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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
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ᙓᕈꙆᙅᙓᙁƮᖇO
𝟐𝟒𝐡 𝐞𝐦 𝐖𝐮𝐡𝐚𝐧/5
* 𝒩𝑒𝓈𝓉𝑒 𝒹𝑜𝒸𝓊𝓂𝑒𝓃𝓉𝒶́𝓇𝒾𝑜 𝓅𝓇𝑜𝒹𝓊𝓏𝒾𝒹𝑜 𝓅𝑒𝓁𝒶 𝒞𝒢𝒯𝒩 - 𝒞𝒽𝒾𝓃𝒶 𝒢𝓁𝑜𝒷𝒶𝓁 𝒯𝑒𝓁𝑒𝓋𝒾𝓈𝒾𝑜𝓃 𝒩𝑒𝓉𝓌𝑜𝓇𝓀, 𝓈𝒶𝒾𝒷𝒶 𝓂𝒶𝒾𝓈 𝓈𝑜𝒷𝓇𝑒 𝑜 𝒾𝓃𝒾́𝒸𝒾𝑜 𝒹𝒶 𝒸𝓇𝒾𝓈𝑒 𝒹𝑒 𝓈𝒶𝓊́𝒹𝑒 𝓅𝓊́𝒷𝓁𝒾𝒸𝒶 𝓃𝒶 𝒞𝒽𝒾𝓃𝒶 𝓆𝓊𝑒 𝓈𝑒 𝓉𝓇𝒶𝓃𝓈𝒻𝑜𝓇𝓂𝑜𝓊 𝓃𝓊𝓂𝒶 𝓅𝒶𝓃𝒹𝑒𝓂𝒾𝒶: 𝑜 𝒞𝒪𝒱ℐ𝒟-𝟷𝟿.
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António Guterres tinha razão quando acusou os países ricos de guardarem as vacinas e de não as partilharem com as nações mais pobres. Para além da elementar solidariedade, está aqui em causa a saúde de todos, pobres ou ricos.
Daqui a uns anos, quando se fizer a análise desta pandemia, será difícil decidir se pesou mais a imoralidade dos países ricos ou a sua estupidez, quando ignoraram completamente a situação epidemiológica dos mais fracos. É que o número real de mortos devido à covid não são os 5,2 milhões das estatísticas oficiais. Ainda recentemente, a revista "The Economist" escrevia que o valor é o triplo e que muitos destes mortos foram enterrados nos países pobres. Na verdade, a atitude das economias mais desenvolvidas está a ser um verdadeiro tiro no pé, como se vê com o rápido alastramento da nova variante vinda da África Austral. Cada um dos avisos da comunidade científica sobre as mutações do vírus esbarrou no medo eleitoral dos políticos e no desinteresse das sociedades. Como crianças opulentas e caprichosas, o Mundo rico monopoliza diagnósticos, tratamentos e vacinas, mas os seus cidadãos dão-se ao luxo de dançar nas discotecas sem máscara e de se manifestarem nas ruas exigindo a liberdade de viver infetados. Isto é obsceno, tendo em conta que a taxa da população que recebeu, pelo menos, uma dose da vacina é de 69% nos Estados Unidos, 70% na União Europeia e 11% em África. Os países desenvolvidos não conseguiram encontrar umas migalhas para financiarem o esforço global de vacinação e estão agora a pagar por isso.
Deparamo-nos com uma nova variante que ameaça minar parte do extraordinário esforço feito até agora. O antigo primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown dizia, no "The Guardian", que "o fracasso dos países ricos a colocar vacinas nos países pobres está agora a virar-se contra nós". Enquanto por aqui discutimos se há ou não terceira dose para todos, se as crianças entre os 5 e os 11 anos devem ser vacinadas, o vírus sofre mutações em outras regiões do globo que seriam muito mais fáceis de combater se todos tivessem acesso à proteção. No fundo, parece um pouco cínico, mas na verdade somos apenas estúpidos.
* Jornalista -Editor executivo
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS" 29/11/21
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