HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
SEDES diz que já
"ninguém confia" no Governo
As políticas "erráticas" e decisões "fora do tempo" abrem caminho à
"incerteza e "desconfiança", que são "incompatíveis" com recuperação
económica, investimento e emprego, diz a SEDES, na sua última avaliação das políticas de combate à crise.
É uma tomada de posição muito
crítica daquela associação cívica sobre políticas seguidas pelo
Executivo de Pedro Passos Coelho. À situação económica e social
"dramática" dos dias que correm, junta-se a "incerteza" a minar a
confiança dos portugueses. "Ninguém confia em quase nada que seja
prometido pelo Governo: isto é incompatível com uma saudável vivência
democrática".
Num documento, a SEDES (Associação para o
Desenvolvimento Económico e Social ), presidida por Luís Campos e
Cunha, afirma que a crise económica e social - "de proporções
inesperadas até pelos mais pessimistas" - encontra a sua origem nas
políticas adotadas na última década, "agravadas pelo caminho seguido nos
últimos anos".
O Estado esteve "a dias de cessar pagamentos".
No entanto, o acordo com a "troika", "longe de ser perfeito, evitou o
pior", afastou o cenário de bancarrota. Esse acordo, lê-se no
documento, "só era relevante para evitar essa cessação de pagamentos".
Sendo assim, a ideia transmitida de que o "Estado está falido e, como
tal, tudo é aceitável é, e tem sido, um erro grave: o acordo com a
troika fez-se exatamente para evitar essa falência".
Por outro
lado, "erros de comunicação, políticas erráticas e decisões fora do
tempo" abrem caminha a uma "incerteza absolutamente desnecessária" e a
"um ambiente de desconfiança" em relação ao Estado de de Direito.
Incerteza e desconfiança, na perspetiva dos responsáveis da associação
cívica, são "incompatíveis com a recuperação da economia, do
investimento e do emprego".
Todos as semanas "escutamos anúncios
de medidas que abrem novas frentes e criam medo e incerteza". A SEDES
dá, como exemplo, a questão das pensões de sobrevivência. "Sem discutir
se a política em causa é boa ou má, contesta-se sim a errância das
decisões, a confusão dos conceitos, a impreparação das soluções, a
intermitência dos anúncios, a contradição dos agentes".
A
recuperação do investimento, lê-se no documento, só é possível por
políticas "estáveis e previsíveis". Neste momento, o "problema não é a
falta de financiamento ou de incentivos, mas de credibilidade e
estabilidade" política e das políticas. Episódios de crise
governamental, como o do verão passado, "não de podem repetir!"
No
capítulo da Segurança Social, o Governo, acusa a SEDES,
"descredibilizou e retirou certeza jurídica" ao sistema de pensões "sem
proceder a qualquer reforma visível". Se se trata de um contrato entre o
Estado e o cidadão, "não se entende a campanha sobre uma suposta
insustentabilidade do sistema". A mesmo exigência, refere o documento,
se poderia aplicar às PPP"s rodoviárias ou às energias renováveis -
"contratos muito mais suscetíveis de serem postos em causa".
Mas
se Estado quiser , "como outros países já fizeram", alterar
unilateralmente as condições desses contratos com grandes empresas,
"terá processos em tribunal de empresas fortes, apoiadas em bons
advogados e com tempo para esperar". No caso das pensões, "o Estado tem
pela frente pessoas frágeis", sem o tempo necessário para esperar "por
decisões tardias dos tribunais".
A tomada de posição da SEDES tem
como referência um estudo - "O Impacto da Crise no Bem-estar dos
Portugueses" - realizado no ano passado. Esse estudo mostra que o
mal-estar dos portugueses leva a comportamentos com consequências
negativas para economia e o emprego. "Seja a incerteza sobre as pensões
atuais e futuras, sejam as alterações bruscas de impostos, sejam as
dúvidas sobre a simples data de pagamento de subsídio de férias, são
inaceitáveis. A violação do Estado de Direito e a inconstitucionalidade
das medidas potenciam sem necessidade essa incerteza."
Para a
SEDES, que "continua atenta como há mais de 40 anos", é "urgente "
reformar o Estado, o sistema político e a forma de fazer política" em
Portugal.
* Que nos desculpem as inteligências da SEDES mas um texto deste teor também seríamos capazes de redigir, à excepção de muito poucas pessoas, como António Barreto, Medina Carreira, Gomes Ferreira, Helena Garrido, Pacheco Pereira e poucos mais, fala-se muito e faz-se pouco.
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