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HOJE NO
"PÚBLICO"
Ciclistas exigem "mais respeito"
e "modos suaves"
Em protesto contra atropelamentos e situações de insegurança, foram convocadas concentrações para várias cidades.
Ciclistas equipados a preceito em bicicletas de todo-o-terreno
enlameadas, jovens com bicicletas imaculadas de design estilizado e
muitas pessoas que fazem das duas rodas o veículo do dia-a-dia – largas
dezenas reuniram-se esta tarde no Terreiro do Paço, em Lisboa, para
apelar ao que chamam “modos suaves” na estrada.
Também no Porto, cerca de cem ciclistas
concentraram-se em frente à câmara municipal, para protestarem contra os
atropelamentos que se têm sucedido nas últimas semanas e para pedirem
“mais respeito” pelos peões e ciclistas. As concentrações foram
convocadas para várias cidades pela Federação Portuguesa de Cicloturismo
e Utilizadores de Bicicletas (FBCUP).
O deputado do PSD Pedro
Roque, dirigente da federação, juntou-se ao protesto em Lisboa, numa
tarde em que o mau tempo deu algumas tréguas e quase não choveu. Admitiu
que “a maior parte dos automobilistas” já é sensível à circulação de
bicicletas, mas defendeu serem necessárias alterações ao Código da
Estrada para proteger mais quem anda em duas rodas. A perda de
prioridade das bicicletas, por exemplo, é uma das regras que considera
já não fazer sentido, até porque, argumenta, muitos automóveis já tendem
a dar prioridade a um ciclista que se apresente pela direita.
Também
o duo de comediantes Homens da Luta, numa bicicleta dupla (Falâncio à
frente, Neto atrás) circulou pela praça lisboeta. Mas não foram apenas
fazer comédia. Dizendo que ia despir o personagem tanto quanto possível,
Vasco Duarte (Falâncio) juntou-se a Pedro Roque e ao presidente da
FBCUP, José Manuel Caetano, num pequeno palco onde se apelou a “mais
respeito” por peões e ciclistas e onde foi lido um manifesto intitulado
“Basta de atropelamentos”.
Os manifestantes fizeram depois, em marcha lenta e com muitas bicicletas pela mão, o curto percurso até aos Restauradores.
Mais dez minutos, menos 240 euros
Ricardo
Cruz, professor, foi um dos que esteve presente na concentração no
Porto. Há três anos, andava de automóvel e achava os ciclistas “uns
cromos”. Agora, do alto do selim da sua bicicleta, acredita que não
podia ter feito uma escolha mais certa e garante que só há vantagens
neste modo de transporte. Do Carvalhido à Maia demora 30 minutos, “mais
dez do que de automóvel”, mas poupa “230 a 240 euros” por mês e anda bem
menos stressado. “Tenho uma atitude zen”, brinca Ricardo.
O Porto
não parece uma cidade feita para andar de bicicleta, mas a arquitecta
Ana Brütt não concorda. O problema "não são os declives da cidade, mas
sim os buracos e a falta de civismo", retorque Ana, que lamenta que
ainda haja tantos automobilistas a mandá-la subir para o passeio no seu
circuito diário entre Francos e o Bolhão.
A concentração foi
rápida, até porque o tempo não estava de feição, e os ciclistas
começaram a dispersar depois de Sérgio Moura ter lido o manifesto da
FPCUB, que defende "o direito à estrada para todos os modos de
transporte" e alerta para o problema dos atropelamentos."Quem vai ao
volante deve ter consciência de que está a conduzir o que pode ser uma
arma letal" rematou.
* O respeito tem de ser mútuo...
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