24/11/2018

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA

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IX-A HISTÓRIA 
DO SEXO
3- COMO O SEXO
MUDOU O MUNDO

3.4- EXPERIÊNCIAS



* Depois de uma perspectiva histórica e global do sexo, passaremos a editar factos circunscritos a períodos mais datados, civilizações regionais ou locais.


FONTE:  Canal Historia

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Pesadelo do Vendedor de Castanhas


FONTE: PROGRAMA "Donos Disto Tudo"  RTP/1
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6-TANGO PLUS




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APRENDA A ESTUDAR ANATOMIA
24- CRIATIVIDADE



* Uma interessante série produzida para auxiliar alunos da área de saúde mas também muito útil para quem quer que deseje aprender sobre esta matéria. Disfrute.


FONTE: Anatomia Fácil com Rogério Gozzi

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5-TANGO PLUS



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Existe diferença entre
golpe e revolução?




FONTE: Nerdologia

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4-TANGO PLUS



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INÊS PECEGUINA

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(Uma) educação “zero waste”

Educar para a sustentabilidade da pessoa, da criança, é não deixar que os seus sonhos se transformem num mar de lixo. Essa missão dificilmente se consegue na escola moderna. Uns com (contra) os outros

Conheci por estes dias uma menina já no final da infância, que se demora legalmente até aos 18 anos, mas que em cada um, é conforme. Às vezes extinta logo na primeira. Outras nunca. Em permanência. A fazer dos adultos lugares mais felizes e encatatórios.

A menina tinha de diferente das outras, entre muitas outras coisas, uma condição que a todos perplexa, porque neste nosso país, é ainda nova. Uma espécie de rebento. Verdinho-fresquinho-vulnerável e ao mesmo tempo super-alimento.

Esta menina-fim-da-infância tinha isso tudo. O que a distingue de todas as outras, nesta sua peculiaridade, é o facto de nunca ter frequentado a escola. Nos seus desígnios tradicionais-modernos. (Atenção que entretanto já estamos na era pós-moderna).

A menina é portuguesa (embora a perfeição do seu inglês possa fazer duvidar), produto nacional, do interior, do Alentejo. De uma família aparentemente normal. Mas que o não poderá obviamente ser. Porque senão a menina-fim-da-infância não teria esta história para contar. Mas sim a de todos nós. Que foi a de nos tornarmos pessoas passando por esse lugar transbordante e impregnante, que é a escola. Os pais disseram que ela não era uma menina típica de escola. E não era mesmo. Que tinha interesses um pouco fora do comum. Ou pelo menos o fora do comum fora da sua casa. Já que me parece que na sua casa, mãe, pai, avós, fossem pessoas normais, mas não necessariamente comuns.

O que os distingue, entre outras coisas, foi o facto de perante esta circunstância, terem decidido fazer qualquer coisa. E fizeram. Descobriram o ensino doméstico muitos anos antes de se tornar novidade, notícia, fonte de oscilações temperamentais entre o amor apaixonado e o ódio visceral (que é, porém, outra forma de amor). A menina cresceu assim. Tendo por base de aprendizagem a sua casa. O seu centro. O seu(céu) núcleo afectivo. Afinal, há muito que por aí se diz que é da relação. Da relação e do significado que nasce o conhecimento. Que se enraiza e expande a aprendizagem. Uma relação pedagógica, é uma relação de afecto.

A menina-fim-da-infância é tímida. Como qualquer menina-fim-da-infância da mesma idade e que se foi habituando à estranheza da sua normalidade. Apesar disso, não se atrapalha na língua. As palavras desaguam soltas, leves, ora em português ora em inglês. Nós todos em silêncio. E ela no centro. No epicentro. A contar da sua singularidade.

O mais deslumbrante, entre outras coisas, foi a constatação da naturalidade com que tudo se desenrola. Mas e os amigos, os pares, a socialização? A menina sorri. Um sorriso de quem já ouviu sequências numéricas incontáveis esta pergunta. Revela. E rimo-nos todos um pouco. Pelo óbvio. Na verdade, nunca gostei assim tanto de estar com muitas pessoas. Actually, I was always ok having just a few friends to be with. E nem precisavam de ser da mesma idade. Desde que fossem pessoas. E a deixassem ser assim.

Há pessoas que são assim. Não precisam assim de tantos amigos. E isso não é problema em si. É problema quando a pessoa se sente triste. Quando deseja essa proximidade. Quando sente que não faz parte, que não encaixa. Que é estranha. E que a estranheza se constitui como distúrbio. A menina-fim-da-infância está bem assim.

E os horários? Como é que organizas(vas) o teu dia, sem as disciplinas, as aulas, os tempos, os professores? Lançam-lhe. E ela recebe. Outro sorriso. Vê-se que há um certo divertimento infantil em explicar aos adultos que não a viram crescer na sua singularidade. Um dia a pensar sobre isso, reflecte, percebi que produzia muito mais quando estava em férias. E então decidi, olha, vou estar sempre de férias.

