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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
14/09/2014
UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA
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A ARTE DE
Dirk Dzimirsky/12
Com sua paixão invulgar para a arte realista Dirk Dzimirsky manifestou desde criança um maior interesse nos seus desenhos e pinturas se pela representação humana.
Dirk
possui una grande técnica,
destacando sobretudo os retratos a quem imprime uma vida e uma expressão
notáveis. Ao nível do detalhe a precisão é fotográfica utilizando um
fundo neutro para realçar o maior número de pormenores do rosto.
O artista coloca enfoque e sedução no nariz, boca, rugas e poros rocurando transmitir emoções em cada rosto, apenas com lápis.
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A ARTE DE
Dirk Dzimirsky/11
Com sua paixão invulgar para a arte realista Dirk Dzimirsky manifestou desde criança um maior interesse nos seus desenhos e pinturas se pela representação humana.
Dirk
possui una grande técnica,
destacando sobretudo os retratos a quem imprime uma vida e uma expressão
notáveis. Ao nível do detalhe a precisão é fotográfica utilizando um
fundo neutro para realçar o maior número de pormenores do rosto.
O artista coloca enfoque e sedução no nariz, boca, rugas e poros rocurando transmitir emoções em cada rosto, apenas com lápis.
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A ARTE DE
Dirk Dzimirsky/10
Com sua paixão invulgar para a arte realista Dirk Dzimirsky manifestou desde criança um maior interesse nos seus desenhos e pinturas se pela representação humana.
Dirk
possui una grande técnica,
destacando sobretudo os retratos a quem imprime uma vida e uma expressão
notáveis. Ao nível do detalhe a precisão é fotográfica utilizando um
fundo neutro para realçar o maior número de pormenores do rosto.
O artista coloca enfoque e sedução no nariz, boca, rugas e poros rocurando transmitir emoções em cada rosto, apenas com lápis.
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A ARTE DE
Dirk Dzimirsky/9
Com sua paixão invulgar para a arte realista Dirk Dzimirsky manifestou desde criança um maior interesse nos seus desenhos e pinturas se pela representação humana.
Dirk
possui una grande técnica,
destacando sobretudo os retratos a quem imprime uma vida e uma expressão
notáveis. Ao nível do detalhe a precisão é fotográfica utilizando um
fundo neutro para realçar o maior número de pormenores do rosto.
O artista coloca enfoque e sedução no nariz, boca, rugas e poros rocurando transmitir emoções em cada rosto, apenas com lápis.
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NICOLAU SANTOS
Merkel gosta de Passos.
Lagarde não
Angela Merkel gosta de Passos Coelho. Não gostava quando ele decidiu
derrubar o governo de Sócrates. Mas depois, face ao afã com que o
primeiro-ministro português tem feito tudo, em matéria de austeridade,
para agradar à chanceler alemã, esta considera-o agora quase germânico.
Quem não gosta de Passos ou, pelo menos, o ignora, é Christine Lagarde,
a avaliar pelas suas mais recentes afirmações.
E o que disse a diretora-geral do FMI? Pois bem, que "O único país que progride, apesar de não ser suficiente" para absorver a bolsa de desempregados "é a Espanha", afirmou numa entrevista à emissora francesa "Radio Classique". Ora por favor! Alguém que se chegue junto dela, que lhe dê um puxãozinho no vestido «haute couture» que costuma usar e que bichane qualquer coisa do género ao ouvido: «Dra. Lagarde, olhe que não, olhe que não! A não ser que V.Exa. esteja a reduzir toda a Península Ibérica a Espanha, há um pequeno país junto ao Atlântico que está a fazer muito mais e bem melhor que Espanha em matéria de desemprego…»
Quem já não procura emprego há mais de seis meses também é eliminado das estatísticas. E assim com menos 300 mil emigrados, mais de 170 mil a fazer cursos de formação e mais uns largos milhares que já desistiram de procurar emprego, o desemprego comprime-se, compacta-se, é combatido e esmagado
Seguramente que, surpreendida, Lagarde há-de virar a sua informadíssima cabeça e recorrer à língua materna para exclamar, surpreendida: «Mais non!». E alguém terá de insistir: «sim, sim. É um pequeno país, não conta grande coisa, só tem 10 milhões de habitantes, mas é quem tem conseguido melhores resultados em matéria de desemprego a nível europeu…» Aí, a diretora-geral do FMI há de começar mesmo a interessar-se pelo assunto e quererá novos dados, quantitativos e qualitativos. Quanto aos quantitativos, há de ficar espantada como um Governo que esperava mais de 17% de taxa de desemprego para este ano, já reduziu a sua pessimista previsão para pouco mais de 14%. Ficará, então, interessadíssima em saber como tal foi possível, que reformas foram feitas que deram tais resultados.
Alguém lhe terá então de explicar – ela seguramente chamará o dr. Vítor Gaspar, que é seu subordinado, para o efeito – como tudo foi feito. E Gaspar, de forma propositadamente lenta para ela perceber bem, dir-lhe-á o seguinte: em primeiro lugar, é preciso subir em 1/3 os impostos e cortar em 2/3 a despesa pública. Num segundo momento, é necessário subir os impostos em 2/3 e em cortar 1/3 na despesa. É também importante deixar disparar o desemprego: quanto mais alto estiver mais fácil será obter reduções. É igualmente importante que se diga ao povo que emigrar é uma grande oportunidade – e esperar que o bom povo perceba, emigrando de forma significativa. «O po-vo per-ce-beu», confirmará o dr. Gaspar. A cereja em cima do bolo é colocar o Instituto de Emprego e Formação Profissional a fazer imensos cursos de formação. Como se sabe (a dra. Lagarde não sabe), quem está a fazer um curso de formação profissional deixa de contar para o desemprego. Quem já não procura emprego há mais de seis meses também é eliminado das estatísticas. E assim com menos 300 mil emigrados, mais de 170 mil a fazer cursos de formação e mais uns largos milhares que já desistiram de procurar emprego, o desemprego comprime-se, compacta-se, é combatido e esmagado, pondo em causa toda a ciência económica que, em Portugal, nunca comprovou que pudesse haver criação líquida de emprego sem um crescimento económico acima de 1,5%. «Com-pre-en-deu, dou-to-ra La-gar-de?», dirá Gaspar no final da douta explicação.
