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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
02/07/2017
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Yamila Piñero para a SoHo
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24-MALICIOSAS
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23-MALICIOSAS
Olinda Castañeda para a SOHO
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22-MALICIOSAS
Kathy García
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Kate Stafford
Como o ruído humano afecta
os habitats oceânicos
A oceanógrafa Kate Stafford nos leva para as profundezas sonoramente ricas do Oceano Ártico, onde o gelo "geme", as baleias cantam para se comunicar ao longo de vastas distâncias - e a mudança climática e o ruído humano alteram o ambiente de formas que não entendemos.
Saiba mais sobre por que esta paisagem sonora subaquática importa e o que podemos fazer para protegê-la
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Ana Rivera para a Soho
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21-MALICIOSAS
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JOÃO PAULO RAPOSO
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IN "SÁBADO"
26/06/17
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Estatutos e lutas
O Estatuto dos Juízes não é apenas a definição das condições de organização e carreira de uma classe ou categoria profissional. É a estruturação de direitos e deveres de um órgão de soberania
Tem sido tema das últimas semanas a discussão do
Estatuto dos Juízes. Ocorreu a dado momento que a discussão se visse
envolvida numa, assim apontada, "escalada sindical" contra o governo.
Neste cenário um ponto da situação se impõe.
Antes de mais, o
Estatuto dos Juízes não é apenas a definição das condições de
organização e carreira de uma classe ou categoria profissional. É a
estruturação de direitos e deveres de um órgão de soberania. Só por isso
estamos a falar de uma coisa absolutamente única. Singular. E não seria
preciso dizer mais nada para se perceber que não existe qualquer lógica
de concertação nesta discussão. Todos os trabalhos têm a mesma
dignidade. Mas as funções não são todas iguais. Seria bom que se
percebesse isso.
Ainda assim, para que não subsista qualquer
dúvida, reafirmamo-lo: - O debate sobre o Estatuto dos Juízes iniciou-se
há seis anos. A associação é completamente apolítica, pelo menos no
sentido pobre do termo. Quer dizer que é radicalmente independente de
qualquer influência partidária. E por isso não gere os seus timings por
referência a qualquer outra organização social ou sindical. Segue o seu
caminho. Se for à frente e outros a seguirem isso será, quanto muito,
uma mera demonstração da sua relevância pública. Se seguir um caminho
que outros já trilharam isso já será, como nos avisos finais das novelas
ficção, "mera coincidência". Nada mais que isso.
Dito
isto e ficando assente este dado, vamos olhar as duas "esferas" de
contestação: A geral e a da Justiça. Para a primeira não há muito mais
que fazer senão sublinhar o que antes se disse: todas as reivindicações
terão a legitimidade e o fundamento que tiverem. Merecem todo o nosso
respeito. Mas, francamente, nada temos que ver com elas. Interessam-nos
apenas como membros desta sociedade. Queremos, como qualquer outra
pessoa, segurança, boa saúde ou melhor educação. De mais concreto, nada
temos com essas lutas. Interessam-nos como cidadãos. Não nos interessam
como juízes.
Já as discussões dos estatutos profissionais da justiça nos interessam como cidadãos e como juízes. O Estatuto do Ministério Público e dos funcionários judiciais afecta directamente o funcionamento da justiça. Por isso são coisas que têm que nos interessar de modo mais próximo. E preocupar. Vamos partes.
O Estatuto do Ministério Público é, em boa parte, decalcado do dos juízes. Existe uma aproximação alargada. Decorre esse facto de um princípio de equiparação entre magistraturas que é absolutamente correto. Nessa medida, o essencial dos avanços e recuos do Estatuto dos Juízes repercute-se directamente no Estatuto do Ministério Público. O problema está aqui no que é diferente e próprio. E o que é isso? Simplificando, a hierarquia e a iniciativa.
O MP é, e deve ser, hierarquizado. Ao contrário do judicial, tem um poder-dever de iniciativa. Enquanto os tribunais têm que esperar por aquilo que lhes é apresentado, o MP é estatutariamente obrigado à actividade. Seja na investigação e acção criminais ou na defesa de outros direitos ou interesses, o MP não pode esperar. Tem que agir. E agir seguindo a legalidade. Do cruzamento entre o que seja uma hierarquia eficaz mas que não seja limitadora da capacidade de acção de cada magistrado e, principalmente, que não reduza por via hierárquica as regras de legalidade objectiva, se concentra o essencial desta discussão. E todos temos noção que se for coartada a capacidade do Ministério Publico, ou dos seus magistrados, se acaba o estado de direito. Os tribunais passariam a meras instâncias formais e simbólicas. Tudo aquilo que tivesse alcance substantivo e fosse capaz de afectar as estruturas de poder efectivo ficaria retido pela inacção do MP. É por isto que é um problema também nosso. E o tema nos preocupa.
O Estatuto dos funcionários de justiça preocupa-nos por outras razões. Não há justiça sem funcionários. Estes são o sustentáculo básico do judiciário. Das pessoas com mais know how no sistema são os funcionários. De entre as pessoas com que mais aprendemos estão os funcionários. O seu estatuto e carreira estão profundamente depauperados e carecidos de reestruturação. Faltam recursos. Há tarefas não especializadas que deixarão de ser praticadas humanamente. Mas a especialização e a preparação são cada vez mais necessárias. Não é possível que funcionários altamente qualificados aufiram no topo da carreira pouco mais de mil euros. Existe um clima de profunda desmotivação entre os funcionários que, se não invertido, não permitirá resolver os problemas essenciais da justiça. Isto é algo que todos sabemos.
Esses estatutos, por isso, preocupam-nos verdadeiramente. Sabemos que se não for com uma visão de conjunto o sistema não funciona. A justiça perderá e todos sairemos prejudicados. Mas isso não quer dizer que tenha que ser tudo discutido ao mesmo tempo e com os mesmos argumentos.
Contem connosco. Mas a cada um o que é de cada um.
Já as discussões dos estatutos profissionais da justiça nos interessam como cidadãos e como juízes. O Estatuto do Ministério Público e dos funcionários judiciais afecta directamente o funcionamento da justiça. Por isso são coisas que têm que nos interessar de modo mais próximo. E preocupar. Vamos partes.
O Estatuto do Ministério Público é, em boa parte, decalcado do dos juízes. Existe uma aproximação alargada. Decorre esse facto de um princípio de equiparação entre magistraturas que é absolutamente correto. Nessa medida, o essencial dos avanços e recuos do Estatuto dos Juízes repercute-se directamente no Estatuto do Ministério Público. O problema está aqui no que é diferente e próprio. E o que é isso? Simplificando, a hierarquia e a iniciativa.
