HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Crédito malparado das famílias
sobe para novos máximos
As dificuldades das famílias em conseguirem pagar
os seus empréstimos aos bancos continuam a aumentar. Prova disso é o
aumento do crédito malparado que, em Janeiro, voltou a tocar em máximos,
com todos os destinos de financiamento das famílias a tocarem
igualmente em níveis nunca vistos.
Os bancos tinham, em Janeiro, 15,43 mil
milhões de euros em crédito malparado de famílias e empresas, o que
corresponde a 6,46% do total dos empréstimos concedidos, de acordo com
os dados provisórios divulgados pelo Banco de Portugal.
Em termos totais, esta não é a percentagem de malparado mais elevada,
tendo em Novembro atingido os 6,60%. Mas isto deve-se às empresas, cuja
percentagem de cobranças duvidosas atingiu o pico precisamente em
Novembro, quando tocou nos 10,16%. Em Janeiro, esta taxa fixou-se nos
9,74%, ou 10,29 mil milhões de euros.
Já entre as famílias os incobráveis estão em níveis nunca vistos. No
total, a banca tem em carteira 5,14 mil milhões de euros de crédito
malparado das famílias, ou seja 3,85% do total dos financiamentos
concedidos. Esta é a taxa mais elevada desde que há dados, referentes a
Dezembro de 1997. E esta é a realidade de todos os destinos de
financiamento a particulares.
No segmento de habitação o crédito malparado aumentou para 2,07%, no
crédito ao consumo cresceu para 12,03% e nos outros fins – onde se
inclui educação, saúde e empresários por conta própria – esta taxa subiu
para 11,91%.
As “cobranças difíceis” da banca têm vindo a aumentar nos últimos
anos, a reflectir vários factores. Primeiro foi a subida de juros, que
se seguiu à falência do Lehman Brothers, que deixou o mercado
interbancário em pânico e provocou uma subida das taxas Euribor.
Após este período, os juros desceram, mas a crise económica e de
dívida instalaram-se na Europa, provocando aumentos do desemprego,
subida de impostos e redução dos rendimentos das famílias. As empresas
também sofreram perdas, devido aos cortes no consumo. Factores que
justificam o aumento do incumprimento entre as famílias e as empresas.
* Crise e mais crise...
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