Lagarde abrirá muito os olhos, expressará a sua admiração e pedirá para lhe fazerem uma ligação ao dr. Passos. Em seguida, pedir-lhe-á desculpa e dirá que vai dar uma nova entrevista à Radio Classique para corrigir o que disse. Pensando melhor, dirá ao dr. Passos que vai dar uma entrevista à Radio Moderne. Assim como assim, o tema fica muito melhor aqui, não acha?
E o que disse a diretora-geral do FMI? Pois bem, que "O único país que progride, apesar de não ser suficiente" para absorver a bolsa de desempregados "é a Espanha", afirmou numa entrevista à emissora francesa "Radio Classique". Ora por favor! Alguém que se chegue junto dela, que lhe dê um puxãozinho no vestido «haute couture» que costuma usar e que bichane qualquer coisa do género ao ouvido: «Dra. Lagarde, olhe que não, olhe que não! A não ser que V.Exa. esteja a reduzir toda a Península Ibérica a Espanha, há um pequeno país junto ao Atlântico que está a fazer muito mais e bem melhor que Espanha em matéria de desemprego…»
Quem já não procura emprego há mais de seis meses também é eliminado das estatísticas. E assim com menos 300 mil emigrados, mais de 170 mil a fazer cursos de formação e mais uns largos milhares que já desistiram de procurar emprego, o desemprego comprime-se, compacta-se, é combatido e esmagado
Seguramente que, surpreendida, Lagarde há-de virar a sua informadíssima cabeça e recorrer à língua materna para exclamar, surpreendida: «Mais non!». E alguém terá de insistir: «sim, sim. É um pequeno país, não conta grande coisa, só tem 10 milhões de habitantes, mas é quem tem conseguido melhores resultados em matéria de desemprego a nível europeu…» Aí, a diretora-geral do FMI há de começar mesmo a interessar-se pelo assunto e quererá novos dados, quantitativos e qualitativos. Quanto aos quantitativos, há de ficar espantada como um Governo que esperava mais de 17% de taxa de desemprego para este ano, já reduziu a sua pessimista previsão para pouco mais de 14%. Ficará, então, interessadíssima em saber como tal foi possível, que reformas foram feitas que deram tais resultados.
Alguém lhe terá então de explicar – ela seguramente chamará o dr. Vítor Gaspar, que é seu subordinado, para o efeito – como tudo foi feito. E Gaspar, de forma propositadamente lenta para ela perceber bem, dir-lhe-á o seguinte: em primeiro lugar, é preciso subir em 1/3 os impostos e cortar em 2/3 a despesa pública. Num segundo momento, é necessário subir os impostos em 2/3 e em cortar 1/3 na despesa. É também importante deixar disparar o desemprego: quanto mais alto estiver mais fácil será obter reduções. É igualmente importante que se diga ao povo que emigrar é uma grande oportunidade – e esperar que o bom povo perceba, emigrando de forma significativa. «O po-vo per-ce-beu», confirmará o dr. Gaspar. A cereja em cima do bolo é colocar o Instituto de Emprego e Formação Profissional a fazer imensos cursos de formação. Como se sabe (a dra. Lagarde não sabe), quem está a fazer um curso de formação profissional deixa de contar para o desemprego. Quem já não procura emprego há mais de seis meses também é eliminado das estatísticas. E assim com menos 300 mil emigrados, mais de 170 mil a fazer cursos de formação e mais uns largos milhares que já desistiram de procurar emprego, o desemprego comprime-se, compacta-se, é combatido e esmagado, pondo em causa toda a ciência económica que, em Portugal, nunca comprovou que pudesse haver criação líquida de emprego sem um crescimento económico acima de 1,5%. «Com-pre-en-deu, dou-to-ra La-gar-de?», dirá Gaspar no final da douta explicação.
Lagarde abrirá muito os olhos, expressará a sua admiração e pedirá para lhe fazerem uma ligação ao dr. Passos. Em seguida, pedir-lhe-á desculpa e dirá que vai dar uma nova entrevista à Radio Classique para corrigir o que disse. Pensando melhor, dirá ao dr. Passos que vai dar uma entrevista à Radio Moderne. Assim como assim, o tema fica muito melhor aqui, não acha?
IN "EXPRESSO"
08/09/14
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A ARTE DE
Dirk Dzimirsky/8
Com sua paixão invulgar para a arte realista Dirk Dzimirsky manifestou desde criança um maior interesse nos seus desenhos e pinturas se pela representação humana.
Dirk
possui una grande técnica,
destacando sobretudo os retratos a quem imprime uma vida e uma expressão
notáveis. Ao nível do detalhe a precisão é fotográfica utilizando um
fundo neutro para realçar o maior número de pormenores do rosto.
O artista coloca enfoque e sedução no nariz, boca, rugas e poros rocurando transmitir emoções em cada rosto, apenas com lápis.
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FONTE: SÉRGIO MOTA
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2-HISTÓRIA
ESSENCIAL
DE PORTUGAL
VOLUME I
O professor José Hermano Saraiva, foi toda a vida uma personalidade polémica. Ministro de Salazar, hostilizado a seguir ao 25 de Abril, viu as portas da televisão pública abrirem-se para "contar" à sua maneira a "HISTÓRIA DE PORTUGAL", a 3ª República acolhia o filho pródigo.
Os críticos censuraram-no por falta de rigor, o povo, que maioritariamente não percebia patavina da história do seu país, encantou-se na sua narrativa, um sucesso.
Recuperamos uma excelente produção da RTP.
FONTE: SÉRGIO MOTA
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A ARTE DE
Dirk Dzimirsky/7
Com sua paixão invulgar para a arte realista Dirk Dzimirsky manifestou desde criança um maior interesse nos seus desenhos e pinturas se pela representação humana.
Dirk
possui una grande técnica,
destacando sobretudo os retratos a quem imprime uma vida e uma expressão
notáveis. Ao nível do detalhe a precisão é fotográfica utilizando um
fundo neutro para realçar o maior número de pormenores do rosto.
O artista coloca enfoque e sedução no nariz, boca, rugas e poros rocurando transmitir emoções em cada rosto, apenas com lápis.