O MP é, e deve ser, hierarquizado. Ao contrário do judicial, tem um poder-dever de iniciativa. Enquanto os tribunais têm que esperar por aquilo que lhes é apresentado, o MP é estatutariamente obrigado à actividade. Seja na investigação e acção criminais ou na defesa de outros direitos ou interesses, o MP não pode esperar. Tem que agir. E agir seguindo a legalidade. Do cruzamento entre o que seja uma hierarquia eficaz mas que não seja limitadora da capacidade de acção de cada magistrado e, principalmente, que não reduza por via hierárquica as regras de legalidade objectiva, se concentra o essencial desta discussão. E todos temos noção que se for coartada a capacidade do Ministério Publico, ou dos seus magistrados, se acaba o estado de direito. Os tribunais passariam a meras instâncias formais e simbólicas. Tudo aquilo que tivesse alcance substantivo e fosse capaz de afectar as estruturas de poder efectivo ficaria retido pela inacção do MP. É por isto que é um problema também nosso. E o tema nos preocupa.
O Estatuto dos funcionários de justiça preocupa-nos por outras razões. Não há justiça sem funcionários. Estes são o sustentáculo básico do judiciário. Das pessoas com mais know how no sistema são os funcionários. De entre as pessoas com que mais aprendemos estão os funcionários. O seu estatuto e carreira estão profundamente depauperados e carecidos de reestruturação. Faltam recursos. Há tarefas não especializadas que deixarão de ser praticadas humanamente. Mas a especialização e a preparação são cada vez mais necessárias. Não é possível que funcionários altamente qualificados aufiram no topo da carreira pouco mais de mil euros. Existe um clima de profunda desmotivação entre os funcionários que, se não invertido, não permitirá resolver os problemas essenciais da justiça. Isto é algo que todos sabemos.
Esses estatutos, por isso, preocupam-nos verdadeiramente. Sabemos que se não for com uma visão de conjunto o sistema não funciona. A justiça perderá e todos sairemos prejudicados. Mas isso não quer dizer que tenha que ser tudo discutido ao mesmo tempo e com os mesmos argumentos.
Contem connosco. Mas a cada um o que é de cada um.
* Secretário-geral da Associação Sindical
dos Juízes Portugueses
IN "SÁBADO"
26/06/17
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Dania Londoño para SOHO
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20-MALICIOSAS
Dania Londoño para SOHO
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* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
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XXVI-VISITA GUIADA
Al Andalus Castelo
e Poço Cisterna/1
SILVES - PORTUGAL
* Viagem extraordinária pelos tesouros da História de Portugal superiormente apresentados por Paula Moura Pinheiro.
Mais uma notável produção da RTP
*
As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à
mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios
anteriores.
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Vanesa Peláez para a Soho
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19-MALICIOSAS
Vanesa Peláez para a Soho
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Milenko Zurita y Rosita Alveal
Guajira Flamenca
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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Dormir uma sesta à hora de almoço? Agora é negócio em Espanha
O negócio chama-se "Siesta and Go" e, como o nome indica, permite que as pessoas entrem, durmam uma sesta e voltem ao trabalho.
O negócio das sestas chegou a Espanha,
abriu em Madrid o primeiro nap bar (bar de sestas). À medida que o sol
do meio-dia sobe existe um sítio que baixa os estores para uma pequena
sesta. Em grandes centros urbanos tornou-se impossível fazer uma pequena
pausa para fechar os olhos, deixando muitos trabalhadores exaustos ao
longo do dia. Foi a pensar nisso que surgiu este negócio, avançou a
Bloomberg.
Maria Estrella Jorro De Inza descobriu este tipo de negócio no
Japão.”Numa viagem que fiz ao Japão descobri que existiam várias opções:
centros de descanso para homens, para mulheres e mistos”, indicou ao
jornal El País. E assim arranjou uma forma de introduzir de novo as
sestas em Espanha, lucrando enquanto as pessoas descansam.
O negócio chama-se “Siesta and Go” e, como o
nome indica, permite que as pessoas entrem, durmam uma sesta e voltem
ao trabalho. Este “bar” está localizado em Azca, no distrito financeiro
da capital espanhola e é bastante usado por banqueiros, advogados e
consultores de empresas. “Temos muitos homens de fato que só querem
relaxar e mulheres que querem uma pausa e tirar os saltos altos.
A hora de almoço é quando temos mais clientes”, acrescentou De Inza, a fundadora do negócio. O conceito é simples: por 14 euros/hora é possível dormir uma sesta num quarto privado com direito a chinelos, camisa de dormir, além de café, livros e ligação grátis à internet.
O local conta com 19 camas e tem outras ofertas: uma cama com beliche custa dois euros por 30 minutos de sesta e um sofá custa 1,5 euros, também por 30 minutos.
* Bom negócio
A hora de almoço é quando temos mais clientes”, acrescentou De Inza, a fundadora do negócio. O conceito é simples: por 14 euros/hora é possível dormir uma sesta num quarto privado com direito a chinelos, camisa de dormir, além de café, livros e ligação grátis à internet.
O local conta com 19 camas e tem outras ofertas: uma cama com beliche custa dois euros por 30 minutos de sesta e um sofá custa 1,5 euros, também por 30 minutos.
* Bom negócio
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ESTA SEMANA NA
"EXAME INFORMÁTICA"
Sony quer voltar a gravar discos em vinil
A Sony tem planos para reapostar no vinil: depois de leitores de discos, a empresa quer gravar músicas de alguns artistas japoneses neste formato, numa fase inicial.
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A Sony terá detetado um aumento na
procura por músicas em vinil e quer voltar a reentrar neste segmento. A
aposta inicial é em música japonesa e a produção deve começar em março
do próximo ano. Segundo o Nikkei, a Sony já está a preparar um estúdio no país do Sol Nascente para produzir os discos localmente.
A principal dificuldade parece prender-se com encontrar engenheiros que possam executar o processo de fabrico.
A empresa terminou a produção de discos em vinil em 1989, sete anos depois de ter começado a produzir discos compactos. Atualmente, a procura por CDs está em declínio e o movimento do vinil está a ganhar força de novo.
* Ouvir música em suporte vai ser mais caro, mas o som do vinil é melhor.
