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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
04/03/19
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RUÍNAS DEMOCRÁTICAS
O
programa de informação "Ana Leal", da TVI, recorre a métodos pouco
ortodoxos para as suas rubricas. O que, independentemente da bondade e
da utilidade dos assuntos expostos, pode retirar-lhe alguma
credibilidade. Apesar disso, os assuntos não deixam de existir e as
imagens não deixam de ser factuais.
É,
visto com olhos distantes de ver, descontando algum "teatro" e talvez
assegurando mais contraditório, conteúdo de serviço público de
informação, uma coisa de que a RTP nunca teve o monopólio. Foi nesse
programa que ficámos a saber - quem ainda não soubesse ou fingisse que
não sabia - que a "superioridade moral dos comunistas" está ao mesmo
nível da dos outros partidos. Ali "demitiu-se" um raríssimo secretário
de Estado por causa de uma "raríssima" criatura apascentada pelo poder.
E, entre outros, tem sido ali que as lamentáveis sequelas de Pedrógão
Grande têm sido exibidas sem máscaras. É, por exemplo, incompreensível
que não tenha sido ouvida uma palavra sobre a inenarrável prestação do
senhor presidente da Cruz Vermelha, o dr. Francisco George, uma figura
"consensual" do regime, que, depois do programa, deveria ter ido gozar a
justíssima aposentação a que tem direito e da qual ficou liberto para o
regime o colocar na CVP. George não fazia a mais vaga ideia do que a
casa a que ainda preside andava a fazer em Pedrógão. Irritado por não
saber, demitiu em directo a funcionária que mandou para lá e pôs a TVI
na rua pelo braço. Em Pedrógão, o anedótico edil Alves, e a sua não
menos risível vice-presidente da Câmara, põem e dispõem das coisas
doadas para as vítimas de 2017 como se fossem suas. Dos abracinhos nas
costas da noite da tragédia até agora, Alves e Cia. foram deixados
sozinhos nas suas contradições pelo governo do seu partido e pelo Doutor
Marcelo. O PR, aliás, mete dó de tanto "apuramento" solicitado, nesta
matéria como quanto a Tancos ou ao BES, a quem já ninguém liga a menor
importância. Até o sr. Alves, como se viu na gravação de uma sessão
camarária. Depois das banhocas fluviais do Verão passado, Marcelo
informou a nação que regressará a Pedrógão em Junho. Como se tal
interessasse a alguém e não apenas à sua estafada recandidatura. Uma
legislatura que carrega a sombra do inominável desastre material e
humano de 2017 deve ser chamada à colação democrática em ano de
escrutínios populares. É o opróbrio institucional com rostos bem
identificados. Podem fugir das câmaras de televisão, mas não podem fugir
do juízo dos portugueses.
* JURISTA E MEMBRO DO PARTIDO ALIANÇA
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
04/03/19
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