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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
"EXPRESSO"
Isto tem tanto de arrepiante como de fascinante. São os primórdios das tatuagens em Portugal
O Expresso teve acesso exclusivo a dezenas de peles humanas tatuadas, conservadas em formol, com imagens e datas que as remetem para os finais do século XIX e inícios
do século XX, quando a tatuagem era um território de marinheiros,
militares e criminosos. Esta é uma verdadeira viagem no tempo.
Depósito de peles tatuadas no Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa |
Não se impressione assim tanto. O conteúdo do recipiente com peles humanas conservadas em formol a que o Expresso
teve acesso tem tanto de arrepiante como de enigmático e fascinante.
(E, caro leitor, tem uma vantagem em relação a nós - não tem de aguentar
o intenso cheiro a formol que veio junto com aqueles retalhos de pele)
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São sinais de um passado português remoto que
resistiram ao tempo no Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina de
Lisboa, situado nas instalações do Hospital de Santa Maria. São marcas
antigas na pele que contam os primórdios da tatuagem em Portugal.
Algumas percebem-se claramente que foram feitas no peito. Outras poderão
ter sido feitas nos braços, nas pernas e em tantas outras partes do
corpo, mais íntimas. A nosso pedido, Pedro Henriques, técnico do
Instituto, estendeu na bancada da sala de preparação as peças
anatómicas, deixando claro que nada sabe sobre as suas identidades e
proveniências e que ali permaneceram por acaso. Porque foram ficando.
"No passado, os cadáveres que vinham para aqui eram de indigentes,
pessoas não identificadas. Eventualmente criminosos. As zonas de pele
tatuadas eram retiradas dos corpos dos cadáveres para evitar a sua
identificação quando fossem dissecados ou usados em estudos. Ainda hoje o
procedimento é o mesmo. Gostava de um dia expor estas tatuagens antigas
no teatro anatómico."
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Quem foram aquelas pessoas? Que significados e códigos
sociais tinham as inscrições na pele e a que grupos pertenciam? As
respostas poderão estar num documento de 1882 publicado na "Revista de
Ciências Naturais e Sociais", com assinatura do conceituado etnógrafo
português Rocha Peixoto, que escreveu sobre a tatuagem naquela época.
Nesse tempo era também chamada 'mutilação': "A permanência nas prisões,
nos navios e nos quartéis, dando lugar a períodos de grande ociosidade,
origina tão pouco a persistência fecunda do costume". Uma questão parece
clara, a tatuagem era essencialmente território de rufias e marginais.
"A multiplicidade, a sede de ordinário escolhida nas regiões do corpo
vulgarmente ocultas, a intenção pornográfica de uma grande percentagem
de desenhos, denunciam a insensibilidade à dor, o impudor e a
obliteração, ou melhor, a ausência de elevação moral da maior parte dos
tatuados", diz o investigador Rocha Peixoto.
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Neste artigo, mostramos-lhe as imagens de tatuagens
feitas há dois séculos e revelamos-lhe os seus significados, numa época
em que ninguém sonharia que tatuar na pele passaria a ser uma moda
massificada, para homens e mulheres. Esta é parte de uma reportagem
sobre a história da tatuagem ao longo dos tempos em Portugal, publicada
este sábado na Revista.
A PORNOGRAFIA NA PELE
A maioria dos desenhos toscos feitos na pele destes
antepassados foram concretizados com agulhas, tinta da china ou carvão
triturado e em suspensão na água. Ilustram sereias, bailarinas, mulheres
desnudas, com formas redondas, cabelos longos, saltos altos e meias
pelo joelho. São símbolos de volúpia, erotismo e desejo que terão sido
ostentados no corpo por bravos marujos, militares e marginais. Para o
sociólogo Vitor Sérgio Ferreira, investigador do Instituto de Ciências
Sociais, as tatuagens de mulheres despidas, com os seios e púbis
desenhada, "eram a pornografia da época, a ligação dos homens às
prostitutas e às amantes - elementos biográficos partilhados em grupo".
Contemporâneo da época em que terão sido feitas essas
tatuagens, o investigador Rocha Peixoto afirma que os "emblemas amorosos
e eróticos" eram dos que mais predominavam nos nossos tatuados do
século XIX. "As eróticas são numerosas e encontram-se quase
exclusivamente nos que habitam assiduamente as prisões (...). As mais
vulgares são os falos, ornamentados por vezes, outras pretendendo acusar
uma erecção burlescamente exagerada. As tatuagens de alguns
encarcerados da Penitenciária de Lisboa - um homem nu com um erotismo de
Sátiro na perna esquerda e uma mulher nua na direita - são comuns nesta
ou em outras partes do corpo. As mulheres são ordinariamente desenhadas
sob formas rotundas; num tatuado que examinei recentemente havia no
antebraço esquerdo a figura de uma mulher em que a preocupação dominante
fora a amplitude dos seios, do ventre e das nádegas; no antebraço
direito um homem igualmente nu com o órgão sexual característico de
dimensões quase iguais às de todo o desenho. O distinto médico-alienista
de Lisboa Dr. Júlio de Matos informou-me que tivera notícia de um
tatuado que fizera desenhar no braço esquerdo um Cristo com um falo em
erecção de dimensões desproporcionadas".
CRISTO QUE OS PROTEJA
Os amuletos e símbolos religiosos e protectores eram outras das
tatuagens recorrentes no passado. Cristos e cruzes que chegavam a rasgar
o peito, em enormes dimensões para os proteger dos males. Especialmente
nos indivíduos não criminosos. "Os dois traços da cruz ou cinco pontos
representando as cinco chagas de Cristo, as letras INRI sobrepostas aos
dois cravos cruzados com que pregaram as mãos do Senhor no madeiro, são
as mais simples e ingénuas. Vêm seguidamente as cruzes ornamentadas, com
a coroa de espinhos ao través, a legenda que diz de que povo Jesus era
rei, pedestais onde o crânio e dois fémures significam a inelutável
certeza do fim derradeiro. Os Cristos, numerosíssimos, são de ordinário
acompanhados de emblemas que contam pitorescamente toda essa adorável
história de resignação no martírio", explica Rocha Peixoto.
