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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Autoridades não acham cruel ter animais em abrigo "sujo, com lixo e dejetos"
O
Ministério Público arquivou um processo-crime movido a dois abrigos de
cães em Santo Tirso, considerando "não haver crueldade em manter animais
num espaço sujo, com lixo, dejetos e mau cheiro", refere o despacho.
No
despacho do arquivamento, a que a Lusa teve acesso, o Ministério
Público considerou que "apesar de não prestar as ideais condições aos
animais que ali estão acolhidos, pois poderia e deveria estar mais
limpo, não existe crueldade em manter animais num espaço sujo, com lixo,
dejetos e mau cheiro".
Precisando que
"um mau trato é antes um tratamento cruel, atroz, impiedoso, revelador
de algum prazer em causar sofrimento ou indiferença perante o sofrimento
causado", o MP justifica ter-se apurado "que os animais não estavam em
sofrimento", mas que "viviam num local muito sujo", concluindo não ter
este enquadramento "relevância jurídico-penal".
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No
final de 2017, o "Cantinho das Quatro Patas" e o "Abrigo de Paredes",
ambos situados na Serra do Sobrado, em Santo Tirso, foram alvo da
denúncia por parte de populares por "uma situação de insalubridade,
ameaça à saúde pública e mais grave ainda, de maus tratos e negligência a
animais indefesos, que se arrasta há anos".
Segundo
a GNR, depois de "várias vistorias e passagens quer pelo Serviço de
Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) quer pela autoridade
veterinária municipal de Santo Tirso", o caso seguiu para tribunal.
A 04 de julho, o Ministério Público decidiu pelo arquivamento do processo-crime.
Perante
a decisão, Joana Dias dos Santos, uma das promotoras da denúncia, disse
sentir-se "impotente" depois de "tanto esforço empenhado e risco
pessoal em prol desta causa", considerando que "ficou muita coisa por
esclarecer", razão pela qual entende que a postura do MP "não foi a mais
correta".
Afirmando que o grupo de
denunciantes não irá recorrer da decisão, a responsável garantiu contudo
que não vão "baixar os braços e continuarão à procura de soluções para
os problemas daqueles animais".
Joana
Dias dos Santos contou que, durante o período em que o processo esteve a
correr, "houve no Cantinho das Quatro Patas uma tentativa de melhorar
as coisas", mas a situação não pode ser verificada "por continuar a ser
impedido pelos proprietários o acesso ao local".
No
momento da acusação de "maus tratos a centenas de cães", os promotores
alertaram para "um cenário dantesco", com "cães acorrentados por todo o
lado, saudáveis, doentes, novos, velhos, alguns que já desistiram da
vida e estão apenas a aguardar que a morte chegue".
Segundo
o Código Penal, quem tratar mal ou abandonar animais domésticos passa a
ficar privado do direito de ter animais num período que pode ir até
cinco anos e de participar em feiras, exposições ou concursos
relacionados com este tema, durante três anos, incorrendo ainda num ano
de prisão ou multa até 120 dias.
* É democrático haver magistrados que não gostem de animais. Pensamos que quem é capaz de manter animais em ambientes "sujos, com lixo, dejetos e mau cheiro" não tem problemas de fazer o mesmo a seres humanos.
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