Nota-se que é uma menina-fim-da-infância habituada a pensar. A pensar-se. A observar os seus movimentos. Que não se atrapalha perante a evidência e que na sua presença, de evidências, toma decisões. Experimenta. Testa. Agora, acrescenta, decidi que quero voltar a ter um horário. Vamos ver como corre.

Ah. Que simplicidade. Regressamos ao mundo da socialização. Já sabemos que muitas das aprendizagens da menina, acontecem através do computador. Que assiste, ainda no seu território de menina-fim-da-infância, a aulas de matemática do MIT, aquele lugar mágico onde vão parar pessoas sem medo de pensar e maioritariamente indianas. A menina, esta, não é da Índia.

Alguém lhe pergunta sobre os perigos da internet. O ciberbyllying. E ela responde. Não se atrapalha. Olhos-nos-olhos. Nós a sentirmo-nos, cada um de nós, mais criança do que ela. Então, explica, estou atenta. Consigo sentir que às vezes não devo continuar por ali. Não é sempre fácil de perceber. Mas isso também acontece com as pessoas reais. Que às vezes parecem amigas. Que às vezes confiamos. E afinal não eram de confiança. A prática também ajuda. Claro! Aguça o sentir. O crescimento. A experiência cumulativa. Não é muito diferente.  A menina tem razão. Concordamos num aceno colectivo, como que hipnotizados.

Eu, dentro do meu núcleo a tentar sentir como é que se sente uma pessoa a quem os adultos cuidadores permitiram ir alimentando, sem muitos obstáculos, os seus interesses. A acelerar centrípeta em direcção à minha infância. À minha experiência enquanto criança-aluna. As coisas que eu queria tanto fazer mas que não podia. Porque na escola moderna o tempo já estava todo organizado e depois não sobrava tempo nenhum. Eu queria escrever. Mas era hora de físico-química. Queria escrever mais. Mas era hora de jogar corfbol (a sério?! Ao que sei continuam a insistir nisto). Queria fazer experiência e descobrir os elementos químicos, mas era hora de ir dissecar poemas, aniquilando assim completamente a intenção do poeta. Queria ouvir histórias, do mundo, do pensamento, mas era muito cedo para ter filosofia. E queria escrever.  Mas não, agora não podia ser. Temas livres. Mas não podia. Os temas deixaram de ser livres e passou a ser “fazer um resumo” (que não é menos importante de saber fazer, mas que é outra coisa, completamente diferente). O tempo para a escrita era concentrado nas ferias do verão. Encomendas de textos copiados a fazer recuar os tentáculos da imaginação.

Ora bolas. Nesse tempo de fronteiras ginastica olímpica. E então preciso rapidamente de resolver o assunto, uma inflamação intelectual sem precedentes. Que a menina-fim-da-infância NÃO PODE SER NORMAL. Tem de ser super. Sobre. Above and beyond. Agora deixa ver como se sai!
Menina-fim-da-infância (digo-lhe eu) era bom, também, que as famílias que pensam nestas modalidades a vissem acontecer em pessoas normais, em vez de extraordinárias (ou será que se fez assim extraordinária como produto desta experiência, em particular?)

 A menina-fim-da-infância não se atrapalha. Esclarece que é óbvio que há diferenças qualitativas e quantitativas de inteligência. De vários tipos de inteligência. Que há uma hierarquia de valores do conhecimento. O MIT está lá no topo, bem sabido. Se ela fosse uma exímia trapezista, não causava o arrepio que causa ouvi-la na sua condição de menina-fim-da-infância, que se aborrece com os programas das faculdades dos primeiros anos. Que sabe interligar como se fosse criação sua, matemática e filosofia. A menina não se atrapalha. E depois diz também, ou ainda, ou sobretudo, que na observação panorâmica da sua janela-quase-fim-da-infância, emerge um padrão. Que quase todas as suas curiosidades foram levadas a sério. Que os seus desejos intelectuais, os seus projectos de criança na infância plena, sem resquício nenhum de outro tempo existencial, foram apoiados, scaffolded. A família, nesta sua extraordinária decisão de escolher que esta menina não estaria bem no contexto da escola moderna (referir novamente que estamos já na era pós-moderna), foi assim irrigando os pequenos rebentos. Sem lhe fazer métricas e juízos de valor. Sabemos-lhe da matemática e da filosofia. Mas não sabemos dos outros todos. Que foram incentivados, permitidos. Deixados acontecer. Para depois, talvez, seguir viagem. Sem aquela janela permanentemente em corrente-de-ar, que é a dos sonhos que foram ficando para trás. O sonhos desperdiçados. Mais do que tudo o que agora é, tudo o que vai ainda ser, é esse detalhe que para mim, talvez para ela também, mais lhe transforma a menina-fim-da-infância.