Desde tempos remotos que os marinheiros e pescadores investiam no rito
da tatuagem, uma moda grupalista feita, muitas vezes, nas longas
permanências no mar alto, em que o corpo era usado como um diário de
bordo autobiográfico. "A tatuagem era coisa de classes populares, um
desafio físico e social ligada à boémia, a delinquência, ou à marinhagem
e exército e os símbolos de uma gramática linear e fácil de
interpretar", resume o investigador Vítor Sérgio Ferreira. Nos homens
embarcados, os símbolos mais comuns eram a âncora, a rosa-dos-ventos, o
barco e o mar revolto ou a sereia, a figura feminina meio mulher, meio
peixe sempre presente no imaginário destes marujos.
As feras, as serpentes e outros animais exóticos indicavam uma atitude
de coragem, vigor para afastar os inimigos. Como quem dizia 'Chega-te
para lá que eu não sou manso'. É o que diz o investigador Vítor Sérgio Ferreira: "Os
animais selvagens gravados na pele traduziam não só a experiência em
guerras em África, como serviam para passar agressividade, força e
servir de protecção e defesa face ao outro".
No século XIX não era raro encontrar corações trespassados por setas,
escritos amorosos e mãos que se cumprimentam, em sinal de agradecimento e
gratidão. Apesar dos símbolos eróticos serem bem mais comuns nos
tatuados da época, o amor e a amizade eram também eternizados na pele
por alguns. "As paixões humanas mais elevadas explicam ainda entre nós
algumas tatuagens representativas da amizade filial, de várias
recordações gratas, de amor, até, em alguns casos: certos operados em
que se encontram simples corações escolhiam este desenho com um sentido
oculto e honesto dirigido à mulher estimada. Mas geralmente o instinto
erótico é o motivo fundamental das figuras amorosas e, naturalmente, das
pornográficas", escreveu Rocha Peixoto, Que chamou a atenção para o
facto de a maioria dos tatuados não saber escrever e usar a tatuagem
como forma rudimentar de comunicação. "É necessário reconhecer, com
Lassagne, a necessidade das pessoas analfabetas em exprimirem por
figuras ou símbolos as ideias que não podiam representar de outra arte,
facto tão remoto que, como geralmente se sabe, antes da invenção da
escrita já o pensamento era transmitido pelo hieróglifo". Os astros, as
flores, os animais, a âncora, o navio, o tambor e todas as marcas
profissionais enfim são representações objectivas de ideias cuja
transmissão mal fariam de outro modo."
EM NOME DA PÁTRIA
Por amor e devoção à pátria surgiam na época tatuagens com os símbolos
da Monarquia Portuguesa e mais tarde da Primeira República. Terão sido
muitos deles militares combatentes. Nesta imagem, o símbolo da
monarquia está combinado com uma homenagem a uma tal "Maria de Jesus",
em 1914. Era comum os símbolos patrióticos surgirem ao lado de cruzes de
Cristo que recordavam os camaradas que tombaram na guerra dos Boer
(ocorrida na África do Sul entre 1880 e 1881 e 1899 e 1902). Rocha
Peixoto chega a escrever com detalhe como era a técnica da tatuagem na
época: "Com três agulhas solidamente fixas a um pequeno cabo de madeira
ou simplesmente ligadas e unidas por um fio, e tinta-da-china de
escrever ou carvão triturado e em suspensão na água, tem o operador com
que levar o efeito à prática (...). Para impedir a inflamação e a febre,
mesmo quando aquela é irritante, o operador adopta como tópico a saliva
ou a urina, sendo manifesto que nada remedeia com tal terapêutica.
Quinze dias passados, quando muito, estão extintos os vestígios da
irritação passageira que a operação provocou e a nitidez do desenho é
então definitiva e provavelmente indelével".
* Extraordinário trabalho de Bernardo Mendonça (texto) e Nuno Botelho (Fotografias).
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ESTA MÊS NA
"BLITZ"
"BLITZ"
Disco de homenagem a Paul McCartney tem provavelmente a maior e mais relevante lista de colaborações de sempre
Registo inclui 34 canções, mais oito faixas bónus, e inclui versões assinadas por Bob Dylan, Brian Wilson, Kiss, Def Leppard, The Cure, Alice Cooper e B.B. King, entre muitos outros.
The Art of McCartney
, álbum de homenagem a Paul McCartney, chega às lojas a 18 de novembro,
em CD e vinil e inclui uma impressionante lista de convidados a assinar
versões de canções que marcam mais de cinco décadas de carreira do
ex-Beatle.
Do álbum, que inclui 34 faixas mais 8 bónus, fazem parte canções que o
músico britânico escreveu para os Beatles, para os Wings e para a sua
carreira a solo, recriadas por nomes como Bob Dylan, Brian Wilson, Kiss,
Billy Joel, Heart, The Cure, Alice Cooper ou B.B. King.
