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HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Cristas defende que democracia cristã
é incompatível com racismo
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas,
justificou com os princípios da democracia cristã o abandono da
coligação com o PSD em Loures, considerando que jamais deixará o partido
ser associado ao racismo e xenofobia.
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"O CDS tem um património
longo, ainda ontem [quarta-feira] fizemos 43 anos. Basta olhar para a
nossa carta fundadora e de princípios para perceber que tudo o que lá
está continua a ser atual: princípios fundados na democracia cristã, no
respeito absoluto por todo e qualquer ser humano", defendeu Assunção
Cristas aos jornalistas, durante uma visita ao bairro do Loureiro, em
Lisboa, enquanto candidata autárquica à capital.
A
líder centrista argumentou que também faz parte do património do CDS
"defender uma justa atribuição dos subsídios sociais e uma eficaz
fiscalização de eventuais abusos nesses mesmos subsídios sociais", mas
advertiu que "coisa diversa é querer associar práticas de abuso a
conjuntos específicos de pessoas".
"Isso é racismo, isso é
xenofobia, e nós não vamos por essa linha e eu jamais deixaria que o CDS
pudesse ser associado a essa linha", declarou.
Questionada sobre
o futuro cabeça-de-lista do CDS-PP a Loures, Assunção Cristas disse que
os centristas terão "um bom candidato" e estão "a trabalhar nisso".
A
número três da lista liderada pelo PSD em Loures, a centrista Isaura
Mariño Lourenço, revelou na quarta-feira à Rádio Renascença ter recusado
encabeçar uma lista própria do CDS-PP, após o abandono da coligação com
os sociais-democratas e PPM, sublinhando concordar com as posições
assumidas por André Ventura sobre a comunidade cigana.
A
distrital de Lisboa do CDS-PP anunciou na terça-feira que vai seguir "um
caminho próprio" nas eleições autárquicas em Loures e expressou um
"profundo incómodo" pela forma como o candidato se referiu à comunidade
cigana.
O presidente social-democrata, Passos Coelho, defendeu na
terça-feira à noite que o candidato do partido à Câmara Municipal de
Loures "clarificou a sua posição", sublinhando que o PSD não tem, nem
terá posições racistas ou xenófobas.
"A clarificação que o doutor
André Ventura fez de uma entrevista que deu clarifica muito bem a
posição, quer dele quer do PSD, quanto à matéria. Eu estou tranquilo
quanto àquilo que é a nossa posição, uma posição não racista, não
xenófoba: nunca foi, não é e, atrevo-me a dizer, nunca será", afirmou o
líder social-democrata.
O secretário-geral do PS e
primeiro-ministro, António Costa, considerou, por seu turno, que tal
posição de Passos Coelho desonra o PSD.
Entre outras referências,
André Ventura afirmou numa entrevista publicada na segunda-feira pelo
jornal i que há pessoas que "vivem quase exclusivamente de subsídios do
Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito",
considerando que tal acontece particularmente com a comunidade cigana.
Ainda
na segunda-feira, a candidatura do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal
de Loures apresentou uma queixa-crime ao Ministério Público e à Ordem
dos Advogados contra André Ventura, pelas "novas declarações racistas e
xenófobas para com a comunidade cigana".
Na quinta-feira, o
candidato já tinha falado sobre uma alegada "excessiva tolerância com
alguns grupos e minorias étnicas", numa entrevista ao portal Notícias ao
Minuto, o que motivou uma queixa à Comissão para a Igualdade e Contra a
Discriminação Racial contra o candidato do PSD/CDS-PP/PPM, por parte do
candidato do BE em Loures, Fabian Figueiredo, por "declarações contra
as minorias étnicas".
Em comunicado na segunda-feira, André
Ventura afirmou ter criticado situações de incumprimento da lei,
independentemente de questões étnicas.
"O que preocupa a
candidatura são questões de segurança e cumprimento da lei, na defesa do
património público e das pessoas de bem, independentemente da raça ou
etnia. [...] Boa parte das pessoas que fica muito incomodada quando são
denunciadas estas situações nunca se deslocou a algumas dessas zonas e
não tem ideia do 'barril de pólvora' que lá se vive diariamente",
defendeu.
* Aceitamos e ficamos satisfeitos por a sra. D. Assunção Cristas não ser racista, mas relembramos-lhe que a "cristandade" foi sempre racista.
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