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A infame inércia de um povo
1.Hoje
temos mais uma iniciativa, por parte da população da zona oeste, contra
colocação de mais “jaulas” e novas zonas de exploração da Aquacultura. A
única coisa que me ocorre dizer, no imediato, é que se é tão bom tão
bom, se não causa qualquer impacto, porque é que em vez de colocarem
mais “jaulas” nos mares da zona Oeste da Madeira, não as vão colocar em
frente à baía do Funchal? Por exemplo, em frente aos hotéis da zona do
Lido, Clube Naval ou mesmo em frente aos demais luxuosos hotéis do
Funchal? Enquanto não conseguirem explicar porque é que os “vilões” da
zona Oeste , como eu, temos à força de levar com elas, acho que vai
haver contestação e o CDS terá muito que explicar. É que o anterior
governo do PSD disse que não avançaria com mais estruturas daquelas,
deste lado. Todos sabem que quem procura a zona Oeste da Ilha,
especialmente os turistas, procura paz a natureza e paisagens idílicas. O
nosso mar, visto de terra, é uma paisagem idílica! A zona Oeste
sobrevive à custa deste turista que não procura a cidade mas sim o
contacto com o que temos de mais autêntico possível. A Madeira criou a
sua imagem de marca em torno da natureza, destruir isso é tornar-nos um
destino tão igual a tantos outros, por esse mundo fora, acrescido das
desvantagens que temos nos acessos marítimos e aéreos. Posso até
perceber a necessidade da aquacultura (pese embora muitos recusem esse
tipo de pescado) mas não aceito que se mate a galinha dos ovos de ouro
da zona Oeste e de todo o destino Madeira. Não aceito que a opção seja
“manchar” o que temos de melhor. Mais aquacultura na zona OESTE não.
Independentemente de partidos, a população tem de se mobilizar e dizer
não. Nada fazer, nada dizer é aceitar e concordar. Os supostos
representantes do povo tem de decidir de acordo com os desejos da
população e não contra ela.
Espero que este meu contributo seja
também, tal como a iniciativa e a vontade da maioria da população da
zona oeste, impulsionador de uma mudança de posição.
2.
“Há 75 anos o exército Vermelho libertava o campo de extermínio de
Auschwitz...” assim começa um dos muitos textos postados no facebook
acompanhados de imagens de seres humanos num estado de degradação física
que fere qualquer suscetibilidade. Aos “posts” sucedem-se comentários
“nunca mais...”. Não consigo partilhar, não consigo comentar, porque não
consigo esquecer os holocaustos que acontecem todos os dias por esse
mundo fora, aos olhos de todos os que gritam “Auschwitz nunca mais”
As
penas suspensas e até absolvições são recorrentes nos casos de abusos
sexuais. Recentemente, o Tribunal da Relação reduziu a pena para metade
aos pais que abusaram de uma criança de apenas 3 anos. No facebook
surgiu a indignação com milhares de “posts”, nas TVs os comentadores
repetiam a notícia e os comentadores criticavam a decisão. Correu uma
petição para a reavaliação da pena, mas dos aproximadamente 10 milhões
de habitantes deste singelo país apenas cerca de 1000 pessoas assinaram a
petição.
Milhares pessoas estão em verdadeiros campos de
concentração (campos de refugiados) aqui na Europa, onde todos os dias
centenas de homens, mulheres e crianças são violadas e violentadas e
vivem em condições sub humanas e sem qualquer dignidade, e o que
fazemos? Gritamos: “Auschwitz nunca mais”.
Milhões de crianças
por todo mundo começam a trabalhar aos 4 anos de idade, em minas e em
fábricas de têxteis que vendem às marcas os artigos que consumimos todos
os dias. A escravatura continua a ser uma realidade neste mundo e o que
fazemos? Gritamos: “Auschwitz nunca mais”.
Estamos a “matar”
fisicamente e emocionalmente, crianças homens e mulheres e temos um povo
que não se mobiliza, apenas posta no facebook.
O Governo
Socialista desferiu um duro golpe no Alojamento Local com impostos que
pôem em causa a atividade de muitas famílias em todo o país. Foi lançada
uma petição muito bem elaborada de defesa deste sector. Pertenço a um
grupo do Facebook desta atividade que tem cerca de 60.000 seguidores. E
só conseguiram reunir cerca de 10.000 assinaturas. É precisa uma
mobilização efetiva de todos os que se sentem direta ou indiretamente
lesados com estas medidas que condicionam a vida de tantos. A
passividade de apenas reclamar não pode inverter esta posição, a
mobilização sim.
Está provado que temos a maior carga fiscal de
sempre, nem na Troika fomos sujeitos a tanto. O que faz o povo
Português? Reclama no facebook.
Vivemos num autêntico barril de
pólvora social. Violência a escalar, famílias cada vez mais com fracos
recursos, serviços do Estado sem qualidade, carga fiscal avassaladora,
uma classe política com uma dialética completamente obsoleta em quem
ninguém se revê...
Mas o que fazemos? O povo mobiliza-se? Alguém faz verdadeiramente alguma coisa?
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
02/02/20
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