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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
16/11/2014
CRISTINA AZEVEDO
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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS2
14/11/14
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Para inglês ver...
Que é como quem diz "para turista pagar".
Isto a propósito da corrente e despropositada discussão sobre a
introdução de uma taxa municipal sobre os turistas em Lisboa. É curioso
que me vem logo à memória o que, como escrevi neste espaço há alguns
meses, mais vi escrito em paredes, fontes e passeios na minha última
visita a Roma: "Os turistas são piores que os exércitos de ocupação!".
Para
além de, num primeiro momento, nos fazerem sentir como as antigas
hordas de bárbaros que fizeram cair o Império, a seguir os graffiti
omnipresentes fazem-nos olhar com muita atenção para o desgaste de quase
tudo o que nos rodeia.
Os degraus milhões de vezes calcados, os
passeios milhões de vezes sujos e milhões de vezes varridos, as lâmpadas
públicas milhões de vezes fundidas, os caixotes do lixo milhões de
vezes cheios, esvaziados e vandalizados, os jardins milhões de vezes
estragados e desflorados. Isto num olhar muito rápido e num perímetro
muito curto.
Ou seja, apesar de em termos económicos a dinamização
do mercado turístico ser, em princípio, positiva para qualquer
comunidade, a verdade é que não há muitas vezes equilíbrio entre o lucro
dos agentes privados e os custos dos agentes públicos. Será que o
dinheiro que uma Câmara recebe por via do aumento de impostos dos
agentes privados (restauração, hotelaria, serviços de animação turística
etc.) chega para custear o aumento da provisão de serviços públicos e,
sobretudo, para investir na manutenção/regeneração do espaço e
equipamentos públicos?
É muito provável que não. Por isso, é
salutar que o turista contribua diretamente para financiar aquilo que
estraga. Não é mais nem menos do que aplicar ao turista o princípio do
utilizador/pagador. A fruição de um espaço bem arranjado, de uma
segurança eficaz ou de um serviço de transportes públicos eficiente é
normalmente subvalorizada e quase sempre custeada pelos contribuintes
locais!
E isto em cidades onde a afluência turística ainda é
saudável! Porque ninguém poderá nunca pagar a transformação de Veneza em
Disneylândia ou mesmo evitar o seu definitivo desaparecimento. É aliás
com enorme tristeza que o presidente da Região do Venetto diz que há 800
anos que não precisa de qualquer contribuição do Governo central para
apoio ao turismo!
A questão, parece-me, não é tanto o levantar de
algumas barreiras como garantia de uma atividade turística responsável,
mas sim a ausência da afirmação de que se quer que essa atividade seja,
desde o início, sustentável e responsável.
Portanto, só seria
preciso que António Costa consignasse, de facto, a receita que a Câmara
vai auferir com esta taxa, a investimentos ou custos com a mesma
diretamente relacionada.
Porque o que está mal com as contas do
Governo é que tudo, mas mesmo tudo, serve para ser sugado pelo grande
buraco negro do défice. Seja o aumento dos impostos sobre o rendimento, a
taxa sobre a restauração ou as privatizações, tudo serve o mesmo grande
propósito: diminuir o défice.
Ora, todas estas formas de fazer
receita têm um fundamento diferente. E é por isso que tanto aflige que,
por exemplo, o dossier das privatizações seja tão penosamente
indiferenciado.
Portanto, muito mais grave do que lançar a taxa,
será fazê-lo e ter ruas esburacadas, lixo aos montes, zonas de escuridão
e banditagem. E no final, vir dizer que é o avassalador acréscimo de
turistas o grande culpado.
Tudo isto, aliás, poderia ter sido de
imediato aduzido e deduzido se, em Portugal, houvesse o meritório hábito
de estabelecer cenários e calcular impactos. Já foi inventada a
metodologia que nos permite, face ao histórico e a previsões moduladas
de formas mais ou menos prudentes, calcular com precisão o efeito de
determinada política ou medida.