A principal dificuldade parece prender-se com encontrar engenheiros que possam executar o processo de fabrico.
A empresa terminou a produção de discos em vinil em 1989, sete anos depois de ter começado a produzir discos compactos. Atualmente, a procura por CDs está em declínio e o movimento do vinil está a ganhar força de novo.
* Ouvir música em suporte vai ser mais caro, mas o som do vinil é melhor.
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O jornal El Español revelou todo o material militar que foi roubado da base militar de Tancos, em Santarém. O Governo ainda não o tinha feito.
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HOJE NA
"SÁBADO"
Espanha revela todo o material
militar roubado em Tancos
As autoridades nacionais não tinham divulgado estes dados. Jornal que os revelou indica que é uma nova preocupação para as forças de segurança
O jornal El Español revelou todo o material militar que foi roubado da base militar de Tancos, em Santarém. O Governo ainda não o tinha feito.
O
jornal considera que com este furto, as forças de segurança europeias
têm "uma nova razão para se preocuparem" e salienta que Portugal se
colocou em contacto com Espanha para comunicar o sucedido.
Eis a lista:
450 cartuchos de 9 mm
22 Bobinas de fio para activação por tracção
1 Disparador de descompressão
24 Disparadores de tracção lateral multidimensional inerte
6 Granadas de mão de gás lacrimogéneo CS / MOD M7
10 Granadas de mão de gás lacrimogéneo CM Anti-motim M / 968
2 Granadas de mão de gás lacrimogéneo Triplex CS
90 Granadas de mão ofensivas M321
30 Granadas de mão ofensivas M962
30 Granadas de mão ofensivas M321
44 Granadas foguete antitanque carro 66 mm com espoleta M4112A1 com lançamento M72A3 --M/986 LAW
264 Unidades de explosivo plástico PE4A
30 CCD10 (Carga de corte)
57 CCD20 (Carga de corte)
15 CCD30 (Carga de corte)
60 Iniciadores IKS
30,5 Lâminas KSL (Lâmina explosiva)
450 cartuchos de 9 mm
22 Bobinas de fio para activação por tracção
1 Disparador de descompressão
24 Disparadores de tracção lateral multidimensional inerte
6 Granadas de mão de gás lacrimogéneo CS / MOD M7
10 Granadas de mão de gás lacrimogéneo CM Anti-motim M / 968
2 Granadas de mão de gás lacrimogéneo Triplex CS
90 Granadas de mão ofensivas M321
30 Granadas de mão ofensivas M962
30 Granadas de mão ofensivas M321
44 Granadas foguete antitanque carro 66 mm com espoleta M4112A1 com lançamento M72A3 --M/986 LAW
264 Unidades de explosivo plástico PE4A
30 CCD10 (Carga de corte)
57 CCD20 (Carga de corte)
15 CCD30 (Carga de corte)
60 Iniciadores IKS
30,5 Lâminas KSL (Lâmina explosiva)
Rovisco Duarte, o chefe do Estado-Maior do Exército, anunciou
ontem que foram demitidos temporariamente cinco comandantes de unidades
do ramo para que não interfiram com as averiguações sobre o caso. Duarte
afirmou que o roubo terá acontecido com a cooperação de alguém que
conhecesse os paióis.
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Também foram tomadas medidas
de reforço à segurança física dos paióis, como, por exemplo, o aumento
do número de militares envolvidos na segurança física das instalações e o
aumento da frequência das rondas móveis motorizadas e apeadas, informou
o porta-voz do Exército, Vicente Pereira, através de comunicado, na
noite de sábado.
Azeredo Lopes, o ministro da Defesa, admitiu que as armas roubadas
podem ser usadas para fins terroristas, na resposta a uma jornalista
que colocou essa possibilidade. "Há, não há que escondê-lo, embora
não tenhamos nenhum elemento que aponte num ou noutro sentido. Há um
facto indiscutível: que esse material estará agora a tentar entrar no
mercado ilícito de tráfico de armas que podem depois servir para os mais
diferentes fins, como o que referiu."
* Azeredo Lopes é ministro, não faz sentinela à porta de nenhum paiol, quererem a sua demissão só revela a imbecilidade da oposição. Quanto aos srs. generais protegem-se uns aos outros como reza a tradição. No exército há mais generais que índios.
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HOJE NO
"A BOLA"
"A BOLA"
Taça das Confederações
Portugal vence México (2-1) no prolongamento e termina em terceiro
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Portugal venceu o México, por 2-1, após
prolongamento (1-1 no final do tempo regulamentar), e garantiu o
terceiro lugar na Taça das Confederações. Autogolo de Luís Neto (55) deu
vantagem aos mexicanos, Pepe (90+1) e Adrien Silva (104), este de
grande penalidade, operaram a reviravolta no marcador.
* Muito boa prestação da equipa nacional.
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ESTA SEMANA NO
"SOL"
Filipa Melo
"O adultério é a face oculta do casamento"
Um livro que alimenta uma paranoia doce para uns, para outros dolorosa, pode ser terapêutico também, entre o guilty pleasure e a erudição, Dicionário Sentimental do Adultério é um desses raríssimos exemplos em que História, ciência, curiosidades ou revelações picantes se combinam com a ironia num objeto de cultura todo sedutor.
Na memória de quem viveu a derrocada do melhor período do jornalismo
cultural entre nós, poucos terão esquecido como o Mil Folhas -
suplemento cultural do Público editado por Filipa Melo no seu ano de
lançamento, em 2001 - se destacou como uma das publicações mais
influentes no domínio literário. Desde 1990 dedicada a esta vertente
jornalística, Filipa Melo assume-se como «uma crítica literária da velha
guarda», no sentido em que se abstrai tanto quanto possível das
circunstâncias, para se entregar a uma espécie de ortodoxia em que,
primeiro que tudo, estão os livros, a leitura, numa abordagem que
contorna outras acrobacias publicitárias e o ruído que tem bichado o
silêncio necessário para se chegar à literatura.
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Depois da estreia no romance em 2001, com Este é o meu corpo, o
segundo tem-lhe exigido um bestial hiato, exemplar num momento em que os
que praticam a arte do romance o fazem de forma tão incontinente. Acaba
de publicar Dicionário Sentimental do Adultério (Quetzal), que é de
certo modo um regresso, depois de, em 2015, ter publicado Os Últimos
Marinheiros, uma reportagem para a coleção Retratos da Fundação
(Fundação Francisco Manuel dos Santos). O Dicionário foi apresentado há
dias pelo emérito secretário de Estado do Humor, Ricardo Araújo Pereira,
e Filipa integra, como independente, a lista de Carlos Carreiras (PSD),
nas autárquicas em Cascais. Depois de anos a escrever regularmente
crítica e a orientar oficinas de escrita, numa parceria com a
Booktailors, vai coordenar uma pós-graduação em escrita de ficção na
Universidade Lusófona.
