09/02/2013

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA

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SABE POR QUE RAZÃO OS HOMENS  

RARAMENTE ESTÃO DEPRIMIDOS?

Não engravidam ...
Os mecânicos nunca os conseguem enganar ...
Nunca precisam de procurar outro posto de gasolina para achar uma casa de banho limpa ...
As rugas são traços de caráter ...
A barriga é prosperidade...
Os cabelos brancos são charme...
Ninguém fica a olhar para os peitos deles quando estão falando ...
Os sapatos não lhes magoam os pés ...
As conversas ao telefone duram apenas 30 segundos ...
Para férias de 5 dias, só precisam de uma mochila ...
Se na mesma festa aparecer outro usando uma roupa igual, não há problema ...

Cera quente não chega nem perto ...
Ficam a ver televisão com um amigo durante horas, em total silêncio, sem terem que pensar: "Deve estar cansado de mim" ...
Mesmo que um amigo se esqueça de os convidar para alguma festa, vão continuar a ser amigos ...
A roupa interior deles custa no máximo 20 euros
 

Três pares de sapatos são mais que suficientes ...
São incapazes de perceber que a roupa está amarrotada ...
O modelo de corte de cabelo deles pode durar anos, aliás, décadas ...
Meia dúzia de cervejas e um jogo de futebol na televisão são suficientes para extrema felicidade ...
Os shoppings não lhes fazem a menor falta ...
Podem deixar crescer o bigode ...
Se um amigo lhes chamar gordo, careca, bicha velha, etc., não abala em nada a amizade ...
Conseguem comprar presentes de Natal para 25 pessoas, no dia 24 de Dezembro em 25 minutos (no máximo !!!) ...
Que maravilha é ser homem !!! 


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ZUMBA MESMO




 Em 1986, Perez esqueceu a fita de música de aeróbica para uma aula que ia dirigir. Tinha outras bobines na mochila com as tradicionais salsa e merengue  e improvisou a aula misturando a música que tinha.
Rápidamente foi um sucesso no seu país a Colômbia , e mais tarde nos Estados Unidos em 2001,  juntou-se com outro  co-fundador Alberto Perlman e um amigo de infância,  Alberto Aghion. O trio produziu uma demo reel  e o conceito foi descoberto e utilizado por uma empresa chamada  Fitness Quest para criar uma campanha de marketing direto.


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 6/MENSAGENS
SEM DÓ





















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A VIDA PRIVADA



DE SALAZAR
 

3º Episódio




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 3- Um banqueiro
 no confessionário

Oliveira e Costa

 
 * Um trabalho de Luís Leiria

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BOAVENTURA SOUSA SANTOS

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  PS ( Política Surrealista)