Consulte o alinhamento completo:
1. Billy Joel - Maybe I'm Amazed
2. Bob Dylan - Things We Said Today
3. Heart - Band on the Run
4. Steve Miller - Junior's Farm
5. Yusuf Islam - The Long and Winding Road
6. Harry Connick, Jr. - My Love
7. Brian Wilson - Wanderlust
8. Corinne Bailey Rae - Bluebird
9. Willie Nelson - Yesterday
10. Jeff Lynne - Junk
11. Barry Gibb - When I'm 64
12. Jamie Cullum - Every Night
13. Kiss - Venus and Mars/Rock Show
14. Paul Rodgers - Let Me Roll It
15. Roger Daltrey - Helter Skelter
16. Def Leppard - Helen Wheels
17. The Cure, featuring James McCartney - Hello Goodbye
18. Billy Joel - Live and Let Die
19. Chrissie Hynde - Let It Be
20. Cheap Trick's Robin Zander and Rick Nielsen - Jet
21. Joe Elliott - Hi Hi Hi
22. Heart - Letting Go
23. Steve Miller - Hey Jude
24. Owl City - Listen to What the Man Said
25. Perry Farrell - Got to Get You Into My Life
26. Dion - Drive My Car
27. Allen Toussaint - Lady Madonna
28. Dr. John - Let 'Em In
29. Smokey Robinson - So Bad
30. The Airborne Toxic Event - No More Lonely Nights
31. Alice Cooper - Eleanor Rigby
32. Toots Hibbert with Sly & Robbie - Come and Get It
33. B.B. King - On the Way
34. Sammy Hagar - Birthday
2. Bob Dylan - Things We Said Today
3. Heart - Band on the Run
4. Steve Miller - Junior's Farm
5. Yusuf Islam - The Long and Winding Road
6. Harry Connick, Jr. - My Love
7. Brian Wilson - Wanderlust
8. Corinne Bailey Rae - Bluebird
9. Willie Nelson - Yesterday
10. Jeff Lynne - Junk
11. Barry Gibb - When I'm 64
12. Jamie Cullum - Every Night
13. Kiss - Venus and Mars/Rock Show
14. Paul Rodgers - Let Me Roll It
15. Roger Daltrey - Helter Skelter
16. Def Leppard - Helen Wheels
17. The Cure, featuring James McCartney - Hello Goodbye
18. Billy Joel - Live and Let Die
19. Chrissie Hynde - Let It Be
20. Cheap Trick's Robin Zander and Rick Nielsen - Jet
21. Joe Elliott - Hi Hi Hi
22. Heart - Letting Go
23. Steve Miller - Hey Jude
24. Owl City - Listen to What the Man Said
25. Perry Farrell - Got to Get You Into My Life
26. Dion - Drive My Car
27. Allen Toussaint - Lady Madonna
28. Dr. John - Let 'Em In
29. Smokey Robinson - So Bad
30. The Airborne Toxic Event - No More Lonely Nights
31. Alice Cooper - Eleanor Rigby
32. Toots Hibbert with Sly & Robbie - Come and Get It
33. B.B. King - On the Way
34. Sammy Hagar - Birthday
Bonus Tracks:
1. Robert Smith - C Moon
2. Booker T. Jones - Can't Buy Me Love
3. Ronnie Spector - P.S. I Love You
4. Darlene Love - All My Loving
5. Ian McCulloch - For No One
6. Peter, Bjorn and John - Put It There
7. Wanda Jackson - Run Devil Run
8. Alice Cooper - Smile Away
2. Booker T. Jones - Can't Buy Me Love
3. Ronnie Spector - P.S. I Love You
4. Darlene Love - All My Loving
5. Ian McCulloch - For No One
6. Peter, Bjorn and John - Put It There
7. Wanda Jackson - Run Devil Run
8. Alice Cooper - Smile Away
* Imperdível
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ESTA SEMANA NO
"OJE"
"OJE"
Cristas desafia setor a ajudar a
. desenvolver economia do mar
A ministra da Agricultura lançou um “desafio” àqueles que no setor estão “habituados a tratar com Bruxelas”, para que ajudem o Governo a desenvolver “uma nova economia” na área do mar.
Assunção Cristas falava numa sessão comemorativa dos 25 anos da
Agro.Ges, Sociedade de Estudos e Projetos, realizada na Agroglobal,
Feira das Grandes Culturas, que decorre desde quarta-feira em mais de
200 hectares de terreno junto ao Tejo, em Porto de Muge, no concelho do
Cartaxo, pertencentes ao Instituto Nacional de Investigação Agrária e
Veterinária (INIAV).
A ministra afirmou que é necessária “garra” e “muita ajuda”,
sobretudo técnica, de “quem conheça os fundos comunitários, que esteja
habituado a tratar com Bruxelas, a perceber Bruxelas”, para “desenvolver
uma nova economia e essa área é a área do mar”.
Assunção Cristas afirmou que o fundo disponível para esta área, no valor de 400 milhões de euros, embora “mais modesto” do que o do setor agrícola (4,5 mil milhões), pode ser “casado” com os outros fundos, através da IPIMAR, e também com fundos da agricultura.
“Há algumas interações que podem ser interessantes. Sobretudo nesta área, o país precisa muito de vós”, declarou, pedindo que haja uma reflexão sobre este desafio.
Assunção Cristas afirmou que as candidaturas ao novo Programa de Desenvolvimento Rural, PDR 2020, poderão começar a ser recebidas a 15 de novembro, recordando que estão mais de oito mil candidaturas em carteira.
Por outro lado, sublinhou o facto de, apesar de o PDR 2020 ainda não ter sido aprovado por Bruxelas, existir já uma execução de 2%, estando o Governo a pagar “com dinheiro novo e regras antigas”, de forma a garantir que não exista “qualquer hiato” e que a transição se faça de forma “mais suave”.
Assunção Cristas referiu ainda o facto de a execução do PRODER se situar atualmente em praticamente 88%, considerando “realista” o objetivo de atingir os 92% até ao final do ano.
* Finalmente neste discurso a sra. ministra assumiu a sua incapacidade de dialogar com Bruxelas e pede ajuda para continuar a ir ao beija-mão.
O país sabe quem desmantelou a economia do mar e também a da terra.
" - OLHA UM SUBMARINO!" |
Assunção Cristas afirmou que o fundo disponível para esta área, no valor de 400 milhões de euros, embora “mais modesto” do que o do setor agrícola (4,5 mil milhões), pode ser “casado” com os outros fundos, através da IPIMAR, e também com fundos da agricultura.
“Há algumas interações que podem ser interessantes. Sobretudo nesta área, o país precisa muito de vós”, declarou, pedindo que haja uma reflexão sobre este desafio.
Assunção Cristas afirmou que as candidaturas ao novo Programa de Desenvolvimento Rural, PDR 2020, poderão começar a ser recebidas a 15 de novembro, recordando que estão mais de oito mil candidaturas em carteira.
Por outro lado, sublinhou o facto de, apesar de o PDR 2020 ainda não ter sido aprovado por Bruxelas, existir já uma execução de 2%, estando o Governo a pagar “com dinheiro novo e regras antigas”, de forma a garantir que não exista “qualquer hiato” e que a transição se faça de forma “mais suave”.
Assunção Cristas referiu ainda o facto de a execução do PRODER se situar atualmente em praticamente 88%, considerando “realista” o objetivo de atingir os 92% até ao final do ano.
* Finalmente neste discurso a sra. ministra assumiu a sua incapacidade de dialogar com Bruxelas e pede ajuda para continuar a ir ao beija-mão.
O país sabe quem desmantelou a economia do mar e também a da terra.