O que incomoda é que António
Costa e Paulo Portas estão fartos de saber disto. Mas como se
organizaria a luta política, a luta do sound bite, das declarações e
contradeclarações, se os assuntos não fossem sistematicamente debatidos
na generalidade e na superficialidade?
Por isso a taxa é para turista pagar mas a discussão, infelizmente, para inglês ver......
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS2
14/11/14
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FONTE: SÉRGIO MOTA
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5-HISTÓRIA
ESSENCIAL
DE PORTUGAL
VOLUME II
O
professor José Hermano Saraiva, foi toda a vida uma personalidade
polémica. Ministro de Salazar, hostilizado a seguir ao 25 de Abril, viu
as portas da televisão pública abrirem-se para "contar" à sua maneira a
"HISTÓRIA DE PORTUGAL", a 3ª República acolhia o filho pródigo.
Os
críticos censuraram-no por falta de rigor, o povo, que maioritariamente
não percebia patavina da história do seu país, encantou-se na sua
narrativa, um sucesso.
Recuperamos uma excelente produção da RTP.
FONTE: SÉRGIO MOTA
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OS ACTUAIS REIS
DO VIRTUOSISMO
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Clube de Mergulho de Dintefisch
Clube dos Papagaios de Papel
O Clube dos Alegres Fumadores de Cachimbo
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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
"SÁBADO"
O meu ‘hobby’ é mais
extravagante do que o teu
Uma mulher e um homem, de nacionalidade suiça e profissionais de fotografia, encontraram grupos de sado-masoquismo, uma associação de taxidermistas e os amigos dos talhantes. Conheça a série ‘Hobbie Buddies’
“Como passa os seus tempos livres?” é a questão comum que motivou este
trabalho de Ursula Sprecher e Andi Cortellini. Os fotógrafos são autores das 60 imagens da série ‘Hobby Buddies’, encontraram
respostas bem insólitas.
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Tudo começou em 2007. Começaram a pesquisar na Internet e encontraram
vários grupos com passatempos extravagantes: há quem se interesse pelo
sado-masoquismo, outros organizam campeonatos para desossar a carne de
animais, e alguns fazem e lançam papagaios de papel.
Clubes, ligas ou associações, “não importa como se chamam a si
próprios”, afirmam as fotógrafas: “Focámo-nos no compromisso voluntário e
na alegria de perseguir uma causa comum”. Sprecher e Cortellini
contaram à SÁBADO que todas as fotografias foram tiradas na Suíça. “Mas
para este tipo de trabalho e tendo em conta a sua mensagem, não é
importante onde é que as fotografias foram tiradas”, asseguram.
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E as pessoas não levantaram problemas por aparecer nestas imagens? “No
início, algumas tinham uma ideia diferente de como é que a fotografia de
grupo deveria ser. Mas já tínhamos todo o conceito nas nossas cabeças.
As roupas, os adereços, os acessórios – nada foi deixado ao acaso.”
Anos depois, todas as imagens foram editadas num livro, publicado pela
editora alemã Kehrer in Heidelberg. E se pudessem escolher, a que grupo
aderiam as fotógrafas? “Não sabemos, depende se nos pergunta na
segunda-feira, na terça ou na quarta. Mas não temos preferências.”
Andi Cortellini e Ursula Sprecher explicaram à SÁBADO os hábitos destas
pessoas. Aqui, está o Clube dos Poodles: “Os membros deste clube
encontram-se pelo menos uma vez por mês. Partilham informações sobre a
raça, sobre o apuramento da mesma e tudo o que tenha a ver com cães –
especialmente poodles. Também se encontram em situações específicas,
como passeios temáticos ou palestras”, dizem as fotógrafas.
Associação de Taxidermistas
“O mais importante em relação a esta associação é que permite a jovens
universitários tornarem-se taxidermistas. Participam em conferências de
especialistas, tanto a nível nacional como internacional.”