Por que é que um cidadão de esquerda, preocupado com o rumo que o país está tomar, temendo que a distância dos cidadãos em relação ao sistema político democrático se agrave, inconformado com a falta de unidade entre as forças de esquerda sociologicamente maioritárias, tem dificuldade em conter a raiva ante as insondáveis uniões divisionistas e divisões unitaristas do PS?
Por três razões. Primeiro, sentimento de impotência: sabe que se der um murro na mesa o único efeito possível é magoar-se, tal a incapacidade do partido em distinguir luta política de luta por cargos políticos. Segundo, sensação de perigo: o país precisa de uma alternativa política e o PS parece apostado em desistir dela antes mesmo de tentar. Terceiro, inconformismo ante o desperdício da oportunidade: o PS tem algum potencial para reinventar-se como partido de esquerda, um potencial muito limitado e problemático, mas mesmo assim existente.
Só esta última razão permite transformar a raiva em esperança, mesmo que esta mal se distinga do desespero. Dois factos bloqueiam esse potencial e outros dois podem ativá-lo. O primeiro bloqueio decorre da qualidade dos líderes. A estatura de Mário Soares criou uma sombra difícil de dissipar. Os líderes que se seguiram distinguiram-se mais pela integridade ética do que pela coragem política (Vítor Constâncio, Jorge Sampaio e António Guterres). O mais lúcido e corajoso de todos, Ferro Rodrigues, foi assassinado politicamente de forma sumária e vergonhosa.
O segundo bloqueio advém da perda de cultura socialista (e até de cultura geral) entre os dirigentes, o que amortece as clivagens políticas e aguça as clivagens pessoais. Quem não for militante do PS não entende a hostilidade entre José Sócrates e António José Seguro, quando ambos são produto da mesma terceira via (entre capitalismo e capitalismo) que vergou os partidos socialistas europeus às exigências do neoliberalismo e os fez vender a alma do Estado de bem-estar social. Seguro está condenado a continuar Sócrates em piores condições. Causa arrepios pensar que não frustrará as expectativas apenas por estas serem nulas.
O primeiro facto potenciador de transformação no PS é o contexto europeu e mundial. O Sul da Europa, o Médio Oriente e o Norte de África são as faces mais visíveis da vertigem predadora de um capitalismo selvagem que só se reconhece na extração violenta dos recursos humanos e naturais. É agora mais visível que o socialismo democrático foi construído contra a corrente, com muita luta e coragem que a Guerra Fria foi tornando desnecessárias. Tornou-se então claro que a coragem e a vontade de luta dos socialistas se tinham transformado, elas próprias, num instrumento da Guerra Fria, capazes de se exercitar contra comunistas e esquerdistas mas nunca contra capitalistas. É bem possível que não sejam os socialistas a reinventar o socialismo democrático. Uma coisa é certa: a ideia de um outro mundo possível nunca foi tão urgente e necessária, e reside nela a última reserva democrática do mundo.
O segundo facto potenciador é que os socialistas portugueses já mostraram estar conscientes de que qualquer vitória que o atual líder lhes proporcione a curto prazo será paga no futuro com pesadas derrotas. Os militantes socialistas jovens e pobres - que (ainda não enriqueceram no governo nem nas empresas - leram com atenção o livro de António Costa, Caminho Aberto, publicado em 2012, e ficaram tão impressionados como nós com a experiência governativa, lucidez política, capacidade de negociação com adversários, revelada pelo autor num livro que retrata como poucos o Portugal político dos últimos 20 anos e abre pistas luminosas sobre os desafios que a sociedade portuguesa enfrenta. Devem sentir, como nós, a dificuldade em conter a raiva.
Poderão dar um murro na mesa e terem algum efeito além de se magoarem? A tragédia do socialismo democrático atual é ser um fogo apagado que só reacende as brasas quando troca a coragem política pela ética, como se a coragem política não fosse eminentemente ética.

IN "VISÃO"
08/02/13

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2- Um banqueiro

 no confessionário

Oliveira e Costa


 * Um trabalho de Luís Leiria

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3. A PESTE NEGRA



 Como é hábito os episódios anteriores foram editados nos sábados precedentes à mesma hora.

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 1- Um banqueiro
 no confessionário

Oliveira e Costa


* Um trabalho de Luís Leiria
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KTUTA BRANCA



MARA PANU




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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Governo admite reduzir 
oito mil militares até 2020 

O Governo tem em discussão uma série de medidas de reforma das Forças Armadas que incluem a redução dos atuais 38 mil efetivos para 30 mil até 2020. 

Um documento de trabalho, a que a agência Lusa teve acesso, sugere uma redução de 4.000 efetivos até final de 2015 e prevê medidas de racionalização, entre elas a centralização das compras do Ministério da Defesa e dos ramos e a criação de uma reserva militar operacional. 

O dispositivo territorial das Forças Armadas, segundo o documento, deverá também ser reduzido em 30 por cento e esta redução seria conseguida através do congelamento de entradas e da criação de uma reserva operacional. 

A reserva operacional prevê que os militares que a integrem, até aos 35 anos, recebam uma verba anual (equivalente a um salário mínimo ou outro valor) e ficam sujeitos a um período de treino e à disciplina militar. Outras das medidas de contenção preveem uma redução de 30% do pessoal civil até 2015 e de 30% no parque de viaturas ligeiras. 

Uma outra possibilidade é os militares na reserva (com mais de 55 anos) fazerem trabalho nas unidades. É igualmente admitida a hipótese de o recrutamento ser feito através de um único órgão, dependente do Ministério, a reorganização do Ensino Superior Militar apenas numa Academia (hoje existem três). 