Regresso a casa em silêncio. Hoje de manhã a televisão do café mostrava um mar de lixo. De plástico. Os miúdos aos gritos. Impressionados. Educar para a sustentabilidade não é só substituir o plástico por frascos de vidro na despensa. Não é só acabar com as palhinhas. As fraldas descartáveis. O papel para assoar o ranho. Educar para a sustentabilidade, da pessoa, da criança, é não deixar que os seus sonhos se transformem num mar de lixo. Inútil. Uma janela em permanente corrente de ar. Com o que poderia ter sido. Essa missão dificilmente se consegue na escola moderna. É impossível numa ideia constante de comparação. Uns com (contra) os outros. Que exista diversidade. Nas várias possibilidades. De certeza que nem todas as meninas-fim-de infância que cresceram fora da escola são assim pessoas tão interessantes. Mas esta é. E devíamos todos ser capazes de ir olhando para as nossas crianças, ficando um pouco para trás. Mas sem empurrar. Sem apressar. Sem diminuir e diferenciar as sua obsessões em úteis, se forem por matérias clássicas e de boas famílias, ou inúteis, se forem por outras menos delicadas, por assim dizer. Devíamos ser capazes de arriscar. De acreditar que não é preciso passar-se por uma carrada de trabalhos, de limites, de negações, de dificuldades, para ver chegar por fim um belíssimo nascer do sol. Que do cuidado, da atenção, da paciência, da valorização, da conversa franca, honesta, do respeito, do não necessário, porque há nãos que o são, é assim, é muito mais provável fazer nascer pessoas zero–waste. Tanto em plástico. Como em sonhos.

*Investigadora no ISCTE, Centro de Investigação e Intervenção Social; Doutorada em Psicologia do Desenvolvimento; Vice-presidente da Associação Movimento Educação Livre (MEL), mãe de três espécimes ainda em infância absoluta.

IN "OBSERVADOR"
23/11/18

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1739.UNIÃO



EUROPEIA



PRIMEIRO-MINISTRO PORTUGUÊS

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3-TANGO PLUS



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O Melhor Pastor do Mundo



FONTE:  Liberto da Religião


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XXXIII-VIDA SELVAGEM
2- O TERROR DO TUBARÃO TIGRE



FONTE:  Beta Docs

* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.

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2-TANGO PLUS



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RECORDANDO


Heróis do Mar

Paixão


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1-TANGO PLUS



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 A CIÊNCIA


DO MEDO/2




* Nesta senda de retrospectiva de "bloguices" retomada em Setembro/17 iremos reeditar algumas séries que de forma especial sensibilizaram os nossos visitadores alguns anos atrás, esta é uma delas.
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HOJE NO 
"O JORNAL ECONÓMICO"
Desigualdade de género. 
Em 44 anos de democracia, 
1733 governantes homens 
e apenas 167 mulheres

A nova Lei da Paridade vai aumentar a quota mínima de representação de género nas listas de candidatos às eleições, mas não abrange os governantes.

A proposta de lei do Governo que altera a Lei da Paridade (em vigor desde 2006) foi aprovada no Parlamento em abril de 2018, mas permanece em discussão na especialidade, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. As principais alterações consistem no aumento da quota mínima (de 33,3% para 40%) de representação de cada um dos sexos nas listas de candidatos às eleições (legislativas, europeias, autárquicas), na obrigatoriedade de que nas duas primeiras posições das listas sejam colocados candidatos de sexo diferente (aliás, as listas passarão a ser ordenadas, alternadamente, por um homem e uma mulher, ou vice-versa, na sua totalidade) e na aplicação da mesma quota mínima aos cargos dirigentes da administração pública.
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No entanto, a Lei da Paridade vai continuar a não ser aplicada na composição dos governos. Ou seja, continuará a ser possível formar governos com acentuado desequilíbrio de género, ou mesmo sem representação de um dos sexos, como o II Governo Constitucional (1978), por exemplo, liderado por Mário Soares e constituído por 55 homens e zero mulheres. Em 44 anos de democracia, seis governos provisórios e 21 governos constitucionais, exerceram funções 1.900 governantes (primeiros-ministros, ministros, secretários e subsecretários de Estado) no total, entre os quais se contam 1.733 homens (91,2%) e 167 mulheres (8,8%). Entre 1974 e 2002, as mulheres nunca conseguiram superar a barreira de 10% de representação nos sucessivos governos de Portugal. Nos seis governos provisórios ficaram abaixo de 2% e nos quatro primeiros governos constitucionais não chegaram aos 5% de representação.

Liderado por António Costa, o atual Governo é o mais paritário de sempre: desde que tomou posse, em 2015, já exerceram funções 57 homens (65,5%) e 30 mulheres (34,5%) no total. Ainda assim, não cumpriria a quota mínima de 40% estipulada na nova Lei da Paridade. O XVIII Governo Constitucional (2009-2011), chefiado por José Sócrates, foi o segundo mais paritário: 44 homens (81,5%) e 10 mulheres (18,5%). Segue-se o XV Governo Constitucional (2002-2004), de José Manuel Durão Barroso, com 60 homens (82,2%) e 13 mulheres (17,8%) no total. Desde a viragem para o século XXI que o número de mulheres nos governos portugueses tem vindo a aumentar, lentamente, até ao ponto mais alto de 34,5% no Governo de Costa. Essa mudança está consolidada e vai ser exponenciada nos próximos anos, ou a maior paridade (ainda distante do equilíbrio 50-50, importa sublinhar) deste Governo é apenas uma exceção circunstancial?

