ESTA SEMANA NA
"VIDA ECONÓMICA"
Mercado das TI não baixa os braços
a um 2012 com diagnóstico fatal
A "Vida Económica" abordou 50 players a atuarem nos mais diversos ramos das Tecnologias da Informação para tentar perceber o que esperam elas de 2012, que, à partida, é desde logo apontado como um mau ano. Obviamente obtivemos as mais diversas respostas. Umas assumiram que o sector das tecnologias não é imune à recessão económica mas também houve as que garantiram que as TI, por serem essenciais ao negócio, não vão sofrer o impacto do conturbado período económico em que nos encontramos. E praticamente todas preferem falar em desafios, em oportunidades, em inovação e na forte componente de internacionalização do sector.
O desafio era tentar perceber o que esperam de 2012 as empresas a operarem em Portugal no mercado das Tecnologias de Informação. Isto quando as projeções económicas globais, já todos sabemos, são tudo menos simpáticas. Segundo a IDC, a prestação do mercado das TI também deverá roçar o vermelho. E projeta que durante este ano o sector irá registar uma quebra de qualquer coisa como 3,9 pontos percentuais. Um dos segmentos com maiores perdas, para a IDC, será o dos computadores, tablets e smartphones, que irá cair 12,5%. A consultora aponta 2013 como o ano de recuperação para este mercado.
Mas... e o que dizem as empresas? O que efetivamente esperam elas do mercado nacional? A "Vida Económica" abordou 50 players a atuarem nos mais diversos ramos das TI. E obviamente obteve as mais diversas respostas a esta pergunta. Houve empresas que assumiram que o sector das tecnologias não é imune à recessão económica mas também houve as que garantiram que as TI, por serem essenciais ao negócio, não vão sofrer o impacto do conturbado período económico em que nos encontramos. Outras empresas, provavelmente levadas por uma necessária onda de positivismo, advogam que não é altura para pensar em crise. E preferem falar em desafios, em oportunidades, em inovação e na forte componente de internacionalização do sector. E garantem que com mais trabalho, mais imaginação e novas formas de abordagem ao negócio o sector irá diferenciar-se no panorama económico.
Sector é resiliente
A IBM é uma das empresas que admite que o sector das tecnologias não é imune à recessão económica, apesar de o classificar como bastante resiliente. Luís Barata, Portugal sectors cluster unit executive, explica que existe, de facto, um sentimento de contenção e abrandamento, reflexo das dificuldades que o país tem enfrentado. As empresas estão a investir menos, diz a IBM, cortando em custos e repensando os investimentos. "No entanto, neste novo ano, ainda que o mercado possa sofrer alguma contratação na adoção de algumas tecnologias tradicionais, vai certamente investir, em novas áreas estratégicas escolhidas criteriosamente, onde os investimentos se vão revelar altamente rentáveis no médio prazo e na preparação para a retoma. As empresas com mais visão irão seguramente optar por esta via. Sobretudo porque as TI têm na sua carteira de produtos soluções adaptáveis à atual conjuntura, permitindo reduzir custos e rentabilizar o negócio".
Já José Correia, diretor de unidade de negócio de imagem e impressão da HP, aponta que em 2012 vamos continuar a assistir a um investimento mais controlado em tecnologias que não tenham a ver com o core business das organizações, "passando parte do investimento para áreas de inovação que permitam às empresas tornarem-se mais eficientes e produtivas".
Patrícia Fernandes, citizenship & corporate image manager da Microsoft Portugal, corrobora que 2012 será um ano particularmente difícil para Portugal, com o consumo em erosão, a economia em manifesta recessão, o desemprego a subir em espiral, o Estado a investir menos e as empresas muito mais cautelosas e com dificuldades de acesso ao crédito. Por isso, a responsável avança que "na Microsoft Portugal temos de nos esforçar, mais do que nunca, para provar que a nossa oferta é melhor e digna de captar o investimento disponível e não hesitar em manter o mesmo nível de excelência com menos recursos disponíveis". Por este motivo, Patrícia Fernandes diz que os objetivos não se centram em crescimentos orgânicos ou até de faturação, mas sim em crescimentos de quota de mercado e rentabilidade, mesmo com decrescimentos de faturação.
