziam também a necessidade da guerra psicológica que se revelaria como uma frente de combate sólida para Portugal. Com efeito, a "conquista das populações" foi aplicada a níveis tácticos e estratégicos com sucesso, exceptuando as dificuldades no início e fim da guerra.

Também se revelou fundamental a especialização de grupos armados, como os Comandos, único corpo organizado especificamente para esta guerra — desmantelado pouco tempo depois de esta terminar — e adaptação dos Fuzileiros e pára-quedistas. Quanto às unidades recrutadas no próprio teatro de operações, as tropas especiais africanas, os TE, GE e GEP, Flechas e fuzileiros foram adaptadas às técnicas de combate específicas deste tipo de cenário (guerrilha) e terreno. Porém, a quase sempre deficiente instrução dos efectivos implicaria uma crescente degradação da sua eficácia, a par com o cansaço e esvaziamento dos quadros permanentes.

Com o embargo internacional à venda de armas a Portugal, as forças armadas viram-se, a partir dos anos 70, ultrapassadas tecnologicamente pelos movimentos de libertação, o que foi especialmente notório na Guiné-Bissau. O déficit seria provisoriamente suportado pela supremacia aérea, até à introdução dos mísseis anti-aéreos por parte dos guerrilheiros.

Conflito armado

Angola

Soldados portugueses nas matas de Angola.




Em Angola, a sublevação da ZSN foi efectuada pela União das Populações de Angola (UPA) — que passou a designar-se como Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) em 1962. A 4 de Fevereiro de 1961, o Movimento Popular de Libertação de Angola reivindicou o ataque à cadeia de Luanda, onde foram mortos sete polícias. A 15 de Março de 1961, a UPA, num ataque tribal, deu origem a um massacre de populações brancas e trabalhadores negros naturais de outras regiões de Angola. Esta região seria reocupada mediante operações militares de grande envergadura que, porém, não conseguiram conter o alastramento das acções de guerrilha a outras regiões de Angola, como Cabinda, o Leste, o Sudeste e planalto central. Ao MPLA, que desempenhou um papel fundamental, há a acrescentar, a partir de 1966, a acção da União Nacional para a Independência Total de Angola

(UNITA).

Com motivações essencialmente tribais, e dirigidos de forma autocrática por Holden Roberto, a actividade da UPA caracterizou-se pela guerrilha rural, realizada por pequenos grupos armados, e pelo massacre de populações, como já se previa na sua primeira acção. Com catanas e algumas espingardas, os canhangulos, procuravam apoderar-se das armas das fazendas e postos administrativos atacados. Não manifestaram interesse em consolidar o domínio territorial, conseguido nos primeiros dias, nem foi apresentado qualquer programa político.

Em Angola, os efectivos militares contavam, no início de 1961, com 5000 militares africanos e 1500 metropolitanos, organizados em dois regimentos de infantaria — um em Luanda e outro em Nova Lisboa (actual Huambo) — cada um com dois batalhões de instrução e outro de atiradores) e um grupo de cavalaria, sediado em Silva Porto. A densidade média era, portanto, de um soldado para cada 30 km2. Imediatamente disponíveis para acorrer à zona afectada estavam apenas mil soldados europeus e 1200 africanos.

[editar] Guiné-Bissau

Posto de controlo montado pelo PAIGC na Guiné-Bissau em 1974, depois da declaração de independência.
Guerra Colonial Portuguesa na Guiné Portuguesa
Operação TridenteOperação GrifoOperação VulcanoOperação Gata PequenaAtaque a BubaOperação JoveOperação Mar VerdeOperação Ametista Real
[editar]


Na Guiné, os confrontos foram iniciados, na perspectiva portuguesa, em Julho de 1961 quando guerrilheiros do Movimento de Libertação da Guiné (MLG) lançaram ataques às povoações de S. Domingos, Suzana e Varela, junto à fronteira noroeste com o Senegal. [1] Na perspectiva guineense, os confrontos iniciaram-se em Janeiro de 1963, quando o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), sob a forma de guerrilha, desencadeou um ataque ao quartel de Tite, a Sul de Bissau, junto ao rio Corubal. Com a acção do MLG no noroeste, a partir do Senegal, e do PAIGC no sul, a partir da Guiné-Conacri, os ataques rapidamente se estenderam a quase todo o território, crescendo continuamente de intensidade, e exigindo um empenhamento proporcional por parte dos portugueses.

A guerra na Guiné colocou frente a frente dois homens de forte personalidade: Amílcar Cabral e António de Spínola, responsáveis pela modelação do teatro de operações na Guiné. Em 1965 dá-se o alastramento da guerra ao Leste (Pirada, Canquelifá, Beli). Nesse mesmo ano, o PAIGC realizou missões no Norte, na região de São Domingos, onde, até ao momento, apenas actuava a FLING, que se via a braços na luta, depois da OUA ter canalizado o seu apoio para o PAIGC. Este, em sequência da sua crescente afirmação internacional, viria a receber apoio militar cubano, que duraria até ao final da guerra.

