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Crise.
Duplicou procura de parceiros
para partilhar viagens e custos
O número de pessoas à procura de alguém para partilhar viagens de automóvel duplicou este ano e, com o preço dos combustíveis, há também cada vez mais gente a trocar o carro pela bicicleta.
Lançado há cinco anos, o site “Deboleia” veio permitir aos condutores de todo o país dividir viagens, gastos de combustível e portagens.
No ano passado, o “Deboleia” recebeu mensalmente cerca de cinco mil visitantes e foram muitos os que colocaram “anúncios” gratuitos, oferecendo-se para motoristas ou penduras.
De acordo com um dos criadores do site, Nuno Pinto, em 2011 estiveram afixadas na parede de anúncios cerca de duas mil propostas.
“Este ano, só nos primeiros três meses, já foram colocados 1.300 anúncios. A procura mais do que duplicou e achamos que este fenómeno vai continuar a crescer, tendo em conta as dificuldades dos portugueses e os consecutivos aumentos de combustível”, contou Nuno Pinto.
Entre as histórias que foi conhecendo, Nuno salienta as das pessoas que revelam que "sem a partilha não conseguiriam manter o emprego, porque as viagens ficariam muito caras”.
A maioria dos anúncios é para percursos pendulares casa/trabalho nas zonas metropolitanas de Lisboa e Porto.
No “Deboleia” há quem encontre um parceiro para as viagens do dia a dia, mas também quem descubra companheiros para destinos inesperados.
“Há muita procura na altura dos festivais (de música)”, lembra Nuno Pinto.
Com o aumento do preço dos combustíveis, a partilha de carro tornou-se uma opção sedutora para muita gente, mas entre as alternativas de poupança está também a troca do automóvel pela bicicleta.
Segundo José Caetano, presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB), “há cada vez mais pessoas a usar a bicicleta”.
José Caetano recorda que “até ao 25 de abril, a bicicleta estava associada à classe operária e às gentes mais desfavorecidas. Havia um estigma social, porque eram os vidreiros da Marinha Grande ou os pescadores da Ria de Aveiro quem a usava. Entretanto, a classe média aderiu e agora está na moda”.
Foi no final de 2010 e início de 2011 que se deu o “boom": “A crise acelerou o processo e o afundamento da vida dos portugueses veio ajudar ao uso da bicicleta”, defendeu José Caetano.
Segundo estimativas da FPCUB, atualmente cerca de cinco por cento dos lisboetas usam a bicicleta como meio de transporte. A federação lançou um curso há quatro anos e orgulha-se de, em parceria com a autarquia lisboeta, já ter ensinado mais de 300 pessoas a andar de bicicleta.
A pensar nos que sabem andar de bicicleta mas receiam aventurar-se sozinhos pelas ruas movimentadas das cidades, a Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi) criou um programa: os "Bike Buddies", pessoas que gratuitamente se disponibilizam para acompanhar novos utilizadores.
Os BikeBuddies partilham a sua experiência, dão conselhos sobre rotas, equipamento, segurança, atalhos e truques que facilitam as deslocações pelas cidades. No site existem mapas com a localização dos "buddies" dispostos a ajudar os mais inexperientes. Neste momento já existem "buddies" em Lisboa, Aveiro, Peniche, Porto e Vila Real.
O preço médio do gasóleo atualmente é de 1,438 euros/litro, mais sete cêntimos do que custava há um ano, tendo em março atingido o valor recorde ao chegar aos 1,529 euros/litro, segundo a informação disponibilizada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), tendo como referência os preços de 2.599 postos de abastecimento em Portugal continental.
Na segunda-feira, o preço do gasóleo deverá descer um cêntimo e a gasolina deverá aumentar meio cêntimo, refletindo as cotações médias nos mercados internacionais, segundo adiantou à Lusa fonte ligada ao setor.
* Arte e engenho
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