Previsões do Gartner para 2012
- Até 2015, os serviços de nuvem de baixo custo vão canalizar até 15% da faturação dos principais players.
- A bolha de investimentos vai explodir para as redes sociais de consumidores em 2013 e para as companhias de software social empresarial em 2014.
- Até 2016, pelo menos 50% dos usuários de email empresarial vão depender primariamente de um navegador, um tablet ou um cliente móvel, em vez de um cliente desktop.
- Até 2015, os projetos de desenvolvimento de aplicações voltadas para smartphones e tablets vão superar os projetos nativos de PC a uma taxa de quatro para um.
- Até 2016, 40% das empresas farão com que os testes de segurança independentes sejam uma precondição para utilizar qualquer tipo de serviço de nuvem.
- No final de 2016, mais de 50% das companhias da Global 1000 terão armazenado dados confidenciais dos clientes na nuvem pública.
- Até 2015, 35% dos gastos corporativos de TI para a maioria das organizações serão gerenciados fora do orçamento do departamento de TI.
- Até 2016, o impacto financeiro do cibercrime aumentará 10% por ano, em virtude da descoberta de novas vulnerabilidades.
- Até 2015, os preços para 80% dos serviços de nuvem vão incluir uma sobretaxa global de energia.
- Até 2015, mais de 85% das organizações da Fortune 500 não vão conseguir explorar "Big Data" efetivamente para obter vantagem competitiva.
O ano mais difícil da última década
2012 será provavelmente o ano mais difícil da última década para o sector, sendo de prever uma forte contração nos gastos do sector público e a continuação da austeridade nos restantes, diz Luís Paulo Salvado, CEO da Novabase. "O aprofundamento da crise irá também acentuar o processo de seleção natural em curso, nas empresas do sector. As empresas muito alavancadas passarão por grandes dificuldades e algumas poderão mesmo não resistir". Por outro lado, diz este responsável, as empresas nacionais com ofertas muito diferenciadas terão na internacionalização uma boa oportunidade para se desenvolverem.
Já Gonçalo Quadros, chairman da Critical Software, é da opinião que os mercados de TI terão níveis de investimento muito diferentes mediante as geografias e os sectores de atividade. "Na atual conjuntura, há que reconhecer que poderá ser necessário rever modelos de negócio e oferta, e isso requer sistemas de informação flexíveis e robustos para suportar essas necessidades".
Apelar ao positivismo
Fernando Baldini Simões, corporate sales manager da Kaspersky Lab em Portugal, foi dos que mais apelou à onda de positivismo. E diz mesmo que "se continuarmos com esse discurso pessimista, com certeza que continuaremos a ter muita retração no investimento em novos projetos e muito regateio para manter os sistemas atuais que se encontram em produção, pelos diversos motivos que todos conhecemos: da Administração Pública não haverá investimento, há ordens para reduzir os atuais sistemas, no seu custo, na ordem dos 20%; da Banca não se esperam investimentos de envergadura e, além disso, os próprios bancos, pelo facto de não "financiarem" despesas IT, irão causar um forte abrandamento no tecido empresarial associado a este segmento; das empresas, a falta de "cash flow" e de financiamento..."
Por tudo isto, a Kaspersky diz que não irá ficar de braços cruzados. "Temos uma série de ferramentas comerciais que ajudam na redução de custos, de forma a munir os integradores e os nossos parceiros das armas necessárias para contrariarem esta tendência negativa. Acredito que os ingredientes corretos para isto são mais trabalho, mais imaginação e novas formas de abordagem ao negócio".