“Não é pelo mérito”
“Na nossa democracia persiste claramente uma sobre-representação masculina nos cargos de tomada de decisão política. Os nossos governos não têm sido representativos da maioria da população portuguesa, as mulheres, 52% da população”, sublinha Alexandra Silva, presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM). “O ritmo do aumento de mulheres nos governos tem sido extremamente lento. A manterem-se as mesmas condições e tendência, seriam necessários mais 23 anos para que o Governo de Portugal alcançasse a igualdade 50-50 na participação e representação de mulheres e de homens”.

“O poder – político, económico, cultural, social, etc. – é uma esfera onde os homens ainda predominam em termos quantitativos. É uma esfera onde as qualificações são substituídas pela rede pessoal de conhecidos e pelas amizades. Se assim não fosse, as mulheres estariam representadas no poder, uma vez que 20% das mulheres têm qualificações de nível superior face a 14% dos homens. Não é, pois, pelo mérito que os homens se encontram no poder”, argumenta Silva.

Questionada sobre se a Lei da Paridade não deveria aplicar-se aos membros dos governos, Silva diz que “a nomeação de homens e de mulheres para cargos governativos acontece frequentemente entre quem foi eleito para o Parlamento. Assim, aumentando a participação das mulheres nas listas e com impacto direto na representação parlamentar, o aumento do número de mulheres nos governos será uma consequência lógica”.

Na perspetiva de Maria Helena Santos, investigadora do CIS-IUL, especializada em estudos de género e ação positiva, “é inegável que se tem verificado uma evolução positiva nas duas últimas décadas, relativamente à igualdade de género na política portuguesa. Mas, como saberá, não se trata de uma mudança natural, ou seja, esta realidade não tem vindo a evoluir de forma ‘natural’ ao longo do tempo. É o resultado de uma medida que foi imposta, digamos assim. A crescente relevância dada ao problema das desigualdades de género nas agendas políticas internacionais provocou uma espécie de ‘efeito de contágio’ ao nível nacional e penso que muita da evolução que se tem verificado no nosso país se deve à implementação de medidas em diversos contextos”.

“Na política, não teria havido uma evolução tão positiva se a Lei da Paridade não tivesse sido promulgada, em 2006, e se o PS não tivesse implementado as quotas no interior do partido”, enaltece Helena Santos. “Já em 1998/99, embora as quotas não tenham sido aprovadas, creio que todo o debate público gerado na altura serviu para aumentar a consciência sobre as desigualdades de género existentes, nomeadamente entre os políticos que, nessa altura, perceberam que a sociedade estava a mudar e que também era preciso corresponder ao eleitorado. Mas a verdade é que só se têm verificado melhorias nos casos em que a Lei da Paridade se aplica. E não é o caso dos ministérios, é na Assembleia da República, no Parlamento Europeu e nas autarquias locais. O que significa que o ‘espírito da lei’ ainda não foi verdadeiramente interiorizado pela elite política”. Como tal, defende que “está na hora de se começar a pensar em aplicar uma medida também aos membros do Governo. Sendo a política o motor da sociedade, como é, muitas vezes, defendido, julgo que deve servir de exemplo”.

“Influência da sociedade civil”
Até ao ano de 2002, nenhum Governo português ultrapassou a barreira de 10% de representação de mulheres na sua composição. Pouco tempo depois, em 2006, foi aprovada a Lei da Paridade, estabelecendo a representação mínima de 33,3% de cada um dos sexos nas listas de candidatos às eleições. Foi neste período temporal que se começou a corrigir efetivamente o desequilíbrio de género nos cargos de representação política. O que motivou ou possibilitou essa mudança naquele período? “A Lei da Paridade que está atualmente em vigor tem tido um impacto moderado na participação de mulheres em órgãos governativos. Na prática, tem-se assistido a um aumento moderado da participação de mulheres no Parlamento. Entre 2005 e 2015, o aumento foi de cerca de 11,7 pontos percentuais”, indica Silva.

“O aumento da participação das mulheres no poder político em Portugal deve-se em boa medida à Lei da Paridade. Esta lei colhe inspiração na Recomendação (2003) do Conselho da Europa sobre a participação equilibrada de mulheres e de homens na tomada de decisão política e pública. Mas o aumento deve-se também à influência da sociedade civil e das mulheres. Cada vez mais há pressão política por parte de plataformas, de associações e de movimentos sociais. Manifestações, marchas, cartas abertas, petições, etc., têm também pressionado o poder político a alterar-se”, destaca.

“São vários os fatores que têm contribuído para que cada vez mais existam mulheres em cargos de tomada de decisão política. Importa, todavia, persistir num aumento significativo que coloque a representação das mulheres em igualdade com a dos homens”, defende. “E para isso é fundamental que as mulheres tomem a palavra e exijam alterações concretas às estruturas de tomada de decisão”.

“Maior consciencialização”
Os seis governos provisórios foram constituídos por 366 homens e sete mulheres no total. No II Governo Constitucional, com um total de 55 membros, não houve uma única mulher. O que é que mudou desde então, até ao atual Governo com 34,5% de mulheres na sua composição, o mais paritário de sempre? Será possível voltar a ter um Governo exclusivamente masculino em Portugal?

