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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
O aeroporto secreto português
dos ricos e famosos
O aeródromo de Viseu é cada vez mais procurado por estrangeiros ricos que se refugiam nas quintas do Douro. Já há pedidos para aterrar jatos Boeing 757 na ‘capital’ da Beira Alta
O aeródromo de Viseu é uma porta de entrada em Portugal para aviões
estrangeiros de ricos, empresários e jogadores de futebol, admitiram ao
Expresso várias fontes locais. Alguns dos estrangeiros que agora são
clientes regulares do aeródromo de Viseu utilizaram anteriormente o
aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. Mas a disponibilidade das
aterragens em Viseu para pequenos aviões e a proximidade à zona do Dão e
às quintas do Douro, desde Cinfães, Resende, Mesão Frio, Peso da Régua
ou Pinhão, “transferiram” estas pequenas aeronaves para Viseu. “A
maioria destes estrangeiros aterram e seguem de helicóptero, mas também
há portugueses conhecidos que entram em Portugal por Viseu e daqui vão
de helicóptero até ao Gerês”, referiu uma das fontes.
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Em 2016 o
principal tráfego aéreo de Viseu foi dos 160 aviões estrangeiros que
utilizaram o aeródromo — mais que os 134 aviões portugueses que no ano
passado ali aterraram. No primeiro semestre de 2017 o número de
aeronaves internacionais baixou devido a restrições temporárias que
impediram as aterragens locais a aviões estrangeiros, mas mesmo assim
ascendeu a 43 (os dados do primeiro semestre são os últimos números
oficiais disponíveis). No segundo semestre de 2017 já não houve este
impedimento e o número de aeronaves estrangeiras voltou a subir na
altura do verão, segundo informações do aeródromo.
As três
principais razões que levam os estrangeiros a entrar em Portugal por
Viseu são a comodidade da infraestrutura e o quase anonimato da chegada —
sem as filas de espera dos aeroportos de Lisboa, Porto ou Faro —, a
facilidade no estacionamento dos pequenos aviões e “um preço muito
competitivo do combustível para reabastecimento”, explicou ao Expresso o
diretor do aeródromo, Paulo Soares.
Agora, as solicitações de
companhias aéreas estrangeiras que pretendem aterrar em Viseu aviões
charter com capacidade para transportar entre 100 e 200 passageiros já
levou a autarquia local, proprietária do aeródromo, a equacionar o plano
de expansão, atendendo a que a pista atual tem apenas 1160 metros de
comprimento. “A futura pista já está marcada no terreno e terá um
comprimento máximo de 2700 metros, que permitirá a aterragem de aviões
até à classe do Boeing 757”, refere Paulo Soares.
Na semana
passada a TAP estreou a aterragem nesta pista. As 47 pessoas que
integraram a equipa da Seleção Nacional que defrontou a Arábia Saudita
no estádio do Fontelo, em Viseu, a 10 de novembro, regressaram a Lisboa
num avião ATR da TAP que descolou deste aeródromo. Esta semana, a 15 de
novembro, outro ATR da TAP aterrou ali. São dois exemplos que traduzem o
recente aumento da atividade deste pequeno aeródromo, cujo tráfego tem
sido “intenso em 2017”, diz Paulo Soares. “De janeiro até 14 de
novembro, o número de passageiros desembarcados em Viseu cresceu 54% e o
número de embarcados aumentou 51%, comparados com igual período de
2016”, adianta.
Mais: até ao fim do ano Paulo Soares prevê que
esta infraestrutura aeroportuária totalize 12 mil movimentos de aviões
(correspondentes à soma das aterragens e descolagens realizadas), contra
9119 movimentos registados em 2016. Comparando com a atividade do
aeroporto de Beja, que em 2016 registou um total de 34 movimentos de
aeronaves — segundo dados da ANA — Aeroportos de Portugal —, Viseu terá
este ano 352 vezes mais movimentos de aviões que os efetuados no
aeroporto alentejano durante o ano passado.
No entanto o sucesso
de Viseu é recente. O seu pequeno aeródromo esteve para encerrar em
2014, e só depois da autarquia local ter investido na sua reabilitação é
que a procura disparou. Ao longo de 2017 consolidou o transporte
regular (ver texto em baixo), o transporte não regular, o movimento dos
aviões de instrução, os aviões privados, as aeronaves de emergência, os
aviões militares e os meios de combate a incêndios (quatro dias depois
de tomar posse, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita,
visitou o aeródromo de Viseu).
Parte do êxito dos voos regulares
que ligam Viseu explica-se pela rapidez das ligações aéreas ao norte e
ao sul, mas sobretudo pelo preço dos bilhetes (inferior ao custo do
combustível, mais portagens de uma viagem alternativa em automóvel). O
Expresso fez o voo regular de Tires (Cascais) a Viseu — menos de 50
minutos de viagem —, num avião bimotor de 19 lugares da SevenAir,
ex-AeroVip. Neste voo, à exceção de um casal de turistas estrangeiros,
os restantes passageiros eram utilizadores frequentes desta ligação.
Partindo
de Tires, ao fim de pouco tempo de viagem sobrevoa-se o serpenteado do
rio Mondego até à barragem da Aguieira. Aí, o pequeno bimotor aponta o
nariz ao Vimieiro, segue o vale do Dão, e chega rapidamente a Viseu.
Cruza a cidade num ápice e dá de frente com um planalto, entrando no
alinhamento da pista do aeródromo municipal, onde aterra quase sem se
notar que desceu até ao solo. O bimotor da SevenAir realiza esta
aproximação, no sentido Sul-Norte duas vezes por dia, mais outras duas
no sentido Norte-Sul.
Em 2016, este avião bimotor foi apenas
responsável por uma parte residual dos 9119 movimentos de aeronaves que
utilizaram este aeródromo de Viseu. No primeiro semestre de 2017 os
movimentos cresceram 48%, aumentando para 4914, contra os 3326
movimentos registados no primeiro semestre de 2016.
Mas a
componente internacional do tráfego do aeródromo de Viseu é “muito
importante”, diz Paulo Soares. Em 2016 a nacionalidade dominante no
universo dos aviões estrangeiros foi Espanha, com 56 aviões, seguindo-se
a Alemanha, com 33, o Reino Unido, com 26, França, com 15, Itália, com
oito, e os EUA e a Polónia, ambos com cinco aviões.
* Toda a Beira Interior precisa de um aeroporto, Viseu seria uma boa localização em vez de ter um aeródromo só para tráfico de ricos e quiçá outros.
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