De acordo com o semanário Expresso, estas e outras medidas equivalerão a um corte de cerca de 200 milhões de euros. Contactado pela Lusa, o Ministério da Defesa Nacional afirmou que estas medidas constam de um documento de trabalho.

* Os primeiros a saír deviam ser os generais.

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HOJE NO
"A BOLA"

Rui Neto abandona cargo 
de selecionador de Portugal
 
Rui Neto anunciou, este sábado, que está de saída do comando técnico da Seleção Nacional de hóquei em patins, cargo que desempenhava desde dezembro de 2009.
«Entendo que chegou a altura de terminar este ciclo, visto não estarem reunidas as condições de confiança no trabalho desenvolvido», justificou o treinador, aludindo à falta de diálogo com os responsáveis da Federação após a participação no último Campeonato da Europa, em setembro passado, no qual Portugal foi derrotado na final pela Espanha (4-5). 

* Rui Neto é um bom profissional. 

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ANTES E DEPOIS,







ÍNCRIVEL


















































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HOJE NO
"PÚBLICO"

Ministra da Educação da Alemanha demite-se após alegações de plágio 

Anette Schavan recusou as acusações, mas acabou por se demitir. É uma perda para a chanceler Angela Merkel, de quem era próxima, a oito meses das eleições legislativas. 

A ministra da Educação da Alemanha, que estava no centro de um novo escândalo de suspeito plágio numa tese, demitiu-se.

Merkel tinha afirmado que mantinha toda a confiança na ministra, à semelhança do que fez com o antigo ministro da Defesa Karl-Theodor zu Guttenberg, cujo caso, que resultou na retirada do seu grau académico em 2011 pela Universidade de Bayreuth, levou à sua demissão. Foi depois do "escândalo Guttenberg" que foi criada uma plataforma online com o objectivo de analisar teses de membros do Governo.
 O apoio de Merkel a Guttenberg provocou, na altura, polémica entre a comunidade científica alemã. Schavan foi, na altura, muito crítica de Guttenberg, dizendo que o plágio tinha sido "vergonhoso".

O caso de Schavan é diferente: diz respeito a uma tese feita há muitos anos, e não era unânime na comunidade científica que fosse de facto um caso de plágio. Mas a Universidade de Düsseldorf analisou extensivamente a tese e decidiu retirar-lhe o doutoramento, obtido há 33 anos. Merkel disse manter a confiança na ministra; esta regressou de uma viagem oficial para se demitir.

Schavan disse que iria recorrer da decisão, mas que se demitia para poupar "o ministério, o Governo e a CDU", a uma pressão adicional. Merkel afirmou que "foi com tristeza" que aceitou a demissão da ministra, uma figura importante no partido.

* Apesar de andarmos de costas quase voltadas com a Alemanha, há que reconhecer que licenciaturas ou doutoramentos de embuste fazem rolar cabeças naquele país, ao contrário do nosso.

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 Faça um nó em condições
para saír logo à noite






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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"

Criminalidade:
Procuradoria-geral Distrital de Lisboa 
divulga dados de 2012 
808 menores abusados 

Pelo menos 808 menores foram vítimas de abusos sexuais em 2012 só no distrito judicial de Lisboa. Os dados revelados pela Procuradoria- -Geral Distrital de Lisboa ontem mostram uma subida de 22,6% (mais 149 inquéritos) face a 2011.

O número de crimes contra crianças – que não de natureza sexual – também subiu 13,9% (426 casos em 2012, mais 52 do que no ano anterior).
 Os crimes contra profissionais de saúde, violência na comunidade escolar e coação e resistência sobre funcionário foram os que mais aumentaram no mesmo período. Segundo o memorando a que o CM teve acesso, em 2012 foram abertos 19 inquéritos por violência contra profissionais de saúde (mais 171%), 245 por violência escolar (mais 86 casos) e 970 por coação e resistência sobre funcionário.
O documento revela ainda que foram registados 493 inquéritos por "corrupção e crimes afins", mais 59 do que em 2011. No crime económico foram abertos 588 inquéritos. Os valores envolvidos nestes processos ascendem a 70,6 milhões de euros.
O distrito judicial de Lisboa abrange os círculos de Almada, Angra do Heroísmo, Barreiro, Caldas da Rainha, Cascais, Funchal, Sintra, Lisboa, Loures, Oeiras, Ponta Delgada, Amadora, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.  

