Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
14/03/2025
HELENA TECEDEIRO
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Às tarifas americanas de 25% sobre o alumínio e o aço europeus, a União Europeia vai responder com taxas sobre a importação de bens americanos que vão do bourbon aos corta-relvas, das míticas motos Harley-Davidson às não-menos míticas calças de ganga Levi’s. As taxas aplicadas pelos 27 chegarão aos 26 mil milhões de euros, com uma primeira fase a entrar em vigor já a 1 de abril e uma segunda a 13 desse mesmo mês - um valor equivalente ao das tarifas americanas.
Ao anunciar as tarifas retaliatórias da UE, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou o alerta: “Os direitos aduaneiros são impostos. São maus para as empresas e ainda piores para os consumidores. Estas tarifas estão a perturbar as cadeias de abastecimento. Trazem incerteza para a economia. Estão em causa postos de trabalho. Os preços vão subir. Na Europa e nos EUA. A União Europeia deve atuar para proteger os consumidores e as empresas.”
Ora ainda as taxas europeias não entraram em vigor- precisam de ser aprovadas pelos 27 Estados-membros, um procedimento que só não será um desafio maior porque, em matéria de comércio, as decisões da Comissão só podem ser travadas por maioria qualificada - e já Trump ontem ameaçava taxar a 200% os vinhos e champanhes franceses e do resto da UE.
Podemos ainda não saber como vai evoluir esta guerra comercial, que envolve também a China, México ou Canadá, outros alvos das tarifas de Donald Trump, mas há quem já esteja a ensaiar como seria a vida sem qualquer produto americano. E os carros Tesla, do multimilionário Elon Musk, uma das figuras mais próximas do presidente americano, têm sido umas das vítimas mais visíveis deste movimento. Não estamos só a falar de meia dúzia de manifestantes frente aos stands da marca, o boicote aos Tesla fez a marca perder mais de metade do seu valor em bolsa desde 17 de dezembro, quando atingira o pico mais alto.
Num texto cheio de humor, um jornalista do diário Le Figaro contou a sua experiência a tentar boicotar todos os produtos americanos durante 24 horas. E começava com a elucidativa frase: “Mais vale dizê-lo já... não consegui o meu desafio”. Afinal até o computador onde estava a escrever o texto em causa era um Dell e o processador de texto era o Google Docs...
O valor das taxas anunciadas por Von der Leyen equivale a cerca de 8% do total importado pelos EUA, segundo o Eurostat. Mas, se esta “guerra” se agravar, estaremos mesmo dispostos a abdicar de usar o Facebook ou as plataformas de streaming como a Netflix ou Disney+? E boicotamos também os filmes e as músicas vindos da América? Não é fácil lutar numa guerra comercial com a maior potência económica do mundo, sobretudo se esta for simultaneamente uma superpotência do soft power.
* Editora executiva no "DN"
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS" - 14/03/25
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