A Bizdirect, do grupo Sonae.com, foi outra das empresas a preferir a palavra desafio no seu "discurso". "Este ano, a previsão é para uma diminuição no investimento em TI comparativamente a anos anteriores, mas os padrões de exigências e os níveis de serviço da equipa da Bizdirect para os nossos clientes serão os mesmos de sempre, pois temos o compromisso em apresentar as melhores soluções de TI para as suas organizações. Cada euro investido em TI terá obrigatoriamente de ser muito bem explicado em termos de retorno de investimento, e a Bizdirect está preparada para esse desafio".
Investimento vai manter-se
Para Luís Santos, customer portfolio management diretor da CA Technologies, hoje em dia as TI têm um grande peso no funcionamento do negócio, pelo que, embora possa sofrer algum abrandamento, o investimento nas TI no sector empresarial vai manter-se, "pois trata-se de uma área vital para que os negócios continuem na linha da frente e sejam concorrenciais2.
Já Marcos Viladomiu, marketing manager da Logitech Iberica, salienta a necessidade de encarar o momento como uma oportunidade. "Esperamos é uma maturação do nosso sector de atividade e que as perspetivas negativas não se venham a concretizar, embora estejamos preparados para nos adaptarmos a qualquer momento".
Por parte da PHC, Ricardo Parreira, presidente do conselho de administração, aponta 2012 como um ano em que as empresas devem refletir sobre os seus processos. Ou seja, "um ótimo ano para se organizarem, organizarem os seus processos, reduzirem custos e preocuparem-se em criar valor para o seu negócio. Para alcançar todas estas metas a melhor ferramenta é a tecnologia, nomeadamente os ERP, e por isso prevemos que o comportamento deste sector seja melhor que a evolução do resto da economia".
Também Jorge Santos Carneiro, CEO da Sage, se foca mais os desafios do que nas dificuldades. "Sendo as TI, em particular o software de gestão, uma ferramenta de apoio à gestão, num ambiente de discussão pessimista e conjuntura económica difícil, assume particular relevância, portanto espero que tenhamos a capacidade de ir proporcionando as ferramentas adequadas à medida que o cenário económico vai evoluindo". Por isso mesmo o gestor vê, na crise, uma oportunidade "que espero saibamos potenciar".
Internacionalização é vital
A indústria das TIC é um catalisador com provas dadas no crescimento económico e na criação de emprego, graças à sua capacidade multiplicadora de geração de negócio, diz Guive Chafai, head of marketing da Alcatel-Lucent Portugal.
Opinião corroborada por José Carlos Gonçalves, presidente Logica Iberia & Latin America que classifica o sector das TI como dos mais resistentes, uma vez que apresenta elevadas taxas de internacionalização. "É verdade que muitas empresas vão repensar os seus investimentos, vão limitar verbas e reduzir serviços, mas é por isso que a internacionalização se assume cada vez mais como uma arma de defesa. Não podemos ignorar o discurso pessimista que domina a imprensa nacional, políticos e economistas e outros market makers, mas podemos procurar uma solução".
Gonçalo Reis, business development manager da Kingston Technology, assume que numa perspectiva mais global este próximo ano irá segmentar e diferenciar as empresas mais capazes de responder com qualidade as necessidades do mercado relativamente à disponibilidade de stocks, gama de produtos. "Será um ano em que o rigor irá fazer a diferença".
Para a Sony, encontramo-nos claramente num ano de incertezas, sendo que todos os atores do mercado estão a ser prudentes, e a considerar cuidadosamente vários cenários e perspetivas. Certamente que se pode prever algum decréscimo no mercado, embora seja difícil determinar a sua dimensão, disse à "Vida Económica" Oriol Salom, networked products and services group marketing manager da Sony, sucursal Portugal e Espanha.
