12/04/2019

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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Cantora Dina morre aos 62 anos

A cantora Dina, que venceu o Festival da Canção da RTP e participou no festival da Eurovisão em 1992, morreu na noite de quinta-feira no Hospital Pulido Valente.

Morreu aos 62 anos a cantora Dina. Estava internada no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, e morreu na noite de quinta-feira.
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A cantora sofria de uma fibrose pulmonar grave e estava a precisar de transplante de pulmão urgente. Tinha a doença há 12 anos, mas ultimamente a situação agravara-se e precisava de andar com uma garrafa de oxigénio todo o dia.

"Limita-me muito. Não se tem força para muita coisa", disse a cantora em entrevista à TV 7 Dias.

Para celebrar os quase 40 anos de carreira da cantora e compositora, cerca de 15 músicos portugueses juntaram-se no Teatro São Luiz, em Lisboa, e no Teatro Rivoli, no Porto, em 2016.

O seu nome verdadeiro era Ondina Maria Farias Veloso, mas ficou conhecida no meio musical como Dina quando cantou Amor de Água Fresca no Festival da Canção em 1992, 12 anos depois de ter ganhado visibilidade no Festival da Canção da RTP com o tema Guardado em Mim.

Nascida a 18 de junho de 1956 em Carregal do Sal, distrito de Viseu, iniciou a sua atividade como compositora em 1975, no Quinteto Angola, e gravou o seu primeiro EP [obra musical que contém mais músicas do que um single] no ano seguinte, para a editora Alvorada, ainda sobre o nome artístico de Ondina. Mais tarde, destacou-se com discos como Dinamite (1982), Aqui e Agora (1991), Guardado em Mim (1993) e Sentidos (1997).

A cantora Ana Bacalhau, que participou em dois concertos de homenagem a Dina com a presença da própria, lamentou a perda. "Conheci-a pessoalmente aquando do espetáculo que fizemos a homenagear a obra da Dina, o Dinamite, em 2015. E repetimos em 2016, sempre com a presença dela. Conheço a obra dela quase desde que nasci, foi uma obra importante para mim. Era uma mulher autora e cantora, com canções que pertencem ao nosso cancioneiro. A Dina foi importante para mim no meu crescimento e acho que para muita gente, para toda uma geração. Conhecê-la em 2015 foi fantástico, porque era uma pessoa incrível, de uma amizade e um carinho incríveis e de grande talento, com uma voz maravilhosa e aquela forma de estar e de interpretar dela. Foi mesmo bonito sentir a amizade que estava a crescer entre todos nós e que ela estava feliz com o que estava a acontecer e com o que estávamos a fazer com a obra dela", afirmou ao DN a artista que ficou celebrizada como vocalista do grupo Deolinda.

"Muito respeito", diz Manuel Monteiro 
O antigo líder do CDS Manuel Monteiro diz que existia entre ambos "muito respeito", apesar de "defendermos coisas muito diferentes na vida", incluindo "as opções sexuais". Dina era assumidamente lésbica "sem ter necessidade de causar espalhafato com Isso", sublinha Monteiro.

A ligação da cantora ao partido data da altura da liderança de Monteiro no início dos anos 90. O antigo dirigente do CDS-PP conta ao DN que foi Dina quem abordou o então seu braço direito e mais tarde líder parlamentar da bancada, Jorge Ferreira, a propor-lhe compor um novo hino para o partido porque "se identificava muito com as ideias do Dr. Manuel Monteiro". A proposta foi aceite e Dina desafiou Rosa Lobato Faria a escrever a letra e assim nasceu o novo hino do PP.

"Nunca me pediu nada, foi tudo gratuitamente. E só mais tarde percebi que tinha sido prejudicada por se ter aproximado do CDS-PP. As músicas dela começaram a passar menos na rádio. Mas nunca se queixou",- afirma Manuel Monteiro.

Mais tarde, depois de ter deixado a liderança do CDS, e na altura da fundação da Nova Democracia foi Monteiro quem a desafiou a compor o hino do novo partido. A cantora respondeu logo "sim".
Também o antigo vice-presidente da comissão política nacional do CDS e ex-Secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, enalteceu a obra da cantora e compositora, considerando que Dina "nunca conseguiu encontrar o reconhecimento devido, acantonada numa equivoca categoria muito em voga nos anos 80 de música popular portuguesa". "Classifico o seu primeiro álbum, Dinamite, de extraordinário, tristemente esquecido até há uns poucos anos, revisitado pelos melhores nomes da atual música portuguesa", frisou.

"A morte de Dina toca a memória coletiva das canções românticas, cantadas ao desafio entre amigos, catalisadoras de comunidades efémeras", disse, numa nota de pesar enviada às redações, a ministra da Cultura, Graça Fonseca.

"Pelas suas letras, bem como nas suas interpretações, passava uma alegria contagiante na relação com a vida, a amizade e o amor que, muitos anos depois, seriam a marca distintiva de um percurso que pautou sempre pela discrição", acrescenta. 

* De qualidades autoral e interpretativa inegáveis, preferimos lembrar que era uma excelente pessoa.


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