Sem lhe pedir para revelar algo de mais pessoal, gostava de saber…
Se eu pratiquei adultério (risos).
Gostava de saber se houve alguma história que a levou a escrever sobre o adultério.
Vai-me perguntar se é autobiográfico?
Não, mas aqui o adultério surge-nos quase como uma
instituição oculta, uma perspectiva sobre esse lado sombrio das
sociedades. Por outro lado, há sobre este fenómeno uma leitura muito
pessoal. Gostava de saber o que a atraiu a escrever sobre o tema.
Há uma história muito curiosa, com a escritora francesa Marie
Darrieussecq, que tem um livro [“Truismes”] em que a protagonista se
transforma numa porca.
Quando comecei a escrever sobre adultério pensei:
Deus queira que não me aconteça o que lhe aconteceu a ela, em que uma
das primeiras entrevistas que lhe fizeram começaram por perguntar-lhe se
era autobiográfico (risos). Eu estava com medo também que me
perguntassem, mas não, não é. No entanto, todos os casos que aparecem
numa das entradas, que se chama “marginália ou as coisas como elas são”,
todos esses casos são reais. Foram-me contados por amigos, por
conhecidos, casos de que fui sabendo. E, na verdade, o adultério é a
face oculta do casamento. É o lado negro da lua.
Existiu desde que
existe o casamento. E, socialmente, desde Roma Antiga, desde leis
augustas, a Lei Júlia, passou a ser um crime público. Portanto, é uma
realidade privada, escondida e secreta, mas é uma realidade pública
desde Roma Antiga, e embora hoje em dia já não se penalize o adultério, é
condenada socialmente. Mas a par desse lado, e sobretudo da condenação
moral e social quando acontece com figuras públicas, há a dimensão
privada, que é fascinante para mim, e que diz muito sobre os instintos,
sobre o balanço entre os instintos e as convenções nas relações
amorosas.
Qual foi o ponto de partida para o livro?
O tema conjugava-se com este formato de um dicionário sentimental, ou
seja, de uma espécie de almanaque pessoal. É uma abordagem muito
pessoal a um determinado tema, e a escolha do adultério foi pensada
porque está em tudo: na literatura, na História… Há casos de que nos
podemos socorrer na vida real, pessoas que conheces. Portanto, é um tema
que dava para tudo.
E houve alguma história em particular que espoletou esta investigação ou que foi central à organização do livro?
Quando comecei a pensar na estrutura do livro, e arranjei um programa
específico porque na escritas de dicionário tens de controlar as
entradas, e não é muito fácil não extravasá-las quando estás a escrever…
O que pensei foi ir de A a Z, e dar o exemplo em A, que é Abraão, e em
Z, que é Zeus. De Abraão a Zeus percebi então qual era a extensão do
tema. A primeira entrada é sobre a importância absolutamente crucial
para as três religiões abraâmicas um caso de adultério, ou de barriga de
aluguer, se se quiser. Que é o caso da relação de Abraão, Sara e Agar, e
que dá origem a tudo. Depois na mitologia grega, tens Zeus, que é o
maior adúltero de sempre. Só isso bastava, cobria tudo.
Mas as três religiões abraâmicas divergem hoje sobre a forma como encaram e lidam com o adultério.
Sim, o judaísmo e, particularmente, a sociedade israelita, repudia os
bastardos, impedindo-os e à sua descendência de casarem com judeus. Ou
seja, impede que sejam cidadãos de Israel. Impedem o fruto do adultério,
e isso prende-se com a raiz do judaísmo, que é fundado numa transmissão
de sangue, numa linhagem. Portanto, o adultério é tido como uma
corrupção da essência.
Se nas sociedades ocidentais e de matriz judaico-cristã a
carga punitiva do adultério se perdeu, no mundo islâmico é um dos
aspectos que revela maior violência sobre as mulheres, enfrentando estas
o apedrejamento, ao passo que aos homens o adultério é perdoado.
Não tens em nenhum caso uma regra. A poligamia é perfeitamente aceite
nas culturas islâmicas. Depende, portanto, de sociedade para sociedade.
Se a lei civil acompanha ou não as orientações religiosas… Mas não
existe uma regra universal, nem uma regra específica para cada uma das
religiões. Podes encontrar em África duas tribos que distam 20
quilómetros uma da outra, e uma é polígama e outra pratica a monogamia.
Não há uma regra e por isso é que acho muito interessante este tema,
porque remete as questões do adultério para aquilo que me interessava
mais: reflectir quanto da pulsão para a infidelidade é biológica e
quanto é que é societal. A conclusão a que chego na investigação que fui
fazendo para este livro é de que, de facto, a fidelidade é uma pura
construção humana. São pouquíssimas as espécies animais que são
monogâmicas. Mesmo as monogâmicas dão umas voltas por fora, experimentam
outros parceiros… Portanto, a monogamia enquanto fidelidade absoluta é
quase um mito. E é tanto nos animais como nos humanos.
O que está na origem deste mito?
A monogamia e a fidelidade são uma construção, antes de mais para a
preservação da espécie, para vingar o mais forte, para não haver perda
de esperma… Eu conto no livro como, em algumas espécies, os machos, no
acto do acasalamento, vedam os orifícios das fêmeas para que não sejam
fecundadas num determinado período, para que vingue o seu gene.
Ao olhar para a forma como as religiões e as próprias leis
foram lidando com o adultério este parece ser um fenómeno que gera uma
espécie de pavor matricial, com o corpo da mulher e a disputa sobre quem
sobre ele manda é um dos aspectos nucleares em todas as sociedades
políticas. Muitas vezes parece que o grande tema em debate nas
sociedades se prende com a forma como se exerce o controlo sobre o corpo
da mulher, que é aquele que, dando vida, promete um futuro. E isto vai
desde a imagem da mulher até questões que mexem com a sua privacidade e o
seu papel na sociedade.