Há que tirar partido da crise
José María Alonso, VP e general manager da QlikTech Ibérica, vai mais longe e diz querer tirar partida da crise, oferecendo uma ferramenta de business intelligence fácil de trabalhar mas muito poderosa que ajude as empresas a ganhar maior visibilidade dos seus negócios, o QlikView 11.
Para Jorge Silva, diretor de marketing da Ricoh Portugal, o mercado de TI terá uma retração no geral, mas a estrutura nacional espera crescer com novas estratégias e ações em especial com o alargar da gama de produtos e soluções. "Em breve iremos anunciar uma nova estratégia que nos vai permitir estar em mais clientes e com mais soluções".
A Fujitsu Technology Solutions estima que este ano as empresas continuem a procurar o apoio das tecnologias, por forma a tornar a operação das suas organizações mais ágil, tirando o melhor partido possível das plataformas instaladas ou reduzindo custos associados às mesmas. Nesse domínio, diz Susana Soares, products sales group & marketing diretor, "acreditamos que continuará a existir uma recetividade crescente ao nível da Cloud Computing junto do tecido empresarial nacional uma vez que estes serviços permitem reduzir significativamente as despesas de capital (CapEx), ter despesas operacionais mais baixas, ser flexível em momentos de evolução e retração (eliminando a necessidade de possuir capacidade não usada), fomenta a inovação (ao agrupar serviços padronizados) e globalmente permitem implementar uma lógica de negócio muito depressa (reduzindo obstáculos à mudança)".
Racionalização vai ser notória
Para Nuno Gomes de Azevedo, vice president sales França, Portugal, Espanha e Marrocos da TomTom, no que respeita a 2012, apesar das dificuldades económicas que afetam diretamente o consumo, "a TomTom continuará a apostar no lançamento de novos produtos no segmento da navegação portátil automóvel e em novos segmentos de mercado como fitness & outdoor".
Para a GFI Portugal, é esperado que, neste contexto de crise económica, a clareza e a racionalização dos investimentos seja ainda maior, onde os modelos sem retorno, ou de difícil medição, não terão qualquer adesão no mercado. Aliás, diz João Girardi, manager business development, nem terão qualquer espaço nos orçamentos de TIC das empresas e instituições públicas de 2012. "Neste contexto, julgo que haverá uma maior planificação dos investimentos, de acordo com as necessidades de curto, médio e longo prazo. A decisão tecnológica e financeira será, mais do que nunca, uma decisão uniformizada".
Também Nuno Silveiro, south europe sales diretor da SMC, espera um ano mais difícil que o anterior, para o qual a empresa teve de se preparar atempadamente. "Sabemos que existe menos capital para investir quer no sector público quer no privado e que todo o mercado vai estar em busca do negócio que existir".
Portugal está farto de discursos pessimistas
Raul Oliveira, CEO da IPBrick, diz que Portugal já está cansado de discursos pessimistas. E assume que em 2012 as empresas vão começar a convencer-se que o caminho faz-se andando e não se pode parar para sempre, correndo-se o risco de morrer. "E este país já tem os investimentos em TI parados há quase ano e meio! Nós esperamos que as empresas comecem de novo a investir, com cautela e sobretudo analisando muito bem os prós e os contras das soluções a adquirir".
A Software AG Portugal espera uma diminuição do investimento em volume com um maior foco na qualidade e com um maior envolvimento do negócio. Bruno Morais, diretor-geral, explicou que as empresas hoje, mais que nunca, querem saber qual o retorno que vão ter com determinada iniciativa, com uma perspectivas de mais curto prazo. "Vemos também algumas iniciativas interessantes a serem lideradas pelos nossos parceiros no mercado angolano".
Da mesma forma, João Paulo Fernandes, general manager da NEC Portugal, diz que, apesar da previsível diminuição do mercado total em 2012, a NEC tem uma expectativa positiva dada a sua aposta em soluções TI "para as quais se espera um sólido crescimento nos próximos anos, nomeadamente as soluções de cloud computing e as soluções para segurança biométrica".
