HOJE NO
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Políticas do Governo põem em causa direito à saúde, alerta Ordem dos Médicos
A Ordem dos Médicos considera que as políticas do Governo estão a pôr
em causa o direito à saúde, referindo-se aos bebés alimentados com
leite de vaca, que correm o risco de sofrer graves consequências, até no
futuro.
“Alimentar bebés com leite de vaca pode trazer consequencias graves
para a sua saúde, nomeadamente em termos de futuro, e são situações que
depois o país vai pagar, com maior despesa, para tratar as consequências
na saúde desses jovens, que não tiveram acesso a um leite que lhes
evite problemas de saúde no futuro”, afirmou à Lusa o bastonário, José
Manuel Silva.
O bastonário comentava uma notícia da Lusa, que revelou que há mães a
dar leite de vaca a bebés de poucos meses por falta de dinheiro para
comprar leite em pó, e outras notícias que mostram as crescentes
dificuldades de acesso da população a cuidados de saúde, medicamentos e
alimentos.
“Os cidadãos mais desfavorecidos estão a ser colocados perante o
dilema de terem de passar fome e de não poderem ter recursos suficientes
para tratar da sua saúde”, afirmou, considerando que é necessário que
haja racionalidade no sistema e que o direito à saúde não seja posto em
causa.
José Manuel Silva lembrou que a própria União Europeia já alertou
que o racionamento em saúde e os problemas de acesso à saúde se refletem
no aumento da despesa em saúde, porque passam a ser mais doentes, [a
haver] mais patologias crónicas, as condições clínicas dos doentes
agravam-se porque não são tratados, nem eles se tratam atempadamente
porque não têm recursos, e depois aparecem nos hospitais já
descompensados.
Lembrando que a Ordem dos Médicos há muito que tem vindo a alertar
para o aumento das dificuldades dos cidadãos nos cuidados básicos de
saúde, o bastonário diz não entender que Portugal esteja a ser sujeito a
um programa que vai agravar essas condições, que levam a um aumento da
dívida pública, dos juros a pagar, a uma redução do PIB, a um amento do
desemprego e a um corte nos apoios sociais.
“Não faz sentido. Na saúde temos de preservar a máxima qualidade dos
cuidados e a capacidade de os doentes acederem aos cuidados de saúde
sempre que necessitem e de prevenirem as consequências negativas para a
saúde, que redundam no futuro em maior despesa”, afirmou.
Questionado sobre a leitura que faz da forma como o Ministério da
Saúde está a acompanhar estas situações, José Manuel Silva considerou
que “o acompanhamento é completamente insuficiente” porque a tutela não
tem recursos.
“O problema está no Ministério das Finanças e na incapacidade de
perceção social e dos problemas sociais do ministro das finanças”,
afirmou.
* A incapacidade é o denominador comum de quase todos os ministros deste governo
.
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