Aqui há de tudo,
desde o fio da navalha em riste
até à morte que espreita e não desiste
e desengana
Mas as navalhas piores são as palavras,
ferem devagar, enchem de temor
o silêncio penoso dos dias,
as horas escravas,
as cartas de amor
e o sabor do beijo que aprecias
Natal, páscoa e outras festas que existem
escorrem aglutinadas em vinho e mágoa
pelas noites de breu
onde apenas os maços de tabaco
se incendeiam e subsistem
e restam pobres tal qual eu
em estratos de fim,
como beatas ,trémulas, medrosas
do estrepidar sonoro do clarim
Por vezes damos grandes passeios
à volta do arame farpado
como se fossemos meninos nos recreios,
alegres e felizes,
preocupados apenas com a prespectiva
do professor zangado,
por não termos estudado as estruturas
primárias e secundárias das raízes
Os jardins são grandes e universais,
povoados de nada e medo
onde frutificam árvores fantasmas
de sombras irreais,
polvilhadas com o adubo do degredo
Nada afecta esta gente
que me rodeia só e compacta
como uma espécie de doença
que dói de repente.
como uma espécie de presença
que se epidemiza e refracta
Como vês há de tudo
nesta floresta de sentimentos comprimidos,
falta apenas o nada
acenando ao longe dos teus braços,
da tua face afogueada
e da intensidade dos meus passos
jms
(caldas xavier, tete, moçambique)
1972
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