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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
12/02/2017
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VII-PEDRAS QUE FALAM
1- MURO NA PAISAGEM
A
RTP Madeira produziu um excelente documentário, numa série de 12 programas, sobra
a temática dos recursos naturais com incidência nos recursos
geológicos, a que denominou "Pedras que falam", de autoria do Engº
Geólogo João Baptista Pereira Silva.
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Sam Kass
Quer ensinar bem as crianças?
Alimente-as bem
O que podemos esperar que nossas crianças aprendam se elas estão com fome ou comem dietas cheias de açúcar e vazias de nutrientes? O ex-chefe da Casa Branca e formulador de política alimentar Sam Kass discute o papel que as escolas podem desempenhar nos corpos dos alunos, além de suas mentes.
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RUI TAVARES
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IN "GERINGONÇA"
29/01/17
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Quem tem medo de mudar
a Europa a partir do Sul?
Entendamo-nos. Passos Coelho foi primeiro-ministro de Portugal
durante quatro anos de crise em que nunca teve mais estratégia europeia
do que falar com a Alemanha. Sempre se recusou a aceitar que seria
possível coordenar posições com os países do Sul. Deu ordens expressas à
representação portuguesa na UE para não fazer nada com os gregos.
Ajudou a agravar o discurso de segregação entre os países que mais
sofreram com a crise. Tudo péssimas escolhas, mas era primeiro-ministro e
tinha o direito de as fazer.
Aquilo que Passos não pode fazer, aquilo que é irresponsável e
indigno do pin com a bandeira que usa na lapela, é destratar uma cimeira
organizada por Portugal e em Portugal, com sete países da UE, como um
“grupinho” (em declarações de que soube há pouco via SIC).
Toda a faixa Sul da União Europeia um grupinho? Um terço da zona euro
em Lisboa, um grupinho? Dois países fundadores da UE, como a França e a
Itália, um grupinho? E quando reunem Portugal e Espanha em cimeiras
ibéricas, é um grupito?
Ao tratar assim uma parte da estratégia do seu país na União
Europeia, Passos desqualifica-se como candidato a primeiro-ministro. E
ridiculariza-se como ex-homem de estado que não sabe encarar com
dignidade a passagem de testemunho.
IN "GERINGONÇA"
29/01/17
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XVIII-VISITA GUIADA
Casas Pintadas/2
ÉVORA - PORTUGAL
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
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HOJE NO
"EXPRESSO"
"EXPRESSO"
Calçado tem 49 milhões
para a indústria 4.0
Fileira quer ser mais eficiente e usar a tecnologia para fidelizar clientes
A indústria do calçado prevê um
investimento de 49 milhões até 2020 no âmbito de um projeto integrado do
sector já aprovado no pacto da iniciativa Indústria 4.0, anunciou este
domingo o diretor geral da APICCAPS - Associação dos Industriais do
Calçado, Manuel Carlos.
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A par do investimento na componente imagem e na inovação e internacionalização, o sector está apostado, agora, em eleger o consumidor como foco. A ideia é é usar todos os instrumentos tecnológicos existentes para fazer esse trabalho e juntar ganhos de eficiência à flexibilidade de produção que as empresas já conseguiram alcançar.
O projeto integrado que pode servir modelos de negócio como o dos sapatos personalizados, entregues em 24 horas, resultou de um trabalho de equipa com diferentes áreas de especialização de forma a integrar todo o circuito, do consumidor à produção.
No terreno, isto pode traduzir-se em soluções como a colocação de sensores no chão de fábrica para transmitirem indicações as máquinas, ou chips de localização nos sapatos das crianças.
A ideia é aproveitar diferentes fontes de financiamento neste trabalho que pode ser decisivo, também, para vencer o campeonato da valorização do produto, adianta Manuel Carlos no dia inauguração da Micam, a decorrer em Milão, até quarta-feira, com a presença de 97 empresas portuguesas, o segundo maior contingente estrangeiro no certame, atrás de Espanha.
* Muito boa notícia.
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A par do investimento na componente imagem e na inovação e internacionalização, o sector está apostado, agora, em eleger o consumidor como foco. A ideia é é usar todos os instrumentos tecnológicos existentes para fazer esse trabalho e juntar ganhos de eficiência à flexibilidade de produção que as empresas já conseguiram alcançar.
O projeto integrado que pode servir modelos de negócio como o dos sapatos personalizados, entregues em 24 horas, resultou de um trabalho de equipa com diferentes áreas de especialização de forma a integrar todo o circuito, do consumidor à produção.