* E somos um país de brandos costumes???

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NO MUNDO DAS RODAS









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 HOJE NO
"RECORD"

Rafael Nadal: 
«É importante que o desporto 
limpe a sua imagem» 

Rafael Nadal defendeu este sábado um julgamento firme à denominada "Operação Puerto", um amplo esquema de dopagem entre a elite desportiva ocorrido em Espanha. 
"Que os que fizeram asneiras paguem por elas e o desporto limpe a sua imagem", afirmou Nadal, atual quinto classificado do "ranking" ATP, na cidade chilena de Viña del Mar, reconhecendo que esta "é uma situação complicada", na qual "o importante é chegar ao fundo da questão".

O tenista maiorquino, que sete meses depois regressou à competição em Viña del Mar, qualificou-se esta madrugada para a final de pares do torneio ATP chileno, ao vencer, juntamente com o argentino Juan Mónaco, os argentinos Carlos Berlocq e Leonardo Mayer por 6-3 e 6-4, nas meias-finais.

Após o apuramento para a final, na qual Nadal e Mónaco vão defrontar os italianos Paolo Lorenzi e Potito Starace, o espanhol admitiu que a confissão do norte-americano Lance Armstrong "afeta todos" os desportistas.

"É importante que o desporto limpe a sua imagem e há que ir até ao fim, que os controlos sejam públicos, que se faça o que faz falta, tudo o que seja necessário", frisou Nadal, defendendo que "as pessoas saibam que quem compete está limpo, sem que se criem dúvidas, porque é injusto que paguem os justos pelos pecadores".

Também na terra batida de Viña del Mar, Nadal chegou às meias-finais do torneio, ao vencer o seu compatriota Daniel Gimeno Traver por 6-1 e 6-4, nos quartos de final.

* Um bom regresso e uma boa intervenção

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 UM MURRO 
BEM ACEITE





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 HOJE NO

"i"

A crise chegou à prostituição 

 Os clientes são menos, pagam menos, e elas são mais e cada vez mais desesperadas. “O sexo é um luxo? O que vai fazer se tiver de escolher entre isso e dar comida aos filhos?” 

Ainda não é hoje que Daniela vai acordar e perceber o que acabou de acontecer. Retocou no retrovisor do carro o lápis preto na pálpebra do olho, vestiu uma camisa aos quadrados, pôs uns calções de ganga curtos e umas botas de salto alto para parecer mais alta, mais delineada. É, de todas, a menos aperaltada para a noite. A menos maquilhada. Uma das poucas que não soltou o cabelo. Mas é a primeira que um homem chama: num roteiro em que os carros que circulam, noite após noite, são quase sempre os mesmos, a novidade é sempre o mais apetecível. Quando volta, Daniela bate a porta do carro, corre para junto das amigas e ri-se como uma perdida. Na cara nenhum sofrimento, nenhuma dor. Ninguém diria que foi a primeira noite dela.