Clube de Eléctricos
“Os eléctricos históricos são o maior interesse deste clube. Eles
cuidam, renovam e mantêm o material e também conduzem os eléctricos pela
cidade, em momentos especiais.”
Clube de Mergulho de Dintefisch
“No Verão, os membros do clube mergulham juntos em todas as
quartas-feiras numa piscina pública exterior. No Inverno, os treinos
ocorrem numa piscina interior. Durante os fins-de-semana, todos costumam
mergulhar juntos num lago.”
Conselho de Praticantes de BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo e Masoquismo)
“Duas vezes por mês, eles encontram-se num restaurante para falar. No
Verão, organizam uma festa na floresta. Já no Inverno, dão a sua grande
festa anual.”
Sociedade dos Amigos dos Talhantes
“Eles organizam campeonatos de desossamento de animais, para apoiar essa arte manual. Até têm uma canção própria!”
Clube de Aviões Vintage
“Desde 2004 que os membros do Clube de Aviões Vintage renovam este velho
avião da marca Viking durante os seus tempos livres. Na época do Verão
alguns passam juntos os serões. Para além disso, coleccionam e conservam
material histórico e valioso de aeronáutica.”
Clube dos Papagaios de Papel
“Todos estes papagaios são cosidos pelos próprios. Enquanto grupo,
juntam-se uma vez por mês, mas em casa, também trabalham nos seus
papagaios.”
Projectos de Nu
“O propósito destes projectos de nus é envolver a arte e o nu. Alguns
membros participam em trabalhos artísticos e performances, sempre nus.”
O Clube dos Alegres Fumadores de Cachimbo
“Os membros encontram-se uma vez por mês. O clube foi fundado em 1918 e
serve para se desfrutar do cachimbo, num sítio confortável e em boa
companhia.”
Conheça mais sobre o trabalho de Ursula Sprecher e Andi Cortellini no seu site oficial .
* Quem tem um hobby tem tudo.
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Enquanto dormimos, parte do cérebro "passa em revista" os acontecimentos do dia, enquanto outra parte sintetiza e filtra esses momentos para posterior recordação. Um estudo publicado no início deste ano concluía que a privação do sono pode mesmo levar à construção de memórias falsas. E não, um café duplo e 12 horas de sono seguidas ao fim-de-semana não remedeiam a situação.
* Estas notícias que transcrevemos sobre saúde deviam ficar registadas na nossa memória, a não ser que durmamos pouco, sejamos fotógrafos de clicar permanente, que o stress seja uma constante, ou andemos nos copos.
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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
"VISÃO"
Quatro hábitos simples que podem
estar a arruinar a sua memória
É frequente esquecer-se de onde estacionou o carro? E do código do multibanco? Vários fatores podem estar a contribuir para uma perda de memória
- 1 - Não está a dormir o suficiente
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Enquanto dormimos, parte do cérebro "passa em revista" os acontecimentos do dia, enquanto outra parte sintetiza e filtra esses momentos para posterior recordação. Um estudo publicado no início deste ano concluía que a privação do sono pode mesmo levar à construção de memórias falsas. E não, um café duplo e 12 horas de sono seguidas ao fim-de-semana não remedeiam a situação.
- 2 - Tira demasiadas fotografias
- 3- Está sob demasiado stress
- 4- Bebe demasiado álcool
* Estas notícias que transcrevemos sobre saúde deviam ficar registadas na nossa memória, a não ser que durmamos pouco, sejamos fotógrafos de clicar permanente, que o stress seja uma constante, ou andemos nos copos.
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ESTA SEMANA NO
"SOL"
"SOL"
CTT podem aliar-se a Isabel dos Santos
Os CTT estão a estudar entrar na corrida pela PT Portugal. E uma das hipóteses passa por juntarem-se a Isabel dos Santos e à Sonae, disseram ao SOL fontes do mercado.
