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A pseudo-cabala
contra os Comandos
Os mesmos organizadores que promoveram a tentativa falhada de entrega
de espadas ao PR, no ano transacto como sinal de protesto e de
insatisfação contra o regime, estão este ano a organizar para dia 8 de
setembro um almoço de apoio ao Coronel Comando Pipa Amorim, por ocasião
da sua passagem à reserva, na sequência da sua recente substituição como
comandante do Regimento de Comandos.
Os organizadores do evento
estão a aproveitar o delicado momento em que a Instituição se encontra,
mercê de algum mal-estar, devido às imponderadas atuações do CEME, no
vergonhoso caso do desaparecimento de armamento e munições de Tancos,
bem como das draconianas reduções de efetivo, que à Instituição têm sido
impostas pelo poder político, para fazer ressurgir ideologias
nacionalistas e populistas no seu seio.
Que a atual corrupção
existente no país, sempre realçada como pretexto para a sublevação, nos
entristece a todos como povo; que os nossos governantes e o atual
sistema Judicial, a não têm sabido combater eficazmente, são factos
indiscutíveis. Não obstante, não é por via revolucionária que esta se
deve combater.
O Exército Português é uma Instituição séria e
credível, pedra angular da democracia liberal, e da nação, enquanto
entidade politicamente organizada. Os seus militares têm, num estado de
direito democrático e liberal, de estar subordinados ao poder político.
Estamos
graças aos nossos camaradas mais antigos, que fizeram o 25 de abril, e o
25 de novembro, num regime em que há eleições livres e justas, e em que
tem havido rotatividade no poder, quer ao nível Nacional, quer
autárquico.
Cabe ao poder político nomear e demitir as chefias,
que enquanto no exercício do poder legítimo nomeiam e desnomeiam os seus
comandantes subordinados.
O Coronel Pipa Amorim, camarada que
muito prezo, foi um bom Comandante do Regimento de Comandos, tendo sido,
legitimamente nomeado, e também legitimamente desnomeado e substituído
por outro Oficial.
Ninguém quer acabar com o Regimento de
Comandos, nem existe nenhuma cabala contra eles, como ele publicamente
afirmou, pois estes são uma boa tropa especial com obra realizada no
passado e no presente. Ninguém quer acabar com o Regimento de Comandos ,
por terem estado envolvidos no 25 de novembro, nem quer desmerecer a
memória dos seus heróis, até porque é a eles que devemos o
estabelecimento da democracia liberal no país. O que a nação não tolera,
é que é só no Regimento de Comandos, que existam recorrentemente mortes
em instrução, cujas causas têm e devem ser investigadas pelo Ministério
Público.
As Forças Armadas não estão, nem podem estar acima da lei.
O
almoço de apoio ao Coronel Amorim não pode nem deve ser uma
manifestação anti-democrática. Nós todos jurámos defender a Pátria e a
Constituição da República, pedra basilar da nossa democracia liberal.
Coronel da Infantaria na reserva
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
21/08/18
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