Pode-se dizer que as forças portuguesas desempenharam, na Guiné, uma força defensiva, mais de manutenção das posições que propriamente de conquista das populações, limitando-se, de uma forma geral, a conter as acções do PAIGC. Por isso, esta época inflingiu um grande desgaste para os portugueses, constantemente surpreendidos pelos guerrilheiros e pela influência destes junto da população que, entretanto, era recrutada para o movimento.

Com as decisões de António de Spínola, as forças portuguesas ganhavam um carácter mais ofensivo. Entre 1968 e 1972, sob o comando deste general, conseguiriam manter a situação sob controlo e, por vezes, levar a cabo acções de confirmação das posições estratégicas. Mais: agora lutava-se subversivamente, utilizando a manipulação propagandística que iria afectar os níveis mais altos da hierarquia do PAIGC. Porém, a situação pendeu rapidamente para o lado do PAIGC que, não obstante o assassínio de Amílcar Cabral, não diminuiu a actividade operacional.

Em Março, o aparecimento dos mísseis anti-aéreos obrigaria as tropas portuguesas a reavaliarem o esforço de guerra. Durante algum tempo, o suporte aéreo ficou, assim, indisponível, o que teve graves repercussões nas tropas, mesmo a nível psicológico.

Marcelo Caetano, em conflito com Spínola, dispensou o general do cargo de governador, que seria ocupado por Bettencourt Rodrigues a 21 de Setembro de 1973. Três dias depois, o PAIGC declarava a independência do novo estado, em Madina do Boé. Curiosamente, nem Spínola nem Bettencourt estavam no terreno durante esta ocorrência.

[editar] Moçambique

Coluna mobilizada para a reconquista da roça Beira Baixa no norte de Angola (1961).
Guerra Colonial Portuguesa em Moçambique
Operação ÁguiaOperação ZetaOperação AbanadelaOperação PenadaOperação Nó GórdioOperação Marte
[editar]


Em Moçambique, o movimento de libertação, denominado Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), efectuou a sua primeira acção nos dias 24 e 25 de Setembro de 1964, num ataque a Chai, na província de Cabo Delgado, estendendo-se posteriormente ao Niassa, Tete e para o centro do território. Porém, um relatório do Batalhão de Caçadores 558 refere acções violentas a 21 de Agosto de 1964, na região de Cabo Delgado, como indica o relatório do Batalhão de Caçadores 558. O mesmo relatório refere que, três dias depois, um padre da Missão de Nangololo tinha sido ferido mortalmente. Estas acções foram atribuídas a grupos de guerrilheiros MANU e da UDENAMO.

A 16 de Novembro do mesmo ano, as tropas portuguesas sofriam as primeiras baixas no Norte de Moçambique, região de Xilama. A organização e armamento dos guerrilheiros evoluía rapidamente. Também o acidentado terreno, a baixa densidade das forças portuguesas e a fraca presença de colonos facilitaram a acção da Frelimo, que alargava a sua acção para Sul, na direcção de Meponda e Mandimba, mostrando intenção de ligar-se a Tete, atravessando o Malawi, que apoiou, nos primeiros anos, o trânsito e refúgio de guerrilheiros.

Até 1967, a FRELIMO mostrou-se menos interessada pela região de Tete, exercendo o seu esforço nos dois distritos do Norte, onde a utilização de minas terrestres se destacou de forma particular. No Niassa, a intenção da FRELIMO era simultaneamente criar uma zona livre, e uma zona de passagem para Sul, em direcção à Zambézia

Já em Abril de 1970, a actividade militar da Frelimo aumentou de forma significativa, devido à presença de Samora Machel em Cabo Delgado, onde apresentaria os planos de ofensivas a executar em Junho e Julho.

Até 1973/74, as atenções viravam-se para Cabora Bassa. Os últimos tempos de guerra caracterizaram-se pelo avanço da FRELIMO para Sul, registando acções na zona de Chimoio e agitação das populações de origem europeia. O general Kaúlza de Arriaga disponibilizava-se para continuar o comando, mas impunha condições que o Governo de Lisboa não aceitou. Terminada a sua comissão em Agosto de 1973, foi substituído pelo general Basto Machado. A situação continuaria a deteriorar-se até aos designados "acontecimentos da Beira", em Janeiro de 1974, quando as populações brancas de Vila Pery e da Beira se manifestaram contra a incapacidade das forças portuguesas de suster a situação, já esgotada de efectivos e sem possibilidade do reforço dos meios de combate.

wikipédia

BAÚ DA MEMÓRIA



Nesta semana e até 23 de Abril decidimos editar algumas recolhas efectuadas
no Baú das Memórias.
São pessoas e factos que têm a ver com PORTUGAL e milhares de pessoas e
factos permanecerão no Baú.
Por ora, algumas inserções por dia entre as 12H00 e as 12H30

A REDACÇÃO