No terreno, isto pode traduzir-se em soluções como a colocação de sensores no chão de fábrica para transmitirem indicações as máquinas, ou chips de localização nos sapatos das crianças.
A ideia é aproveitar diferentes fontes de financiamento neste trabalho que pode ser decisivo, também, para vencer o campeonato da valorização do produto, adianta Manuel Carlos no dia inauguração da Micam, a decorrer em Milão, até quarta-feira, com a presença de 97 empresas portuguesas, o segundo maior contingente estrangeiro no certame, atrás de Espanha.
* Muito boa notícia.
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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Analistas prevêem crescimento
do PIB de 1,3% em 2016
Crescimento em 2016 deverá ficar abaixo do ano anterior mas acima das previsões do Governo
A economia portuguesa deve ter crescido
1,3% no conjunto de 2016, segundo analistas contactados pela agência
Lusa, estimativa que, a confirmar-se, revela um abrandamento face ao ano
anterior, embora fique ligeiramente acima do previsto pelo Governo.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na terça-feira a
estimativa rápida das contas nacionais trimestrais referente ao quarto
trimestre do ano passado, apresentando também a evolução do Produto
Interno Bruto (PIB) no conjunto de 2016.
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De acordo com a média de previsões de
analistas contactados pela agência Lusa, a economia portuguesa deverá
ter crescido 1,3% no ano passado. Embora ligeiramente acima da previsão
de 1,2% estimada pelo Governo no Orçamento do Estado para 2017, este
valor, a confirmar-se, revela um abrandamento do crescimento do PIB face
a 2015, quando progrediu 1,5%.
O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) apresenta a estimativa de crescimento económico mais otimista entre as recolhidas pela Lusa, de 1,4%, depois de um quarto trimestre do ano que “correu bastante bem”.
Após o crescimento económico no terceiro trimestre (0,8% em cadeia e 1,6% em termos homólogos) ter apanhado os analistas de surpresa, o ISEG antecipa que este ritmo se tenha mantido nos últimos três meses do ano, ao crescer também 0,8% em cadeia e 2% em termos homólogos.
Segundo António da Ascensão Costa, do ISEG, foi “claramente o consumo privado” a explicar o crescimento de 2016, que, no segundo semestre, acelerou, “começando a responder a um conjunto de medidas que tinham sido tomadas” pelo Governo, como o fim faseado dos cortes salariais na Administração Pública.
Por sua vez, o Núcleo de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica prevê que o PIB tenha subido 1,3% em 2016, estimativa influenciada também pela “surpresa positiva” do terceiro trimestre.
Nesse sentido, o NECEP antecipa que o PIB tenha crescido, no quarto trimestre, 0,6% em cadeia e 1,8% em termos homólogos.
Questionado sobre o que explica o crescimento económico no conjunto do ano, João Borges de Assunção, da Católica, disse que “uma das possibilidades é a maneira como o próprio Governo construiu a política orçamental em 2016, porque há uma série de efeitos que só ocorreram no final do ano”, como a reposição dos salários da função pública e a redução do IVA na restauração.
Embora apresentem as estimativas mais otimistas, estes dois professores concordam em afirmar que este ritmo de crescimento não é suficiente para que a economia recupere os níveis anteriores à crise, sendo necessários ainda “dois ou três anos”.
O BPI, por sua vez, antecipa que a economia tenha crescido entre 1,2% e 1,3% em 2016, depois de um quarto trimestre com uma subida entre 0,4% e 0,5% em cadeia e entre 1,6% e 1,8% em termos homólogos. “Parece-nos que, atendendo também à dinâmica do resto do ano, os principais contributos poderão ser das exportações e do consumo privado também. E depois nota-se também uma tentativa de estabilização das exportações para Angola que tem um peso significativo ainda. Também deverá ponderar o reforço da atividade de turismo”, disse a economista-chefe do BPI, Paula Carvalho.
Já o Montepio apresenta a estimativa mais pessimista, antecipando que o PIB cresça 1,2% no conjunto de 2016 — em linha com o Governo.
“O abrandamento face a 2015 resultou sobretudo do investimento em capital fixo, que terá caído em 2016”, destacou o economista-chefe do banco, Rui Bernardes Serra.
O economista salientou ainda que o consumo privado também terá tido “algum abrandamento”, enquanto as “exportações líquidas terão tido um contributo ligeiramente positivo para o crescimento”.
