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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Álcool mais caro e apoio
ao desemprego diminui suicídio
O aumento do preço das bebidas alcoólicas e o reforço dos apoios sociais, sobretudo na área do desemprego, são algumas das medidas defendidas como eficazes na prevenção da depressão e suicídio pelo coordenador do plano nacional.
A ligação entre a
crise e a depressão é já uma evidência científica, nota Álvaro Carvalho,
que defende que este é o momento certo para se investir na área da
saúde mental, onde o retorno a curto ou médio prazo é "muito
significativo".
"Mas o setor da saúde não pode alcançar uma boa
saúde mental sozinho. Tem de haver um programa transversal que envolva
vários ministérios", defende, em entrevista à agência Lusa, o
coordenador do Plano de Prevenção da Depressão e do Suicídio.
A
própria Organização Mundial da Saúde já veio alertar para um possível
aumento do suicídio entre os jovens adultos, precisamente devido ao
desemprego.
A falta de trabalho é um potencial desencadeador de
crise emocional, ansiedade e depressão e "quanto menos tempo uma pessoa
estiver desempregada menos risco tem de entrar em crise".
Reforçar
os apoios da Segurança Social aos desempregados e criar programas de
formação profissional são medidas eficazes e com "evidência científica".
Segundo
Álvaro de Carvalho, por cada 100 euros investidos num projeto de
formação profissional de uma pessoa consegue-se uma redução na taxa de
suicídio de 0,2%.
Outro ponto-chave é prevenir o aumento do consumo de álcool, até porque Portugal é um dos maiores consumidores de bebidas.
"Pelo
seu efeito tranquilizante e desinibidor, o álcool é muito usado como
recurso, sobretudo por homens e jovens, em situações de crise, ansiedade
ou desânimo", lembrou o psiquiatra, diretor do Programa Nacional de
Saúde Mental, sublinhando que o álcool tem, só por si, um efeito indutor
de depressão.
O aumento do preço das bebidas e a definição de um
preço mínimo são duas medidas de "altíssima eficácia", já com provas
dadas a nível internacional.
"São as medidas mais eficazes, tal como os radares a nível dos acidentes rodoviários", compara Álvaro de Carvalho
Em
concreto na área da saúde, a proposta passa por melhorar o diagnóstico e
terapêutica das situações de depressão, desenvolvendo os cuidados de
proximidade.
Estudos internacionais que refletem autópsias
psicológicas feitas após os suicídios mostram que 90% dos suicidas
consultou o seu médico assistente no ano anterior e que cerca de 60%
voltou a procurar a mesma ajuda um mês antes.
"Se conseguirmos
melhorar a capacidade diagnóstica dos clínicos gerais e de outros
elementos das equipas dos cuidados de saúde primários, é suposto que
muitos casos que habitualmente escapam passem a ser mais precocemente
diagnosticados e melhor tratados. Podemos conseguir que muitas das
pessoas melhorem significativamente", justificou o coordenador do plano.
Os
estudos mais recentes apontam para uma prevalência global das doenças
mentais em Portugal de 22%. Em cada ano, 7% da população sofre de
depressão e o suicídio será responsável anualmente por cerca de 10
mortes em cada 100 mil pessoas.
Contudo, os números do suicídio em
Portugal não são ainda fiáveis e só no próximo ano deverão começar a
ser recolhidos dados mais firmes, com a entrada em funcionamento do
sistema informático dos certificados de óbito.
A par de outros
especialistas, Álvaro de Carvalho estima que, com o novo sistema, a taxa
de suicídios suba, ao mesmo tempo que desce a taxa de morte por causa
não identificada.
* Na Suiça, esse país de que tão bem falamos mas de longe, os pais de alunos menores que faltam às aulas injustificadamente são punidos.
Porque razão não se faz o mesmo em Portugal e já agora também para os pais que não se importam que os seus filhos se embebedem com três ou quatro "shots" ???
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