A Fraude é como o Sexo,
só que ao contrário
É disso que precisamos muito, pessoas que desejem de facto aprender e não que achem que sabem tudo...
Eis
que encontrei duas temáticas cuja curiosidade de todos é desafiada. Se
eu disser que sei alguma coisa sobre “fraude”, absolutamente ninguém me
pergunta como fazer para se proteger ou a combater. A primeira coisa que
me dizem é “tens de me ensinar umas coisas”. Mas se eu falar qualquer
coisa sobre “sexo”, todos querem contar as suas fantásticas e infalíveis
performances.
Normalmente, quando me colocam as coisas nestes
termos, nada melhor que começar a falar de sexo. Um tema diferente, sem
dúvida fascinante, mas cujo resultado não anda longe. Vou ser enganado
de certeza (na fraude também). Depois, se descubro que me estão a
enganar, lá vêm eles com o triângulo do sexo: a Pressão para parecer o
mais viril, a Oportunidade para brilhar entre os meros comuns e a
Racionalização do ato cometido, dizendo que todos o fazem. É exatamente
igual na fraude.
Se prepararmos uma sessão informativa sobre
“Fraude”, todos querem ir porque se auto-intitulam ignorantes no tema.
Se marcarmos uma outra sessão, mas agora sobre “Sexo”, todos querem ir
porque dizem saber muito sobre a matéria (mas, no fundo, querem estar
presentes para aprender).
E esse é o maior dos desejos que
podemos ansiar quando se organiza uma sessão informativa: a vontade dos
presentes em aprender. É disso que precisamos muito, pessoas que desejem
de facto aprender e não que achem que sabem tudo, pessoas que gostem de
ouvir, falar e trocar opiniões tendo como objetivo a melhor solução
final.
Devemos tentar conhecer a fraude para melhor a
compreendermos e combatermos e não para a cometermos. É um bocado como o
polícia que conhece o modus operandi de um determinado tipo de crime, e
usa esse conhecimento para replicar o crime e não para o combater.
Tenho
medo, porque, infelizmente, o crime associado à fraude em Portugal
ainda é visto com muito bons olhos, e é muito facilmente justificável
por todos, quando não é, inclusive, incentivado.
A culpa é nossa,
de todos nós, porque achamos que o crime associado à fraude, por um
lado é algo que não nos afeta e, por outro, é algo que todos querem
saber e não disseminar, porque nunca sabemos quando nos sai a sorte
grande de a cometer. Sim, este tipo de pensamento é lamentável, mas é o
que todos pensam, pois pensamos que quem é vítima de fraude é alguém
desconhecido, e portanto não é ninguém.
Com que então a si o chapéu não lhe serve? Ok, vamos falar de sexo.
IN "VISÃO"
20/07/17
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