Para 2017, BPI e Montepio estimam que a economia cresça 1,5% – em linha com o antecipado pelo Governo -, enquanto o NECEP prevê que o PIB avance 1,7%. O ISEG ainda não tem uma estimativa para o conjunto deste ano.
* Mais importante que a subida do PIB é a transparência dos membros do governo, o que não tem acontecido, os portugueses descobriram que tal como o anterior este governo mente.
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ESTA SEMANA NA
"DELAS"
"DELAS"
250 mil crianças
estão a ser obrigadas a combater
No Dia Internacional contra a Utilização de Menores Soldados,
Organizações Não Governamentais (ONGs alertam ) para a existência de
;cerca de 250 mil crianças tenham de ser soldados em 17 países. Apesar
de não haver dados exatos, estima-se que mais de 230 mil menores vivam
em zonas de guerra.
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Várias ONGs denunciam esta violação dos direitos humanos e, com o
propósito de alertarem para este drama, decorrem este domingo, 12,
várias ações, incluindo a VI Marcha Solidária ‘Corre por uma causa,
corre pela educação’, organizada pela ONG Entreculturas, que vai
acontecer na Casa de Campo de Madrid.
Os fundos angariados com a iniciativa vão ser canalizados para a
educação de 945 crianças do Sudão do Sul e para a formação de 50
professores da localidade de Maban, onde atualmente vivem 135 mil
refugiados sudaneses e 15 mil deslocados internos que fugiram dos
conflitos do Sudão e do Sudão do Sul.
De acordo com as Nações Unidas, mais de três milhões de pessoas
viram-se forçadas a fugir das suas casas no Sudão do Sul. Além disso,
1,8 milhões de pessoas estão deslocadas no interior do país e 1,4
milhões de pessoas estão refugiadas em países vizinhos.
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Também a Entreculturas e o Serviço Jesuíta a Refugiados anunciaram em
comunicado que vão juntar-se à Rede Mundial da Oração do Papa para a
causa das crianças soldado.
Estas ONG trabalham para promover a educação entre os menores da
República Centro-Africana, do Sudão do Sul e da Colômbia para que as
crianças recuperem a sua vida normal para que “voltem ao lugar onde
deviam estar: na escola”
* Um crime hediondo, o recrutamento de crianças.
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Na nota divulgada, o Museu Nacional da Imprensa lembrou como a jornalista conseguiu a primeira entrevista do ex-rei Humberto I de Itália, que se exilara em Lisboa, após a implantação da República.
Manuela de Azevedo fez-se passar por criada para conseguir a entrevista, que foi publicada no Diário de Lisboa, em Junho de 1946.
Além da obra literária e jornalística, Manuela de Azevedo deixa a sua marca na Casa-Memória de Camões, em Constância, projecto em que trabalhou durante 40 anos.
Em 31 de Agosto de 2016, a jornalista e escritora apagou as velas dos seus 105 anos colocadas num bolo em forma de máquina de escrever e perante um coro, que incluiu a voz do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com quem trabalhou.
Na altura, a jornalista, entre os episódios que contou, recordou as viagens que fez com Marcelo Rebelo de Sousa quando os dois partilhavam o ofício. "Fizemos algumas viagens juntos. Sempre nos demos muito bem e há uma 'gaffe' que eu cometi, numa viagem de avião para o Norte da Europa. Ele ia com o Adelino [Cardoso, do Diário Popular] e eu que não sabia do passado de ambos [tinham trabalhado juntos em Moçambique] disse que os extremos tocam-se, porque o Adelino era da extrema-esquerda e o outro da direita e eles não gostaram", revelou.
Na ocasião, o Presidente da República condecorou a jornalista com a Ordem da Instrução Pública, já que antes tinha recebido outras condecorações pelo Mérito, Liberdade e Luta pela Liberdade em 1995 e 2014.
* Uma grande senhora.
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
Morreu Manuela de Azevedo,
a primeira jornalista portuguesa
Manuela de Azevedo, a primeira jornalista mulher a ter carteira
profissional em Portugal, morreu pelas 12h00 desta sexta-feira, no
Hospital de S. José, em Lisboa, aos 105 anos, informou a direcção do
Museu Nacional da Imprensa. A antiga repórter tinha sido internada na
terça-feira.
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Depois da morte de Clare Hollingworth, há um mês, em
Hong Kong, Manuela de Azevedo era a repórter mais antiga do mundo, que
trabalhava actualmente num livro com cerca de 200 cartas, segundo a
informação divulgada pela direcção do Museu Nacional da Imprensa - que
tinha editado os seus últimos livros.
