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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Editora de "Diamantes de Sangue"
vai ser constituída arguida
A editora da Tinta-da-China Bárbara
Bulhosa será constituída arguida no processo contra o jornalista
angolano Rafael Marques, por ter publicado o seu livro "Diamantes de
Sangue: Tortura e Corrupção em Angola".
O Departamento de Investigação e
Ação Penal (DIAP) de Lisboa notificou, esta quinta-feira, a editora
portuguesa de que deverá dirigir-se às suas instalações, a 24 de janeiro
de 2013, "a fim de ser constituída e interrogada enquanto arguida", no
processo instaurado em Portugal por vários generais angolanos ligados a
empresas de extração mineira, contra Rafael Marques, "por calúnia e
injúria".
O jornalista e ativista angolano acusa-os, no livro
publicado em setembro de 2011, resultante de uma investigação iniciada
em 2004, de torturar e matar trabalhadores da extração mineira na região
diamantífera das Lundas, sobretudo nos municípios do Cuango e
Xá-Muteba.
Na sequência das denúncias feitas no livro, Rafael
Marques apresentou, a 14 de novembro do ano passado, em Luanda, uma
queixa-crime contra esses generais, por "atos quotidianos de tortura e,
com frequência, de homicídio" contra as populações dos municípios
abrangidos pelas concessões mineiras.
A Procuradoria-Geral da
República de Angola concluiu, no passado mês de junho, que a
queixa-crime apresentada por Rafael Marques "não tem qualquer
fundamento", decidindo-se pelo "indeferimento e arquivamento", e
considerou que "alguns dos factos" denunciados por Rafael Marques "não
foram comprovados", correspondendo a uma "construção teórica, sem
qualquer suporte factual e jurídico-legal".
A queixa-crime do
jornalista identificava que a "centralidade" dos atos denunciados seria
da responsabilidade da sociedade Lumanhe - Extração Mineira, Importação e
Exportação, Lda., que integra o consórcio que forma a Sociedade Mineira
do Cuango (SMC), no qual detém uma participação de 21%.
Rafael
Marques acusou de "crimes contra a humanidade" os generais Hélder Vieira
Dias, mais conhecido como "Kopelipa", ministro de Estado e chefe da
Casa Militar do Presidente da República, Carlos Vaal da Silva,
inspetor-geral do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas
(FAA), Armando Neto, governador de Benguela e ex-Chefe do Estado-Maior
General das FAA, Adriano Makevela, chefe da Direção Principal de
Preparação de Tropas e Ensino das FAA, João de Matos, ex-Chefe do
Estado-Maior General das FAA, Luís Faceira, ex-chefe do Estado-Maior do
Exército das FAA, António Faceira, ex-chefe da Divisão de Comandos,
António dos Santos França "Ndalu", ex-Chefe do Estado Maior-General das
FAA, e Paulo Lara.
Estes generais, acusou Rafael Marques, "têm
usado o seu poder institucional para dar cobertura, por ação ou omissão,
ao poder arbitrário que a Sociedade Mineira do Cuango exerce na
região".
A queixa-crime de Rafael Marques estendia-se ainda a
outra empresa, que detém uma participação de 38% na SMC, a ITM-Mining
Limited. Neste caso, entre os denunciados, havia também estrangeiros: os
cinco gestores identificados como tendo "responsabilidade direta na
instrução das medidas de segurança na área de concessão" são Renato
Teixeira, Andrew John Smith, Sérgio Costa, Helen M. Forrest e Nadine H.
Francis.
O ativista angolano inscrevia também na queixa-crime "a
empresa privada de segurança Teleservice, contratada pela SMC para
proteção da área de concessão", identificada como "executora direta dos
atos de violência".
Por sua vez, em resposta às denúncias feitas
no livro e na queixa-crime apresentada por Rafael Marques, os generais
decidiram processá-lo a 9 de novembro deste ano, por "calúnia e injúria"
em Portugal, país onde o livro foi publicado, e estendem agora as
acusações à editora Bárbara Bulhosa.
* A democracia portuguesa tem destas sórdidas surpresas. Pessoas sem escrúpulos da ditadura angolana queixam-se que nem virgens ofendidas e o nosso M.P. aceita.
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