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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Dissidente chinês acusa Pequim de incentivar manifestações anti-Japão
O artista dissidente chinês Ai Weiwei
considerou, esta quinta-feira, que a onda de manifestações antijaponesas
na China foi incentivada pelas autoridades, depois de o Japão ter
comprado três ilhas que a China reclama como suas.
Ai Weiwei, um dos artistas chineses
de maior fama internacional, filmou também os manifestantes que atacaram
o carro do embaixador dos Estados Unidos em Pequim, infligindo danos
menores, mas forçando o Departamento de Estado norte-americano a
responder.
O artista, citado pela agência noticiosa France Presse,
disse ter ficado "surpreso" ao ver 50 pessoas, que se manifestavam
frente à embaixada do Japão, começar a correr atrás do carro do
embaixador dos EUA, Gary Locke, que se preparava para voltar à
embaixada, contígua à do Japão.
Os manifestantes danificaram o
veículo antes de arremessar projéteis para baixo da viatura, tendo a
polícia chinesa respondido de imediato para proteger o carro, que
arrancou em alta velocidade antes de entrar na embaixada por outra
porta.
O embaixador dos EUA disse à imprensa que "tudo terminou em
poucos minutos" e disse nunca se ter sentido em perigo. No vídeo de Ai
Weiwei, o incidente durou dois minutos.
"Fiquei realmente
surpreso, porque toda a gente teve possibilidade de ver que todo o
evento foi preparado pelas autoridades", disse Ai Weiwei, em declarações
telefónicas à France Presse.
O artista passou 81 dias na prisão,
em 2011, por ter expressado o desejo de uma nova "primavera chinesa",
após a "primavera árabe", a onda de movimentos pró-democracia que varreu
o Norte de África e o Médio Oriente.
Para Ai Weiwei, as autoridades chinesas têm sido ingénuas, ao tentar manipular a opinião pública chinesa.
.
"Recorrer a este tipo de esquemas em negociações internacionais como estas, parece algo realmente ingénuo", disse o dissidente.
As
relações entre o Japão e a China vivem um dos períodos mais tensos
desde há anos, uma vez que, na passada semana, Tóquio anunciou a compra
de três das ilhas Senkakus, a que a Pequim chama de Diaoyu.
O
Japão administra as ilhas, e a China, que reclama a soberania, respondeu
ao anúncio da compra com o envio de barcos patrulhas para a zona, entre
a costa chinesa e a costa da província japonesa de Okinawa e que se
acredita ser rica em recursos marinhos e energéticos.
Os protestos
antijaponeses têm vindo a generalizar-se por toda a China - levando
mesmo ao encerramento de fábricas e lojas de capital japonês - com
manifestantes a reclamar a soberania chinesa das ilhas
"As
autoridades estão a tentar descrever as manifestações como um movimento
espontâneo, mas vemos uma quantidade de detalhes que demonstram que
foram cuidadosamente preparadas, com o encorajamento de responsáveis
oficiais", acrescentou o artista.
* Esperem a "democracia chinesa" chegar à EDP e à REN...
.
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