A centenária foi
romancista, ensaísta, poeta e contista, tendo escrito também peças de
teatro, uma delas censurada pelo regime de Salazar, tendo ainda
enfrentado a censura num artigo que escreveu em 1935 sobre a eutanásia.
Na nota divulgada, o Museu Nacional da Imprensa lembrou como a jornalista conseguiu a primeira entrevista do ex-rei Humberto I de Itália, que se exilara em Lisboa, após a implantação da República.
Manuela de Azevedo fez-se passar por criada para conseguir a entrevista, que foi publicada no Diário de Lisboa, em Junho de 1946.
Além da obra literária e jornalística, Manuela de Azevedo deixa a sua marca na Casa-Memória de Camões, em Constância, projecto em que trabalhou durante 40 anos.
Em 31 de Agosto de 2016, a jornalista e escritora apagou as velas dos seus 105 anos colocadas num bolo em forma de máquina de escrever e perante um coro, que incluiu a voz do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com quem trabalhou.
Na altura, a jornalista, entre os episódios que contou, recordou as viagens que fez com Marcelo Rebelo de Sousa quando os dois partilhavam o ofício. "Fizemos algumas viagens juntos. Sempre nos demos muito bem e há uma 'gaffe' que eu cometi, numa viagem de avião para o Norte da Europa. Ele ia com o Adelino [Cardoso, do Diário Popular] e eu que não sabia do passado de ambos [tinham trabalhado juntos em Moçambique] disse que os extremos tocam-se, porque o Adelino era da extrema-esquerda e o outro da direita e eles não gostaram", revelou.
Na ocasião, o Presidente da República condecorou a jornalista com a Ordem da Instrução Pública, já que antes tinha recebido outras condecorações pelo Mérito, Liberdade e Luta pela Liberdade em 1995 e 2014.
* Uma grande senhora.
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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
"VISÃO"
Bataglia, o facilitador premiado
Em abril do ano passado, o homem do Grupo Espírito Santo em África disse nada saber sobre as transferências para Santos Silva. Em janeiro, e em troca de liberdade, Bataglia veio a Lisboa incriminar Ricardo Salgado e dar explicações sobre €29 milhões que recebeu do GES. O que contaram um e outro à Justiça?
Se há uma figura-chave na Operação Marquês, essa figura é Hélder
Bataglia, o luso-angolano que durante anos foi uma espécie de ponta de
lança dos negócios do Grupo Espírito Santo em Angola, no Congo e até na
China. O homem que lançou as escadas para o nascimento do Banco Espírito
Santo Angola (BESA), fazendo a ponte entre Ricardo Salgado e José
Eduardo dos Santos; que chegou a passar férias com o então mais reputado
banqueiro de Portugal e que, a 5 de janeiro, numa sala do Departamento
Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), incriminou Salgado.
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No
verão de 2016, já era claro para os investigadores que “todas as
operações suspeitas” de um intrincado circuito financeiro, montado no
estrangeiro para que milhões acabassem nas contas de Carlos Santos Silva
(suspeito de ser o testa de ferro de José Sócrates), tinham em comum
este nome que poucos conheciam em Portugal até rebentar o escândalo dos
submarinos – Hélder Bataglia – mas que já era bastante conhecido do
Ministério Público. Também já era claro que os fundos que chegaram às
contas de Santos Silva desde 2006 tinham saído dos cofres do BESA (de
que Bataglia era administrador) ou da Espírito Santo Enterprises, a
sociedade que não aparecia nos organogramas nem nas contas do Grupo
Espírito Santo (GES) e que o Ministério Público suspeita ser uma espécie
de saco azul do grupo.
Seriam precisos meses para que
Hélder
Bataglia viesse a Lisboa “entregar” Ricardo Salgado. Para que
explicasse, ao que apurou a VISÃO, um total de 29 milhões de euros
recebidos na Suíça via Grupo Espírito Santo, entre 2006 e 2009. E para
que, depois, Salgado desmentisse a sua versão e garantisse ao Ministério
Público não ter dado ordens para fazer transferências para Carlos
Santos Silva ou quem quer que seja.
A investigação sabia que 12
milhões de euros tinham circulado entre o suposto saco azul do GES e
Carlos Santos Silva, tendo como primeiro intermediário Hélder Bataglia e
segundo intermediário Joaquim Barroca, o patrão do grupo Lena que
passou meses em prisão domiciliária por suspeitas de corrupção ativa,
fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais na Operação
Marquês. Sabia também que outras transferências apontavam para José
Paulo Pinto de Sousa, um primo de Sócrates residente em Angola e
referenciado no caso Freeport. Hélder Bataglia tinha de ser uma
peça-chave, pensavam os investigadores. Afinal, o empresário
luso-angolano conhecido por ser um facilitador de negócios, por
“fazê-los acontecer”, era uma figura omnipresente no processo, parecendo
unir todas as pontas.
