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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Professor Eduardo Faria
traça cenário pessimista em conferência no Parlamento
Mundo vive tempo propício ao
“regresso do fascismo”
O Mundo vive hoje “um panorama sombrio” e propício ao aparecimento de
“movimentos fascistas”, defendeu esta quinta-feira o professor de
Direito brasileiro Eduardo Faria. “Caminhamos para uma posição de
vitória dos mercados que vêem os direitos dos cidadãos como custo
económico.
No choque da panela de barro com a de ferro quebra a mais
fraca, mas as desigualdades sociais abrem caminho ao regresso do
fascismo”, disse o catedrático, na Conferência ‘Tribunais, Cidadania e
Direitos’, na biblioteca da Assembleia da República.
O jurista defendeu que a “crescente presença dos
mercados leva os Estados a reformar e a uniformizar as legislações à
escala mundial dentro do que interessa às grandes empresas e grandes
bancos”.
Confrontado com a expressão ‘refundação
do Estado Social’, utilizada pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho
para sublinhar a necessidade de cortar 4 mil milhões de euros na despesa
pública, o jurista afirmou: “Não conheço a realidade portuguesa do
ponto de vista do discurso político, mas 80 por cento dos países da ONU
alteraram as suas constituições entre os anos 1990 e 2000 e utilizaram
expressões como essa. Por trás desse discurso existe a vontade de
eliminar direitos dos cidadãos e valorizar critérios económicos em
detrimento dos democráticos”.
O analista considera
que com o poder crescente do sector financeiro e de entidades
transnacionais, os Estados, os sindicatos e os partidos estão “em
crise”, com os “movimentos de rua” a oferecerem uma resistência mais
eficaz. "Pela primeira vez os mercados começam a ficar assustados com as
manifestações de rua", afirmou José Eduardo Faria na conferência
promovida pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP),
sublinhando: Estes movimentos trazem uma advertência: lideranças
irresponsáveis e inconsequentes podem levar ao reaparecimento de
aventuras autoritárias e totalitárias, cujos resultados vimos há 70
anos”.
Mouraz Lopes, presidente da ASJP, partilhou
as preocupações de Eduardo Faria quanto à substituição progressiva do
papel dos tribunais e da justiça pelo mecanismo alternativo da
arbitragem, à qual recorrem as grandes empresas. O dirigente admitiu que
a arbitragem deve ter um papel limitado e não pode ser impedido o
acesso das partes aos tribunais comuns.
A sessão
foi presidida por Fernando Negrão, presidente da Comissão Parlamentar de
Assuntos Constitucionais, tendo estado ainda presentes a
procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, e o provedor de
Justiça, Alfredo José de Sousa.
* Em Portugal ainda não se sabe muito bem se se saíu do fascismo.
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