O interesse da empresa liderada por Francisco Lacerda na PT Portugal é
reforçar a posição no sector das telecomunicações, onde estão presentes
com o operador virtual Phone-ix. Mas, como os CTT não têm músculo
financeiro para suportar o investimento, o passo natural seria entrar no
negócio com parceiros, explicaram as mesmas fontes.
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Uma associação com a família Azevedo e a empresária angolana vai ao
encontro do anúncio já feito há uma semana pela Zopt (sociedade detida
por Isabel dos Santos e pela Sonae e que controla a operadora Nos). A
empresa assumiu que poderia ser encontrada uma “solução” de “interesse
nacional” para a PT Portugal.
Esta proposta visava arranjar parceiros - de preferência nacionais -
para lançar uma oferta pelos activos da operadora em Portugal (como a
Meo, o Sapo e todas as infra-estruturas de telecomunicações).
O SOL questionou os CTT sobre a eventual parceria ou contactos com a Zopt, mas a empresa não respondeu.
Em comunicado divulgado quinta-feira, depois de terem surgido rumores
na imprensa brasileira sobre o interesse na operadora, os correios
adiantaram apenas que vão “acompanhar o processo de venda da PT Portugal
por forma a analisar todas as oportunidades que façam sentido no
desenvolvimento da suas áreas de negócio”. E sublinham que “não tomaram
qualquer decisão quanto a tais oportunidades”.
Isabel dos Santos aposta forte
O envolvimento de Isabel dos Santos na possível compra da PT não fica
por uma eventual parceria com os CTT e com a Sonae. A empresária
decidiu também avançar sozinha com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA)
sobre a PT SGPS - holding cujos activos são a participação de 25,6% no
capital da brasileira Oi e a dívida de 900 milhões de euros na Rioforte -
empresa declarada insolvente.
A investidora ofereceu no último domingo 1,2 mil milhões de euros
pela companhia portuguesa. Um valor considerado baixo pelos analistas de
mercado.
Caso a OPA lançada por Isabel dos Santos se concretize, a empresária
fica com um pé no mercado brasileiro. Mas o principal objectivo será
mesmo ter uma palavra final sobre os activos que a Oi quer vender. A
investidora angolana está de olho nos activos da PT Portugal - embora
tenha limitações concorrenciais por já estar presente na Nos - e o
interesse em ficar com os 25% que a PT Portugal detém na angolana Unitel
também é público.
Ganhar tempo
Como os activos que a PT detinha em África também passaram para a Oi,
a entrada da angolana na operadora brasileira através da PT SGPS
poderia abrir caminho para a empresária comprar a posição na Unitel. Até
porque, como a PT SGPS detém 25,6% do capital da Oi, tem poder de veto
para eventuais vendas da PT Portugal ou da Africatel (que tem a Unitel).
Fontes do mercado acreditam que a OPA - tendo em conta o valor
oferecido e todas as imposições - terá sido um passo para “ganhar
tempo”, analisar as restantes ofertas e preparar uma “solução de
interesse nacional” a par com a Sonae.
O presidente executivo da Oi garantiu quinta-feira, numa conference
call com analistas, que a oferta de Isabel dos Santos está associada aos
activos em África, e que os mesmos já têm comprador.
A Oi já tinha referido no início da semana que a OPA de Isabel dos
Santos era “inoportuna”, recusando-se a aceitar as condições elencadas
na proposta - como a revisão dos termos da fusão da PT com a Oi ou o
impedimento da brasileira vender activos até ao 30.º dia a contar da
liquidação da operação.
Em resposta à Oi, Isabel dos Santos lamentou a posição, mas admitiu prescindir de algumas das condições.
Quinta-feira, na mesma conversa com analistas, o presidente executivo
da Oi, Bayard Gontijo, insistiu na 'nega'. “Não sabemos se a OPA vai
continuar ou não, mas não estamos dispostos a mudar nada”.
Agora, os accionistas da PT SGPS terão oito dias a partir da data em
que recebam o projecto prospecto da oferta, para tomar uma decisão,
sendo que há outras ofertas em curso para comprar apenas a PT Portugal
(e não a SGPS).
