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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"
Banca entra na guerra do crédito à habitação com spreads mais baixos
Redução das margens de lucro nos créditos à
habitação faz parte da estratégia dos bancos para contrariar queda de
receitas
Os bancos voltaram a abrir as portas de casa aos portugueses. Os números
ainda estão longe dos valores de antes do furacão da crise ter varrido o
mercado imobiliário, mas hoje já é possível ir a um banco pedir um
crédito à habitação e sair de lá com um spread inferior a 2%.
E nem é preciso optar por um dos grandes.
A última instituição
financeira a cortar a margem de lucro foi o Banco BIC, que reduziu o
spread mínimo de 2,10% para 1,65%. Os bancos reconhecem que o mercado
voltou a mexer, e não querem ficar para trás na corrida da concorrência.
Com os níveis historicamente baixos das taxas de juro, é preciso atrair
novos clientes para gerar receitas.
Contactado pelo Dinheiro Vivo, o BIC
reconhece que “as restrições financeiras, nomeadamente a menor
disponibilidade da banca para o crédito hipotecário, condicionaram o
acesso à aquisição de habitação própria, mas ultimamente o mercado tem
vindo a revelar-se mais dinâmico”. A instituição confirma que estudou
“os dados mais recentes do comportamento dos clientes e da concorrência”
para chegar “a um dos spreads mais baixos do mercado”.
Antes do BIC, já o Bankinter tinha percebido que não é preciso estar em
primeiro lugar no campeonato para querer levar a taça. O banco, que
comprou no início do ano o negócio comercial do Barclays em Portugal,
detém a margem mínima de financiamento mais baixa do mercado, com 1,25%.
“O Bankinter anunciou logo no início da sua operação em Portugal que
pretendia ser um parceiro da economia nacional e apoiar as empresas e as
famílias portuguesas. A descida do spread no crédito habitação é uma
demonstração clara desse apoio. 1,25% é o spread mais competitivo do
mercado”, sublinham os responsáveis da instituição.
Entre os líderes do mercado nacional, a competição está ao rubro. Em
agosto o Montepio anunciou um corte da margem de lucro, então superior a
2%, para 1,55%, que concorre quase diretamente com o spread de 1,5%
praticado pelo Santander Totta desde junho. A Caixa Geral de Depósitos e
o BCP também lutam pelo pódio, com um mínimos de 1,75%.
As campanhas surgem umas atrás das outras, mas devemos mesmo agarrá-las?
Sim, mas com cautela, aconselham os especialistas. Por um lado, é
preciso ter em atenção que um spread mínimo nunca virá sem
contrapartidas, como a subscrição de cartões de débito e de crédito do
banco, seguros de vida ou domiciliações de pagamentos, segundo as
simulações feitas pelo Dinheiro Vivo.
E há outros riscos a ter em conta. “Os juros associados ao crédito à
habitação estão a atingir mínimos históricos, logo o custo de recorrer a
financiamento bancário para compra de habitação é mais baixo. Mas não
podemos esquecer que um contrato de crédito à habitação dura normalmente
20 a 30 anos e neste período as taxas de juro podem sofrer alterações
muito significativas. Basta recordar que em 2008 a média da Euribor a 6
meses era superior a 5%, avisa Nuno Rico, economista da Deco.
Com a Euribor a registar níveis negativos em todos os prazos utilizados
no crédito à habitação, aconselha ainda os futuros proprietários a optar
por uma taxa de juro variável nos novos contratos. “A atual oferta de
taxa fixa não é competitiva comparando com as opções de taxa variável , é
mais cara. Apenas poderia ser interessante para prazos mais longos ou
pela totalidade do financiamento, mas as propostas oferecidas pelos
bancos, nestes casos, além de escassas, são muito mais caras”.
Para o economista da Deco, é pouco provável que, apesar da nova guerra
comercial, os spreads venham a baixar para os níveis de antes da crise,
quando a média não ultrapassava os 0,5%. Nas condições atuais, uma
margem de 2% já um um sinal de boas vindas.
* Apesar de sabermos da importância de banca nacional forte, continuamos a sentir um enorme asco pelos banqueiros portugueses.
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