“É inegável que houve mudanças desde essa altura, em particular quando falamos de números. É inegável que, na política portuguesa, o equilíbrio de género está muito mais próximo de ser atingido. Contudo, em termos simbólicos, diria que a igualdade de género está longe de ocorrer”, responde a investigadora Helena Santos.

“Trata-se de uma questão de género”, prossegue. “Recordo que, até ao século XX, os direitos das mulheres portuguesas eram limitados, ao nível dos direitos civis, sociais e políticos, quer como eleitoras, quer como eleitas. E só o 25 de abril de 1974 e a implementação da democracia vieram eliminar as desigualdades formais, ou seja, na lei. Uma vez instituídas na lei, poder-se-ia esperar que a discriminação face às mulheres estaria ultrapassada, mas não, como mostra a realidade após 44 anos de democracia. O mundo da política é historicamente masculino, com tudo o que isso implica. Apesar de, atualmente, já não existirem as barreiras formais na lei, persistem barreiras de outro tipo, muitas vezes difíceis de detetar, invisíveis, que continuam a dificultar a entrada e permanência das mulheres na política. Impedindo-as, sobretudo, de chegar aos lugares de liderança e de poder, como é o caso”.
E conclui: “Nesta fase, em que há uma maior consciencialização das desigualdades de género existentes por parte dos políticos, mas também por parte dos eleitores, não me parece que haja coragem da parte de algum primeiro-ministro ou primeira-ministra para constituir um Governo exclusivamente masculino em Portugal no século XXI”.

“Democracia mais plena”
Quais são os maiores obstáculos à participação das mulheres na política, ao exercício de cargos políticos? Além da Lei da Paridade, que outras medidas poderiam ser implementadas em Portugal para aumentar o número de mulheres na atividade política? “São vários os obstáculos que condicionam e limitam a plena participação das mulheres na política. As estruturas de poder político, nomeadamente os partidos políticos, são espaços onde os homens estão muito presentes desde há muito tempo. Nesse sentido, a estrutura organizativa dos próprios partidos é resistente às mudanças necessárias ao aumento da participação das mulheres”, responde a presidente da PpDM.

“O Lobby Europeu das Mulheres, no qual a PpDM representa Portugal, lançou em junho a campanha ‘Europa 50-50: Mulheres para a Europa /A Europa para as Mulheres’. Esta campanha visa influenciar as eleições para o Parlamento Europeu e as eleições legislativas em Portugal, agendadas para 2019.

Identifica cinco fatores de sub-representação das mulheres na política: confiança (as mulheres, por um conjunto de razões bastante racionais, têm mais dúvidas em candidatarem-se); seleção de candidatos (quando as mulheres decidem concorrer, é-lhes frequentemente difícil ficarem num lugar elegível); cultura (a política ainda é um mundo muito masculino, existe sexismo e as ameaças externas, como são entendidas as mulheres, frequentemente não são bem-vindas); dinheiro (quando as mulheres concorrem, frequentemente as suas campanhas recebem menos dinheiro do que as dos homens); cuidados a pessoas em situação de dependência (as mulheres despendem mais do dobro do tempo com os cuidados às crianças e a outras pessoas em situação de dependência do que os homens)”, destaca Silva.

“O que tem sido feito e será reforçado com a campanha em curso? Apoiar a participação igual das mulheres e dos homens na política e na tomada decisão. Reforçar a capacidade da sociedade civil e dos movimentos de mulheres para fazerem lobbying com eficácia para a paridade na tomada de decisão. Inspirar, capacitar e informar as mulheres que vão concorrer”, acrescenta.

“Certamente que há ainda muito por fazer, mas daqui para a frente, particularmente em Portugal, estamos otimistas de que a participação das mulheres no poder político alcançará um patamar de representatividade igualitária”, antevê a presidente da PpDM. “Claro que, na nossa perspetiva, isso deve acontecer o mais rapidamente possível. E cá estamos e estaremos para apoiar as mulheres que se candidatam e que exercem o poder, porque acreditamos que mais mulheres na política trará mudanças significativas nas condições de vida das mulheres e dos homens”.

Por sua vez, Helena Santos afirma que “a política é um mundo marcadamente masculino, com tudo o que isso implica. Nos estudos que tenho realizado com políticos, tenho percebido que, em geral, é partilhada a ideia de que a Lei da Paridade serviu, de facto, para abrir as portas e dar espaço às mulheres na política, mas elas defendem que se trata de um mundo que permanece essencialmente masculino e que o poder continua nas mãos dos homens”.

“As mulheres continuam a perceber-se e a ser percebidas como ‘estranhas’, como ‘o outro’, e a sentir-se muito inseguras, até porque continua a haver uma elevada vigilância do seu desempenho. As mulheres continuam a ser sujeitas a um maior escrutínio do que os homens, continuam a ter de provar as suas competências. As mulheres continuam a ser sujeitas a sanções informais e a encontrar mais obstáculos, apesar das suas qualificações. E continuam a ter poucas ‘redes informais’. Além disso, como é sabido, é às mulheres que continua a caber a questão da ‘conciliação’ da vida política e da vida familiar, continuando a carregar a chamada ‘dupla jornada de trabalho’. Portanto, medidas de ação positiva a estes níveis seriam muito bem-vindas”, conclui Helena Santos. “Só assim se poderá caminhar no sentido de uma maior paridade de género e da democracia mais plena”.