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Ricardo Salgado não se espantou com o pedido do empresário para que o ajudasse a manter completa a sua colecção de mais de 13 mil moedas. Conhecia Carlos Marques da Costa há 40 anos, sabia da paixão dele pela numismática. Os dois encontravam-se em Portugal e até no Rio de Janeiro, para onde parte da família Espírito Santo se mudou depois da revolução de 74. Marques da Costa falava-lhe do andamento dos negócios – a Lusiteca, que fundou, e que criou, nos anos 70, os caramelos Penha e as pastilhas Gorila; e da colecção de numismática, que reunia moedas cunhadas em território português, até antes da fundação de Portugal – algumas muito raras.
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Em 2008, antes de o BES comprar a biblioteca, havia vários alfarrabistas
interessados no negócio. Carlos Alberto Damas, director do Centro de
História do BES, espaço que acolheu a colecção, contou à SÁBADO que, em
2008, “a biblioteca corria o risco de se dispersar e também de sair de
Portugal”. Mesmo muito antes disso Pina Martins (na foto) recebeu
propostas – o livreiro que ficou com a edição d’Os Lusíadas que o
professor reencontraria em Paris chegou a oferecer-lhe 222.222 dólares
(cerca de 1,3 milhões de euros hoje) pela biblioteca completa, em 1963.
Carlos Alberto Damas teme que o colapso do BES venha a pôr os livros de
novo em perigo. “Estou apreensivo. Antes de o Novo Banco tomar qualquer
decisão sobre o futuro deste acervo é preciso que se perceba o real
valor do conjunto das obras – a biblioteca é património nacional”,
disse.
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
Os tesouros escondidos do BES
Os tesouros escondidos do BES
A colecção de moedas, a mais importante do País, pode valer 25 milhões de euros e a de livros antigos 1 milhão
Ricardo Salgado não se espantou com o pedido do empresário para que o ajudasse a manter completa a sua colecção de mais de 13 mil moedas. Conhecia Carlos Marques da Costa há 40 anos, sabia da paixão dele pela numismática. Os dois encontravam-se em Portugal e até no Rio de Janeiro, para onde parte da família Espírito Santo se mudou depois da revolução de 74. Marques da Costa falava-lhe do andamento dos negócios – a Lusiteca, que fundou, e que criou, nos anos 70, os caramelos Penha e as pastilhas Gorila; e da colecção de numismática, que reunia moedas cunhadas em território português, até antes da fundação de Portugal – algumas muito raras.
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Em 2008, por proposta de Ricardo Salgado, o BES adquiriu a colecção do
empresário, três anos antes de Marques da Costa morrer. E o Novo Banco
herdou-a a 3 de Agosto, por deliberação do Banco de Portugal. A colecção
BES Numismática está exposta numa sala de alta segurança, num dos pisos
subterrâneos da sede do banco, na Av. da Liberdade, pronta para ser
visitada, mas de portas fechadas (o Novo Banco não explica porquê).
Fontes contactadas pela SÁBADO estimam que valha mais de 25 milhões de
euros.
“Nunca tinha sido reunida uma colecção tão completa e em tão bom estado de conservação”, escreveu Marques da Costa no texto que assina no livro sobre a colecção, editado em 2008 pelo BES, e onde explica que, por isso, sentiu ser sua obrigação “tudo fazer para que [o conjunto] não se dispersasse”. Ao longo de 30 anos, reuniu peças cunhadas por mais de 40 Reis, Rainhas, governadores e regentes, também nas colónias.
“Nunca tinha sido reunida uma colecção tão completa e em tão bom estado de conservação”, escreveu Marques da Costa no texto que assina no livro sobre a colecção, editado em 2008 pelo BES, e onde explica que, por isso, sentiu ser sua obrigação “tudo fazer para que [o conjunto] não se dispersasse”. Ao longo de 30 anos, reuniu peças cunhadas por mais de 40 Reis, Rainhas, governadores e regentes, também nas colónias.
A moeda perdida na Suíça
Marques da Costa era um numismata conhecido. “Era muitas vezes o primeiro para quem os vendedores ligavam quando tinham novidades”, disse à SÁBADO um amigo. O empresário chegava a viajar de propósito para participar em leilões. Normalmente arrebatava as peças que queria, mas houve excepções: um dia não conseguiu uma moeda que o tinha feito ir à Suíça. “Era uma rara, cunhada por D. João V [Rei de Portugal entre 1707 e 1750]”, recordou à SÁBADO o mesmo amigo. O coleccionador entrou na sala confiante mas a licitação, que começara nos 5 mil francos suíços (cerca de 4 mil euros), não parara de subir – havia “um indivíduo muito mal vestido” que cobria sempre a oferta, e que acabou por ficar com a moeda quando a licitação atingiu os 100 mil francos (mais de 80 mil euros) – Marques da Costa desistiu. O coleccionador ficou tão chateado que o homem foi pedir-lhe desculpa. “Mas porque é que você deu tanto dinheiro por aquela moeda?”, perguntou-lhe o empresário. O rapaz, ainda ensonado, respondeu: “Eu não percebo nada de moedas. Sou só funcionário do consulado do Brasil em Genebra. Acordaram-me para vir aqui comprar esta moeda para o Banco do Brasil e disseram que não importava o preço.”
Entre as moedas raras da BES Numismática (a mais importante do País, dizem vários especialistas contactados pela SÁBADO) está uma peça de ouro com um diâmetro de 32 milímetros e peso de 14,32 gramas, cunhada por D. Pedro I, Rei do Brasil (1822-1831), para assinalar a sua coroação (à esquerda na foto).
E porque é que é rara? Porque o Rei não gostou de se ver com uma coroa de louros e mandou suspender a cunhagem. Deste lado do Atlântico, aconteceu o mesmo: D. Maria II (que subiu ao trono oficialmente em 1826, mas só governou a partir de 1834) não gostou de se ver numa moeda de 1833, que ficou conhecida como “Degolada” – na moeda, à direita na foto, vê-se a cabeça da Rainha, de perfil, com o pescoço cortado. A imagem trazia-lhe à memória as cabeças saídas da guilhotina na revolução francesa – descontinuou-a.