Bataglia era acionista de Vale do Lobo. E
também acionista da Akoya, a sociedade suíça de gestão de fortunas de
que Salgado era cliente e que está no centro da operação Monte Branco.
Consigo terá levado como sócio Álvaro Sobrinho, o angolano que se
destacava nos escritórios do BES em Lisboa como um atuário brilhante,
até ao dia em que Bataglia conseguiu que se abrissem as portas de uma
filial angolana do BES em Luanda (o BESA) e sugeriu a Salgado o nome de
Sobrinho para presidente-executivo.
Estávamos em 2001 e Salgado e
Bataglia eram unha com carne. O presidente do BES estava contente com o
crescimento dos negócios do grupo em África e Bataglia era o principal
responsável por esse êxito. Tinha fundado a Escom, a que presidia (tinha
33%, o resto era do GES), no início dos anos 90, para se dedicar à
importação de bens alimentares e medicamentos, a projetos imobiliários,
de exploração de petróleo ou de prospeção de diamantes em Angola e no
Congo-Brazzaville.
Antes da Operação Marquês e antes do Monte
Branco, Bataglia já tinha sido investigado noutro processo, precisamente
por causa da Escom: o dos submarinos. A empresa tinha intermediado o
negócio pelo lado dos alemães e recebido em troca uma comissão de cerca
de 27 milhões de euros, que despertou a atenção do Ministério Público. O
inquérito foi aberto mas quando os investigadores finalmente
desvendaram o esquema total de fuga ao fisco e de lavagem de dinheiro –
que teria passado pelos administradores da empresa e pelos cinco ramos
da família Espírito Santo – já era tarde: estava tudo prescrito.
Somadas
a todas estas ligações, Bataglia ainda tinha de ter uma relação
familiar com José Sócrates. O empresário teve uma filha de uma relação
com Filomena Pinto de Sousa, prima de Sócrates que chegou a partilhar
casa com o ex-primeiro-ministro em Paris. E para lá de tudo isto, ainda
dizia ser amigo e parceiro de negócios de José Paulo (conhecido como
“Paulo, o Gordo”), outro primo de Sócrates que também aparece no
circuito do dinheiro da Operação Marquês.
Incrimina Salgado e fica livre
Há muito
tempo que o Ministério Público tinha descoberto que Hélder Bataglia era
beneficiário de pelo menos 14 sociedades offshore (os Panama Papers,
revelados pela TVI e pelo
Expresso, descobriram 23) e tinha colocado 20
telemóveis seus sob escuta. Precisava de saber o que justificava as
transferências para Joaquim Barroca. E deste para Santos Silva.
Por
essa razão, durante meses, o advogado de Bataglia, Rui Patrício, e o
procurador Rosário Teixeira mantiveram um longo braço de ferro: o
procurador queria ouvir o empresário; Bataglia dizia-se disponível para
esclarecer as dúvidas mas numa condição
– não ser privado da liberdade
depois do interrogatório. Rosário Teixeira começou por recusar, tendo
emitido mesmo um mandado de captura internacional que impediria Bataglia
de se afastar de Angola (a investigação suspeita que terá conseguido,
ainda assim, viajar para o Dubai). Mas perante a urgência de ter de
deduzir uma acusação no espaço de dois meses, e sabendo que Bataglia
precisava de viajar, o magistrado acabaria por ceder.
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Bataglia
foi ouvido no DCIAP a 5 de janeiro deste ano. Foi o único intermediário
do dinheiro da Operação Marquês a sair com um simples termo de
identidade e residência (TIR) e a não precisar de se apresentar ao juiz
Carlos Alexandre. O Ministério Público precisava que colaborasse e a
colaboração deu-lhe um passe para a liberdade. Já não precisava de ficar
encurralado em Angola. O que mais pode desejar um milionário habituado a
ir aos melhores hotéis e restaurantes, com negócios e património
espalhados pelo mundo, nas vésperas de completar 70 anos?
