.
HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Marcelo considera declarações
de Schauble "pressão política"
Presidente da República relativiza palavras do ministro das Finanças alemão. "Isto é um filme que nós já vimos", disse Marcelo
O
Presidente da República relativizou hoje as declarações do ministro das
Finanças alemão, depois corrigidas, sobre um eventual segundo resgate a
Portugal, considerando que fazem parte da "pressão política" que
costuma anteceder decisões europeias.
"Quando estamos a oito dias
de uma decisão europeia - sobre qualquer país, não é sobre Portugal -
começa a haver notícias nalguns jornais, declarações aqui e acolá,
especulações aqui e acolá: vai acontecer, não vai acontecer", declarou
Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas. "Isto em política chama-se
pressão política ou especulação política", acrescentou.
.
O chefe de
Estado, que falava à saída de uma iniciativa no Palácio da Ajuda, em
Lisboa, defendeu que as declarações Wolfgang Schauble se inserem numa
prática habitual e devem ser relativizadas: "Já não é a primeira vez, se
virem bem. Isto é um filme que nós já vimos. Já é para aí a terceira,
quarta ou quinta vez que assistimos a isso. Portanto, deve ser encarado
relativizando".
"Faz parte da lógica da política e da lógica da
especulação político-económica, ali nos últimos oito dias antes de uma
decisão, haver as notícias e os comentários mais variados", reiterou
Marcelo Rebelo de Sousa.
De acordo com a agência Bloomberg,
Wolfgang Schauble afirmou hoje, numa conferência em Berlim, que Portugal
está a pedir "um novo programa" e que "vai consegui-lo".
Depois, o
governante alemão corrigiu aos jornalistas as suas declarações: "Os
portugueses não o querem e não vão precisar [de um segundo resgate] se
cumprirem as regras europeias", precisou.
"Eles têm de cumprir as regras europeias ou então vão ter dificuldades", disse o ministro das Finanças alemão.
Questionado
se não atribuía importância às declarações do ministro alemão, Marcelo
Rebelo de Sousa respondeu: "Não é não dar importância. Eu não comento
declarações de ministros portugueses, quanto mais de ministros de outros
países, não é essa a função do Presidente da República".
"Agora, a
função é lembrar que, sempre que há uma decisão destas - pode ser sobre
Portugal, pode ser sobre outro país qualquer - ali oito dias antes
surge uma notícia ali, outra notícia acolá, uma especulação, vai haver,
não vai haver. E depois uma frase que é dita, mas é retificada ou é
corrigida, mas fica no ar", completou.
Segundo o Presidente da
República, não se deve "correr atrás das especulações ou de pressões"
que antecedem decisões europeias, mas sim "manter a serenidade".
Em
relação à decisão que a Comissão Europeia vai tomar sobre a eventual
aplicação de sanções a Portugal por défice excessivo, Marcelo Rebelo de
Sousa voltou a desdramatizá-la, sustentado que essa será apenas uma
primeira apreciação, que terá de ir ao Conselho Europeu, o que nunca
acontecerá antes de setembro.
"Portanto, temos de encarar isto,
não como se o mundo acabasse, mas com muita serenidade", advogou,
apelando a que não se entre "em dramatização".
Marcelo Rebelo de
Sousa salientou que "o país uniu-se no parlamento em relação a isso",
condenando a eventual aplicação de sanções. "Vamos aguardar para ver".
Inevitável rever previsões feitas "noutra Europa"
O
Presidente da República considerou também inevitável haver uma revisão
das previsões económicas que foram feitas "noutra Europa", antes do
referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia.
Questionado
sobre uma eventual revisão das metas macroeconómicas do Governo em
outubro, o chefe de Estado recordou que já tinha falado num ajustamento
de previsões, mesmo antes do referendo britânico.
"O que há de
novidade é a votação no Reino Unido", disse. "Isto abre uma nova
situação económica. E, portanto, as previsões que foram feitas noutra
Europa, noutro mundo, noutra situação, naturalmente, irão sendo
revistas. É inevitável que sejam revistas", acrescentou.
* Gostamos dum PR e dum governo sem medo dos papões europeus, ao invés das alminhas que anteriormente mandaram em Portugal.
.