Marques da Costa era um numismata conhecido. “Era muitas vezes o primeiro para quem os vendedores ligavam quando tinham novidades”, disse à SÁBADO um amigo. O empresário chegava a viajar de propósito para participar em leilões. Normalmente arrebatava as peças que queria, mas houve excepções: um dia não conseguiu uma moeda que o tinha feito ir à Suíça. “Era uma rara, cunhada por D. João V [Rei de Portugal entre 1707 e 1750]”, recordou à SÁBADO o mesmo amigo. O coleccionador entrou na sala confiante mas a licitação, que começara nos 5 mil francos suíços (cerca de 4 mil euros), não parara de subir – havia “um indivíduo muito mal vestido” que cobria sempre a oferta, e que acabou por ficar com a moeda quando a licitação atingiu os 100 mil francos (mais de 80 mil euros) – Marques da Costa desistiu. O coleccionador ficou tão chateado que o homem foi pedir-lhe desculpa. “Mas porque é que você deu tanto dinheiro por aquela moeda?”, perguntou-lhe o empresário. O rapaz, ainda ensonado, respondeu: “Eu não percebo nada de moedas. Sou só funcionário do consulado do Brasil em Genebra. Acordaram-me para vir aqui comprar esta moeda para o Banco do Brasil e disseram que não importava o preço.”
Entre as moedas raras da BES Numismática (a mais importante do País, dizem vários especialistas contactados pela SÁBADO) está uma peça de ouro com um diâmetro de 32 milímetros e peso de 14,32 gramas, cunhada por D. Pedro I, Rei do Brasil (1822-1831), para assinalar a sua coroação (à esquerda na foto).
E porque é que é rara? Porque o Rei não gostou de se ver com uma coroa de louros e mandou suspender a cunhagem. Deste lado do Atlântico, aconteceu o mesmo: D. Maria II (que subiu ao trono oficialmente em 1826, mas só governou a partir de 1834) não gostou de se ver numa moeda de 1833, que ficou conhecida como “Degolada” – na moeda, à direita na foto, vê-se a cabeça da Rainha, de perfil, com o pescoço cortado. A imagem trazia-lhe à memória as cabeças saídas da guilhotina na revolução francesa – descontinuou-a.
No mesmo ano em que sugeriu ao BES que comprasse a colecção de
numismática, Salgado propôs resgatar uma biblioteca quinhentista. A
comissão executiva aprovou: o BES gastou 850 mil euros para que os 7 mil
livros que o catedrático José Pina Martins coleccionou ao longo da vida
não saíssem de Portugal.
A história também começa com um telefonema – de Adriano Moreira, na qualidade de presidente da Academia das Ciências de Lisboa, para Salgado. “A família queria vender a biblioteca, o professor já tinha 88 anos e estava doente. Trata-se de uma biblioteca excelente, muito rara, que é parte do património nacional. Como a academia não podia comprá-la, alertei o dr. Ricardo Salgado, pu-lo em contacto com a mulher do dr. Pina Martins”, recordou à SÁBADO. Salgado enviou um perito do banco ao apartamento que Pina Martins arrendara para instalar a sua biblioteca, na Rua Marquês de Fronteira.
Os livros (as estantes, alguns quadros, e outros objectos da colecção relacionados com as obras) chegaram ao segundo piso do edifício do BES na Rua do Comércio, em Setembro de 2008, em caixas – seis pessoas levaram semanas a desencaixotá-los e a arrumá-los, sempre de luvas. O inventário das obras só ficou terminado em Fevereiro de 2009.
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Livros em cofre à prova de fogo
Agora, a biblioteca ocupa quatro salas e algum espaço num cofre à prova de fogo: há pelo menos dois livros que não estão nas estantes. Um deles – as obras de Horácio (publicadas por Aldo Manuzio, em Veneza, em 1501) – custou a Pina Martins 2.400 contos nos anos 70 (mais de 300 mil euros, a preços de hoje). Mais concretamente, custou-lhe 12 títulos da sua biblioteca: mandou leiloá-los para poder comprar este livro.
Mas há também um livro que acabou por regressar, por acaso, às mãos de Pina Martins, mais de 20 anos depois: a primeira edição comentada d’Os Lusíadas, de 1613, editada em Lisboa, que, em 1963, o professor cedeu a um livreiro-antiquário de São Francisco. Havia de descobri-la numa pequena livraria em Paris, em 1984 – ainda com os apontamentos feitos por si, a lápis.
Cerca de 100 investigadores já visitaram a biblioteca – um professor de Oxford esteve um mês a estudar as obras do poeta português Sá de Miranda – e há dois exemplares que têm anotações feitas por leitores da época.
A história também começa com um telefonema – de Adriano Moreira, na qualidade de presidente da Academia das Ciências de Lisboa, para Salgado. “A família queria vender a biblioteca, o professor já tinha 88 anos e estava doente. Trata-se de uma biblioteca excelente, muito rara, que é parte do património nacional. Como a academia não podia comprá-la, alertei o dr. Ricardo Salgado, pu-lo em contacto com a mulher do dr. Pina Martins”, recordou à SÁBADO. Salgado enviou um perito do banco ao apartamento que Pina Martins arrendara para instalar a sua biblioteca, na Rua Marquês de Fronteira.
Os livros (as estantes, alguns quadros, e outros objectos da colecção relacionados com as obras) chegaram ao segundo piso do edifício do BES na Rua do Comércio, em Setembro de 2008, em caixas – seis pessoas levaram semanas a desencaixotá-los e a arrumá-los, sempre de luvas. O inventário das obras só ficou terminado em Fevereiro de 2009.
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Livros em cofre à prova de fogo
Agora, a biblioteca ocupa quatro salas e algum espaço num cofre à prova de fogo: há pelo menos dois livros que não estão nas estantes. Um deles – as obras de Horácio (publicadas por Aldo Manuzio, em Veneza, em 1501) – custou a Pina Martins 2.400 contos nos anos 70 (mais de 300 mil euros, a preços de hoje). Mais concretamente, custou-lhe 12 títulos da sua biblioteca: mandou leiloá-los para poder comprar este livro.
Mas há também um livro que acabou por regressar, por acaso, às mãos de Pina Martins, mais de 20 anos depois: a primeira edição comentada d’Os Lusíadas, de 1613, editada em Lisboa, que, em 1963, o professor cedeu a um livreiro-antiquário de São Francisco. Havia de descobri-la numa pequena livraria em Paris, em 1984 – ainda com os apontamentos feitos por si, a lápis.
