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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
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SANTA CASA DA CENSURA, INACREDITÁVEL
OS 'FAXOS' CONTINUAM
Foi este o tema que os artistas Dori Nigro e Paulo Pinto decidiram abordar na sua instalação “Adoçar a Alma para o Inferno III”, que discute o passado escravocrata do celebrado comerciante e político. Apresentaram-na na Bienal de Fotografia que acontece, justamente, no Centro Hospitalar Conde Ferreira, propriedade da Santa Casa da Misericórdia. É difícil imaginar um tempo, um modo e um lugar mais pertinentes para esta intervenção artística. Na instituição construída com o dinheiro do tráfico, os artistas perguntavam: “quantas pessoas escravizadas valem um hospital psiquiátrico?”.
O questionamento tem um duplo mérito. Iluminar as contradições que habitamos, lembrando que a riqueza trazida para Portugal não pode ser pensada sem os crimes coloniais e a expropriação feita noutros territórios, designadamente africanos, pois aqueles foram uma condição indispensável da acumulação de fortunas como a do conde de Ferreira. E também lembrar que o tráfico de escravos durou pelo século XIX adentro no espaço colonial português (até 1888 no Brasil), muito depois da “abolição da escravatura” em Portugal, em 1761.
Só que a reação da Misericórdia foi a pior possível. Em vez de aproveitar a interpelação e aprofundar o debate - quer sobre o legado do patrono, quer sobre as continuidades entre processos coloniais, escravatura e trabalhos forçados (que vigoraram até depois de 1960) de ontem e as dinâmicas de colonialidade e racismo de hoje (por exemplo, discutindo a racialização do trabalho dos cuidados no setor social e não só) -, mandou fechar a sala onde estava a obra, numa cena caricata em que um funcionário foi posto a selar a porta com uma tábua e parafusos. Depois deste monumento físico à censura, a Misericórdia mutilou a obra dos dois artistas, removendo as partes de que não gostava. O argumento para tal gesto foi este: “o potencial desconforto que tal obra poderia gerar na comunidade daquela que é a casa de muitos doentes”. O efeito da prepotência foi, evidentemente, dar mais publicidade ao tema, detonando uma polémica que levou, por exemplo, a Câmara do Porto a repudiar publicamente a censura da Misericórdia.
A cereja no topo do bolo desta cretinice foram as declarações da vereadora do PSD, que saiu em defesa pública da censura e da Santa Casa, cujo provedor foi aliás mandatário do partido e eterno candidato a candidato a cabeça de lista à autarquia. "Foi só um espelho com uma frase [que foi censurado], não foi uma obra de Miguel Ângelo", declarou a vereadora laranja, acrescentando que a obra “colocava em causa o trabalho do próprio hospital” e, finalmente, declarando que a arte não deve servir para fazer críticas pois “no limite, estamos a justificar a arte para dizer coisas que fora dela não são legítimas e agradáveis". Uma lição sobre as funções e os limites da arte que não pede meças a um Dr. António Ferro, conhecido chefe do Secretariado da Propaganda Nacional.
Não se quer acreditar, mas tudo isto aconteceu mesmo. Em 2023. Num tempo em que devíamos estar a tornar acessíveis os arquivos, a promover a investigação do passado, a esclarecer massacres, a renovar leituras e programas de ensino, a financiar mais trabalhos científicos e artísticos sobre estas matérias, há quem pratique censura sobre factos, insista em promover o esquecimento e defenda alegremente estas atitudes.
No passado mês de maio, o historiador Miguel Cardina publicou um livro no qual desenvolve uma reflexão sobre o prolongado “feitiço imperial” no espaço público, sobre os debates em torno dos usos do passado e sobre alguns destes escombros coloniais que, como se vê, fazem ainda o nosso presente. Chama-se, eloquentemente, “O Atrito da Memória”. Devia ser de leitura obrigatória para provedores de Santas Casas e vereadores social-democratas.
* Sociólogo, dirigente do BE
IN "EXPRESSO -08/06/23.
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IMBECILIDADE ILIMITADA
Ƈɑ̂ʍɑɾɑ ժҽ lísҍօɑ ɑժʍíեҽ եɑթɑɾ օҍɾɑ ժҽ Jօɑ̃օ ƇմեíƖҽíɾօ ժմɾɑղեҽ JⱮJ
NR: O edil de Lisboa está a querer fazer passar os lisboetas e portugueses em geral por gente estúpida. A obra de Cutileiro precisa de restauro há anos, duma maneira oportunista o senhor Moedas lembra-se agora de o fazer na altura em que o ditador do vaticano vem à cidade, coincidências.
Argumenta o sr. Moedas que a construção do palco poderia danificar a obra pois, então e antes, não houve tempo para o restauro ser feito, ou há "falofobia" no conluio autarco/religioso?
Temos uma sugestão à CML, para colmatar o encobrimento que é só mais um, contratem um escultor católico para criar uma estátua de um padre com a braguilha da batina aberta e uma criança ajoelhada à sua frente, recordamos que o clero pedófilo constitui uma percentagem considerável dos profissionais da organização pelo que não deve ser desconsiderado.
Se o presidente não concordar com a sugestão ainda temos algumas imagens religiosas de autoria de ceramistas das Caldas da Raínha que numa escala aumentada podem servir de exemplo, estamos dispostos a colaborar com a autarquia.
UM PRESÉPIO QUE NO NATAL PODE RECOLOCAR NA PRAÇA DO MUNICÍPIO |