* Isto acontece porque nós mulheres cruzamos as pernas com pouca determinação. A sociedade é machista porque somos permissivas.


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PEDREIRA DE BORBA

Antes e depois do desabamento da estrada



O Momento da Derrocada 
19/11/2018 




FONTE:  TVI24


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ESTA SEMANA NA 
"VISÃO"
Emails do Tutti Frutti reforçam suspeitas de desvio de dinheiros públicos

A VISÃO revela esta semana os emails comprometedores que o deputado do PSD Sérgio Azevedo terá enviado a empresários do seu círculo de amigos. Nessas mensagens de correio eletrónico, o deputado dará instruções detalhadas sobre como podiam assinar contratos com a Junta de Freguesia de Santo António, em Lisboa, e usar esse dinheiro para serem clientes da sociedade de advogados onde trabalha, a Legal Seven. Escutas telefónicas reforçam as suspeitas de um esquema de faturação falsa e avenças fictícias.

Enquanto transcreviam centenas de escutas telefónicas e analisavam a correspondência eletrónica da Operação Tutti Frutti, os inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária (PJ) foram surpreendidos por emails em que Sérgio Azevedo, deputado e ex-vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, dava indicações detalhadas a amigos empresários amigos sobre como todos poderiam lucrar com contratos assinados com a Junta de Freguesia de Santo António, junta lisboeta liderada pelo social-democrata Vasco Morgado. 
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TEM CURRÍCULO
O nível de pormenores de algumas destas mensagens de correio eletrónico, conjugado com escutas telefónicas que estão a ser transcritas, leva os investigadores a suspeitar que Sérgio Azevedo terá montado, juntamente com funcionários daquela junta de freguesia, um esquema de tráfico de influência, participação económica em negócio, faturação falsa e branqueamento de capitais que pode ter sido replicado noutras juntas de freguesia de Lisboa.

O plano descrito nos e-mails e em contatos telefónicos passaria por levar a que determinada empresa fosse convidada por escrito a assinar um contrato com a junta de freguesia, que esse contrato fosse adjudicado mas que, no final, nenhum ou pouco trabalho fosse feito em prol daquele órgão executivo local.

De acordo com informações recolhidas pela VISÃO, nos planos alegadamente traçados por Sérgio Azevedo, pelo menos parte da avença mensal paga pela junta deveria ser reinvestida na contratação do escritório de advogados onde aquele deputado do PSD trabalha: a Legal Seven, uma nova sociedade de advogados com sede perto da Praça de Espanha, em Lisboa. 

Um dos destinatários dos emails de Sérgio Azevedo é Jorge Varanda, um advogado de Braga que foi constituído arguido no final de junho na Operação Tutti Frutti - que investiga trocas de influências entre militantes do PS e do PSD para conseguirem posições estratégicas, avenças e contratos públicos e ainda financiamento proibido de partidos políticos e falsificação de fichas de inscrição de militantes. 

Perante a ausência de resposta de Jorge Varanda, os investigadores acreditam que Sérgio Azevedo - que ainda não foi constituído arguido nem interrogado neste inquérito, mas esteve sob escuta - terá recorrido a outro amigo - José Paulo do Carmo - para levar avante o seu plano. A história obriga a explicar um quadrado de relações que vão desembocar no deputado do PSD.

* Apelamos a uma qualquer Fundação que estabeleça um prémio semanal para "o corruptozinho da semana", freguesia não falta.

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Dolce & Gabbana pede desculpas ao 
público chinês após polémica por racismo





FONTE:  EFE BRASIL

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HOJE NO
"FOLHA 8"
Infame cobardia de quem
 se julga dono de Angola!

A conferência de imprensa, em Lisboa, do Presidente João Lourenço, foi hoje interrompida por uma órfã dos massacres, ou genocídio, do 27 de Maio de 1977, que tentava recitar um poema em memória dos pais, vítima da repressão ordenada por Agostinho Neto, presidente do MPLA.

O Presidente angolano, João Lourenço, permitiu a intervenção, mas não autorizou que declamasse o poema, considerando, pouco depois, questionado pelos jornalistas, que o caso de 27 de maio de 1977 é “um dossiê delicado” que ainda apresenta “feridas profundas” na sociedade. A segurança encarregou-se da retirar a jovem.

“Peço desculpa, eu sou órfã do 27 de Maio, desculpe comandante”, começou por dizer Ulika dos Santos, dirigindo-se ao Presidente angolano, aproveitando uma pergunta de uma jornalista portuguesa sobre os acontecimentos daquela data. 
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“Sozinha [Ulika, em língua nacional umbundo], há 41 anos nós temos vindo a atravessar este silêncio ensurdecedor por parte do Governo angolano”, disse Ulika dos Santos, filha de Adelino António dos Santos, então dirigente da juventude do MPLA (partido no poder desde 1975).