Nessa
data, Bataglia entregou Salgado e Carlos Santos Silva. Em Lisboa, o
fundador da Escom contou aos investigadores que, num certo dia, o
ex-presidente do BES lhe pediu para usar uma conta sua para transferir
12 milhões de euros para o empresário amigo de José Sócrates. Como
revelou o Expresso, Bataglia terá chegado mesmo a detalhar seis
encontros com Santos Silva no escritório da Escom nas Amoreiras, para
combinarem como fariam tudo isto deixando um rasto mínimo. Apesar deste
trabalho, Hélder Bataglia terá dito ao Ministério Público que nunca
perguntou a Salgado por que razão iria dar 12 milhões a Santos Silva.
Terá apenas aproveitado a ocasião para pedir mais 3 milhões para si,
alegadamente por ter conseguido a licença para o BES
Angola, muitos anos antes
A versão
comprometia Salgado e Santos Silva mas não necessariamente José
Sócrates. Ao dizer que não sabia porque o banqueiro queria dar dinheiro
ao então administrador do grupo Lena, Bataglia acabava por não deitar
abaixo a tese defendida por Sócrates e pelo amigo: que o dinheiro era de
Santos Silva e que aquele apenas emprestava dinheiro ao antigo
primeiro-ministro.
Só que a história contada no interrogatório é
muito maior e mais complexa. De acordo com informações recolhidas pela
VISÃO, no espaço de três anos, entre 2006 e 2009, Hélder Bataglia
recebeu nas suas contas suíças 29 milhões de euros com origem no BESA e
na Espírito Santo Enterprises. Ou seja, mais 14 milhões além dos 15 que
confessou ter recebido para fazer um suposto favor a Ricardo Salgado.
Na
verdade, os 15 milhões de euros chegaram às suas contas em 2008 e 2009,
em duas tranches do mesmo montante. Antes, em 2006, já tinha recebido 7
milhões com origem no BESA e, em 2007, outros 7 milhões via ES
Enterprises. Estes 14 milhões, se não eram para Santos Silva, eram para
quê?, perguntou Rosário Teixeira. Bataglia disse que também eram
prémios: um “success fee” pelo êxito do BESA e mais uma compensação pela
obtenção da licença bancária para aquele banco (anterior à dos 3
milhões).
Durante o interrogatório, Bataglia ainda explicou que
um dos prémios teria vindo via Escom: a empresa do GES, alegadamente com
o consentimento de Ricardo Salgado, teria pedido um financiamento ao
BESA, para que Bataglia fosse remunerado. Na altura, o empresário não só
presidia à Escom como era administrador do banco angolano. Em 2010,
depois de ter chegado ao suposto acordo para ser intermediário do
dinheiro entre o GES e Santos Silva, e após ter recebido nas suas contas
os 15 milhões de euros, Bataglia terá ainda feito duas transferências:
uma de 2,75 milhões e outra de 3 ou 4 milhões de euros. A primeira
serviria para, alegadamente, pagar um empréstimo dado por Ricardo
Salgado nove anos antes (em 2001) e a segunda para “acertar contas” com
Álvaro Sobrinho.
Cerca de duas semanas depois, a 18 de janeiro,
era chamado Ricardo Salgado a prestar declarações no edifício do DCIAP,
na Gomes Freire, em Lisboa. O que teria o ex-presidente do BES a dizer
sobre tudo isto? Ao que a VISÃO apurou, o antigo banqueiro não vacilou
um segundo. Terá assumido que foram feitos vários pagamentos a Bataglia,
através de entidades do Grupo Espírito Santo, para o compensar pelos
negócios que trazia ao grupo. Mas terá garantido que nunca lhe pediu
favores nem transferências e que a partir daí não faz ideia do rumo que o
milionário deu ao dinheiro.
À saída, um dos seus advogados,
Francisco Proença de Carvalho, disse que as razões para a mudança de
testemunho de Bataglia nesta fase do processo “deveriam ser seriamente
investigadas”. A versão do luso-angolano deu-lhe a liberdade e deixou-o
mais perto de se livrar de uma acusação por corrupção, o crime mais
grave dos que estão em investigação. Em abril, o seu discurso era outro.
Nove meses em que tudo muda
Antes de
entregar Salgado neste depoimento, Bataglia já tinha sido constituído
arguido em Luanda e respondido a 40 perguntas do Ministério Público
português, em abril de 2016. Nessa altura, contou que teria emprestado
cerca de 7 milhões de euros a José Paulo, entre 2005 e 2007. Desse
total, 5,5 milhões de euros acabaram nas contas de Santos Silva. Contou
também que o primo de Sócrates teria compensado parte desse empréstimo
dando-lhe uma parceria num negócio de exploração de umas salinas em
Benguela. Salinas que não chegaram a ser exploradas por suposta falta de
financiamento. Ainda assim, apesar de esse negócio ter rendido zero,
como o terreno era da família Pinto de Sousa, justificou Bataglia, a
dívida estaria praticamente saldada.
