HOJE NO
"OBSERVADOR"
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Offshores.
Bruxelas quer ouvir
ex-ministros das Finanças
Proposta foi aprovada esta semana pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Parlamento Europeu aos Panama Papers. Eurodeputados querem ouvir Maria Luís Albuquerque e Vítor Gaspar, "mas não só".
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Parlamento Europeu aos Panama Papers vai pedir para ouvir os ex-ministros das Finanças Maria Luís Albuquerque e Vítor Gaspar.
Mas a lista pode não ficar por aqui. Sem especificar nomes, a
eurodeputada Ana Gomes, vice-presidente da comissão parlamentar, explica
ao Observador que — nas deslocações a outros países feitas pelos
membros da CPI –, foram ouvidos ministros, denunciantes, juízes,
reguladores, jornalistas, entre outras pessoas com informação
privilegiada sobre o dossier. Portugal será um dos próximos países a
receber um grupo de eurodeputados com a pasta do Panama Papers.
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Com
o enquadramento do tema da comissão parlamentar, os eurodeputados
querem pedir esclarecimentos sobre a remessa de verbas para offshores
a partir de Lisboa, sem que a Autoridade Tributária saiba de que
dinheiro se trata, se foram cumpridas as obrigações fiscais ou quem está
na origem e no destino dessas transferências.
Além das questões de “fiscalidade” associadas a estas transferências, pode haver matéria criminal nestes casos, relacionada com o “branqueamento de capitais”, que importa investigar, destaca Ana Gomes.
A
proposta foi formalizada esta segunda-feira em reunião de coordenadores
e já estão a ser preparados os contactos com as autoridades portugueses
para que um grupo de elementos da CPI venha a Portugal — à imagem do
que tem acontecido com outros países — para receber “atuais e anteriores
responsáveis” de várias áreas. As datas para a passagem por Portugal
vão ser definidas nas próximas semanas mas a expetativa é a de que os
encontros possam acontecer “ainda antes do verão”, admite Ana Gomes.
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Além de responsáveis políticos, admite-se em Bruxelas que os
reguladores do setor financeiro possam também ser ouvidos. Em concreto,
no caso português, pode também estar em causa uma audição ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e a “responsáveis de empresas” que tenham relação com a remessa de verbas para paraísos fiscais.
Os
responsáveis a quem a CPI faça chegar pedidos de audição não estão
obrigados a prestar esclarecimentos aos eurodeputados. Mas “o Parlamento
Europeu tem mecanismos para fazer pagar reputacionalmente as entidades
que decidam não estar presentes”, sublinha Ana Gomes. E, “quando se
trata de responsáveis políticos, isso também leva a que se faça uma
leitura política”, destaca.
Nos últimos meses, os eurodeputados
fizeram deslocações ao Reino Unido, Malta, Luxemburgo, EUA, estando
ainda previstas viagens a Chipre e à Suíça. No Luxemburgo, por exemplo,
foram ouvidos, entre outros, os ministros da Justiça e das Finanças.
No início do mês, a eurodeputada (eleita pelo PS) enviou uma
carta ao presidente da CPI, o eurodeputado Werner Langen, pedindo-lhe
que alargasse o âmbito da investigação ao “escândalo atual de
transferências não escrutinadas para paraísos fiscais a partir de
Portugal”. Na carta destacam-se as explicações que o ex-secretário de
Estado dos Assuntos Fiscais apresentou no Parlamento, sobretudo o facto
de ser o “responsável político” pela não divulgação pública de
estatísticas relacionadas com as remessas para offshores.
Mas
a questão é mais lata. “Ela envolve responsabilidades portuguesas e
europeias para que sejam implementadas diretivas de combate ao
branqueamento de capitais, que também têm implicações no combate ao
financiamento de terrorismo e da criminalidade associada”, refere Ana
Gomes na mesma missiva.
Da
CPI do Parlamento Europeu fazem ainda parte como membros efetivos, além
da socialista, os eurodeputados José Manuel Fernandes (PSD) e Nuno Melo
(CDS). Manuel dos Santos (PS) e Miguel Veigas (PCP) são membros
substitutos.
* Enquanto ministros das Finanças as pessoas indicadas na notícia prepararam muito bem o "pós-ministério", é um hábito em ex-governantes portugueses preponderantemente do PSD, PS e CDS.
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