Clima e dinheiros....
O economista inglês Nicholas Stern, em 2006, contabilizou os custos da inação em relação às alterações climáticas e facilmente ficámos a perceber que os impactes nos sairão muito caros já e no futuro
Na reunião anual da
Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas que terminou no
sábado, dia 8 de Dezembro, e em que participei representando a Quercus,
um conjunto de decisões chamadas de "pacote de Doha" acabariam por ser
tomadas após horas e horas de negociações, incluindo uma noite sem
dormir já na parte final.
Se houve muitos aspetos em discussão, incluindo a decisão de
prolongar o Protocolo de Quioto até final de 2020 que foram importantes,
o financiamento e a responsabilidade financeira sobre perdas e danos
associados às alterações climáticas foram duas das vertentes mais
críticas da negociação. Infelizmente, e com a crise económica a pesar em
diversos países desenvolvidos, não foi possível estabelecer metas
intermédias para a partir de 2020 se garantir 100 mil milhões de
dólares, por ano, para o Fundo Climático Verde, destinado à adaptação e
também à mitigação, para além do valor inicial até ao final de 2012, de
30 mil milhões de dólares, ainda estar longe de ser atingido.
A outra matéria prende-se com a necessidade de reforçar a cooperação
internacional e o conhecimento para entender e reduzir perdas e danos
associados aos efeitos adversos da mudança do clima. O estabelecimento
de um programa de trabalho para lidar com perdas e danos associados
aos impactes das mudanças climáticas nos países em desenvolvimento -
que são particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do
clima - é um assunto crucial, a que os Estados Unidos se opuseram, por
considerarem que poderá ter custos elevadíssimos para os países mais
responsáveis pelas alterações climáticas. Isto é, os que historicamente
contribuíram com mais emissões de gases com efeito de estufa.
O economista inglês Nicholas Stern em 2006, contabilizou os custos da
inação em relação às alterações climáticas e facilmente ficámos a
perceber que os impactes nos sairão muito caros já e no futuro. O
processo à escala mundial de decisão na área do clima é porém muito vago
e estava na altura de aumentar a ambição, mas não houve mudanças
políticas profundas. É preciso trabalhar para as populações e não para
os poluidores. De Doha não há cortes significativos nas emissões e, como
se disse, não se vê o dinheiro. É preciso mobilizar cada vez mais a
sociedade a os políticos para encarar, mesmo em tempos difíceis, as
soluções e a ajuda que temos de implementar para minimizar os efeitos
das alterações climáticas.
IN "VISÃO"
10/12/12
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