A francesa Altice e os fundos Apax e Bain apresentaram propostas
concretas. A Altice, dona da Cabovisão e da Oi, ofereceu 7.025 milhões
de euros, enquanto os fundos subiram a parada em 50 milhões.
Fonte da Altice garantiu ao SOL que a empresa está confiante na sua
oferta. “Temos uma proposta totalmente financiada e um projecto
industrial para a PT Portugal”. Por estes motivos, acreditam que não
será preciso aumentar o valor.
Quanto ao lançamento de uma OPA concorrente à de Isabel dos Santos
pela SGPS, a dona da Cabovisão refere apenas que não comenta essa
possibilidade.
O Novo Banco, a Visabeira, a Ongoing e os restantes accionistas da PT
SGPS reuniram-se sexta-feira, para analisar a OPA, bem como as duas
ofertas que estão em cima da mesa pela PT Portugal.
Receitas atractivas
Apesar de a PT SGPS ainda não ter feito nenhum comentário oficial
sobre todas as propostas, o presidente da holding, Franco Melo, disse
esta semana numa reunião com o sindicato e a comissão de trabalhadores
que a OPA permitiu à PT ter maior capacidade de negociação com a Oi. O
substituto de Henrique Granadeiro disse ainda que esta oferta dá mais
tempo à empresa para a “discussão e análise das propostas”.
Quanto à ruptura da combinação de negócios com a Oi, pedida pelos
sindicatos, Franco Melo adiantou apenas que neste momento não é possível
saber “se o casamento está para durar ou não, ou se o divórcio está
próximo”.
A PT Portugal apresentou quinta-feira resultados e mostrou por que
motivo é cobiçada. No terceiro trimestre, apesar de as receitas terem
caído 4,5%, atingiram 568 milhões de euros. Tendo em conta apenas o
segmento residencial, a empresa fechou o trimestre com receitas de 175
milhões de euros, menos 0,5% que no período homólogo. Apesar da queda,
as operações em Portugal tiveram melhor desempenho do que as
brasileiras: as receitas da Oi recuaram 5,1%.
* Ao contrário do prof. Rebelo de Sousa não nos interessa se a PT vai para lusófonos ou não, dinheiro manchado de sangue do povo angolano, dinheiro do papá gamado ao povo angolano, que merda, perdoem a expressão, de lusofonia.
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NASCENDO
O nascimento dum camaleão
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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
"EXPRESSO"
Senhoras e senhores, apresentamo-vos
o "padeiro dos livros"
Nove mil livros e 30 anos depois, Alberto Casiraghi, poeta, pintor, músico, construtor de violinos e impressor, tem a sua primeira exposição em Portugal. Chama-se "9000 Formas da Felicidade: as edições Pulcinoelefante".
Uma gravura baseada no famoso quadro de Goya, "Três de
Maio de 1808 em Madrid", assinada por Luciano Ragozzino. Fotografias de
Marylin Monroe coladas sobre uma mão de papel e uma fotografia também da
atriz, provavelmente recortada de um jornal ou revista, com números
pintados sobre o papel. Um poema de Rainer Maria Rilke, o poeta alemão,
escrito em italiano.
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Três fotografias de Alda Merini (1931-2009), a
escritora italiana que teve a admiração de artistas como Pasolini,
Salvatore Quasimodo e Giorgio Manganelli, e foi vencedora em 2003 do
Premio Librex Montale, que reconhece poetas italianos contemporâneos. É
ela, aliás, que assina alguns dos livros expostos (mas já lá vamos).
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Mais à frente, entra-se no chamado "Núcleo: Alberto em
Portugal". Uma fotografia a preto e branco de Manuel Alegre, vestido de
fato. E um desenho de um homem deitado com uma monumental letra "M"
junto à sua cabeça, parecendo decapitá-lo, e que segundo o programa da
exposição é do livro de Alberto Pimenta, o escritor português, feito e
escrito por ele. Miguel Martins, Luís Manuel Gaspar, Manuel de Freitas.