Meia hora, 40 euros, porque os homens agora regateiam e já lá vai o tempo em que a regra era 50 euros por uma ida ao quarto. Faz contas de cabeça na tentativa de perceber quantos carros e pensões terá de percorrer para salvar os pais das dívidas. Tenta convencer-se de que não foi assim tão mau. Que 40 euros por um “beijinho”, o eufemismo usado para o sexo oral no roteiro da prostituição, é um bom dinheiro. Quando se enfia dentro de um casaco de capuz para a fotografia, não há lápis preto nem salto alto que a encubra: Daniela tem 20 anos, maçãs do rosto de uma adolescente. Ainda não será hoje que vai acordar. “Há o dia em que lhe vai cair a ficha e não vai conseguir parar de chorar. Acontece a todas, mas não é imediato”, conta Eva, a amiga do Algarve que nesta mesma noite faz dois anos que está na rua. “Ela estava a dormir na minha casa, não queria que ela viesse para aqui, nem que me pagasse nada. Mas os pais, pelo que percebi, estavam cheios de dívidas e ela não quis esperar mais. Dizia que tinha de os ajudar.”
 Quando começou, numa casa de prostituição gerida por uma russa, Eva, hoje com 22, tinha apenas 17. Fez 60 mil euros em poucos meses e deslumbrou-se. Não eram estes os seus planos: tinha arrendado uma casa pela internet e quando chegou à cidade não havia casa. À pressa, acabou por ter de gastar mais 300 euros nesse mês para arrendar um quarto sem janela. As coisas descambaram, mas não queria voltar para o Algarve com a independência falhada. Foi para a tal vivenda. De repente podia comprar tudo o que queria, todos os meses transferia dinheiro para a mãe, a quem dizia estar a trabalhar para uns estrangeiros bondosos. Um dia, chateou-se com a patroa, um amigo mostrou-lhe como poderia fazer dinheiro na zona do Marquês de Pombal, nas traseiras dos hotéis mais caros de Lisboa. Esteve um mês só a observar como as outras faziam, com medo de sair com um cliente. “É muito diferente. Numa casa sentimo-nos mais protegidas.” É Inverno e faz demasiado frio para vestidos e meias de seda. Os corpos gelam e agora acontece o nunca antes visto: há noites em que não se trabalha. Este pode bem ser o Inverno mais rigoroso das vidas delas – os clientes são menos, pagam menos, e elas são mais – mas ainda não está convencida a sair. “Somos pobres. É um deslumbramento. Mesmo com menos trabalho, se fizermos apenas um serviço por dia, que outro trabalho arranjaremos para ganhar este dinheiro? Compramos o que queremos, mandamos dinheiro para casa. Os nossos pais nem sonham, acham que somos bem sucedidas, falam de nós como as filhas mais responsáveis.”

A decadência 
No Cais do Sodré – zona onde por norma se prostituem mulheres mais velhas –, este é o primeiro Inverno que Marisa passa na rua. Há uns anos, ganhava 100 euros só por “alternar” – beber copos com um cliente. Foi stripper, fez espectáculos. Mas os bares de alterne onde trabalhava foram fechando. E os que resistem – diz ela que por pouco tempo – têm tão poucos clientes que quase já não precisam de empregadas. “Antes era uma mina. Fazia duas saídas e ia-me embora. Hoje até as melhores casas estão às moscas.” Marisa, que diz ter “40 e poucos” anos, mas todos sabem ter mais, sabe que o seu prazo está a esgotar-se. Estica o cabelo todos os dias com secador e chapa para parecer mais gira, fez uma franja e põe uma bandolete para parecer mais nova, e está convencida de que se a escolhemos para falar, entre as muitas mulheres que estavam naquele quarteirão, é porque “é a mais vistosa”. Mas não se ilude: os tempos áureos acabaram. “Isto é como em qualquer negócio. Se as pessoas não têm dinheiro não compram. Antigamente vinham homens com muito dinheiro. Agora é só pobres, canalhada. Só vejo é tesos.”

 Tem uma filha de 16 anos, que não sabe o que faz todas as noites – “Para quê contar se a vai fazer sofrer?” –, não tem marido, faz mais de uma década que não vê a família. Teve várias paixões estrondosas, com fins igualmente estrondosos. Quando os clientes começaram a fugir, tratou de desfazer-se do ouro que comprara nos tempos em que perdeu a conta ao dinheiro que ganhava. “Acho que vendi por menos dois dígitos do que comprei.” Já tentou desfazer-se dos serviços de cristal caríssimos que também comprou às prestações, mas não sabe como, porque até essas lojas já fecharam. “Tenho coisas valiosas que podia vender. Quem me as vais comprar? Naquela altura tinha dinheiro e perdia a cabeça.” Não vai ter uma reforma, já quase não tem poupanças. A solução foi procurar a rua, na zona onde os seguranças dos bares a protegem. “Se não fossem eles, já estava morta. Agrediam-me todos os dias.” Foi obrigada a baixar os preços, mas impôs um limite. “Antes era 100. Agora não faço por menos de 40. Se querem, querem, se não querem procurem outra.”

