HOJE NO
"i"
"i"
Secretário de Estado favoreceu mulher
de ex- -ministro Alberto Martins
DIAP arquivou processo. Todas as testemunhas, incluindo João Correia, disseram não saber com quem a magistrada era casada
No mesmo dia, sobre o mesmo assunto, o ex-secretário de Estado da
Justiça, João Correia, proferiu dois despachos com “orientações
contraditórias”: num caso, uma magistrada teria de apresentar um
Documento Único de Cobrança (DUC) e contestar; noutro caso, a magistrada
não precisava de apresentar contestação. A segunda magistrada era a
mulher do ex-ministro da Justiça, Alberto Martins.
Maria Conceição Correia Fernandes foi a única, de sete magistrados que
apresentaram uma acção administrativa, a receber um suplemento
remuneratório por acumulação de funções em 2010.
As incongruências não ficam por aqui: o seu processo foi também
apreendido no gabinete do ministro com “uma referência ao ano de 2011”,
embora dissesse respeito a acções administrativas instauradas em 2009 e
2010. Em nenhum dos outros caos aconteceu o mesmo. E no processo, uma
testemunha adiantou que o processo tinha sido “mexido” e “alterado”. No
fim, a procuradora recebeu o dinheiro no espaço de apenas cinco meses –
“a acção em causa foi proposta em Fevereiro de 2010, e a interessada
recebeu os valores relativos ao pedido que nela formulou em Julho do
mesmo ano” –, passando à frente de outros magistrados que alegadamente
terão feito primeiro o pedido.
Apesar de ter ficado claro que a mulher do ex-ministro da Justiça saiu
beneficiada, o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de
Lisboa arquivou, esta segunda-feira, o processo. O caso teve origem em
notícias de que a procuradora do Ministério Público teria recebido
indevidamente 72 mil euros de suplemento remuneratório – que entretanto
já teve de devolver.
Os procuradores da 9ª secção do DIAP de Lisboa decidiram pelo
arquivamento por não se terem recolhido “indícios suficientes da prática
de conduta susceptível de integração nos tipos criminais referidos e
analisados nem de quaisquer outros”. Ainda assim mandaram extrair duas
certidões: uma para o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto para que
seja “apreciada a legalidade administrativa” e outra para o Tribunal de
Contas, porque “os factos analisados são susceptíveis de configurar
responsabilidade financeira sancionatória”.
O Ministério Público não conseguiu provar que a magistrada tenha sido
beneficiada com intenção. “Não existe modo de comprovar realidade
diferente, para que se conclua que ocorreu manipulação de procedimento
para benefício ou prejuízo de interessados”, escrevem os procuradores no
despacho de arquivamento.
Chamadas a depor, todas as testemunhas disseram desconhecer que a
magistrada era casada com o então ministro da Justiça. Inclusivamente
João Correia. O ex-secretário de Estado declarou que “nunca reparou nos
nomes dos interessados nos processos que despachava” e disse até “ter
conhecimento de que a mulher de Alberto Martins era magistrada do
Ministério Público” mas não sabia que era aquela, pois desconhecia “o
seu nome próprio”.
* Afinal a Justiça existe...principalmente p'rós ricos, políticos e magistrado.
Sem comentários:
Enviar um comentário