Num ambiente de contenção como o que vivemos atualmente, Pedro Quintela, da Xerox, garante a competição entre os vários players vai seguramente acelerar. "A Xerox destaca-se pela sua forte aposta na inovação tecnológica e nos modelos de negócio, pelo que acreditamos que teremos novas áreas de oportunidade".
Brás Araújo, CEO da Divultec, admite que este ano esteja em linha com 2011, "que já de si foi um ano de grande contenção".
Uma resistência natural às crises
Para a Colt, o ano de 2012 não deverá ser diferente da tendência que vem a acentuar-se nos últimos anos, que passou por uma retração do investimento (capex) por parte das empresas, preferindo modelos mais flexíveis e de custos mais previsíveis como pay-per-use (opex), integrando cada vez mais as comunicações com as TI. Ou seja, diz Carlos Jesus, country manager, " implementar o estritamente necessário, mas com a importante característica da flexibilidade e escalabilidade, para não criar constrangimentos ao negócio, mas optando por concentrar todas as suas necessidades de TIC, em menos parceiros, sendo a tendência a concentração num único provedor que possa fornecer soluções end-to-end."
Já Paulo Matos, diretor da Adimpo Portugal, explica que, pelo facto de a empresa estar ligada em exclusividade à distribuição de produtos de impressão, não espera um decréscimo do mercado. "Os parques instalados nos grandes clientes empresariais, e nos organismos públicos, já ultrapassaram em muito os prazos de renovação, por outro lado, mesmo aqueles que decidam não renovar ainda o seu parque de impressão, irão continuar a necessitar de comprar consumíveis para funcionar".
Cláudio Moreira, marketing diretor & pre-sales da Aastra, vai mais longe. E diz que a empresa tem impresso no seu ADN uma forte resistência natural às crises. "Olhamos para este momento com grande expetativa e apostamos em apresentar novamente ao mercado produtos e serviços inovadores. Será um ano difícil, cheio de adversidades e incertezas, mas o investimento em TI é imprescindível para manter as empresas e as organizações competitivas, otimizando ao máximo os recursos disponíveis".
Uma nova forma de fazer negócios
Hendrik Wielinga, Marketing & Product Manager da Konica Minolta Portugal, apesar de admitir que o mercado português de TI vai continuar em queda em 2012, também salienta que uma queda no investimento em TI não significa por definição uma queda no volume do negócios, mas sim uma outra forma de fazer os negócios. "Transições de investimento para modelos de negócio baseados em serviços serão a chave para sucesso".
Para Sónia Casaca, country manager da Exclusive Networks Portugal, o ano de 2012 será um ano de retração a todos os níveis. Mas também refere que as empresas, para sair da crise, têm de inovar e internacionalizar pelo que terão sempre que continuar a investir. "A área das TI é essencial para que as empresas se mantenham competitivas e dinâmicas. A área de segurança informática assume aqui uma importância reforçada, pois as empresas, numa altura mais conturbada, como é aquela que Portugal está a passar, não podem dar-se ao luxo de sofrer fugas de dados e ataques de DoS".
Também Benedita Miranda, diretora da Sitel Portugal assume que 2012 não será um ano fácil, "contudo devemos encará-lo com otimismo e aceitá-lo como um desafio. No caso da Sitel integramos mudanças e melhorias que nos permitiram ser mais eficientes nos processos, mais competitivos e mais rentáveis. Simultaneamente, procuramos reduzir custos para os nossos clientes e aumentar a satisfação dos seus consumidores".
