HOJE NO
"PÚBLICO"
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Portugal tem três projectos
de Niemeyer na gaveta
O legado de Oscar Niemeyer em Portugal não se resume ao Casino Park
Hotel na Madeira.
O arquitecto brasileiro, que morreu nesta quarta-feira
à noite aos 104 anos, deixa também três projectos, um no Algarve
(1965), outro em Lisboa (1991) e outro em Ponta Delgada (2010), que
ainda não saíram do papel.
Para Lisboa e ainda na década de 1990, Niemeyer
desenhou – e ofereceu – o projecto da nova sede da Fundação
Luso-Brasileira, que iria ser construída num terreno de 16 mil metros
quadrados na Quinta dos Alfinetes, em Chelas. A obra chegou a começar
mas os 7,5 milhões de euros necessários para a concluir nunca
apareceram. Os trabalhos pararam em 1999 e os terrenos foram devolvidos à
Câmara de Lisboa em 2004, em troca de 748 mil euros que a fundação usou
para pagar as dívidas às construtoras.
Em Dezembro de 2009, o
presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, dizia ao PÚBLICO que a
autarquia continuava "interessada em construir" o projecto, estando "à
procura de entidades, nacionais e brasileiras” para estabelecer
parcerias. No entanto, ainda nada aconteceu. António Costa foi nesta
quinta-feira para o Brasil, onde vai participar na 1ª Mostra de
Imobiliário de Portugal, e por isso não está disponível para prestar
declarações. A Fundação Luso-Brasileira também não respondeu.
PROJECTO PARA MUSEU ARTE CONTEMPORÂNEA |
Há
três anos, o terreno estava ao abandono e servia de local de deposição
clandestina de entulhos. “O local necessita urgentemente de voltar a ser
vedado”, reclamava na altura o presidente da Junta de Freguesia de
Marvila, Belarmino Silva. O PÚBLICO tentou contactar hoje o autarca, sem
sucesso.
O projecto gizado por Niemeyer incluía, além do
edifício-sede, um anfiteatro em forma de cilindro, uma zona comercial,
espaços para exposições e biblioteca. No terreno existia um palácio cuja
reconstrução devia ter sido feita pela fundação, para nele instalar um
instituto de formação de quadros dos países lusófonos.
Museu nos Açores à espera que passe a crise
O
projecto do Museu de Arte Contemporânea de Ponta Delgada, na ilha
açoriana de São Miguel, foi encomendado a Niemeyer pela ex-presidente da
câmara municipal, Berta Cabral. Em Março de 2010, Berta Cabral
deslocou-se ao Brasil para assinar o contrato de elaboração do projecto
com "o maior arquitecto vivo no mundo". Mas a obra, que deveria ser
inaugurada antes das eleições regionais de Outubro passado (na sequência
das quais a derrotada líder do PSD se demitiu), ainda não arrancou.
Deverá avançar “logo que a conjuntura financeira o permita”, justifica
agora a autarquia presidida por José Manuel Boleiro.
PROJECTO PARA FUNDAÇÃO LUSO-BRASILEIRA |
"Mais do que
uma obra de Ponta Delgada, é uma obra que vai colocar Ponta Delgada no
mapa cultural mundial", integrando os Caminhos de Niemeyer, que ligam as
obras do arquitecto em todo o mundo, salientou Berta Cabral quando
apresentou o estudo prévio nos Açores. O futuro museu, a ser construído
na Avenida do Mar, estava orçado em cerca de sete milhões de euros, dos
quais 85% seriam assegurados por fundos europeus. Com uma área total de
4000 metros quadrados e desenvolvido em dois módulos ligados por uma
passadeira, teria o nome do arquitecto brasileiro.
O Museu de Arte
Contemporânea será o segundo do género na ilha de S. Miguel, onde foi
construído o Centro de Artes Contemporâneas da Ribeira Grande. "Nenhuma
região pode dizer que tem equipamentos culturais a mais", justificava
Berta Cabral ao PÚBLICO. "Vão funcionar os dois e ficaremos todos mais
ricos", declarou, rejeitando haver disputa de protagonismo com o governo
regional, que arrancou com as obras do Centro numa antiga fábrica.
A
única obra do arquitecto brasileiro construída em Portugal é o Casino
Park Hotel, na Madeira, que inclui um casino e um centro de congressos.
Foi encomendada em 1966 pela Sociedade de Investimentos Turísticos da
Ilha da Madeira (ITI), propriedade da família António Xavier Barreto,
tendo sido inaugurada a 3 de Outubro de 1976. Hoje pertence ao grupo
Pestana que adquiriu ao governo madeirense a participação na ITI.
A
partir dos desenhos de Niemeyer (1996), o projecto do Casino Park Hotel
foi concretizado pelo arquitecto português Viana de Lima, seu amigo e
também já falecido. “Ele seguiu a minha orientação inicial, mas fez
muito bem. Foi muito bom”, declarou numa entrevista concedida, em 2001, a
Cláudia Galhós, publicada no site NetParque.
O primeiro projecto
para Portugal foi solicitado, em 1965, pela empresária Fernanda Pires da
Silva (grupo Grão Pará) para o Empreendimento Turístico de Pena Furada,
no Algarve, também em colaboração com Viana de Lima.
* Um génio que falava português
.
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