Outros nomes da poesia portuguesa contemporânea que aparecem destacados.
O 91 da exposição é de Vasco Graça Moura, é de 2013, e tem uma
dedicatória sua na capa que diz assim: "Na verdade, o poema é um ruído
modelado de gente".
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Chama-se "9000 Formas de Felicidade: as edições
Pulcinoelefante", é dedicada a Alberto Casiraghi, poeta, pintor, músico,
construtor de violinos e impressor, e inaugurou no final de outubro na
Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, onde fica até 31 de janeiro.
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É a primeira exposição em Portugal dedicada a Alberto,
que prefere, no entanto, ser conhecido como o "padeiro de livros", e o
"único padeiro que trabalha durante o dia". Há uma boa razão para isto:
desde 1992, tem feito, em média, mais de um livro por dia. Atualmente,
são mais de nove mil.
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Os livros "belos e simples" do mestre Alberto
Em 1982, depois de ter sido despedido da tipografia
onde trabalhava, uma grande casa em Milão que imprimia jornais, Alberto
Casiraghi decidiu construir a sua própria oficina, a que deu o nome de
Pulcinoelefante. Fê-lo em casa, na cidade de Osnago, em Itália, onde
nasceu. Fala-se muito dessa tarde ventosa e de um primeiro livro dado à
estampa nesse dia: "Una Lirica. Una Immagine", de um escritor chamado
Marco Carnà. No ano seguinte, 1983, foram lançados mais quatro livros,
três com textos do próprio Casiraghi (assinados, não sabemos, se por
ele, se por um dos seus três pseudónimos) e o outro da autoria de
Gaetano Neri, também ilustrados por Carnà, em conjunto com Pierluigi
Puliti e Gianni Maura. Em 1984, sete, e no ano seguinte, nove. Ao fim
dos primeiros dez anos, estavam feitos 236 livros, ou 236 "pulcinos",
nome por que são chamados.
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Mas o que são, afinal, os "pulcinos"? A descrição
oficial diz assim: são quatro ou seis folhas de papel Hahnemühle,
tamanho A4, dobradas em A5. Contêm um aforismo ou um pequeno poema
impresso em carateres móveis, e uma ilustração, que tanto pode ser uma
impressão digital dos desenhos de Alberto, uma xilografia, águas-fortes,
litografias, fotografias, colagens, desenhos e pinturas com todas as
técnicas, ready-made, esculturas, entre outras intervenções. As tiragens
vão de 15 exemplares a 30 ou 35, numerados sequencialmente.
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A descrição não-oficial é esta que nos traz Catarina
Figueiredo Cardoso, comissária da exposição, e responsável por outros
projectos anteriores na área da edição independente e livros de artista.
Distingue nos "pulcinos" a "beleza e a aparente simplicidade". Do ponto
de vista tipográfico, assegura que são "impecavelmente bem feitos". "O
que torna o Alberto diferente é a consistência da sua prática e a
mestria com que a utiliza. Há muitos problemas na utilização dos tipos
móveis: gastam-se, partem-se, as máquinas desafinam e avariam, todo o
material envolvido é caro e a sua utilização é difícil e implica muita
prática. Ora o Alberto tem tudo: foi tipógrafo de tarimba, tem imensos
tipos, tem a máquina e sabe concertá-la se for preciso. É por isso que
ele se distingue dos restantes impressores".
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A técnica que nasceu na China antes de Cristo
O primeiro sistema de impressão a partir de tipos
móveis (letras, símbolos e sinais de pontuação individuais), feito em
porcelana chinesa, é atribuído a Bi Sheng (990-1051 AD), e terá sido
criado por volta de 1040 A.D., na China. Quando, cerca de 200 anos
depois, a técnica começou a ser usada na Coreia, os tipos móveis
passaram a ser feitos em metal. "Jikji" (1377), ou "Antologia de
ensinamentos zen pelos grandes sacerdotes budistas", documento budista
coreano, é o mais antigo livro imprimido com o uso desta técnica, título
que a UNESCO confirmou em 2001, tendo incluído o livro no programa
"Memory of the World", destinado a preservar documentos e arquivos de
grande valor histórico.
