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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Estudantes indignados com
declarações de Temido sobre
médicos não-especialistas
A
Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) classificou como
"gravíssimas" as declarações da ministra da Saúde sobre os médicos
não-especialistas, afirmando que demonstram "um claro distanciamento
para com a realidade".
Marta
Temido disse na quarta-feira, numa audição na comissão parlamentar de
Saúde, que "o acesso à especialidade é importante, mas uma força de
trabalho em saúde deve ser diversificada". "Não se faz só com a oferta
de especialistas altamente qualificados, há necessidade de ter várias
tipologias e não têm de ser todas da mesma natureza. Um não-especialista
pode ser altamente qualificado", acrescentou.
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ABSOLUTAMENTE INTELECTUAL |
"De
facto, não lhe foram transmitidos os conhecimentos, experiência e a
orientação de que necessitava para o ser, porque viu a sua formação ser
interrompida" e não possui "um perfil mais genérico de competências que
lhe permita exercer noutra área que não a clínica", pois o seu currículo
não está orientado para o capacitar nesse sentido como não expôs a
esses contextos, sublinham.
Para os
estudantes, a existência de "não-especialistas" nos cuidados de saúde "é
prejudicial" para os próprios, que têm que assumir esta
responsabilidade para com os utentes, para o Estado que "investiu
valores avultados" nos sete anos da sua formação pré-graduada e
pós-graduada, sem que esta possa ser concluída e aproveitada em prol do
Serviço Nacional de Saúde, e para os doentes".
"A
subsistência de médicos 'não-especialistas' é sobretudo prejudicial
para o doente que, na sua condição de vulnerabilidade, confia na
prestação de cuidados diferenciados e adequados às suas necessidades e
no compromisso que o Estado assumiu perante si", sustenta a associação.
Para
a ANEM, "é inconcebível" que numa época em que "a Medicina se torna
mais especializada e centrada nas especificidades de cada doente", o
sistema de saúde pretenda "caminhar no sentido oposto, para uma força de
trabalho menos qualificada e menos diferenciada".
"Na
verdade, é um contrassenso" com anteriores declarações de Marta Temido
de "que existe um recurso a médicos tarefeiros superior ao desejável",
sendo que, só em 2018, o Estado gastou 104,5 milhões de euros em
prestadores de serviços, "o valor mais alto de que há registo" e, ao
mesmo tempo, validar a existência e necessidade dos mesmos, refere a
carta aberta.
Os estudantes de medicina
recordam ainda as afirmações da ministra em que Marta Temido disse que
"a força de trabalho faz-se com especialistas, mas também com médicos
com um perfil mais genérico de competências, sem prejuízo de existirem
áreas que de facto precisam de reforço de especialistas".
"Não
conseguimos compreender a posição apresentada pelo Ministério da Saúde,
que após bastantes esforços apresentados por parte dos estudantes",
continua a demonstrar "uma inércia e incapacidade" na resolução do
problema de recursos humanos, conclui a ANEM.
* A sra. ministra é uma intelectual e consta que por estar solidária com os internados de Évora também toma banhos de água fria na sua casa.
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