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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Sete crianças vítimas de maus tratos por dia. Agressões são mais cruéis
Espancamentos com cabos elétricos, chicotes ou colheres de pau abundam. Houve 360 casos na faixa dos 0 aos 5
"Não
dormi toda a noite das dores que tenho no corpo". O desabafo ouvido
pelas técnicas da comissão de proteção de crianças e jovens (CPCJ) de
Sintra Oriental (Cacém) foi feito há poucos dias por uma menina de sete
anos que foi espancada pelo pai com uma colher de pau e com uma colher
de metal.
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É um exemplo do que
se passa em Portugal, onde, no ano passado, por média sete crianças por
dia foram vítimas de maus tratos. Ou seja, foram efetuadas 2719
sinalizações de maus tratos físicos e psicológicos a crianças às
comissões de menores. Estes são dados preliminares do relatório anual da
Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e
Jovens (CNPDPCJ), avançados ao DN.
Apesar da ligeira diminuição de
casos face a 2015, as situações que chegam às comissões mostram cada vez
mais crueldade nas agressões, com objetos como cabos elétricos, pneus,
chicotes ou colheres de metal. E houve 360 crianças dos 0 aos 5 anos
vítimas deste tipo de espancamento. "Tem vindo a crescer de forma
perigosa a exposição dos menores a comportamentos de risco como a
violência doméstica", explicou Dora Alvarez, da equipa técnica da
Comissão Nacional.
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Em
Portugal, mais de 12 mil crianças são expostas a comportamentos que
afetam o seu bem estar, nomeadamente, a violência doméstica, e esse é o
motivo para 30% das sinalizações de menores em perigo feitas às CPCJ.
Só
no primeiro trimestre deste ano, o Ministério Público (MP) abriu 100
processos-crime por violência doméstica contra menores, mais de um terço
do total de inquéritos do ano passado (352), segundo dados da
Procuradoria-Geral da República, cedidos ao DN. Nestes primeiros três
meses foram deduzidas 15 acusações. Em todo em 2016 foram deduzidas 54.
"Estes
dados não refletem a maioria das situações, até porque, nos casos de
violência doméstica conjunta com um dos progenitores (que a experiência
nos diz serem muito mais frequentes), os inquéritos são registados por
referência ao adulto, e só uma análise caso a caso permitia aferir
quantos envolvem também crianças", esclareceu a PGR. A 31 de março,
existiam ainda 30 inquéritos que aguardavam o prazo para a suspensão
provisória do processo.
Neste
mês de abril chama-se a atenção para a prevenção dos maus tratos na
infância, alerta que será assinalado por 309 comissões de menores com
várias iniciativas.
Na
comissão Sintra Oriental, uma das que tem mais volume processual na
Grande Lisboa (1800 processos em 2016, com técnicos que estão com mais
de 200 inquéritos cada um), o caso da menina de sete anos espancada pelo
pai com colheres comoveu a presidente desta CPCJ, Sandra Feliciano.
"Foi agredida por motivos fúteis. É filha de pais separados no regime de
guarda partilhada. Naquele fim de semana estava com o progenitor.
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Desobedeceu a uma ordem qualquer e ele bateu-lhe com as colheres ao ponto de marcar o corpo todo. Foi o hospital que sinalizou o caso". A CPCJ abriu um processo de promoção e proteção da menor e a criança passou a estar sob a guarda exclusiva da mãe, tendo o pai direito a visitas supervisionadas. Em simultâneo, o MP abriu processo pelo crime de maus tratos.
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Desobedeceu a uma ordem qualquer e ele bateu-lhe com as colheres ao ponto de marcar o corpo todo. Foi o hospital que sinalizou o caso". A CPCJ abriu um processo de promoção e proteção da menor e a criança passou a estar sob a guarda exclusiva da mãe, tendo o pai direito a visitas supervisionadas. Em simultâneo, o MP abriu processo pelo crime de maus tratos.
"Também há
pouco tempo tivemos o caso de uma adolescente que foi espancada pelo pai
com um cabo elétrico até ficar em sangue. A rapariga foi hospitalizada e
a unidade de saúde contactou o hospital e a mãe. Trata-se também de um
casal separado".
Dora Alvarez,
da Comissão Nacional, garante que "os casos de maus tratos são
transversais a todas as classes sociais. O que vai parar muito às
franjas são as situações de negligência".
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Os
maus tratos físicos aconteceram mais na faixa dos 11 aos 14 anos, com
541 casos, seguindo-se a faixa dos 6 aos 10 com 523, a dos 15 aos 18 com
442 e a dos 0 aos 5 anos com 360 casos. Os castigos corporais também
aumentaram em 2016 - 100 casos contra 96 em 2015.
A
maioria das vítimas dos 832 maus tratos psicológicos foram as raparigas
(50,5%), com exceção da faixa etária dos 6 aos 10 anos, em que houve
mais rapazes (245) a serem humilhados ou ofendidos pelos pais. A maioria
das agressões foi comunicada pelos hospitais.
* Violência parental é tão grave como pedofilia.
* Violência parental é tão grave como pedofilia.
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