Nas primeiras sociedades, surgiu a par com a questão da posse da
terra, a posse do corpo da mulher. A mulher foi empurrada cada vez mais
para o interior da casa. Isso é uma forma de controlo, uma forma de
poder. Na civilização judaico-cristã, e particularmente no catolicismo,
tens o marianismo, uma concepção muito forte do papel da mulher seguindo
o exemplo da Virgem Maria, que concebe o seu filho sem pecado… E o
marianismo é também uma forma de controlo ou de orientação quanto à
postura da mulher, relativamente ao seu corpo, e que passa pela
fidelidade ao marido, fidelidade à religião, e até à Virgem Maria.
A
questão do corpo da mulher e da sua posse foi, portanto, central desde
sempre. E a emancipação da mulher foi muito lenta. No século XIX, e há
um exemplo que dou no livro disto entre nós, de que os maridos podiam
facilmente interditar as mulheres e dá-las como loucas, inclusivamente
se quisessem trocá-las por outras. Isto vai para além da posse do corpo,
e significa uma posse total: da mente, do espírito, da liberdade… O
caso a que me refiro no livro é o de Maria Adelaide, que se passa já no
início do século XX, e se trata de um caso extraordinário de uma mulher
que se apaixonou quando tinha já 48 anos e um filho de 26. Apaixonou-se
por um chofer com a idade do filho e foi dada como louca por acção do
marido. A perícia foi feita por Júlio de Matos, Egas Moniz e José Sobral
Cid, que disseram que ela evidenciava “loucura lúcida”, que era
“originariamente tarada”, coisas completamente absurdas se pensarmos
sobre elas hoje em dia, mas o que está por trás disto é o pavor quanto à
liberdade da mulher poder dispor do seu corpo. Algo que ultrapasse a
convenção do casamento, da idade… A condenação do adultério está, desde
sempre, ligada à condenação da fruição do corpo por parte da mulher. A
história do adultério é uma história do domínio masculino.
Dois aspectos onde se nota mais a assinatura autoral neste dicionário é um lado humorístico…
Irónico.
Se há uma análise rigorosa, nutrida pelos factos históricos,
muitas vezes parece ouvir-se o riso de uma mulher. Sem haver qualquer
tentação revisionista, há um olhar do século XXI e de uma mulher que não
deixa de sublinhar como este está longe de ser um assunto arrumado.
A base deste livro é uma investigação, portanto, a primeira
perspectiva que se encontra aqui é a da constatação. Ou de confirmação,
se havia algumas suspeitas que tinha já relativamente à forma como o
adultério foi evoluindo ao longo dos tempos. Fui confirmando essas
suspeitas, que tinham a ver com essa noção de que o poder da mulher
sobre o seu corpo foi constantemente cerceado. Mas, porque tem um lado
privado e secreto, o adultério tem um lado picante, interdito, e só por
isso já propicia que, em algumas histórias, uses o humor, a ironia, mais
raramente o sarcasmo, esse só em momentos em que há mais uma indignação
do que propriamente uma crítica.
Mas tal como a imagem da senhora que
aparece na capa, que é a [Condessa de] Castiglione, uma cortesã francesa
muito conhecida. Gostei muito desta imagem exactamente porque vemos
nela uma cortesã a espreitar por uma moldura de uma foto familiar. É a
imagem da amante a espreitar pela moldura do convencional da família. No
fundo, isto é o resumo do livro: mostrar uma realidade que está por
detrás das fotografias. Supõe-se que as amantes não figuram nos álbuns
de família. Mas algures estarão na memória. Há um caso que pus na secção
da “Marginália”, um caso que eu conheço, de uma mulher que foi amante
de um homem 20 e tal anos e que, quando ele ficou doente, não o pôde
visitar no hospital, nem pôde sequer ir depois ao funeral. Isto não
obstante ter sido uma pessoa determinante na vida daquele homem durante
vinte e tal anos. Há um lado escondido que está sempre à espreita, e há
portanto esse outro olhar sobre aquelas vidas.
Esses casos são-nos dados mas despidos dos elementos que identificariam as pessoas?
Sim, não identifico as pessoas. São casos que conheço, e até as duas
histórias que parecem anedotas… A do voo livre de um caniche num
edifício muito alto – e deixamos por isto para não estragar a surpresa
–, ou a de uma senhora que se embrulha em papel higiénico e se oferece
ao marido no dia a seguir a tê-lo traído pela primeira vez, são
histórias reais, tal como a entrevista que fiz a um detective
particular… Aquilo que ele diz é real. Muitas dessas histórias parecem
ficção, e julgo que isso se prende com esse olhar do que está do outro
lado da fechadura. São as coisas que sabemos que existem mas sobre as
quais falamos baixinho, aos segredinhos. O livro tem por isso esse lado
picante e, em termos literários, propicia um tipo de escrita muito
apetitosa também, que passa por juntar à informação o trabalho para
capturar a atenção do leitor, com um fio que une esses pormenores
picantes, fait divers, curiosidades.
O trabalho do livro foi o de tecer
uma espécie de filigrana a partir de um tema que é sério e importante na
definição da forma como as sociedades foram evoluindo e como se
processam as nossas vidas privadas, e, ao mesmo tempo, permite essa
conjugação do que é sério com o que é risível, e o que raia quase o
anedótico. De tão escondido que está, mas à mostra. É o chamado gato
escondido com o rabo de fora.
Há aquela conhecida frase da Margaret Atwood que ao passo que
os homens têm medo que as mulheres se riam deles, as mulheres têm medo
que os homens as matem.
O grande receio dos homens é que os filhos que as mulheres dizem ser deles afinal não sejam.
Isso quem o disse?
Isso digo-o eu (risos).
Mas voltando à frase de Atwood, se a relação amorosa e sexual
para os homens parece pôr em causa a sua afirmação pessoal e
identitária, para as mulheres muitas vezes parece ser uma questão de
vida ou de morte.
Podes falar de um fenómeno curioso que eu abordo no livro que é o
efeito de Coolidge, que é transversal à maioria dos mamíferos, e que diz
que os machos se cansam rapidamente da fêmea. Depois do acto sexual têm
um período refractário, em que descansam, e, quanto mais relações
sexuais têm com a mesma fêmea, mais longo é esse período refractário,
até chegarem ao limite, quando perdem o interesse pela fêmea. E é muito
curioso como, no caso das vacas, os cientistas pintaram a fêmea
rejeitada, alterando-lhe as manchas, puseram-lhe ainda outro odor, e
mesmo assim o macho rejeitou-a. Portanto, existe qualquer coisa
biológica que leva a que os homens procurem ter mais parceiras do que as
mulheres.