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Por volta de 1450, os tipos móveis voltariam à mó de
cima (eram caros e exigiam muita mão-de-obra e isso teve consequências),
com a impressão da Bíblia por Johannes Gutenberg, na Europa, a partir
de um sistema que o próprio inventou, e que superava em larga medida os
antigos modelos. Como se passou para a impressão em línguas europeias
(número mais limitado de carateres), a técnica tornou-se rentável e foi,
dito de uma forma abreviada, um sucesso. Mais tarde, já no século XIX,
com a invenção da composição mecânica e seus sucessores, acabaria por
entrar em declínio.
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Cabras, coelhas e galinhas, e máquinas grandalhonas
Numa das fotografias dos livros em exposição, Alberto
surge acompanhado de uma cabra. Ao vê-la, lembramo-nos das imagens do
editor e tipógrafo, arrumadas em vídeos (no youtube), que nos trazem
essa outra realidade de um quintal cheio de cabras e coelhos e galinhas,
e uma casa aparentemente pequena cheia de máquinas grandalhonas que já
ninguém parece saber ao certo para que servem, e livros, muitos livros,
atrás das portas de vidro dos armários altos ou ali mesmo à mão de
semear.
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É nessa casa que Alberto continua a receber visitas,
artistas, poetas e ilustradores, que ali vão "para lhe ditarem os textos
e ajudarem a fazer os livros, cortar o papel e coser as páginas",
explica Catarina. E foi também nessa casa que recebeu a escritora
italiana de que falávamos, Alda Merini, amiga e colaboradora. Catorze
dos 110 livros expostos são dela. Parece pouco, mas há outra história
por detrás disto, que podemos arriscar, embora com palavras que não são
nossas, contar assim: "A amizade e consequente colaboração com Alda
Merini conduziram ao aumento alucinante no número de livros produzidos, e
à enorme projeção de Alberto e da sua editora em Itália, nos Estados
Unidos e no Japão". A escritora deu, ainda segundo essas páginas que
acompanham a exposição, "uma dimensão inesperada à Pulcinoelefante".
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O mestre Alberto em Portugal
Em 2013, Alberto vinha pela primeira vez a Portugal, a
convite de Catarina. "Achei importante dar a conhecer aos meus amigos
portugueses que se dedicam à edição a obra de um dos expoentes da arte
da composição tipográfica com tipos móveis".
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Nesse ano, fez um workshop no Homem do Saco, um dos
ateliers que, segundo Catarina, continua a dedicar-se à técnica de
impressão em tipos móveis. A outra é a Oficina do Cego, também em
Lisboa. Desse workshop resultaram quatro "pulcinos" sob a supervisão
direta de Alberto, que deram aos tipógrafos e artistas portugueses
envolvidos (alguns têm agora expostos os livros que fizeram) a motivação
necessária para, a partir daí, dedicarem-se à "criação de edições
artísticas inovadores e imaginativas que os singularizam no panorama da
edição independente."
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Mas a ligação de Alberto a Portugal é bem mais antiga.
Em 1993, fazia o primeiro livro de um escritor português. É lançar um
palpite e acertar, senão à primeira, pelo menos à segunda. Sim, foi
mesmo de Fernando Pessoa, mas esse não está entre os que viajaram de
Itália para Portugal. Vai ter de ficar para a próxima.
* Alberto Casiraghi uma pessoa a decobrir porque a vida, embora não pareça, começa no conhecimento.
* Alberto Casiraghi uma pessoa a decobrir porque a vida, embora não pareça, começa no conhecimento.
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