A independência 
 Noutra zona da cidade, há quem faça por menos. Quando Andreea chegou da Roménia, há cinco anos, ainda conseguia cobrar 40 euros. Agora, ou tem sorte e lhe aparece um cliente antigo, ou o mais provável é acabar a receber 20 ou 25 euros por estar com um cliente durante meia hora. “Mais 20 que 25”, diz, três horas depois de ter começado a trabalhar e ter tido apenas um serviço porque um amigo lhe ligou. “As pessoas andam tristes, têm problemas, vejo cada vez mais gente a falar sozinha pelas ruas. Para ter sexo é preciso ter dinheiro e também alguma alegria. Quem é que triste quer ter sexo?”

 Andreea atende em hotéis e pensões, nunca gostou de carros. Mas o mais frequente é terminar os fins de tarde na pensão do 4º esquerdo, onde acabam quase todas as mulheres que se prostituem na zona da Praça da Figueira, na Baixa de Lisboa. No rés-do-chão e no primeiro andar, uma loja vende Vista Alegre e outras louças caras. À medida que se sobe uns andares, tudo fica mais decadente. Os degraus perdem a alcatifa, a madeira entorta, o cheiro piora. Do lado de lá da campainha da “Casa de Hóspedes”, aparece metade de uma mulher que não quer falar sobre o negócio. “O patrão não está e deixei o ferro ligado.” A porta fecha, sem estrondo. As fantasias dos clientes morrem ali.
Perto dos 50 anos, com duas filhas crescidas na Roménia, Andreea, pele moreníssima, vestido e leggins discretos, já se agarra ao corrimão quando desce as escadas, a pensar qual vai ser o dia em que vai voltar para o seu país. “Só Deus sabe quando vou sair desta vida. Queria que fosse já amanhã. Há pessoas que pensam que somos de uma classe inferior, mas estamos a fazer o nosso trabalho para ter o que comer. Não estamos a roubar nem estamos a obrigar ninguém: se vêm aqui é porque querem.”
Andreea era cabeleireira na Roménia. Um dia ficou desempregada. Num outro deixou de tentar arranjar trabalho e veio para Portugal. Acabou por entrar na rota da prostituição através de uma amiga que já o fazia em Lisboa. Não consegue explicar porque não tentou encontrar outro trabalho. Em todas as esquinas da praça, há mulheres que esperam, encostadas à parede ou à beira da estrada como quem espera uma boleia. Uma portuguesa tentará mesmo convencer-nos de que está só à espera do marido. “São cada vez mais e cada vez mais portuguesas”, contam as funcionárias de uma loja. Se chegar uma nova, Andreea não se chateia, não sente que está a perder território. “Se vem é porque precisa. Que ninguém se iluda: se vêm é porque precisam de pagar dívidas, pagar a renda da casa ou sustentar os filhos. As pessoas falam sem saber que não estão livres disso, ninguém está. Acha que há dez anos na Roménia alguma vez sonhei com o que ia estar aqui a fazer hoje?”
Garante que não tem um proxeneta, e que são cada vez menos as mulheres que os têm, como se se tivessem emancipado. “Isso não aceito, o corpo é meu, ganho pelo que faço com ele e não para pagar a um homem para me controlar.” A verdade é que durante uma hora de conversa, ninguém apareceu a supervisionar.

