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IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
05/03/20
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Notícia fast-food
A alegoria é pobre mas não é por isso que deixa de ser verdadeira.
A
velocidade a que hoje consumimos a informação, online e por isso
global, não serve de desculpa para que a maior parte dos temas sejam
abordados pela superfície e de forma fugaz.
Pior: a suposta
atenção dos media sobre um assunto, elegendo um tema para destaque, tão
cedo o faz subir às primeiras páginas e abre telejornais como é logo a
seguir esquecido e ostracizado, porque trocado por um outro tema. E os
temas consomem-se uns aos outros, sucessivamente e banalizando-se entre
si.
Tomemos por bons os últimos exemplos: a situação na Venezuela
voltou a ser notícia pelas restrições à TAP e num ápice foi esquecida,
mas e a situação social e política da Venezuela que há meses abriu
telejornais e continua igual; continua esquecida?
Os ataques ao
povo sírio não acabaram só porque saíram das notícias; o Brexit agora
porque por uns meses já não vende jornais por isso passa para segundo
plano? A eutanásia fez do nosso país um espaço de debate sobre a vida e o
fim dela na lei, mas já é passado. E o racismo; alguém se lembra do
Marega? Foi atropelado na agenda pelo Covi-19.
As agendas
mediáticas são influenciadas por diversos sectores com influência no
espaço público, de que os partidos políticos, o sistema judiciário ou os
clubes de futebol são apenas alguns exemplos em Portugal. Não está
certo nem errado, mas é assim que tem funcionado. O espaço público – que
nos últimos anos deixou de ser controlado apenas pela media tradicional
e está nas redes sociais ao alcance de qualquer de nós – tornou banal e
fugaz a eleição dos temas para debate. Se a isto acrescentarmos as
“fake news” – que sempre existiram mas hoje têm novos meios de
propagação – a mistura é explosiva.
Tomando por válida a ideia de
que a falta de informação, muito particular nas ditaduras, não é
positiva, o excesso de informação e o comportamento de rebanho da
maioria dos media deixam-nos numa espécie de cultura inculta. E, no fim
do dia, vivemos num mundo de informação cheia de vazio
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
05/03/20
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