31/05/2025

ACONCHEGADA VIRIL

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A memória é tramada

Lembro-me de um general que em 1976 se tornou civil sem nunca perder a postura militar, sem nunca desobedecer à constituição quando se tornou pelo voto Presidente da República. Lembro-me de muitos confrontos onde se bateu, dos valores que à época defendeu, das críticas que lhe dirigiram sem perder a compostura  e de subtil ou firme dar exemplos, chama-se Ramalho Eanes e felizmente está vivo.

Lembro-me de ter votado na sua reeleição contra outro general que tinha mandado prender no campo de S. Teotónio em Angola  activistas angolanos a pedido da PIDE/DGS.

Lembro-me também dum almirante que na ditadura se entretinha a cortar fitas e a obedecer ao tóino salazarento depois de eleito PR por via de fraude contra Humberto Delgado.

Agora surge para novas eleições um outro almirante, inteligente, organizado, metódico, disciplinado que obteve por mérito a simpatia de muitos portugueses. Não está imune à vaidade, à exibição ao contorcionismo político que domina muito bem, Henrique  Gouveia e Melo!

Os militares têm como obrigação servir a Pátria e ambos Eanes e Gouveia e Melo a têm servido o primeiro com muita luta em defesa da jovem democracia o segundo num mar mais tranquilo, felizmente.

Existe uma nódoa no percurso do almirante, a humilhação a que submeteu tripulantes do navio Mondego que se recusaram a navegar num navio cheio de problemas técnicos que o almirantado não soube resolver apesar de atempadamente avisado. Lembro-me, foi na altura um folclore de animosidade 'almirantícia' indignação e verborreia acintosa contra quem defendia a segurança em vez do aventureirismo, contra quem ousou desobedecer a uma ordem de comando infeliz e inadequada.

Um PR não pode estar predisposto a humilhar.

Uma personalidade candidata à Presidência da República não pode ter no curriculum uma nódoa deste tamanho. Uma personalidade com uma nódoa deste tamanho no curriculum  será provavelmente a vencedora, mas não é com o meu voto.

* Pensionista

31/05/25.

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