O mercado das TI terá, como todos os sectores, de se adaptar à situação atual, diz Hugo Azevedo, CTO da Softconcept. O responsável explana que cada vez mais os fornecedores terão de baixar as margens do negócio, pois a concorrência também está a baixar os valores. Como resultado, diz, existem empresas que terão que fechar as portas, principalmente na área da revenda, pois com as margens tão pequenas, poderá não haver mercado para tantos. Os grandes só conseguirão manter as portas abertas vendendo muito mais, a preços mais reduzidos. "Por outro lado os desafios e necessidades dos clientes vão continuar a existir e nesse sentido cabe-nos a nós, fornecedores de soluções, fazermos melhor o nosso trabalho, sendo cada vez mais criativos e inovadores nas soluções".
Discurso pessimista tem consequências devastadoras
Paulo Pereira, diretor comercial e operacional da Alvo, espera que, em 2012, o mercado se torne ainda mais exigente no que diz respeito a garantir o retorno do seu investimento. "Isto significa que as empresas terão obrigatoriamente de oferecer produtos e serviços de excelência, de forma a exceder as expectativas dos clientes. Uma das vantagens desta nova postura é o facto de, naturalmente, o mercado passar a selecionar os melhores fornecedores, ou seja, os mais profissionais e competentes".
Já José Serra, CEO da Olisipo, critica o discurso pessimista, pois, diz, é contagiante e tem consequências devastadoras. "O nosso mercado habitual irá sofrer uma forte contenção. Isso é um dado adquirido. A única dúvida é sobre a dimensão do tombo. Mas há sempre um reverso da medalha. Todas as situações criam as suas próprias oportunidades. O desafio está em conseguir identificá-las e atuar por forma a tirar partido delas. Nem sempre é possível, mas é esse o nosso enfoque".
O mercado das TI, pelo menos na vertente em que a Avaya está presente (comunicações empresariais), não é o mais representativo no que diz respeito a retração nos investimentos em função de um clima económico desfavorável. A empresa explica ser um mercado pautado por elevados níveis de competitividade e um histórico de estratégias em constante mudança, fusões e aquisições. "Neste sentido, uma crise económica não introduz um impacto tão significativo como noutros sectores mais ligados ao consumo privado ou com menor competitividade e rotação dos principais intervenientes".
Miguel Araújo, cofundador e diretor executivo da Vilt, espera em 2012, apesar do ciclo de crise que vivemos, um crescimento moderado nos resultados da empresa. "Este crescimento deve-se sobretudo à angariação de novos clientes em 2011 e que nos vão trazer alguns projetos novos durante 2012, para além da manutenção dos projetos já existentes".
Proatividade vai dar frutos
Ainda recentemente o Governo emitiu uma declaração, pela voz do Ministro dos Assuntos Parlamentares, na qual o Estado se obriga a gastar menos 500 milhões de euros no investimento em Tecnologias de Informação em 2012, salienta Laurentina Gomes, administradora da Listopsis. "Quando o maior cliente do mercado se posiciona desta forma, é de esperar obviamente um ano difícil para as TI em Portugal, mas, apesar dessa quebra, os investimentos podem ser mais racionalizados e orientados para o incremento da produtividade nas organizações. Soluções de gestão de informação, business process management, business automation, por exemplo, continuarão a ter uma larga procura".
Nuno Fernandes, diretor comercial, pre sales & marketing da Meta4, espera ter um ano positivo em 2012. "Esperamos que as empresas se reestruturem e aproveitem para investir em tecnologias como forma de otimizarem os seus processos internos e se prepararem para ciclos mais otimistas. Ao discurso pessimista sobrepõem-se ações no terreno com vigor e proactivas, com empresas a internacionalizarem a sua oferta e presença, aumentando as suas necessidades".
Também o discurso de Jorge Carrilho, CEO da Inosat, é positivo. "A área de negócio da Inosat está muito ativa, pois o nosso serviço permite um controlo e redução efetivo dos custos com frotas. Atualmente, estamos a ativar o dobro de unidades de localização face ao período homólogo do ano passado. Para 2012 prevemos um aumento da atividade atendendo à necessidade de mais e mais empresas controlarem/reduzirem os seus custos".