“Posso ler o poema pela memória do meu pai? Tive de fugir do meu país devido ao risco de morte do meu pai”, insistiu.

O Presidente João Lourenço ainda deu instruções à segurança para que a deixassem acabar a intervenção, mas não autorizou que declamasse o poema, por se tratar de uma conferência de imprensa, com dezenas de jornalistas portugueses e angolanos.

No final da conferência de imprensa, Ulika foi levada pelos serviços de segurança, enquanto repetia, em lágrimas: “Não estou armada, só vim para ler um poema ao meu Presidente”.

Respondendo à pergunta dos jornalistas, João Lourenço assumiu que o 27 de Maio de 1977 “é um dossiê delicado”, porque “naquela ocasião Angola perdeu alguns dos seus melhores filhos”.

“O Estado angolano já reconheceu em diversas ocasiões, a última das quais muito recentemente, há dias atrás, na voz do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, (…) ter havido excessos por parte do Governo naquela altura e estamos abertos ao diálogo para vermos de que forma, não obstante terem passado décadas deste triste acontecimento, como podemos reparar as feridas profundas que ficaram nos corações de muitas famílias”, concluiu o chefe de Estado.

A cobardia de João Lourenço
Estávamos a 17 de Setembro de 2016. O então ministro da Defesa de Angola e vice-presidente do MPLA, João Lourenço, denunciou tentativas de “denegrir” a imagem de Agostinho Neto, primeiro Presidente angolano.

João Lourenço discursava em Mbanza Congo, província do Zaire, ao presidir ao acto solene das comemorações do dia do Herói Nacional, feriado alusivo precisamente ao nascimento do primeiro Presidente angolano.

“A grandeza e a dimensão da figura de Agostinho Neto é de tal ordem gigante que, ao longo dos anos, todas as tentativas de denegrir a sua pessoa, a sua personalidade e obra realizada como líder político, poeta, estadista e humanista, falharam pura e simplesmente porque os factos estão aí para confirmar quão grande ele foi”, afirmou.

João Lourenço nunca se referiu ao caso na sua intervenção, mas o bureau político do MPLA criticou em Julho de 2016, duramente, o lançamento em Portugal de um livro sobre o MPLA e o primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto, queixando-se então de uma nova “campanha de desinformação”.

Em causa estava (continua a estar) o livro “Agostinho Neto – O Perfil de um Ditador – A História do MPLA em Carne Viva”, do historiador luso-angolano Carlos Pacheco, lançado em Lisboa a 5 de Julho de 2016, visado no comunicado daquele órgão do Comité Central do partido no poder em Angola desde 1975.

Carlos Pacheco disse na altura que a obra resulta de uma década de investigação histórica e que “desmistifica” a “glória” atribuída ao homem que conduziu os destinos do movimento que lutou pela libertação do jugo colonial português em Angola (1961/74). Contudo o livro tem sido fortemente criticado em Luanda, por parte de dirigentes e elementos afectos ao MPLA e da fundação com o seu nome.

“A República de Angola está a ser vítima, mais uma vez, de uma campanha de desinformação, na qual são visadas, de forma repugnante, figuras muito importantes da Luta de Libertação Nacional, particularmente o saudoso camarada Presidente Agostinho Neto”, lê-se no comunicado do bureau político.

Na intervenção em Mbanza Congo, João Lourenço, que falava em representação do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, sublinhou que Agostinho Neto “será sempre recordado como lutador pela liberdade dos povos” e um “humanista profundo”.

“Como atestam as populações mais carenciadas de Cabo Verde, a quem Agostinho Neto tratou gratuitamente, mesmo estando ele nas condições de preso politico. É assim como será sempre lembrado, por muitas que sejam as tentativas de denegrir”, afirmou o então ministro da Defesa e hoje Presidente da República.

“Em contrapartida”, disse ainda João Lourenço, os “seus detractores não terão nunca uma única linha escrita na História, porque mergulhados nos seus recalcamentos e frustrações, não deixarão obra feita digna de respeito e admiração”.

“Não terão por isso honras de seus povos e muito menos de outros povos e nações. A História encarregar-se-á de simplesmente ignorá-los, concentremos por isso nossas energias na edificação do nosso belo país”, disse João Lourenço.

Como em 1977, pensar mete medo aos donos do poder
Sabendo o que dizia mas não dizendo o que sabe, João Lourenço alinhava (e alinha) na lavagem da imagem de Agostinho Neto numa altura em que, como sabe o regime, os angolanos começam cada vez mais a pensar com a cabeça e não tanto com a barriga… vazia.

Terá João Lourenço alguma coisa a dizer aos angolanos sobre os acontecimentos ocorridos no dia 27 de Maio de 1977 e nos anos que se seguiram, quando dezenas de milhar de angolanos foram assassinados por ordem de Agostinho Neto?

Agostinho Neto, então Presidente da República, deu o tiro de partida na corrida do terror, ao dispensar o poder judicial, em claro desrespeito pela Constituição que jurara e garantia aos arguidos o direito à defesa. Fê-lo ao declarar, perante as câmaras da televisão, que não iriam perder tempo com julgamentos. Tal procedimento nem era uma novidade, pois, na história do MPLA tornara-se usual mandar matar os que se apontavam como “fraccionistas”.

