Será preciso beliscá-los?
Poucas horas após
os resultados eleitorais serem conhecidos, os ministros do Eurogrupo
recordaram que Lisboa deverá entregar o Orçamento para 2016 até ao
próximo dia 15, de modo a ter o visto prévio da Comissão. Entontecidos
pela adrenalina eleitoral, muitos políticos nacionais parece terem
esquecido que Portugal e os países da Zona Euro vivem em regime de
"soberania limitada". Não na sombra dos tanques de Brejnev, mas sob a
ameaça das dolorosas sanções do Tratado Orçamental e do BCE (lembram-se
do que aconteceu na Grécia?).
A dura realidade não se combate com
estados de alma, mas com inteligência e determinação. Exatamente tudo o
que parece estar a faltar aos nossos atores políticos. O PR, agora a
trabalhar em regime de serviços mínimos, indigitou Passos Coelho, sem
ouvir os partidos como manda a Constituição, tornando a tarefa deste
ainda mais difícil.
O mau encontro entre Portugal e Cavaco Silva
continua a ser devastador. António Costa, por seu turno, pede agora
esclarecimentos sobre as propostas de entendimento do BE e do PCP. O
ex-presidente da CM Lisboa ainda não percebeu que depois de ter perdido
as legislativas, e de ter deixado transformar as presidenciais num
passeio do Professor Marcelo, deve limitar-se a impedir que o país fique
sem governo, em vez de alimentar a possibilidade de fazer alianças com
quem apenas lhe quer morder a carne. Quem está acossado no seu próprio
partido não pode fingir que ainda poderá mandar no país.
O futuro de
Portugal vai decidir-se, para bem ou para o mal, na luta pela reforma
das instituições europeias, com alianças e compromissos europeus. Se os
nossos líderes não se entenderem sobre o centro de gravidade do
interesse nacional, acabaremos por ser vítimas não só de mais
austeridade como de mais humilhação.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
08/10/15
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