Luís Miguel Campos, CEO do grupo PDM, espera que este ano seja mais difícil, mas é "nos momentos de crise que as empresas portuguesas inovam. Essencialmente porque são repensadas estratégias e se aprendem a racionar recursos".
Daniel Cruz, territory manager NetApp Portugal, corrobora desta opinião, admitindo que as empresas em anos de crise económica têm que se reinventar de forma a serem mais eficientes. "Para tal surgirão projetos com esse intuito focando a redução de custos, áreas onde a NetApp pode contribuir significativamente".
Projetos vão ser adiados
Face à atual conjuntura, acreditamos que se vai manter o adiamento da maioria de projetos de TIC, especialmente os que não são estratégicos ou estruturantes para as organizações, e uma redução dos serviços constantes dos contratos que já foram objeto de avaliação em 2011, diz João Lopes, diretor-geral da Atos Portugal. Esta empresa acredita que vão surgir projetos inadiáveis em algumas áreas da Administração Pública e no sector privado e anteve um aumento das possibilidades de exportação de serviços para a Europa e África de empresas portuguesas e multinacionais a operarem em Portugal, devido à qualidade dos jovens recém-formados e à sua imagem no exterior.
Joana Peixoto, diretora comercial e de marketing da Opensoft, enfatiza a perspectiva positiva de 2012. "Em 2011 investimos bastante na investigação e desenvolvimento de novas soluções que esperamos venham a dar frutos".
Também Paulo Campos, managing diretor iberia & latin america da R&M, ressalva que todos os indicadores são no sentido de uma retração nos investimentos por parte das empresas e administração pública. "Existe uma expectativa em relação ao impacto das medidas governamentais e isso pode, sem dúvida, ter impacto no mercado de TI". Mas o responsável também diz que, em simultâneo, esta situação pode gerar um aumento da necessidade de datacenters, dado que muitas empresas optaram por colocar este serviço em empresas terceiras, reduzindo desta forma o seu gasto anual em TI, o desenvolvimento de Cloud Computing também leva a essa externalização. "Ou seja, se existir investimento, este estará mais centralizado (nas empresas que oferecem esses serviços)".
A Altran Portugal não tem qualquer dúvida de que o mercado das TI constituirá uma oportunidade de crescimento no contexto adverso que todos atravessamos. Célia Reis, diretora-geral, diz que o investimento neste setor é cada vez mais estratégico para as empresas enquanto pilar para a melhoria do controlo, ganhos de eficiência, especialização e diferenciação face à concorrência. "Na realidade, as dificuldades em conseguir a aprovação de um orçamento irão obrigar a que, quer os clientes quer as empresas de consultoria sejam muito mais claros na descrição da sua necessidade e no suporte do ROI - Return on Investment, e a que o projeto decorra com uma maior integração de responsabilidades e partilha de risco".
Portugal é um país com forte investimento tecnológico. E, por isso, Pedro Amaral, senior manager da Sendys, acredita que 2012 será, apesar de tudo, um ano de retoma moderada neste sector. "Algumas tendências emergentes mostram-se bastantes promissoras e as soluções passam por ser mais integradas e abrangentes, em modelos de negócio virtualizados e em soluções de mobilidade. O custo de investimento nestes modelos é menor e fundamental para o crescimento das empresas".
Para 2012, o desafio de Paulo Gandrita, diretor-geral da Vantagem+, é continuar a contar com a preferência e ser a escolha natural e dos clientes quando querem reforçar as competências do seu capital humano. "Formação e treino são peças fundamentais na dinâmica de qualquer organização e os nossos clientes sabem-no bem, por isso temos uma taxa de retenção de clientes de mais de 90%".
15 previsões para 2012 em tecnologia
Como acontece todos os anos, os principais oráculos da tecnologia começam a divulgar suas previsões para 2012. A IDC e Gartner são dois deles.
