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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
24/07/2023
DANIEL DEUSDADO
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Framboesas Ventura
1 O mundo vive a caminho de um paradoxo cada vez mais próximo de ser irreversível: as temperaturas sobem brutalmente em todo o globo e com elas crescem os acidentes meteorológicos extremos - seca, precipitação diluviana e furacões. Tudo nos conduz a uma situação de desaparecimento do mais precioso bem para a nossa sobrevivência, a água, porque mesmo quando chove muito em pouco tempo, os solos estão esqueléticos e não a conseguem absorver. Por cá, estamos exatamente neste ponto: apesar de ter havido situações de cheias em algumas bacias hidrográficas em novembro, o solo absorveu pouca água e, depois disso, praticamente não choveu mais. Muitos agricultores gastam cada vez mais energia para tirarem água de poços ou das charcas que, ano após ano, se reduzem ou secam.
Mas é quase impossível acreditarmos nisto porque cada ida ao supermercado é um momento de percorrer corredores de abundância aparentemente eterna. A temperatura é agradável e os alimentos frescos não faltam. Todavia, ainda este ano, vi em Inglaterra (não num país do terceiro mundo) frutas e vegetais voarem imediatamente ao chegarem às prateleiras, além de, semanas a fio, não haver nem ovos nem tomates. E não, não é apenas o Brexit. A gripe aviária levou ao abate de milhões de aves pela Europa fora e várias cadeias de abastecimento vão sofrendo interrupções por falta de produtos devido a disrupções meteorológicas. Quem planta tomate fora de estufa sabe quão provável é acabarem queimados, dada a intensidade do calor e sol. Este ano, no Fundão, perdeu-se 70% da colheita da cereja por chuva fora do tempo. Instalar telas de proteção (ensombramento e chuva) são investimentos enormes para pequenas empresas. E os apoios do Governo não chegam para todos.
E assim chegamos aos frutos vermelhos da Costa Alentejana e ao "bordel" paquistanês invocado esta semana por André Ventura no debate sobre o Estado da Nação. A verdade é que não há mão-de-obra suficiente para trabalhar na agricultura (e em muitas outras coisas). Quantos portugueses desejam que os seus filhos fiquem ligados a um trabalho de sol a sol de salário mínimo? E todos somos contra o salário mínimo, exceto no supermercado e na inflação, que aí não, as laranjas ou os agriões têm de se manter a um preço baixo.
Sem imigrantes vamos gradualmente deixar de comer. Só a demagogia de André Ventura encobre isto aos portugueses que ele pretende domesticar. Claro que, organizar melhor a imigração é importante - e evitar redes de tráfico humano imprescindível -, mas pior seria se fechássemos as fronteiras. O preço da alimentação subiria em flecha. E então aí os populistas gritariam contra a inflação e a escassez. Porque esse é o problema de quem põe os neurónios a pensar num só problema de cada vez - só há consequências, nunca causas. Quer continuar a comer, dr. Ventura? Nacional ou importado de qualquer sítio?
2 António Costa sabe certamente que a água é o bem mais precioso a garantir para o futuro da nossa e das gerações vindouras. Construir Alcochete, e uma cidade aeroportuária em cima do maior manancial de água doce da Península Ibérica, é como querer vender a mãe (Natureza) a favor de um ideário político démodé - as Esquerdas em redor de Pedro Nuno Santos e de um delirante e ambientalmente catastrófico desenvolvimento na Margem Sul.
Se a água for tida em conta como vital, será claríssimo que há locais com menos impacto ambiental para se fazer um aeroporto. Como dizia esta semana o Guardian, a seca é a nova pandemia do mundo. Ora, se há coisa que o dr. Costa percebe bem, é de pandemias. Evitam-se.
* Jornalista
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" -23/07/23.
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3416.UNIÃO
putin HUYLO
putin é um canalha.
Por ocasião do 49.º aniversário do 25 de abril, a RTP emitiu o documentário «A PIDE Leninha: a história de uma torturadora» que recorda uma das mais violentas agentes da polícia política do Estado Novo, Maria Madalena das Dores Oliveira. Com realização e guião de Leandro Ferreira e Jorge Sá, este trabalho lembra que a potestad da tortura durante a ditadura não foi um exclusivo masculino. A partir de 1961, o regime abriu a possibilidade de as funcionárias da PIDE, que até aí haviam exercido apenas funções de natureza administrativa, passarem a integrar também a secção de investigação a quem competia a «produção de prova» e, claro, os interrogatórios. Madalena das Dores Oliveira viu, assim, abrir-se a porta para a concretização de um sonho de infância, o de servir o regime de Oliveira Salazar, através da perseguição e do combate a todos os oposicionistas da «situação». Um dos aspetos mais interessantes deste documentário, prende-se com os depoimentos de mulheres, ex-presas políticas, que foram vítimas da violência brutal da «Pide Leninha» durante os «interrogatórios». Dos seus relatos transparecem ainda as marcas que esses momentos deixaram nas suas vidas.
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