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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
09/05/2021
FONTE:DW Brasil
Nesse TEDx, Fernando Granato conta seus três principais aprendizados obtidos ao longo de oito anos trabalhando e construindo novos modelos educacionais em diferentes realidades e culturas.
Além disso, mostra que é possível "hackearmos a educação" para aprendermos de formas diferentes do convencional e a importância de sermos pessoas mais protagonistas neste mundo de mudanças.
ISABEL MOREIRA
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Corrupção ou o debate
quase impossível
Pretender que houve, há ou haverá alguma relutância por parte do PS em combater a corrupção é desmentido pela História e pelo presente, resultando a façanha de uma postura conspirativa amiga do pior que vai acontecendo à política
Parece a famosa luta com um porco. Quem quiser debater com seriedade o tema da corrupção tem de estar preparado para a enorme probabilidade de não ser ouvido. O ambiente feliz para populistas está instalado. Não se ganha em explicar que o maior problema da democracia portuguesa não é a corrupção, porque vivemos tempos em que a perceção do facto substitui o facto, desde logo na agenda mediática. A pronúncia de um ex-primeiro-ministro como que libertou todos os pudores que rapidamente se transformaram em concursos de a-ver-quem-é-mais-contra-a-corrupção (e de dedos em riste contra o PS). Do PSD ao BE, não houve quem resistisse à perceção de que os políticos são todos putativos corruptos, e toca a bater no peito com o enriquecimento ilícito, prometendo-o para já, fazendo crer que tal coisa é o remédio contra a corrupção, que é, imagine-se, o que faltou na Operação Marquês, e explicando que quem a travou foi, claro, o PS, esse partido suspeito.
Como sair da lama?
Com a verdade.
O quadro jurídico português em matéria de combate à corrupção é reconhecidamente bom. Nunca me faltaram palavras para reconhecer obra alheia, pelo que me custa que se finja não saber que marcos como a quebra do sigilo bancário e fiscal nas fases de inquérito, instrução e julgamento de vários crimes, entre os quais corrupção passiva, peculato e branqueamento de capitais, a possibilidade de controlo de contas bancárias por despacho do juiz, o mecanismo de arresto e de perdas de bens a favor do Estado, a criação do conceito de “pessoas politicamente expostas”, a criação do crime de recebimento indevido de vantagem ou a alteração do prazo de prescrição dos crimes de corrupção e de recebimento indevido de vantagem para 15 anos, entre tantos exemplos, são património do PS.
Pretender que houve, há ou haverá alguma relutância por parte do PS em combater a corrupção é desmentido pela História e pelo presente, resultando a façanha de uma postura conspirativa amiga do pior que vai acontecendo à política. Para quem se quer manter num mundo balizado pelo Estado de direito democrático, para quem recusa um mundo pós-político em que a realidade passa a ser irrelevante, o combate à corrupção não se faz com um corte com o passado, como se não soubéssemos que não somos quem somos se anunciarmos medidas legislativas em busca de empatia semântica, ainda que sabendo da sua inconstitucionalidade.
Era importante que quem anda na política soubesse explicar que o enriquecimento ilícito já é punido. O que andamos a discutir é o aperfeiçoamento de legislação já existente. E cá estarei para a crítica. E também devia ser explicado que não vamos aprovar a cereja que faltava para apanhar de vez os corruptos. Estamos a debater uma estratégia e uma legislação de aperfeiçoamento de um quadro de combate à corrupção que já é, atualmente, bom.
E sim, com enorme contributo do PS. O PS tem estado sempre presente nesta matéria. Não aparece do nada quando começam a gritar que “anda tudo a gamar”.
* Deputada independente à A.R. (PS)
IN "VISÃO" - 06/05/21
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Mais uma notável produção da RTP
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* Poderia ser apenas um filme romântico francês se não fosse… Tudo. Com direção de Laurent Bouhnik, “Q” – também conhecido como Q Desire – traz a história de Cecile (Déborah Révy) uma garota transtornada pela morte do pai e que literalmente interfere na vida das pessoas com seu modo peculiar de agir. O longa se passa em um contexto social deteriorado pela crise econômica do país e mostra diversas histórias de pessoas aleatórias que ao longo do enredo vão se encontrando.
Escolhi falar de “Q” por conta da temática: o longa discute de forma totalmente inesperada o desejo, o amor e a forma complexa que o ser humano tem de demonstrar sentimentos. Já nas primeiras cenas é possível observar enquadramentos surpreendentes e narrativas que até então parecem desconexas com o resto da trama. Em certos momentos até parece que estamos observando uma pintura, com fotografias tão bem produzidas e cores que remetem sensações únicas. Dependendo do grau de “situação cinema” que o espectador se encontrar, talvez ele sinta e até imagine uma leve brisa soprar da tela, um calor incontrolável e uma espécie de ar carregado de tanta… Luxúria.
Sim, é isso mesmo. A história gira em torno de Cecile, uma jovem que vê no sexo uma forma de escapar da realidade, porém ela nunca está satisfeita. Por conta disso, a moça brinca de seduzir e é praticamente impossível não sentir uma pitada de atração por ela. É importante lembrar também que neste longa a mulher é poderosa. Ela é decidida, autoritária, vai atrás do que quer e faz o que quiser, não importando as consequências. Mas é na relação sexual que ela se mostra vulnerável, delicada e solitária. O desejo, a libido e a sensualidade são explorados efusivamente, com aquele jeitinho que só um trés francês consegue fazer. Não acredito que valha a pena falar dos outros personagens, pois o diretor deixa claro que o espectador precisa conhecer um por um, através dos diálogos rápidos e espontâneos entre cada cena.
Devo confessar que deixei algo importante para falar agora: este longa contêm várias cenas de nudez, sexo (do tipo mais erótico possível até uma mais selvagem) e até conta com pouquinho de ação e cenas non-sense. Por isso, talvez seja mais prudente não assistir com certas pessoas se quiser evitar “vergonha alheia”.
Directed by | Laurent Bouhnik |
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Written by | Laurent Bouhnik |
Starring | Déborah Révy Hélène Zimmer |
Music by | Ernest Saint Laurent |
Cinematography | Dominique Colin |
Edited by | Valérie Pico |
Release date |
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Running time | 103 minutes |
Country | France |
Language | French |
110-CINEMA