1 - A TI não perde o ritmo
A IDC prevê que, em 2012, o mercado mundial de tecnologia da informação vai movimentar 7% mais dinheiro que em 2011. O crescimento previsto é similar ao deste ano, estimado em 6,9%.
2 - A China ultrapassa o Japão
Do total que será investido em TI no mundo, 28% serão gastos nos países ditos emergentes. E a China deve ultrapassar o Japão em gastos com TI.
3 - Tablets conquistam as empresas
Até 2016, pelo menos metade dos usuários de e-mail empresarial vão ler e escrever suas mensagens num tablet ou outro dispositivo móvel, diz o Gartner.
4 - Os aplicativos saem do PC
O Gartner prevê que, até 2015, os projetos de desenvolvimento de aplicações para smartphones e tablets vão ser quatro vezes mais numerosos que os projetos de aplicativos para PCs.
5 - O Kindle Fire ganha espaço
Para a IDC, o Kindle Fire, da Amazon, vai conquistar 20% do mercado de tablets em 2012. É um número notável para uma empresa que acabou de chegar a esse mercado, onde já existem líderes consolidados como a Samsung e, claro, a Apple.
6 - O mundo móvel entra em guerra
Na análise da IDC, 2012 será um ano decisivo na batalha dos sistemas móveis. O Android deve continuar na liderança, seguido pelo iOS. E o ano será crucial para Microsoft, RIM e HP, que deve voltar à disputa.
7 - A Microsoft pode comprar a Netflix
Para a IDC, o sucesso do Windows 8 nos tablets é crucial para a Microsoft. Mas isso depende de a empresa comprar ou fazer uma aliança com um provedor de conteúdo na nuvem, como a Netflix.
8 - O dinheiro vai para a nuvem
Para a IDC, a computação em nuvem vai crescer quatro vezes mais rapidamente que o mercado de TI em geral. Em 2012, os serviços na nuvem devem movimentar mais de 36 mil milhões de dólares. Esse mercado será disputado por Amazon, Google, IBM, Microsoft, Oracle, Salesforce.com, VMware e outras.
9 - Os aplicativos também vão à nuvem
A IDC vê uma migração em massa rumo à computação em nuvem em 2012. Mais de 80% dos novos aplicativos corporativos serão voltados para a nuvem. Das aplicações já existentes, 2,5% serão portadas para a nuvem.
10 - A segurança preocupa
Nas contas do Gartner, no final de 2016, mais de 50% das mil maiores companhias do mundo vão armazenar dados confidenciais dos clientes em serviços terceirizados de computação em nuvem. Isso deve aumentar as preocupações com a segurança. 40% das empresas vai exigir testes de segurança independentes ao contratar esses serviços.
11 - A energia encarece os serviços
Até 2015, os preços de 80% dos serviços na nuvem vão incluir uma sobretaxa global de energia, prevê o Gartner.
12 - Carros e televisores entram na internet
O número de aparelhos eletrônicos de consumo conectados à internet vai superar o de computadores em 2012. A conta, da IDC, inclui desde sistemas a bordo de automóveis até televisores e outros produtos de entretenimento doméstico.
13 - A montanha de dados cresce
O volume de dados digitais no planeta vai crescer 48% em 2012, atingindo 2,7 zettabytes (cerca de 2,7 sextiliões de bytes) na estimativa da IDC. Para 2015, o volume previsto é 8 zettabytes.
14 - Big data é desafio
A análise de grandes volumes de dados, conhecida como big data, estará no radar das empresas em 2012. Mas, até 2015, só 15% das maiores companhias vão conseguir explorar essa tecnologia para obter vantagem competitiva, diz o Gartner.
15 - A Amazon chega à maioridade
A Amazon vai entrar para o clube das empresas com faturação superior a 1 bilhão de dólares em TI, diz a IDC.
* Excelente explicação de SUSANA MARVÃO
.