Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
03/08/2013
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8-REPÚBLICA
UMA EXCELENTE PRODUÇÃO DA RTP, REVEJA
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EMA PAULINO
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Uma receita para os todos os males
Farmacêutica
IN "i"
01/08/13
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Uma receita para os todos os males
Nem sempre a redução dos números se traduz naquilo que realmente interessa:doentes que se sentem melhor e que vivem mais tempo
Na semana passada foi publicado um artigo no "New England Journal of
Medicine" que explorava o tema da prescrição médica responsável. Mais
precisamente, o termo utilizado no artigo é "accountable", que pressupõe
muito mais do que simples responsabilidade. Está-lhe assim subjacente a
necessidade de prestar contas, ou seja, que a pessoa que desenvolve uma
certa actividade deve ser capaz de explicar regularmente o que anda a
fazer, como o faz, por que o faz, quanto custa, e o que planeia fazer a
seguir.
A mensagem transmitida pelo artigo é a de que os médicos
passam muito tempo a tratar números - pressão arterial, níveis de
colesterol, hemoglobina glicosilada, etc., baseados na convicção de que o
sucesso está dependente da sua redução. Aliás, todas as mensagens que
são veiculadas por normas profissionais, marketing farmacêutico e
campanhas de saúde assim o indiciam. Contudo, nem sempre a redução dos
números se traduz naquilo que realmente interessa: doentes que se sentem
melhor e que vivem mais tempo. Muito frequentemente, o benefício em
saúde obtido após se atingir um objectivo numérico depende em grande
parte de como se chegou lá.
Por exemplo, os autores do artigo
relevam o facto de que a medicação é normalmente a forma mais rápida e
fácil de atingir um determinado objectivo, e que as estratégias com
impacto na alteração dos estilos de vida acabam por ser preteridas? O
mesmo se pode afirmar quanto à utilização de medicamentos mais caros em
detrimento de outros mais baratos, mesmo quando a investigação mais
recente sugere que, estes últimos, além de mais eficazes do ponto de
vista dos resultados em saúde (que podem ser diferentes dos números!),
são também mais seguros. E dão como exemplo dois medicamentos distintos
que contribuem para a redução do nível de colesterol total, mas em que,
só um deles, demonstrou que diminui o risco de enfarte do miocárdio.
Neste caso, o medicamento mais barato!
No fundo, este artigo vem
chamar a atenção para o facto de que nem sempre a fixação de objectivos e
a sua promoção é, por si só, garantia de melhores resultados. Tanto em
termos clínicos como em termos económicos. E aquilo que se sugere neste
artigo tanto se pode aplicar à prática da prescrição médica, como a
todas as actividades que são desenvolvidas pelos vários profissionais de
saúde. Dispensar um medicamento sem aconselhamento não produz o mesmo
resultado do que quando a dispensa é acompanhada de informação
específica que vise a promoção da adesão à terapêutica e a sua toma
responsável e segura.
Há um risco em se estabelecer metas sem atender ao que é feito e como é feito para se lá chegar.
E
a melhor receita para este risco é o compromisso por parte dos
profissionais de saúde em basearem a sua prática profissional na mais
recente evidência clínica e custo-efectividade associada. Para tal, é
necessário que esta informação seja disponibilizada de forma isenta e
atempada. A este respeito, há que realçar a criação recente das
Comissões de Farmácia e Terapêutica regionais e da Comissão Nacional de
Farmácia e Terapêutica, assim como o desenvolvimento de ferramentas
informáticas de suporte à prática clínica.
Mas esta receita, tal
como as culinárias, também necessita de alguns ingredientes adicionais.
Um maior investimento na promoção da literacia em saúde da população em
geral, e uma maior comunicação e articulação entre os diversos
profissionais de saúde. Que dentro das suas competências específicas, se
devem apoiar mutuamente para a avaliação, selecção, e disponibilização
das melhores tecnologias de saúde existentes. Não para atingir
objectivos numéricos? mas para contribuir efectivamente para que os
cidadãos tenham uma saúde melhor e, assim, vivam bem durante mais tempo.
Farmacêutica
IN "i"
01/08/13
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