Cerca de 100 investigadores já visitaram a biblioteca – um professor de Oxford esteve um mês a estudar as obras do poeta português Sá de Miranda – e há dois exemplares que têm anotações feitas por leitores da época.
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Recuemos no tempo e a outro telefonema: em Junho de 2004, Alexandra Pinho (casada com Manuel Pinho, que havia de ser ministro da Economia de José Sócrates no ano seguinte) estava na feira de Arte contemporânea de Basileia, na Suíça, quando o telemóvel tocou – tinha luz verde para começar a BESart, uma colecção de fotografia contemporânea que ela criaria do zero, a convite de Ricardo Salgado.
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Em 10 anos, a colecção não parou de crescer – hoje tem cerca de mil obras de mais de 280 artistas, de 38 nacionalidades. É a maior colecção de fotografia contemporânea portuguesa e é até uma referência mundial – este ano foi seleccionada como uma das 100 melhores colecções de arte empresariais do mundo (a única portuguesa), num estudo que analisou durante cinco anos os programas de arte corporativa de mais de 300 empresas.
Recuemos no tempo e a outro telefonema: em Junho de 2004, Alexandra Pinho (casada com Manuel Pinho, que havia de ser ministro da Economia de José Sócrates no ano seguinte) estava na feira de Arte contemporânea de Basileia, na Suíça, quando o telemóvel tocou – tinha luz verde para começar a BESart, uma colecção de fotografia contemporânea que ela criaria do zero, a convite de Ricardo Salgado.
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Em 10 anos, a colecção não parou de crescer – hoje tem cerca de mil obras de mais de 280 artistas, de 38 nacionalidades. É a maior colecção de fotografia contemporânea portuguesa e é até uma referência mundial – este ano foi seleccionada como uma das 100 melhores colecções de arte empresariais do mundo (a única portuguesa), num estudo que analisou durante cinco anos os programas de arte corporativa de mais de 300 empresas.
Uma obra a cada dois dias
Entre 2010 e 2014, a BESart ganhou mais de 300 obras e 80 artistas. Mas o ritmo foi mais intenso nos primeiros anos da colecção – segundo o jornal Expresso o banco adquiria uma obra a cada dois dias. Até 2012, o BES gastava cerca de 1 milhão de euros por ano com novas aquisições. A dotação, de 3 milhões, era aprovada para três anos. A curadora, Alexandra Pinho, geria esse montante – escolhia os artistas e negociava os preços com os galeristas. Em 2008, o BESart garantia que o valor das obras que tinha adquirido já duplicara. Em 2010, Alexandra Pinho disse ao Expresso que algumas peças de Helena Almeida, por exemplo, já valiam mais 260% do que no momento em que tinham sido adquiridas. O Novo Banco não confirmou à SÁBADO estes valores.
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Os critérios eram estes: os autores serem artistas contemporâneos, com entre 20 e 90 anos, e as obras posteriores ao ano 2000. Alexandra Pinho, que não quis falar à SÁBADO, explicou, em 2010, numa entrevista ao jornal Mundo Português, que considerava melhor “andar para a frente do que trabalhar sobre o passado”. E acrescentou: “Estamos no século XXI. Se tentássemos fazer uma colecção histórica nunca mais teríamos uma colecção contemporânea.” Havia ainda, explicou, aspectos práticos a justificarem a escolha: “Enquanto as obras recentes estão disponíveis, as mais antigas só em leilões e a preços muito superiores.”
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A colecção arrancou com a compra de uma caixa de luz do artista canadiano Jeff Wall (à esquerda na foto), um auto-retrato da fotógrafa e realizadora norte-americana Cindy Sherman (à direita na foto), uma vista de Xangai do fotógrafo alemão Thomas Struth e uma biblioteca da fotógrafa alemã Candida Höfer.
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O gabinete de comunicação do Novo Banco confirmou à SÁBADO que as colecções BES Numismática e BESart são activos da nova instituição e acrescentou que ambas são “compromissos que se mantêm inalterados e que estão a ser geridos normalmente como antes”. O banco não se pronunciou sobre a biblioteca.
Entre 2010 e 2014, a BESart ganhou mais de 300 obras e 80 artistas. Mas o ritmo foi mais intenso nos primeiros anos da colecção – segundo o jornal Expresso o banco adquiria uma obra a cada dois dias. Até 2012, o BES gastava cerca de 1 milhão de euros por ano com novas aquisições. A dotação, de 3 milhões, era aprovada para três anos. A curadora, Alexandra Pinho, geria esse montante – escolhia os artistas e negociava os preços com os galeristas. Em 2008, o BESart garantia que o valor das obras que tinha adquirido já duplicara. Em 2010, Alexandra Pinho disse ao Expresso que algumas peças de Helena Almeida, por exemplo, já valiam mais 260% do que no momento em que tinham sido adquiridas. O Novo Banco não confirmou à SÁBADO estes valores.
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Os critérios eram estes: os autores serem artistas contemporâneos, com entre 20 e 90 anos, e as obras posteriores ao ano 2000. Alexandra Pinho, que não quis falar à SÁBADO, explicou, em 2010, numa entrevista ao jornal Mundo Português, que considerava melhor “andar para a frente do que trabalhar sobre o passado”. E acrescentou: “Estamos no século XXI. Se tentássemos fazer uma colecção histórica nunca mais teríamos uma colecção contemporânea.” Havia ainda, explicou, aspectos práticos a justificarem a escolha: “Enquanto as obras recentes estão disponíveis, as mais antigas só em leilões e a preços muito superiores.”
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A colecção arrancou com a compra de uma caixa de luz do artista canadiano Jeff Wall (à esquerda na foto), um auto-retrato da fotógrafa e realizadora norte-americana Cindy Sherman (à direita na foto), uma vista de Xangai do fotógrafo alemão Thomas Struth e uma biblioteca da fotógrafa alemã Candida Höfer.
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O gabinete de comunicação do Novo Banco confirmou à SÁBADO que as colecções BES Numismática e BESart são activos da nova instituição e acrescentou que ambas são “compromissos que se mantêm inalterados e que estão a ser geridos normalmente como antes”. O banco não se pronunciou sobre a biblioteca.
* Espantoso, sugerimos uma visita que indubitavelmente vamos fazer logo que nos permitam.
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