Sobre tudo o resto, ao que a
VISÃO averiguou, o empresário não apresentou explicações. Negou ter
conhecimento de transferências para Santos Silva ou Barroca, negou que
as suas contas na Suíça servissem como contas de passagem; disse que não
acordou com ninguém a ocultação da proveniência de fundos, que nunca
quis dar dinheiro a José Sócrates, que nada combinou com Santos Silva ou
com o patrão do grupo Lena. Confirmou apenas ter recebido ao longo da
vida transferências do GES – no qual incluía a ES Enterprises – devido a
negócios e investimentos que conseguira para o grupo. E acrescentou que
as suas contas eram alimentadas por fundos com várias origens, devido
aos seus inúmeros negócios pelo mundo e por ser um “empresário e
investidor ativo”.
Nenhuma destas respostas surpreendeu o
Ministério Público. Continuava a faltar o fundamental: o corruptor e o
motivo. Teria sido o Grupo Lena como contrapartida por Sócrates
interceder pelo grupo empresarial de Leiria junto de altos
representantes de outros países? Teria sido pela aprovação do
financiamento da Caixa Geral de Depósitos a Vale do Lobo, o resort
algarvio de que Bataglia era acionista?
Em outubro de 2015, pela
primeira vez, a dupla Paulo Silva e Rosário Teixeira iria explorar outra
tese, que foi avançada pela VISÃO em primeira mão. E se o caso que tem
como principal arguido José Sócrates estivesse intimamente ligado a
Ricardo Salgado? E se o ex-primeiro-ministro tivesse recebido dinheiro
do misterioso saco azul do GES?
Pelo sim pelo não, a equipa pediu
ao Parlamento toda a informação recolhida sobre a ES Enterprises no
âmbito da comissão de inquérito à queda do BES e do GES. Não demoraria
até que no processo descobrisse a coincidência entre as datas das
operações bancárias sob suspeita e as datas decisivas que rodearam os
negócios da PT, da Vivo e da Oi – que incluem o chumbo da OPA lançada
pela Soneacom, o trunfo da goldenshare usado por Sócrates para valorizar
o negócio da venda da Vivo em 350 milhões de euros e a fusão com a
operadora brasileira Oi, que tanto agradava a Sócrates e a Lula da
Silva.
A ligação à PT
Curiosamente, foi Bataglia
quem abriu caminho para que se chegasse à PT, quando revelou, em 2015,
na Comissão Parlamentar de Inquérito, ter assinado um contrato com a ES
Enterprises de 7,5 milhões de euros. Dinheiro que serviria para
remunerá-lo pela prospeção de novos negócios em Angola e no Congo, em
setores como o imobiliário ou a exploração petrolífera. No
interrogatório de janeiro no DCIAP, Bataglia acrescentou outra função ao
tal contrato: visaria compensá-lo pela sua intervenção nas negociações
destinadas ao pagamento da dívida de Angola, em 2004. Na verdade, Angola
pagaria apenas 35% da sua dívida comercial a Portugal, recorrendo a um
empréstimo de 800 milhões de dólares de um sindicato bancário liderado
pelo BES.
Até àquele momento no Parlamento sabia-se apenas que o
Ministério Público desconfiava da existência de uma sociedade no GES que
teria servido para pagamentos “não documentados”. Falava-se de um
suposto saco azul para pagar a colaboradores e também a políticos. Mas
não se sabia a quem. Até ao dia em que o antigo braço-direito de Salgado
em África fez aquela revelação e se começou a investigar em detalhe as
transações daquela entidade misteriosa com sede nas Ilhas Virgens
Britânicas, a ES Enterprises.
E atrás de um nome viria outro. Primeiro
Bataglia, depois Zeinal Bava, depois outros administradores da PT.
Estaria afinal tudo ligado? Os milhões que se suspeitam ser de Sócrates,
as ordens de transferência de Ricardo Salgado, o saco azul, iria tudo
isto desaguar nos negócios que levaram à destruição da operadora? A dois
meses de deduzir a acusação, o Ministério Público acredita que sim,
estava tudo ligado. Bataglia não confirmou se o caminho está certo ou
errado, mas conseguiu o que queria.
* O camaleão e o seu poder de mimetismo.