.
As mulheres querem preservar, desde logo querem ser
fecundadas, e depois precisam de protecção para a cria. Assim, procuram o
macho que as proteja, portanto, procuram a constância, enquanto os
machos procuram fecundar o maior número de fêmeas, para que os seus
genes vinguem. Se calhar é estranho para os leitores que eu dê estes
dados ou que fale assim, muitas vezes trocando macho por homem, mas é
exactamente a mesma coisa. A base é biológica, animal. Como disse no
início, a fidelidade é uma absoluta convenção.
Em que é que a sua percepção se alterou com a investigação que fez?
Já acreditava nisto antes, mas depois da investigação que fiz para
este livro estou ainda mais convicta de que nós nos condicionamos para
amar para sempre. Isso é uma convenção que depois vai sendo gerida pelos
homens e pelas mulheres a partir desta base biológica, sendo que os
homens não deixam nunca de ter este instinto predador e um desejo de
expansão, a tentativa de implantação do gene, e as mulheres têm um
instinto de preservação. Mas é muito difícil falar dos homens e das
mulheres… O que acho é que as questões ligadas à fidelidade se calhar
têm de ser revistas de todo. Falo nisto no livro: a ideia de que antes
se casava e de que se era feliz para sempre. Agora existe a monogamia
serial, ou seja: vamos casar seis vezes durante a vida e cada uma delas
será para sempre. Isso é irónico, mas é natural. Embora vivamos ainda
com um enorme peso moral sobre aquilo que nos é instintivo.
A noção de que o maior medo dos homens é a de que os filhos que criam não sejam afinal deles em que é que se expressa?
Foi o que determinou que o adultério fosse condenado sobretudo, ou
quase em exclusivo, pelo lado da mulher. O homem pode trair, não tão mal
visto socialmente por fazê-lo, ao passo que para a mulher é gravíssimo.
É uma espécie de traição eterna, porque o homem fica a educar o filho de outro e…
É infrutífero em termos de espécie, em termos da herança genética. É
um engano, uma traição… Essa é a verdadeira traição. Existe traição
maior do que essa? É capaz de ser a maior que se pode imaginar. Dizer
alguém: este é o teu filho, não o sendo. Fazerem-te criar um filho que
não é o teu.
Isso justifica uma diferença de atitude face ao adultério consoante os géneros?
É mais fácil ouvires um homem numa mesa de café vangloriar-se por
trair a mulher do que uma mulher vangloriar-se por trair o marido.
Persiste esse lugar-comum de que os homens traem mais do que as
mulheres, mas depois há uma objecção lógica a essa ideia: os homens
traem as mulheres com outras mulheres, e, estatisticamente, nalguns
países, como Inglaterra, sabe-se que maioritariamente traem com outras
mulheres também casadas. Portanto, tens aí um primeiro tabu. Existe esta
convicção de que as mulheres traem muito menos do que os homens, mas
qualquer investigação que comeces a fazer sobre o adultério leva-te a
concluir que essa é uma noção completamente errada. As mulheres traem
tanto como os homens.
O detective João Santos, que eu entrevistei, diz
que elas são é muito mais cautelosas. Exibem menos, mas traem tanto como
os homens. De qualquer modo, o adultério nunca foi uma causa. Não é uma
bandeira feminista. O adultério é uma prática oculta, que, por ser
sexual, diz respeito à vida privada de cada um, e que, no século XXI, se
espera que não seja regulamentada, pelo menos no mundo civilizado.
Depois a forma como é encarado isso relaciona-se com as convicções de
cada um, com o livre arbítrio. Não se pode neste tema falar em causas, e
não se espera que surja um grupo de mulheres a reivindicar: “Nós também
traímos” (risos). Mas, na verdade, hoje em dia, 2017, não será muito
difícil fazer a experiência – se uma mulher comunicar às pessoas à sua
volta: “Eu traí o meu marido”, e se ao lado tivermos um homem a
confessar: “Eu traí a minha mulher”, o peso de censura social é brutal
sobre a mulher e não tanto sobre o homem. É uma das marcas da diferença
de estatuto em termos do exercício da liberdade sexual.
E o que lhe disseram os casos que investigou?
Por de trás de todas as histórias de adultério há sempre um lado
muito triste, porque há uma perda. Quanto mais não seja porque, num
casamento, quando trais a outra pessoa, perdeste a imagem que tinhas de
ti próprio quando casaste. Nem é o traíres o outro, tu é que já te
sentes diferente daquilo que foste. Procuro dizer isso no livro: tu não
vais à procura de outra pessoa mas daquilo que tu és, da outra pessoa em
que te tornaste.
O tema do adultério é, por isso, muito complexo,
porque tem a ver com as motivações muito profundas das pessoas e que as
leva a decidir estar com alguém, sexualmente, ocasionalmente ou
partilhando uma vida.
É um tema profundissimamente complexo. Passando
por muitas outras questões, até pelo lado económico. Não há dados a
comprová-lo, mas acredito que uma das razões por que se trai muito mais
agora é o facto de não haver condições financeiras para as pessoas se
divorciarem. Portanto, o adultério que se pensa ser acima de tudo uma
questão moral, tem também muito a ver com circunstâncias práticas.
Acompanha a evolução da sociedade. A poligamia, por exemplo, é praticada
pelos homens que têm capacidade de sustentar um maior número de
mulheres, portanto, é uma questão também financeira.
Dá a sensação de que este livro surge num momento em que pode
estabelecer uma linha de ruptura entre o passado e o futuro do
adultério, uma vez que a revolução tecnológica veio facilitar em muito a
busca de parceiros fora do casamento. Há uma série de aplicações, como o
Tinder e outros, que parecem ter exponenciado essa predisposição para a
traição, providenciando condições de secretismo, meios de contacto…
Eu não acredito que se traía mais porque existe o Tinder, ou porque é
mais fácil. Sempre se traiu, sempre se continuará a trair. Acho que
mudam as circunstâncias, e sobretudo muda o conhecimento sobre a
realidade, isso sim. Não sei se haverá uma revolução sobre a realidade.
Acho que não. Há uma entrada no livro em que questiono como se traía no
século XIX, uma vez que não havia espaços públicos. Aliás, havia o
privado e o público, não havia espaços intermédios. E eu pergunto: onde é
que as pessoas traíam.