O que terá a dizer sobre isto o agora Presidente da República, general João Lourenço?

Agostinho Neto deixou a Angola (mesmo que João Lourenço utilize toda a lixívia do mundo) o legado da máxima centralização de um poder incapaz de dialogar e de construir consensos, assim como de uma corrupção endémica. E os portugueses que nasceram e viveram em Angola, ainda hoje recordam o papel que teve na sua expulsão do país. Antes da independência declarava que os brancos que viviam em Angola há três gerações eram os “inimigos mais perigosos”. Em 1974, duvidava que os portugueses pudessem continuar em Angola. Em vésperas da independência convidava-os a sair do país. E já depois da independência, por altura da morte a tiro do embaixador de um país de Leste, cuja viatura não parara quando se procedia ao hastear da bandeira de Angola, dirigiu-se, pela televisão, aos camaradas, para lhes dizer que era preciso cuidado, pois nem todos os brancos eram portugueses.

Um dos maiores genocidas
Em Maio de 1977, não houve pioneirismo, pelo contrário, não tendo Agostinho Neto conseguido massacrar a humilhação passada no Congresso de Lusaka, o primeiro democrático do MPLA, onde o eleito foi Daniel Júlio Chipenda, Agostinho Neto consumou a grande chacina, para estancar, com o temor, uma série de cisões e problemas que calcorreavam incubados, desde a sua chegada ao MPLA, convidado pela anterior direcção.

Esta demonstração de força, serviu para demonstrar, que se o poder fosse posto em causa, a direcção e Agostinho Neto, não teriam pejo de sacrificar com a própria vida todos quantos intelectualmente o afrontassem. Foi assim ontem, é assim hoje, infelizmente, como bem sabe João Lourenço.

Numa só palavra, quando este MPLA sente o poder ameaçado, não hesita: humilha, assassina, destrói, elimina, atira aos jacarés.

É a sua natureza perversa demonstrando não estar o MPLA preparado para perder o poder e, em democracia, com a força do voto se isso vier a acontecer, a opção pela guerra será o recurso mais natural deste partido, não é general João Lourenço?

Não é em vão que temos dois exércitos: as FAA e o exército privado a UGP (Unidade de Guarda Presidencial), mais a partidarização da Polícia Nacional; da Segurança de Estado; do SIC (Serviços de Investigação Criminal); do sistema de Justiça e dos Tribunais e a maioria dos juízes, tudo previamente montado, para contrariar a vontade popular.

Em todos os meses do ano nunca devemos esquecer, por força do sofrimento de milhares e dos assassinatos de igual número, das prisões arbitrárias, da Comissão de Lágrimas, da Comissão de Inquérito, dos fuzilamentos indiscriminados, etc..

Muitos acreditaram, em 1979, que com a ascensão de Eduardo dos Santos ao poder, num eventual reencontro com a verdade e a reconciliação interna, sobre a alegada intentona, que ele próprio sabe nunca ter existido. Infelizmente, não se conseguiu despir da cobardia e cumplicidade, ostentada desde o tempo de Agostinho Neto e da sua clique: Lúcio Lara, Onambwé, Iko Carreira, Costa Andrade “Ndunduma”, Artur Pestana “Pepetela”, entre outros.

Dos Santos mostrou ser um homem que, pelo poder, foi capaz de tudo: violar a Constituição, as leis, humilhar, desonrar e assassinar, todos quantos não o bajulavam. Exemplos para quê, eles estão à mão de semear… nas cadeias, no exílio, nos cemitérios, no estômago dos jacarés. E João Lourenço está a mostrar-se um bom aluno desta cátedra.

“Não vamos perder tempo com julgamentos”, disse no pedestal da sua cadeira-baloiço, um dos maiores genocidas do nacionalismo angolano e da independência nacional, Agostinho Neto. João Lourenço sabe que isto é verdade, mas – apesar disso – enaltece o assassino e enxovalha a memória das vítimas.

Esta posição da lei da força, marcaria para todo o sempre o sistema judicial, judiciário e de investigação policial em Angola, onde a presunção e a defesa de uma ideologia diferente da do partido no poder, são causa bastante para acusação, julgamento, prisão e até mesmo assassinato político, ainda que a pena de morte, não esteja consagrada na Constituição.

Sempre que o regime diz o que agora repete João Lourenço, todos devemos fazer uma viagem de regresso a 1977 para ver como estão as cicatrizes daquele período de barbárie, que levou muitos de nós às fedorentas masmorras da polícia política de Agostinho Neto, ou mesmo aos assassinatos atrozes, como nunca antes o próprio colono português havia praticado contra muitos intelectuais pretos, sendo o próprio Neto disso um exemplo.

Desde 1977 que Angola, o Povo, aguarda pela justiça, mas com as mentes caducas no leme do país, essa magnanimidade de retractação mútua, para o sarar de feridas, não será possível, augurar uma Comissão da Verdade e Reconciliação, muito também, por não haver um líder em Angola.

* Seria conveniente que todos os deputados do parlamento português lessem esta peça.

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FONTE:  euronews 

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