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ESTA SEMANA NO
"SOL"
Detetives que falsificaram relatório
sobre Iglesias continuam a trabalhar
O antigo número dois da Polícia Nacional de Espanha, Eugenio Pinto,
confessou por escrito ao juiz que faz a instrução do caso Pujol [antigo
presidente do governo autónomo da Catalunha], José De La Mata, que
durante a sua permanência à frente da polícia utilizou os serviços de
dois detetives da agência Método 3, para produzir relatórios com
acusações contra independentistas catalães e o líder do Podemos.
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O antigo responsável da polícia escreveu ao juiz que «segundo as
informações que disponho estes detetives continuam a colaborar com o CNP
[Corpo Nacional da Polícia]». O diário espanhol Público garante que os
dois detetives em questão, Julían Pernáñez e António Tamarit foram
utilizados para elaborar um dossier fantasma sobre Pablo Iglesias. O
documento foi divulgado como uma investigação das autoridades policiais
espanholas, ficou conhecido na comunicação social como PISA (Pablo
Iglesias Sociedade Anónima) e pretenderia documentar que o Podemos era
financiado pelo Irão.
A suposta investigação foi amplamente reproduzida pela comunicação
social espanhola antes das eleições como uma investigação da Unidade de
Delinquência Económica e Fiscal, que fazia parte de um processo
judicial. A 14 de janeiro de 2014, o Público revelou que o dossier
anti-Pablo Iglesias não era uma investigação policial, não havia nenhum
processo judicial, nem sequer uma denúncia concreta. Poucos meses
depois, descobriu-se que o suposto dossier não passava de um conjunto de
recortes de notícias de jornal e de documentos já publicados e outros
que eram de acesso público dados pelo próprio líder do Podemos.
A única base real é que Pablo Iglesias recebia 700 euros brutos para
produzir, dirigir e apresentar cada programa do “Forte Apache” que
passava numa estação internacional de cabo da televisão iraniana, em
língua espanhola. Iglesias recebeu, por este trabalho, 31 000 euros em
três anos, declarados às finanças espanholas, bastante longe dos
«milhões de dólares que o governo de Teerão deu ao Podemos», que
constavam do suposto informe PISA. Para chegarem a este número, os
autores do documento argumentavam que o facto de uma produtora vender o
programa de debates ‘Forte Apache’ à cadeia Hispan TV, iraniana,
significava um apoio do governo de Teerão ao Podemos. O salto de 31 mil
euros para muitos milhões de dólares era conseguido imputando todas as
despesas de funcionamento da Hispan TV como se fossem um apoio ao
partido de Pablo Iglesias.
O dossier PISA não foi o único produzido pelos detetives contratados e
pagos por fundos governamentais. Em 2016, segundo noticia o Público,
esses mesmos detetives viajaram para a Venezuela e Miami e reuniram com a
oposição venezuelana, com a anuência da DEA dos EUA, para arranjarem um
dossier sobre os supostos financiamentos venezuelanos ao Podemos.
«Segundo revelou o Público, todos os confidentes [que avalizavam que
tinham existido estas transferências] estavam protegidos pelo governo
dos EUA – dois deles estavam os papéis do Panamá por esconderem a sua
fortuna em paraísos fiscais – porque ‘queriam negociar com Espanha uma
autorização de residência ou a nacionalidade em troca das acusações que
fariam sobre os membros do Podemos’, explicou uma fonte policial que
participou nessa operação». Foi dessa operação que saiu um dossier em
que se acusava Pablo Iglesias de ter recebido 200 000 euros do governo
da Venezuela, posteriormente publicadas nos jornais.
* A pulhice, é o nome adequado, de Rajoy.
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FONTE: esquerda.net
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Senso d'hoje
JOÃO BAU
INVESTIGADOR
EX-PRESIDENTE DA EPAL
EX ADMINISTRADOR
DAS ÁGUAS DE PORTUGAL
"A ÁGUA E O SOCIAL"
Quando é cortada água por uma pessoa
não ter dinheiro,isso é uma violação
do direito à água
não ter dinheiro,isso é uma violação
do direito à água
Há que garantir um mecanismo de solidariedade para financiar a água
de quem não a pode pagar
de quem não a pode pagar
Quem quiser consumir água engarrafada,
que a consuma, mas pague-a!
Há países por todo o mundo que remunicipalizaram o abastecimento de água
A água é um bem comum que
deve ser garantida a todos,
ou é uma mercadoria como a Coca Cola.
FONTE: esquerda.net
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