A vida doméstica das mulheres era muitíssimo
vigiada, em sociedade também. Era uma vida bastante claustrofóbica em
termos de cerceamento das liberdades, sobretudo nas classes mais altas…
entre os burgueses havia sempre muitos olhos sobre tudo. Então ,
pergunto onde é que as pessoas traíam. Onde é que tinham relações? Mas
tinham, é evidente. Quando vais ao Tinder, uma das coisas que me faz
confusão é o modo como vês a sociedade toda a assumir que está à procura
de alguém com quem ter relações… Enfim, não sabemos se sexuais, mas
algum tipo de relação. Não me parece mal, até me parece bem, passa por
assumir algo que é natural: a dinâmica das relações humanas e sexuais.
Portanto, está mais à vista, agora, se isso vai ser uma revolução em
termos de prática em si… Não acredito. O que essas tecnologias novas
proporcionam é o espreitar-se mais facilmente pela fechadura para o
quarto dos outros. É o lado voyeurista. Mas o que se passa no quarto dos
outros sempre se passou e sempre se há-de passar. E felizmente.
Este livro parece também um estudo sobre aquilo que
editorialmente mais hipótese tem de vingar nos nossos dias. Não estou a
falar de oportunismo, mas há aqui uma inteligência não só na escolha do
tema, como vai buscar a tendência dos leitores para procurarem livros
que bebem na História…
Que lhes dão informação…
Um livro, do ponto de vista do marketing, genial. Talvez não tenha pensado o livro assim.
Não.
Mas não é uma abordagem literária, senão por um lado jornalístico.
Embora, tenha ficção também.
Mas houve estratégia neste sentido?
Não. Desse ponto de vista, o tema de “Os últimos Marinheiros”
[reportagem para a colecção “Retratos da Fundação”, publicada pela
Fundação Francisco Manuel dos Santos], é tão ou muitíssimo mais
importante do que o adultério. Portanto, podia-se dizer que aí também
teria havido uma estratégia editorial. Ou o tema da morte, que na altura
em que publiquei o meu romance, “Este é o meu corpo”, que é um romance
sobre a morte, surgiu antes dos CSI, e das séries dos patologistas se
terem popularizado.
O livro saiu em 2001, antecedendo a vaga que veio a
seguir em que a morte foi um tema muito premente na literatura, no
cinema, nas séries de televisão. Portanto, em termos de marketing são
todos mais ou menos equiparados. E não foi estratégia (risos). Em termos
de escrita, este livro foi para mim um divertimento. “Este é o meu
corpo” foi um romance que teve muito sucesso, foi extremamente bem
recebido, o que teve o seu peso, evidentemente. Não só em termos de
responsabilidade em relação ao segundo, que ainda não saiu, mas teve uma
excelente recepção internacional e durante muito tempo, praticamente 10
anos, me fez circular pelo estrangeiro a apresentar o livro, sobretudo
na Europa. E com reacção muito intensas da parte dos leitores, porque
era um tema muito sensível. A herança daquele livro durou muito tempo.
Entretanto, eu sou jornalista, freelancer… Trabalhei apenas cinco anos
no quadro de uma empresa, e trabalho há 25 anos. O que eu tive de fazer
durante estes foi trabalhar, e só por isso é que o segundo romance não
apareceu antes. Agora, depois das crianças estarem mais crescidas, pude
voltar a escrever, e comecei pela reportagem dos marinheiros.
Em 2001, não era ainda mãe?
O romance acompanhou a minha primeira gravidez. A minha filha Mariana
tem a idade do livro. Se “Os Últimos Marinheiros” é claramente um livro
de reportagem, este “Dicionário Sentimental do Adultério” é um
exercício de prazer, de retomar a escrita, e tem também ficção, é uma
escrita literária… (Não é uma reportagem.) E foi um exercício de
escrita, mas não foi uma estratégia de marketing. Esta colecção existia
já na Quetzal, é o segundo título de uma colecção que começou com o
título “Dicionário Sentimental do Futebol”, do Rui Miguel Tovar.
E a ideia do tema foi sua?
Sim, mas a colecção já existia. Em França existe uma colecção de
enorme sucesso, que se chama “Dictionnaire amoureux” e que parte mais ou
menos da mesma ideia. Ou seja, pedir a um autor que faça uma abordagem
pessoal de um determinado tema. Com um formato semelhante ao do
dicionário: com entradas, com uma esquematização a partir de pequenos
textos, que correspondem a entradas, e um tema.
* É melhor comprar o livro.
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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
Sexo e dinheiro,
a eterna mistura explosiva
Suspeita de abuso de menores afasta cardeal das Finanças e pode pôr em causa reformas do Papa
A reforma económica do Vaticano, após
pelo menos um século de escândalos periódicos, foi pedida com urgência
no conclave que elegeu Jorge Bergoglio, em 2013. Este incentivou-a desde
que passou a ser o Papa Francisco. Era uma das mais prioritárias e
complexas, mas agora corre o perigo de naufragar. O cardeal australiano
George Pell, uma espécie de superministro da Economia e das Finanças que
a cidade-estado e a Santa Sé (cúpula da igreja católica) nunca tivera,
foi acusado de abuso sexual de menores. É um rude golpe, quase mortal.
.
O cardeal, de 76 anos e com saúde precária, renunciou à imunidade diplomática para se deixar processar a partir de 18 de julho, na Austrália. “Irei, defender-me-ei e regressarei ao trabalho em Roma”, prometeu. O mais provável, contudo, é que não volte ao Vaticano ou que, caso o faça, o cargo já esteja ocupado por outro cardeal. Desde quinta-feira passada a sua presença foi excluída de todos os atos oficiais do Vaticano. Formalmente, Pell pediu licença sem vencimento.
As autoridades australianas acusam o sacerdote de, pelo menos, três casos de abuso sexual de menores e de um número indefinido de encobrimentos de abusos cometidos por párocos, quando Pell foi bispo. O anúncio de que um cardeal vai ser julgado, pela primeira vez na história, foi feito pelo próprio, numa conferência na sala de imprensa do Vaticano, a uma hora inédita: 8h30 da manhã: algo nunca visto.
Nos anos 80, João Paulo II resolvera de modo discreto os casos de abusos cometidos pelo cardeal de Viena, Hans Wilhelm Groër: demitiu-o e encerrou-o num convento. Pell já contava dois anos de interrogatórios policiais, manifestações contra a sua figura e inúmeras investigações jornalísticas, mas continuava secretário para a Economia. Quando inquirido sobre o caso de Pell, em julho do ano passado, Francisco respondeu: “Não seria bom emitir um juízo a favor ou contra porque estaria a julgar por antecipação”. O Papa encerrou o assunto afirmando: “Falarei quando a justiça o fizer”.