As fantasias 
 Na Conde Redondo, são três da manhã e Cláudia, transexual que há uns anos chegou a ganhar seis mil euros por mês, ainda não recebeu nenhum cliente. Na zona, contam as amigas que esperam sentadas no mesmo rodapé, o negócio começou a piorar no Verão do ano passado. Há alturas em que melhora, como na época do Natal, mas a tendência é para que episódios de “uma noite a render por um mês” sejam cada vez mais raros. Marisa, que entretanto arranjou um marido e não quer ser fotografada porque a sogra pode reconhecê-la, chegou do Brasil em 2005 e só na primeira noite fez mil euros. “Não me pergunte o que fiz com o dinheiro todo que ganhei.”
Na paragem de autocarro mais acima, outro transexual diz: “Nossa, já viu os carros que estão a passar? Não passa ninguém!” No espaço de um ano, o cenário mudou “drasticamente.” “O sexo é um luxo. Qual é o homem que vem à procura de sexo se tiver de escolher entre isso e dar comida aos filhos?”
Weina, pernas intermináveis, cabelo cheio de tranças, olhos de um azul incrível, insinua-se para um indiano que passa. “Do you like it?”, pergunta, enquanto espreme um peito contra o outro, dando a ilusão de que é ainda maior. “Do you want it?” Apesar do espectáculo, não consegue conquistá-lo e volta a sentar-se.
Para os transexuais, a lei é a da rua. Todos têm histórias de tortura ou de humilhação. “Já fui obrigada a masturbar um homem. Grande, musculado, giro. Um homem daqueles tinha a mulher que queria, mas a pancada dele era obrigar-me”, conta Weina. Afinal, o que é que os homens procuram na prostituição? “Tudo o que imaginar de nojento eles pedem. Imagine um filme pornográfico, é tudo o que eles têm na cabeça.”
Há fantasias quase inenarráveis: homens que querem pepinos ou saltos altos no ânus, homens que querem obrigar as mulheres a ter sexo a três, homens que gostam de vestir roupas de mulher e até homens que gostam de urinar na boca das mulheres. “Qual era a mulher lá em casa que autorizava isso?”, pergunta Weina.
“Já tive um cliente que vinha aqui só para me ver nua porque dizia que eu fazia lembrar a enteada dele”, conta Eva, enquanto as três amigas com quem partilha casa e a mesma zona do Marquês de Pombal se riem ao recordar outros fetiches.
Em cada zona de prostituição, há grupos que funcionam em cartel: combinam um preço e não baixam. Neste caso, no mínimo dos mínimos, 40. O mesmo do lado dos transexuais. Mas há sempre alguém que fora do grupo acaba por baixar esse preço. “Há muitas pessoas novas que vão aparecendo e estão desesperadas. Acabam por baixar o preço porque querem fazer dinheiro o mais rapidamente possível”, explica Eva.
É claro que há dias de sorte. “Há homens que vêm aqui só para desabafar e dão cem euros. Não são assim tão poucos os que só querem falar e por norma são os que pagam mais”, diz uma. “Tive um cliente que por altura do Natal me pagou 240 euros por meia hora num dia e 300 euros no seguinte”, acrescenta outra. E depois há todos os outros: os amorosos, os que as querem levar para jantar, os que se apaixonam.

Quando Cátia chega, vistosa e perfumada, dentro de uma mini-saia vermelha, o namorado dela está à espera. Aos 22 anos, Cátia é uma mulata com cara de artista de cinema. O namorado não pergunta nada. Beija-a, como quem a espera de um dia normal de trabalho. Não se importa por ela ter vindo dos braços de outro homem. Em casa, esperam-na dois filhos. “É claro que penso em largar esta vida quando eles forem mais crescidos. Mas se ganhar 500 euros como é que vou sustentá-los?”. Rita é a mais roliça do grupo e também veio do Algarve. Tem dois filhos e apesar de estar grávida de gémeos, não deixou a rua. “Ainda estou com pouco tempo, mais para a frente deixo.” O actual namorado começou por ser seu cliente. Quando começaram a namorar, ela largou a rua por uns tempos. “Depois não conseguia pagar as contas e tive de voltar.”
Vanessa tem 20 anos e começou a trabalhar em bares de alterne. Chega um “amigo” e desaparece numa carrinha, cambaleando, desengonçada, magra de mais. Passado um tempo, Rita agarra o telemóvel e pergunta-lhe onde está. É da praxe: sempre que uma demora mais tempo que o previsto, outra liga. Porque na rua os sustos moram à esquina. Vanessa já foi abandonada numa mata, Eva já foi atirada para fora de um carro e bateu com a cabeça num poste.
Às duas da manhã, desistem de esperar por mais clientes e combinam uma ida às Docas, como qualquer grupo de jovens adolescentes. Quando trocarem os saltos altos pelos ténis ou sabrinas que trazem dentro de um saco e descerem rua abaixo, ninguém imaginará de onde vêm. Nos bares das Docas, quando ela dançar, todos estarão longe de saber que esta foi a primeira noite da Daniela.

*  Embora seja muito vilipendiada a prostituta é uma pessoa que dá muito por pouco.

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Subterraneos do Porto










 
.Património desconhecido de muitos de nós.

A obra foi autorizada por Filipe I (Filipe II de Espanha)e a construção durou 90 anos...!
 
Há visitas guiadas.


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