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Ajuda:
Ordem dos Arquitetos
lamenta falta de concurso
Palácio com historial atribulado vai ser
concluído ao fim de mais de dois séculos. Secção Sul da Ordem dos
Arquitetos congratula-se, mas aponta falha no processo.
Assinado pelo arquiteto João Carlos dos Santos (da DGPC) e com um custo estimado de 15 milhões de euros, o projeto foi apresentado na segunda-feira pelo ‘Estado-Maior’ do Governo, estando presentes o primeiro-ministro, o ministro da Cultura e o presidente da câmara. Prevê um novo espaço museológico, onde ficarão expostas as Joias da Coroa e peças de ourivesaria da Casa Real, uma cafetaria com vista para o Tejo e áreas de apoio, incluindo loja, casas de banho e bilheteiras.
Na cerimónia, Fernando Medina referiu que parte dos fundos vem das taxas aplicadas aos turistas que visitam Lisboa, enquanto outra parte é suportada pela indemnização paga ao Estado português em virtude do roubo do diamante do castão da bengala de D. José em Haia, capital da Holanda, em 2002. As obras serão iniciadas em julho do ano que vem e deverão estar concluídas em finais de 2018. Com este novo núcleo, desenha-se um novo eixo turístico entre o novo Museu dos Coches, o Palácio de Belém e o Palácio da Ajuda.
O presidente da Câmara, citado pelo semanário Expresso, justificou a falta de concurso alegando que «era importante não perder o momento e a oportunidade». Já o ministro da cultura também desvalorizou a questão da consulta pública.
Do terramoto ao incêndio
As origens do Palácio da Ajuda remontam à segunda metade do século XVIII. Após o terramoto de Lisboa, o Rei D. José recusou voltar a viver numa construção de pedra, mudando-se para um palácio de madeira edificado na Ajuda, uma das zonas mais poupadas pela catástrofe. Em 1794 um incêndio destruiu aquela que ficou conhecida por Real Barraca, subsistindo hoje apenas a Torre do Galo, parte da antiga capela.
O mesmo lugar foi o eleito para receber um novo palácio real. Com projeto de Manuel Caetano da Silva, começou a ser construído em 1796 - vindo a ser reformulado e adaptado poucos anos depois para um estilo mais consentâneo com o gosto dominante. A grande escadaria prevista pelo desenho original desapareceu e a decoração simplificou-se.
As invasões napoleónicas e a crónica falta de fundos levaram à interrupção das obras, retomadas escassas décadas depois.
Foi no Palácio da Ajuda, onde D. Miguel chegou a viver, que D. Pedro jurou a Carta Constitucional, em 1834. Foi também ali que a Família Real viveu a partir de 1862, reinado de D. Luís, e que nasceu o Rei D. Carlos. Nos seus salões realizaram-se bailes e banquetes - uma função que mantém, ocasionalmente, aquando de visitas oficiais de chefes de Estado.
Monumento aberto a todo o público desde 1968, a sumptuosidade e aparato de algumas salas contrastam com a aparência inacabada e decrépita do lado poente. Em 1974 um violento incêndio destruiu a Galeria de Pintura do Rei D. Luís, consumindo cinco centenas de obras, algumas muito valiosas.
Agora, refere o vídeo enviado à imprensa para apresentação do novo projeto, «a ferida do palácio vai finalmente sarar». Em 1987 já fora feita uma tentativa para rematar o palácio, mas o projeto de Gonçalo Byrne nunca se concretizou.
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