Estrangeiro nas finanças
Não nos deixemos enganar pelo modesto nome da Secretaria para a Economia. Trata-se de uma superstrutura, que nunca existira, com o objetivo de aprovar, controlar, supervisionar e certificar todos os orçamentos, contabilidade e investimentos de todos os organismos do Vaticano e da Santa Sé. Foi uma das reformas mais complexas pedidas no conclave de 2013.
A nomeação, em 2014, do “estrangeiro” Pell para aquele cargo foi como que um murro no estômago dos clérigos italianos. Estes geriam à vontade as finanças da cúpula católica desde 1929, ano em que Itália e o Vaticano assinaram a paz que consagrou a perda pela Santa Sé dos Estados Pontifícios.
Vários organismos do Vaticano tentaram fugir ao controlo do “forasteiro” Pell. Uma série de religiosos alimentou as suspeitas de pederastia que vinham da Austrália, o que não significa que não tenham fundamento.
“Não abusei sexualmente de ninguém, em lado nenhum, em momento nenhum da minha vida. As acusações são totalmente falsas e equivocadas”, garantiu Pell a uma televisão australiana.
“As alegações foram apresentadas por vários queixosos”, explicou, telegraficamente, o subcomissário do Estado australiano de Victoria, Shane Paton, que dirigiu as investigações.
Nos papados de Bento XVI e Francisco, o Vaticano aplicou ao Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido como o banco do Papa, as normas internacionais de controlo de bancos, branqueamento de capitais e terrorismo.
Todos os organismos do Vaticano, com duas exceções, estão sob a tutela da Secretaria para a Economia, onde deixará de estar o “forasteiro”, ou seja, o não-italiano que a chefiava.
Se Francisco substituir Pell, esse gesto será interpretado como uma admissão de culpa. Se não o fizer, a gigantesca reforma pode soçobrar. Como se passarão as coisas? Os crentes em Deus costumam dizer que a Divina Providência tem muitas formas de resolver um problema…
* Mais uma nódoa sebenta na sotaina católica.
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O cardeal, de 76 anos e com saúde precária, renunciou à imunidade diplomática para se deixar processar a partir de 18 de julho, na Austrália. “Irei, defender-me-ei e regressarei ao trabalho em Roma”, prometeu. O mais provável, contudo, é que não volte ao Vaticano ou que, caso o faça, o cargo já esteja ocupado por outro cardeal. Desde quinta-feira passada a sua presença foi excluída de todos os atos oficiais do Vaticano. Formalmente, Pell pediu licença sem vencimento.
As autoridades australianas acusam o sacerdote de, pelo menos, três casos de abuso sexual de menores e de um número indefinido de encobrimentos de abusos cometidos por párocos, quando Pell foi bispo. O anúncio de que um cardeal vai ser julgado, pela primeira vez na história, foi feito pelo próprio, numa conferência na sala de imprensa do Vaticano, a uma hora inédita: 8h30 da manhã: algo nunca visto.
Nos anos 80, João Paulo II resolvera de modo discreto os casos de abusos cometidos pelo cardeal de Viena, Hans Wilhelm Groër: demitiu-o e encerrou-o num convento. Pell já contava dois anos de interrogatórios policiais, manifestações contra a sua figura e inúmeras investigações jornalísticas, mas continuava secretário para a Economia. Quando inquirido sobre o caso de Pell, em julho do ano passado, Francisco respondeu: “Não seria bom emitir um juízo a favor ou contra porque estaria a julgar por antecipação”. O Papa encerrou o assunto afirmando: “Falarei quando a justiça o fizer”.
Estrangeiro nas finanças
Não nos deixemos enganar pelo modesto nome da Secretaria para a Economia. Trata-se de uma superstrutura, que nunca existira, com o objetivo de aprovar, controlar, supervisionar e certificar todos os orçamentos, contabilidade e investimentos de todos os organismos do Vaticano e da Santa Sé. Foi uma das reformas mais complexas pedidas no conclave de 2013.
A nomeação, em 2014, do “estrangeiro” Pell para aquele cargo foi como que um murro no estômago dos clérigos italianos. Estes geriam à vontade as finanças da cúpula católica desde 1929, ano em que Itália e o Vaticano assinaram a paz que consagrou a perda pela Santa Sé dos Estados Pontifícios.
Vários organismos do Vaticano tentaram fugir ao controlo do “forasteiro” Pell. Uma série de religiosos alimentou as suspeitas de pederastia que vinham da Austrália, o que não significa que não tenham fundamento.
“Não abusei sexualmente de ninguém, em lado nenhum, em momento nenhum da minha vida. As acusações são totalmente falsas e equivocadas”, garantiu Pell a uma televisão australiana.
“As alegações foram apresentadas por vários queixosos”, explicou, telegraficamente, o subcomissário do Estado australiano de Victoria, Shane Paton, que dirigiu as investigações.
Nos papados de Bento XVI e Francisco, o Vaticano aplicou ao Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido como o banco do Papa, as normas internacionais de controlo de bancos, branqueamento de capitais e terrorismo.
Todos os organismos do Vaticano, com duas exceções, estão sob a tutela da Secretaria para a Economia, onde deixará de estar o “forasteiro”, ou seja, o não-italiano que a chefiava.
Se Francisco substituir Pell, esse gesto será interpretado como uma admissão de culpa. Se não o fizer, a gigantesca reforma pode soçobrar. Como se passarão as coisas? Os crentes em Deus costumam dizer que a Divina Providência tem muitas formas de resolver um problema…
* Mais uma nódoa sebenta na sotaina católica.
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O PRIMEIRO PLANO
E A PANORÂMICA
Taj Mahal
AGRA - ÍNDIA
Porta de Brandenburg
BERLIM - ALEMANHA
Cidade Proíbida
PEQUIM - CHINA
Pirâmides de Gizé
CAIRO -EGIPTO
O símbolo de Hollywood
LOS ANGELES - USA
Serra de Rushmore
KEYSTONE - USA
Cataratas do Niágara
FRONTEIRA USA-CANADÁ
Parthenon
ATENAS - GRÉCIA
Stonehenge
CONDADO DE WILTSHIRE
INGLATERRA
Terreiro do Paço
LISBOA - PORTUGAL
LISBOA - PORTUGAL
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